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Cristiana Carla da Silva, Severina Irene T. Ferreira, Sandra Amélia Sampaio Silveira,
Rita Larena Brandão, Kathleen Elane Leal Vasconcelos
Resumo- O presente trabalho é fruto de um projeto de Iniciação Científica realizada através do Núcleo de
Pesquisa e Práticas Sociais (NUPEPS), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Tem como objetivo
analisar a direção social que vem orientando a prática das(os) profissionais de Serviço Social no âmbito da
Estratégia Saúde da Família (ESF) em Campina Grande-PB, um dos municípios pioneiros na inserção da
citada profissão nas equipes básicas. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semi-estruturada
junto a 11 assistentes sociais inseridos nas equipes da ESF. Os dados foram coletados no período de
dezembro de 2008 a janeiro de 2009. O tratamento dos mesmos foi realizado através da análise de
conteúdo. A partir desse estudo pudemos constatar que o discurso dos profissionais expressa a
preocupação em pautar suas ações no Projeto ético-político do Serviço Social. Entretanto, há necessidade
de, no cotidiano profissional, priorizar a promoção da saúde e as ações de mobilização e organização
comunitárias, buscando construir práticas mais críticas e conseqüentes, visando contribuir para o
fortalecimento do Sistema Único de Saúde e para a ampliação dos direitos dos usuários, frente ao contexto
adverso de avanços da perspectiva neoliberal.
1
Introdução Ruptura (que inaugura a aproximação com o
referencial crítico marxista).
O Serviço Social brasileiro tem sua gênese e Esta última perspectiva abre possibilidades de
trajetória marcada pelo conservadorismo. Em novos rumos para a prática profissional,
meados da década de 1950 ocorreram as comprometendo-se com a classe trabalhadora,
primeiras tentativas de uma intervenção crítica em tendo como norte um projeto crítico, que começa a
consonância com as novas demandas postas pela ganhar força no final da década de 1970.
realidade nacional. Entretanto, essa perspectiva A partir desse período, o Serviço Social
sofre refluxo com o golpe militar de 1964. brasileiro assumiu um novo direcionamento
O movimento político-militar instaurado nesse teórico-metodológico e ético político que se
período redefine as bases para afirmação do consolidou e se tornou hegemônico na década de
capitalismo monopolista no país, investindo, 1990.
dentre outros aspectos, na modernização do Esse novo direcionamento, denominado de
Estado. Projeto ético-político do Serviço Social (PEPSS),
Alinhado com esse contexto, verifica-se uma expressa a ruptura com o conservadorismo e o
busca de modernização do Serviço Social, tradicionalismo profissional e firma compromisso
caracterizado como um processo de renovação da com novos valores e princípios ético-políticos,
profissão, o qual Netto (2001) classifica em três fundados na liberdade como valor central, no
vertentes: a Perspectiva Modernizadora (tendo reconhecimento da autonomia dos indivíduos, na
como principal preocupação a tecnificação da luta pela justiça social, pela democratização da
profissão); a Perspectiva de Reatualização do
Conservadorismo (recupera o tradicionalismo que 1
Essa vertente ganha fôlego com a crise da ditadura
permeou a profissão desde o seu surgimento no militar, ocorrida na transição das décadas de 70 a 80,
Brasil) e, por fim, a Perspectiva de Intenção de como também com o processo de lutas pela
redemocratização do país, impulsionado pelo
ressurgimento dos movimentos sociais.