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CHRISTINE BRADFORD
2016
A Lei nº 12.514/2011, que trata sobre as contribuições (anuidades) devidas aos Conselhos
Profissionais, é constitucional. Sob o ponto de vista formal, esta Lei, apesar de ser fruto de
uma MP que originalmente dispunha sobre outro assunto, não pode ser declarada
inconstitucional porque foi editada antes de o STF declarar ilegítima a prática do “contrabando
legislativo” (ADI 5127/DF). Ainda quanto ao aspecto formal, esta Lei não trata sobre normas
gerais de Direito Tributário, motivo pelo qual não precisava ser veiculada por lei
complementar. Sob o ponto de vista material, a Lei respeitou os princípios da capacidade
contributiva, da vedação ao confisco e da legalidade. STF. Plenário. ADI 4697/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 06/10/2016 (Info 842).
O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição
da Lei nº 8.935/94, ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório como
condição não apenas para ingresso na atividade notarial e de registro, como também nos casos
de remoção ou permuta. As normas estaduais que admitem a remoção na atividade notarial e
de registro independentemente de prévio concurso público são incompatíveis com o art. 236,
§ 3º, da Constituição, razão pela qual não foram por essa recepcionadas.
O prazo decadencial de 5 anos, de que trata o art. 54 da Lei nº 9.784/99, não se aplica à
revisão de atos de delegação de serventias extrajudiciais editados após a CF/88, sem o
atendimento das exigências prescritas no seu art. 236. Assim, se uma pessoa assumiu uma
serventia notarial ou registral sem concurso público após a CF/88, este ato poderá ser anulado
mesmo que já se tenham passado mais de 5 anos. A decisão que anula o ato de investidura em
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serventia notarial e registral sem concurso público não viola o direito adquirido nem a
segurança jurídica. STF. 1ª Turma. MS 29415/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Luiz Fux, julgado em 27/09/2016 (Info 841).
O art. 19 do ADCT da CF/88 previu que os servidores públicos que estavam em exercício há
pelo menos 5 anos quando a Constituição Federal foi promulgada, deveriam ser considerados
estáveis, mesmo não tendo sido admitidos por meio de concurso público. Desse modo, quem
ingressou no serviço público, sem concurso, até 05/10/1983 e assim permaneceu, de forma
continuada, tornou-se estável com a edição da CF/88. É inconstitucional Constituição estadual
ou lei estadual que amplie a abrangência do art. 19 do ADCT e preveja estabilidade para
servidores públicos admitidos sem concurso público mesmo após 05/10/1983 (5 anos antes da
CF/88). STF. Plenário. ADI 1241/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2016 (Info 840).
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Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo
situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. STF. Plenário.
RE 898450/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/8/2016 (repercussão geral) (Info 835).
A decisão do indivíduo fazer uma tatuagem está diretamente relacionada com a sua liberdade
de pensamento e de expressão (art. 5º, IV e IX, da CF/88).
Exceções Vale ressaltar, entretanto, que é possível que a Administração Pública impeça o
acesso do candidato se a tatuagem que ele possui tiver um conteúdo que viole os valores
previstos na Constituição Federal. É o caso, por exemplo, de tatuagens que contenham
obscenidades, ideologias terroristas, que sejam discriminatórias, que preguem a violência e a
criminalidade, a discriminação de raça, credo, sexo ou origem. Isso porque tais temas são,
inegavelmente, contrários às instituições democráticas. Se a Administração proibir tatuagens
como essa, não será uma prática desarrazoada ou desproporcional.
Determinado candidato foi aprovado fora do número de vagas. Todos os aprovados dentro do
número de vagas foram nomeados e empossados. Durante o prazo de validade do concurso,
um servidor se aposentou, mas não houve autorização do Ministério do Planejamento para
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que o órgão federal fizesse o provimento desta vaga. Um mês após o fim do prazo de validade
do concurso, a Administração Pública abriu novo concurso para este cargo. O STF entendeu
que este candidato não possui direito líquido e certo à nomeação porque: foi aprovado fora
do número de vagas previsto no edital; e o prazo de validade do concurso em que ele foi
aprovado expirou antes da abertura do novo certame. realmente surgiu uma vaga
decorrente da aposentadoria, mas não houve manifestação do órgão competente se havia
disponibilidade orçamentária para que este cargo fosse imediatamente provido. O mero
surgimento de vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo não gera direito
subjetivo à nomeação do candidato aprovado fora do número de vagas, cabendo a ele
demonstrar, de forma inequívoca, que houve preterição arbitrária e imotivada por parte da
administração pública. No caso concreto, o STF entendeu que isso não ficou comprovado.
Assim, para o Tribunal, a situação não se enquadra nas hipóteses previstas no RE 837311/PI.
STF. 1ª Turma. RMS 31478/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 9/8/2016 (Info 834).
A Administração Pública não pode, depois de terem se passado mais de 5 anos, anular a anistia
política concedida mesmo que, antes de completar este prazo, a AGU tenha emitido nota
questionando os critérios adotados na concessão. A nota emitida pela AGU teve efeito similar
ao de um parecer e, por isso, não impediu o fluxo do prazo decadencial, não podendo ser
classificada como "exercício do direito de anular", para os fins do § 2º do art. 54 da Lei nº
9.784/99. Vale ressaltar que, no caso concreto, não ficou demonstrada má-fé do interessado.
Além disso, não houve flagrante inconstitucionalidade na concessão de anistia, mas sim nova
interpretação da Administração Pública quanto ao efetivo enquadramento como anistiado
político. STF. 1ª Turma. RMS 31841/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2/8/2016 (Info
833).
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O STF afirmou que, em tese, é possível a contratação temporária por excepcional interesse
público (art. 37, IX, da CF/88) mesmo para atividades permanentes da Administração (como é
o caso de professores). No entanto, o legislador tem o ônus de especificar, em cada
circunstância, os traços de emergencialidade que a justificam.
As alíneas "a, b, c, d, e" preveem a contratação temporária caso o titular se afaste para gozar
de licenças ou para fazer cursos de capacitação. O STF reputou que tais hipóteses são
constitucionais já que elas descrevem situações que são alheias ao controle da Administração
Pública, ou seja, hipóteses que estão fora do controle do Poder Público e que, se este não
tomasse nenhuma atitude, poderia resultar em desaparelhamento transitório do corpo
docente. Logo, para tais situações está demonstrada a emergencialidade.
A alínea "f" previa que poderia haver a contratação temporária para suprir "outros
afastamentos que repercutam em carência de natureza temporária". O STF entendeu que esta
situação é extremamente genérica, de forma que não cumpre o art. 37, IX, da CF/88. O
parágrafo único do art. 3º autoriza a contratação temporária para que a Administração Pública
pudesse implementar "projetos educacionais, com vista à erradicação do analfabetismo,
correção do fluxo escolar e qualificação da população cearense".
O STF entendeu que esta previsão também é inconstitucional porque estes são objetivos
corriqueiros (normais, ordinários) da política educacional. Desse modo, esse tipo de ação não
pode ser implementado por meio de contratos episódicos (temporários), já que não constitui
contingência especial a ser atendida. STF. Plenário. ADI 3721/CE, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 9/6/2016 (Info 829).
O art. 1º da Lei nº 10.698/2003 concedeu reajuste aos servidores públicos federais de todos os
Poderes, porém em percentuais diferentes. A diferença entre o maior e o menor reajuste foi
de 13,23%. Os servidores que receberam o menor percentual alegaram que o mencionado art.
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1º representou uma revisão geral anual, tendo, no entanto, violado o art. 37, X, da CF/88,
considerando que foi feita com índices diferentes, o que não é permitido por esse dispositivo
constitucional. Diante disso, pediram que fosse concedida a incorporação dos 13,23% em sua
remuneração.
Além disso, houve violação da SV 37: "Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia." STF.
2ª Turma. Rcl 14872, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 31/5/2016 (Info 828).
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A fixação do prazo prescricional de 5 anos para os pedidos de indenização por danos causados
por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos, constante do art. 1º-C da Lei 9.494/97, é constitucional. STF.
Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824).
Súmula vinculante 55: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
STF. Plenário. Aprovada em 17/03/2016, DJe 28/03/2016.
NEPOTISMO Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente no órgão, mas
sem influência hierárquica sobre a nomeação
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2015
Importante!!!
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o
prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos
candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de
preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por
comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca
necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser
demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do
candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses:
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No julgamento da ADI 3819, o STF declarou inconstitucional lei estadual, posterior à CF/88,
que transformou ocupantes de determinado cargo público em Defensores Públicos.
Entendeuse que houve violação ao princípio do concurso público. Os servidores foram, então,
exonerados pelo Governador do Estado, mas conseguiram ser reintegrados por decisão do STJ,
que entendeu que, antes da exoneração, deveria a eles ser garantido devido processo legal,
com contraditório e ampla defesa. O STF, em reclamação, cassou essa decisão do STJ por
entender que ela contrariou a autoridade da decisão proferida pelo STF no julgamento da ADI
3.819/MG. STF. 2ª Turma. Rcl 16950/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1º/12/2015 (Info
810).
O candidato que toma posse em concurso público por força de decisão judicial precária
assume o risco de posterior reforma desse julgado que, em razão do efeito “ex tunc”,
inviabiliza a aplicação da teoria do fato consumado em tais hipóteses. A posse ou o exercício
em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório não implica a manutenção,
em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em concurso
público (art. 37, II, da CF/88), valor constitucional que prepondera sobre o interesse individual
do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança
legítima, pois conhece a precariedade da medida judicial. Em suma, não se aplica a teoria do
fato consumado para candidatos que assumiram o cargo público por força de decisão judicial
provisória posteriormente revista. STF. 1ª Turma. RMS 31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red.
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p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 17/11/2015 (Info 808). STF. Plenário. RE
608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral) (Info 753).
Alguns servidores continuavam tentando excluir do teto as vantagens pessoais que haviam
adquirido antes da EC 41/2003 (que implementou, na prática, o teto no funcionalismo).
Argumentavam que a garantia da irredutibilidade de vencimentos, modalidade qualificada de
direito adquirido, impediria que as vantagens percebidas antes da vigência da EC 41/2003
fossem por ela alcançadas. O STF acolheu esse argumento? As vantagens pessoais anteriores à
EC 41/2003 estão fora do teto? NÃO. Computam-se para efeito de observância do teto
remuneratório do artigo 37, XI, da Constituição da República, também os valores percebidos
anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título de vantagens pessoais pelo servidor público,
dispensada a restituição de valores eventualmente recebidos em excesso e de boa-fé até o dia
18/11/2015. STF. Plenário. RE 606358/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/11/2015
(repercussão geral) (Info 808).
A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a validade de
vínculo jurídico-administrativo entre o poder público e servidores temporários. Dito de outra
forma: a Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores temporários (art. 37, IX,
da CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal). A competência
NÃO é da Justiça do Trabalho, ainda que o autor da ação alegue que houve desvirtuamento do
vínculo e mesmo que ele formule os seus pedidos baseados na CLT ou na lei do FGTS. STF.
Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias
Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).
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Em 2001, foi editada uma lei estadual criando cargos e organizando a Polícia Civil de
determinado Estado. Nesta Lei foi previsto que, na estrutura da Polícia Civil, haveria cargos de
Delegado de Polícia e de Comissário de Polícia. Ainda em 2001, foi realizado um concurso
público, com provas específicas para cada um desses cargos, e os aprovados nomeados e
empossados. Contudo, em 2004, houve duas leis modificando o cargo de Comissário de Polícia.
• a primeira delas afirmou que Comissário de Polícia seria autoridade policial, juntamente com
o Delegado de Polícia, equiparando a remuneração dos dois cargos. • a segunda lei,
transformando o cargo de "Comissário de Polícia" em "Delegado de Polícia". Essas duas leis
foram impugnadas por meio de ADI e o STF decidiu que elas são INCONSTITUCIONAIS porque
representaram burla à exigência do concurso público. As referidas leis fizeram uma espécie de
ASCENSÃO FUNCIONAL dos Comissários de Polícia porque transformaram os ocupantes desses
cargos em Delegados de Polícia sem que eles tivessem feito concurso público para tanto.
No caso concreto, os Ministros entenderam que, quando o cargo de Comissário de Polícia foi
criado, ele possuía diferenças substanciais em relação ao de Delegado de Polícia, o que
impediria a transformação mesmo sob o argumento de ser medida de racionalização
administrativa. STF. Plenário. ADI 3415/AM, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 24/9/2015
(Info 800).
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O Estado de Pernambuco celebrou convênio com a União por meio do qual recebeu
determinadas verbas para realizar projetos de interesse público no Estado, assumindo o
compromisso de prestar contas da utilização de tais valores perante a União e o TCU. Ocorre
que o Estado não prestou contas corretamente, o que fez com que a União o inserisse no
CAUC Ao julgar uma ação proposta pelo Estado-membro contra a União, o STF exarou duas
importantes conclusões:
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Súmula vinculante 51-STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis
8.622/1993 e 8.627/1993, estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as
eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos
diplomas legais. STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.
Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do beneficiário são mais
favoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas. A CF/88 prevê que os
servidores que exerçam atividades de risco têm direito à aposentadoria especial, segundo
requisitos e condições previstas em lei complementar (art. 40, § 4º, II, “b”). O sindicato dos
Oficiais de Justiça ajuizou, no STF, mandado de injunção coletivo alegando que os oficiais de
justiça exercem atividades de risco, nos termos do art. 40, § 4º, II, da CF/88 e que, apesar
disso, até agora, não foi editada uma lei complementar nacional prevendo aposentadoria
especial para eles. Argumentou, então, que estaria havendo omissão legislativa.
O STF concordou com o pedido formulado? NÃO. Os Oficiais de Justiça, no exercício de suas
funções, até sofrem, eventualmente, exposição a situações de risco, mas isso, por si só, não
confere a eles o direito subjetivo à aposentadoria especial.
Os Oficiais de Justiça podem até, a depender do caso concreto, estar sujeitos a situações de
risco, notadamente quando no exercício de suas funções em áreas dominadas pela
criminalidade, ou em locais marcados por conflitos fundiários. No entanto, o STF entendeu que
esse risco é contingente (eventual), e não inerente ao serviço. Não se pode dizer que as
funções dos Oficiais de Justiça são perigosas (isso não está na sua essência). Elas podem ser
eventualmente perigosas. Se uma atividade é eventualmente perigosa, o legislador pode
prever que os servidores que a desempenham tenham direito à aposentadoria especial com
base no art. 40, § 4º, II, da CF/88. Se o legislador não fizer isso, não haverá omissão de sua
parte porque o texto constitucional não exige. Ex: Oficiais de Justiça. Reconhecer ou não o
direito à aposentadoria especial é uma escolha da discricionariedade legislativa.
Se uma atividade é perigosa por sua própria natureza, o legislador tem o dever de prever que
os servidores que a desempenham terão direito à aposentadoria especial com base no art. 40,
§ 4º, II, da CF/88.
Se o legislador não fizer isso, haverá omissão inconstitucional de sua parte porque o texto da
CF/88 exige. Aqui não existe discricionariedade, mas sim um dever do legislador. Ex: carreira
policial. STF. Plenário. MI 833/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 11/6/2015 (Info 789).
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NEPOTISMO Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de
provimento efetivo
A Constituição do Estado do Espírito Santo prevê, em seu art. 32, VI, que é “vedado ao servidor
público servir sob a direção imediata de cônjuge ou parente até segundo grau civil”. Foi
proposta uma ADI contra esta norma. O STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar
interpretação conforme à Constituição, no sentido de o dispositivo ser válido somente quando
incidir sobre os cargos de provimento em comissão, função gratificada, cargos de direção e
assessoramento. Em outras palavras, o STF afirmou que essa vedação não pode alcançar os
servidores admitidos mediante prévia aprovação em concurso público, ocupantes de cargo de
provimento efetivo, haja vista que isso poderia inibir o próprio provimento desses cargos,
violando, dessa forma, o art. 37, I e II, da CF/88, que garante o livre acesso aos cargos, funções
e empregos públicos aos aprovados em concurso público. STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig.
Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015
(Info 786).
É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos
nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens
pecuniárias. STF. Plenário. ARE 652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015
(repercussão geral) (Info 782)
É possível que o Poder Judiciário anule questão objetiva de concurso público que foi elaborada
de maneira equivocada? É possível que seja alterada a pontuação dada ao candidato na
questão sob o argumento de que a correção feita pela banca foi inadequada? Regra: NÃO. Os
critérios adotados por banca examinadora de concurso público não podem ser revistos pelo
Poder Judiciário. Não é possível controle jurisdicional sobre o ato administrativo que corrige
questões de concurso público. Não compete ao Poder Judiciário substituir a banca
examinadora para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados.
Exceção: apenas em casos de flagrante ilegalidade ou inconstitucionalidade, a Justiça poderá
ingressar no mérito administrativo para rever critérios de correção e de avaliação impostos
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pela banca examinadora. STF. Plenário. RE 632853/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
23/4/2015 (repercussão geral) (Info 782).
Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, prestadoras
de atividades de interesse público e que, por terem preenchido determinados requisitos
previstos na Lei 9.637/98, recebem a qualificação de “organização social”. A pessoa jurídica,
depois de obter esse título de “organização social”, poderá celebrar com o Poder Público um
instrumento chamado de “contrato de gestão” por meio do qual receberá incentivos públicos
para continuar realizando suas atividades. Foi ajuizada uma ADI contra diversos dispositivos da
Lei 9.637/98 e também contra o art. 24, XXIV, da Lei 8.666/93, que prevê a dispensa de
licitação nas contratações de organizações sociais. O Plenário do STF não declarou os
dispositivos inconstitucionais, mas deu interpretação conforme a Constituição para deixar
explícitas as seguintes conclusões: a) o procedimento de qualificação das organizações sociais
deve ser conduzido de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do
“caput” do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados em abstrato segundo o disposto
no art. 20 da Lei 9.637/98; b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma
pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) e
outorga de permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, § 3º) são válidas, mas
devem ser conduzidas de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios
do “caput” do art. 37 da CF; d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser
conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput”
do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada entidade; e e)
qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de
Contas da União, da aplicação de verbas públicas deve ser afastada. STF. Plenário. ADI
1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 15 e
16/4/2015 (Info 781).
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CONCURSO PÚBLICO É inconstitucional lei estadual que cria Serviço de Interesse Militar
Voluntário Estadual
O Estado de Goiás editou uma lei criando algo que ele chamou de Serviço de Interesse Militar
Voluntário Estadual (SIMVE). Esse SIMVE funcionaria, em linhas gerais, da seguinte forma: as
pessoas poderiam se alistar para trabalhar “voluntariamente” como soldado na Polícia Militar
ou no Corpo de Bombeiros Militar. Haveria uma espécie de seleção (menos rigorosa que um
concurso público) e, se a pessoa fosse escolhida, ela receberia, como contraprestação pelo
trabalho desempenhado, um subsídio e atuaria como se fosse um soldado. Esse contrato seria
por um prazo determinado. O STF entendeu que esse SIMVE é formal e materialmente
inconstitucional. O SIMVE viola a regra do concurso público (art. 37, II, da CF/88). Além disso, o
STF afirmou ainda que a Lei estadual possui um vício formal, já que trata sobre prestação
voluntária de serviços na PM e Corpo de Bombeiros de forma diametralmente oposta ao que
diz a Lei federal 10.029/2000. STF. Plenário. ADI 5163/GO, rel. Min. Luiz Fux, julgado em
26/3/2015 (Infos 880 e 881).
Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público. STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780).
Algumas Constituições estaduais preveem que a pessoa que tiver exercido o cargo de
Governador do Estado fará jus, após deixar o mandato, a um subsídio mensal e vitalício. Alguns
chamam isso de representação, outros de pensão vitalícia e outros de pensão civil. A previsão
desse pagamento é compatível com a CF/88? NÃO. Essa regra fere o princípio da isonomia.
Não há uma justificativa razoável para que seja prevista genericamente a concessão da
“pensão” para ex-governadores, configurando um tratamento privilegiado sem haver
fundamento legítimo. STF. Plenário. ADI 4552 MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
9/4/2015 (Info 780).
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CONCURSO PÚBLICO Questão da prova objetiva que exige do candidato saber quantas
afirmações estão corretas
NÃO. Apesar de as referidas questões apresentarem realmente uma estrutura objetiva diversa
das demais perguntas normalmente feitas em prova objetiva, isso não significa qualquer
nulidade, sendo apenas uma forma de dificultar o nível da prova igualmente a todos os
candidatos e condizente com o objetivo de um concurso destinado a medir conhecimentos de
vários tipos, ou seja, não só jurídicos, mas também lógicos e gramaticais. Ademais, entendeu-
se que não se poderia invocar a Resolução 57/2009 do CNJ porque, embora o CNJ e o CNMP
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A lei estadual do Estado “X” prevê que, em caso de empate entre os candidatos em concurso
de remoção para serventias notariais e registrais, o primeiro critério de desempate é o maior
tempo de serviço público. Ocorre que a Lei Federal 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) determina
que o primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência
ao de idade mais elevada (art. 27, parágrafo único). Qual das duas legislações deverá
prevalecer no caso? A legislação estadual. O Estatuto do Idoso, por ser lei geral, não se aplica
como critério de desempate, no concurso público de remoção para outorga de delegação
notarial e de registro, quando existir lei estadual específica que regule o certame e traga regras
aplicáveis em caso de empate. Desse modo, em nosso exemplo, a vaga deve ficar com o
candidato que tiver maior tempo de serviço público (e não necessariamente com o mais
idoso). STF. 1ª Turma. MS 33046/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/3/2015 (Info 777).
REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Lei estadual não pode incluir os titulares de
serventias extrajudiciais no regime próprio de Previdência Social
Duas Leis estaduais incluíram no regime próprio de Previdência Social os titulares de serventias
extrajudiciais (notários e registradores). Tais leis foram declaradas inconstitucionais. Os
titulares de serventias notariais e registrais exercem atividade estatal, entretanto não são
titulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidores
públicos. Logo, a eles não se aplica o regime próprio de Previdência Social previsto para os
servidores públicos (art. 40 da CF/88). Desse modo, a lei estadual não poderia tê-los incluído
no regime próprio de previdência social. As leis estaduais acima desviaram-se do modelo
previsto na CF/88 e usurparam a competência da União para legislar sobre o tema. STF.
Plenário. ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 11/3/2015 (Info
777).
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CHRISTINE BRADFORD
A lei estadual do Estado “X” prevê que, em caso de empate entre os candidatos em concurso
de remoção para serventias notariais e registrais, o primeiro critério de desempate é o maior
tempo de serviço público. Ocorre que a Lei Federal 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) determina
que o primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência
ao de idade mais elevada (art. 27, parágrafo único). Qual das duas legislações deverá
prevalecer no caso? A legislação estadual. O Estatuto do Idoso, por ser lei geral, não se aplica
como critério de desempate, no concurso público de remoção para outorga de delegação
notarial e de registro, quando existir lei estadual específica que regule o certame e traga regras
aplicáveis em caso de empate. Desse modo, em nosso exemplo, a vaga deve ficar com o
candidato que tiver maior tempo de serviço público (e não necessariamente com o mais
idoso). STF. 1ª Turma. MS 33046/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/3/2015 (Info 777).
Duas Leis estaduais incluíram no regime próprio de Previdência Social os titulares de serventias
extrajudiciais (notários e registradores). Tais leis foram declaradas inconstitucionais. Os
titulares de serventias notariais e registrais exercem atividade estatal, entretanto não são
titulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidores
públicos. Logo, a eles não se aplica o regime próprio de Previdência Social previsto para os
servidores públicos (art. 40 da CF/88). Desse modo, a lei estadual não poderia tê-los incluído
no regime próprio de previdência social. As leis estaduais acima desviaram-se do modelo
previsto na CF/88 e usurparam a competência da União para legislar sobre o tema. STF.
Plenário. ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 11/3/2015 (Info
777).
REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Lei estadual não pode conceder isenção de
contribuição previdenciária para todos os servidores aposentados e pensionistas que tiverem
doença incapacitante
O Estado-membro pode tratar sobre o regime próprio de previdência social de seus servidores
por meio de lei, não sendo necessário que tal regulamentação seja feita na Constituição
estadual. As normas estaduais, contudo, deverão observar as regras da CF/88, em especial
aquelas previstas no art. 40. Determinada lei estadual previu que os servidores públicos
aposentados e pensionistas que fossem portadores de doenças incapacitantes não iriam pagar
contribuição previdenciária (seriam isentos). O STF afirmou que essa regra estadual está em
confronto com o § 21 do art. 40 da CF/88, considerando que a Carta Federal previu que os
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CHRISTINE BRADFORD
CONCURSO PÚBLICO Posse em cargo público por determinação judicial e dever de indenizar
Importante!!! O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de ato ilegal da
Administração tem direito a receber a remuneração retroativa?
Regra: NÃO. Não cabe indenização a servidor empossado por decisão judicial sob o argumento
de que houve demora na nomeação. Dito de outro modo, a nomeação tardia a cargo público
em decorrência de decisão judicial não gera direito à indenização. Exceção: será devida
indenização se ficar demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi nomeado logo por
conta de uma situação de arbitrariedade flagrante. Nas exatas palavras do STF: “Na hipótese
de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à
indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo
situação de arbitrariedade flagrante.” STF. Plenário. RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 26/2/2015 (repercussão geral)
(Info 775).
TETO CONSTITUCIONAL É inconstitucional lei estadual que fixa teto remuneratório para
servidores do Poder Judiciário
Lei do Estado da Bahia fixava um teto remuneratório exclusivo para os servidores do Poder
Judiciário. O STF entendeu que essa lei é inconstitucional. O teto para o funcionalismo estadual
somente pode ser fixado por meio de emenda à Constituição estadual, não sendo permitido
mediante lei estadual. Além disso, a Constituição do Estado da Bahia adotou subteto único (§
12º do art. 37 da CF/88) e a lei viola a sistemática escolhida porque fixou um teto apenas para
os servidores do Poder Judiciário, excluindo-o para os demais Poderes. STF. Plenário. ADI
4900/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
11/2/2015 (Info 774).
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