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Secretaria de Estado da Educação – SEED


Superintendência da Educação - SUED
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais – DPPE
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE
1. Nome do(a) Professor(a) PDE: Maria Odete Rodrigues Bernardelli

2. Disciplina/Área: Pedagogia
3. IES: UEM
4. Orientador(a): Janira Siqueira Camargo
5. Co-Orientador(a) (se houver): Rosângela Bressan
6. Caracterização do objeto de estudo (exceto Professor PDE Titulado):
Resgatar o Prazer de Aprender por meio do Aperfeiçoamento da Prática Pedagógica
7. Título da Produção Didático-Pedagógica:
A Formação Continuada de Professores e a Qualidade do Processo Ensino-
Aprendizagem

8. Justificativa da Produção:
Buscando resgatar o prazer de aprender nos estudantes e considerando a
insatisfação observada
entre os profissionais da educação diante dos problemas enfrentados no dia-a-dia
em sala de aula
e na escola, este trabalho busca incentivar esses profissionais, mostrando a
importância e a
necessidade de se procurar na pesquisa as soluções para essas dificuldades.
9. Objetivo geral da Produção:
Reforçar a importância da formação continuada do docente como prática
imprescindível no sentido
de despertar nos educandos o prazer de aprender, de superar a rotina e dinamizar
o processo ensino-aprendizagem.
10. Tipo de Produção Didático-Pedagógica:
( ) Folhas ( ) OAC ( X ) Outros (descrever): Caderno Pedagógico
Material elaborado com acompanhamento da Orientadora da IES, em conjunto com
três professoras PDE e duas Co-orientadoras. Cada integrante do grupo produz um
texto, de acordo com seu objeto de estudo, para ser incorporado em forma de
capítulo no Caderno Pedagógico.
11. Público-alvo: Educadores participantes do GTR e educadores do município de
Xambrê – Pr.
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A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E A QUALIDADE DO


PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Sempre defendi a idéia de que nós, profissionais da educação,


precisamos estar em constante aperfeiçoamento. A participação no PDE
(Programa de Desenvolvimento Educacional) tem me confirmado esse
ponto de vista. A cada evento e palestra ou a cada leitura feita, os
especialistas deixam sempre muito clara essa necessidade, alertando que
para se ter uma educação de qualidade é necessário que o professor,
como principal responsável pelo processo educativo, esteja
constantemente aprimorando seu conhecimento nos avanços e inovações.
Só assim estará suprindo as defasagens de sua formação inicial e
aprofundando os seus conhecimentos para melhorar o desenvolvimento
da sua prática pedagógica, ultrapassando o senso comum.
A modernidade exige mudanças, adaptações, atualização e
aperfeiçoamento. Quem não se atualiza fica para trás. A qualidade total, a
globalização, a parceria, a informática e toda a tecnologia moderna são
desafios presentes na prática pedagógica. A concepção moderna de
educador exige “uma sólida formação científica, técnica e política,
viabilizadora de uma prática pedagógica crítica e consciente da
necessidade de mudanças na sociedade brasileira” (BRZEZINSKI, apud
HYPOLITTO, 2007, p. 1).
Além disso, não podemos simplesmente aceitar todas as alternativas
e modismos que nos são oferecidos sem conhecê-los profundamente e
nem recusá-los sem uma justificativa bem fundamentada. Nesse sentido,
Zagury (2006, p. 171) afirma:

Cada profissional tem sua preferência em relação à forma de


trabalhar. Assim como acredita em certos modismos, é fato
também que pode discordar integralmente de outros. Uma
coisa, porém, é inegável: para decidir se gosta ou não, se
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concorda ou discorda, a condição básica é conhecê-los e a


seus fundamentos teóricos bem como a sua forma de
operacionalização.

E, para isso, a pesquisa e o estudo constante são indispensáveis.


Clebesch (2007, p. 1) também observa:

Na velocidade que as coisas estão mudando é nosso dever


pensar um pouco mais para onde estamos indo e levando
conosco nossos estudantes. Precisamos sair da toca. Não
somos mais apenas professores. Somos, também analistas de
tendências. E isso é muito estimulante. Devemos entender
melhor o mundo para dialogarmos melhor com ele. [...]
Deixemos nossas tocas. Quem hiberna são os ursos. Muitos
deles, aliás, estão ameaçados de extinção.

Não se pode negar que o docente de hoje acumula funções que até
a bem pouco tempo não eram suas. Mas, também é inquestionável que
desempenha inúmeros papéis que são importantíssimos para o
desenvolvimento das futuras gerações cabendo-lhe, por isso, estimular a
cooperação, a solidariedade, a valorização individual e do grupo. Para isso,
é necessário encarar com muita seriedade sua profissão e trabalhar para
esclarecer os estudantes fazendo com que reflitam sobre a realidade em
que vivem buscando melhorá-la. Como fazer isso? A resposta está no
estudo, na pesquisa e no constante aperfeiçoamento.
Em uma de suas dicas “de como ser um bom professor”, Silva (1991,
p. 3) alerta:

Atualize-se, atualize-se, atualize-se... – esta repetição é


intencional e pretende apagar da sua consciência algum
possível resquício de desejo de acomodação. A chamada
“educação permanente” é fundamental para todos os
indivíduos e mais fundamental ainda para os educadores.
Além de uma dedicação maior à literatura de sua área
específica de atuação, procure acompanhar e inter-relacionar
os dados provindos de outros campos do conhecimento,
principalmente história, política e economia. É o conhecimento
da totalidade do real que aumenta o seu poder de julgamento
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e decisão. E os maiores beneficiados serão você mesmo e os


seus alunos.

Nesse sentido, Paro (2006) nos lembra que a beleza da educação


está precisamente em que o educador é tanto mais importante, tanto
mais educador, quanto mais ele for meio para propiciar o fim educativo.
No mesmo documento (o qual recomendo a leitura integral), Paro
descreve o processo educativo salientando que na educação o objetivo de
trabalho é o educando e que o fim da produção pedagógica é a construção
de um sujeito. E, “não forma sujeitos quem não é sujeito e não se sabe
sujeito da história e não vê o aluno como tal” (GONÇALVES, 2006, p. 17).
Na mesma página a autora acrescenta que não há professor capaz
de gerar sujeitos se não se compreende como educador, se não domina
bem a sua disciplina e se não tem uma boa compreensão científica, o que
exige estudo constante e muito conhecimento.
E isto, nos reporta à importância da formação continuada para os
educadores na busca de novas reflexões no processo educativo, onde o
agente escolar passe a vivenciar as transformações de forma a beneficiar
suas ações, com novas formas didáticas e metodológicas de promoção do
processo ensino-aprendizagem com seu aluno, sem com isso ser colocado
como mero expectador dos avanços estruturais de nossa sociedade, mas
um instrumento de enfoque motivador desse processo.
Sem, também, ser como observa Hypólitto (2007, p. 2) o professor
que repete o mesmo currículo de seus antecessores, colaborando para
que a escola continue parada no tempo, com alunos indisciplinados e
desmotivados, passando conhecimentos que em nada servem para a vida
social, profissional e pessoal.
Ainda, segundo Hypólitto (2007, p. 2):

Que deve fazer o professor consciente e comprometido com


seu trabalho? Investir em sua formação, continuá-la para não
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frustrar-se profissionalmente, para poder exigir respeito e,


mesmo, melhorias salariais.
O dia cheio e estafante não reserva tempo para a leitura, o
estudo, a preparação de aula. Os cursos propostos,
geralmente aos sábados ou em horários impossíveis, não
atraem o professor que, ao menos, nos fins de semana, quer
ficar com a família e muitas vezes com os cadernos e provas
para corrigir.

Entretanto, “o profissional do futuro (e o futuro já começou) terá


como principal tarefa aprender. Sim, pois, para executar tarefas
repetitivas existirão os computadores e os robôs. Ao homem competirá ser
criativo, imaginativo e inovador” (SEABRA, 1994, apud HYPÓLITTO, 2007,
p. 2).
Demo (1993) considera que é preciso perceber que, modernamente,
o professor que apenas ensina será substituído pelas instrumentações
eletrônicas, muito mais eficientes na reprodução. O professor continuará
insubstituível como formulador, organizador, revisor, atualizador dos
conteúdos a serem socializados, o que exige atitude de sujeito crítico e
criativo. “[...] o professor que apenas ensina vai tornando-se sucata”
(DEMO, 1993, p. 155).

OS DESAFIOS ATUAIS NA BUSCA DAS MUDANÇAS


NECESSÁRIAS

É de comum conhecimento que quando se fala em mudanças na


escola, a primeira figura em que se pensa é na do professor. Isto, porque é
ele, juntamente com o aluno, que opera o processo ensino-aprendizagem,
legitimando a escola tal como se encontra configurada na sociedade
vigente.
Entretanto, Moran (2007) considera que um dos eixos das mudanças
na educação passa pela transformação da educação em um processo de
comunicação autêntica e aberta entre professores e alunos,
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principalmente, incluindo também administradores e a comunidade,


principalmente os pais.
Diz Moran (2007, p. 1):

Só vale a pena ser educado dentro de um contexto


comunicacional participativo, interativo, vivencial. Só
aprendemos profundamente dentro desse contexto. Não vale
a pena ensinar dentro de estruturas autoritárias e ensinar de
forma autoritária. Pode até ser mais eficiente a curto prazo –
os alunos aprendem rapidamente determinados conteúdos
programáticos – mas não aprendem a ser pessoas, a ser
cidadãos.

Mas, não vamos nos enganar. “Mudar não é tão simples e não
depende de um único fator. O que não podemos é cada um jogar a culpa
nos outros para justificar a inércia, a defasagem gritante entre as
aspirações dos alunos e a forma de preenchê-las” (Moran, 2007, p.1).
Cabe a cada um de nós a busca pela atualização, seja participando
de cursos presenciais ou à distância, seja pela pesquisa que é uma das
maneiras de formação continuada.
Segundo Demo (1996, apud FURLAN e NASCIMENTO, 2007, p. 6)
“educar pela pesquisa tem como condição essencial primeira que o
profissional da educação seja pesquisador, ou seja, maneje a pesquisa
como princípio científico e educativo e a tenha como atitude cotidiana”.
Assim, a pesquisa deve ser contemplada como definição inerente à
prática pedagógica, constituindo-se num compromisso intrínseco à
profissão docente, entendendo que “quem pesquisa, tem o que ensinar,
deve, pois, ensinar, porque “ensina” a produzir, não a copiar. Quem não
pesquisa, nada tem a ensinar, pois apenas ensina a copiar” (DEMO, 1993,
p. 128).
Nesse sentido Freire (2002, p. 32) ressalta:
7

Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino


porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago.
Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo
educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade.

Pesquisando, é possível descobrir novas maneiras de planejar,


ensinar, organizar o conhecimento, de avaliar e de se relacionar com o
aluno.
Santos (2004) considera que no esforço de inovar seu trabalho
educativo, a experiência tem mostrado aos professores que eles não
contam com os recursos necessários para investir na qualidade
educacional, quer seja no campo da formação em serviço, quer nas
relações intra-escolares, quer nos recursos materiais e didáticos e na
valorização profissional. Eles têm consciência de que não é possível
renovar os conteúdos, a metodologia e a didática sem os meios
necessários. É a partir dessa percepção que nascem muitos focos de
resistência: inadequação de propostas recebidas no contexto de trabalho,
“acomodação” ou “imobilismo” relativamente, a situações já existentes
com relação a métodos, conteúdos ou atitudes que adotaram no decorrer
da trajetória profissional. Por esses motivos, advém a resistência a
qualquer tipo de mudança que venha a ocorrer em seu espaço
pedagógico.
Entretanto, Zagury (2006, p. 110) nos anima, afirmando que

[...] há ainda muitos motivados e prontos a assumir mais e


mais tarefas educacionais (que, aliás, não param de crescer).
São esses que lotam auditórios, participando de cursos,
seminários e congressos para discutir problemas, aventar
hipóteses, tentar soluções, trocar experiências – bem ou mal
sucedidas. Esses são os que carregam o Brasil para diante e
fazem a diferença!

Continua a autora, na mesma página:


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O professor na verdade é um herói, o grande herói brasileiro


anônimo, movido o mais das vezes por uma espécie de
convicção interior, que o domina e faz continuar tentando,
tentando, tentando... Sem essa (abençoada) compulsão, o
que seria dos nossos meninos?

É, no exemplo desses “heróis” que me inspiro para afirmar que a


procura pela atualização constante depende de cada um de nós. Sabemos
que as mudanças nas escolas são necessárias e que nós, os educadores,
somos a chave dessas mudanças. Por isso, é importante que
manifestemos a vontade de mudar, bem como a capacidade para
enfrentar mudanças e efetivá-las, porque, como afirma Luckesi (2005, p.
1):

Certamente que não temos, de imediato, nenhuma


possibilidade de mudar as políticas públicas para a educação,
assim como as condições materiais de ensino, tais como
baixos salários, espaços físicos inadequados, entre outros.
Essas são reivindicações que exigem ações nossas no âmbito
da sociedade civil organizada, como sindicatos, partidos
políticos, comunidades de base. Todavia, na nossa sala de
aula, podemos colocar nossa atenção e nosso coração naquilo
que praticamos, tais como no desejo de que os alunos
aprendam, na criação ou recriação de atividades que
possibilitem, no processo prazeroso e criativo de
aprendizagem, na relação com os educandos, que, por
conseqüência, possibilitam o desenvolvimento.

Nessa perspectiva, para Santos (2007, p. 43), a formação


continuada é vista, portanto, como importante condição de mudança das
práticas pedagógicas, entendidas a partir de dois aspectos: o primeiro
como processo crescente de autonomia do professor e da unidade escolar
e o segundo como processo de pensar-fazer dos agentes educativos e, em
particular, dos professores, com o propósito de concretizar o objetivo
educativo da escola, que ao meu ver começa pela melhoria da qualidade
do ensino.
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A FORMAÇÃO CONTINUADA E A QUALIDADE DO ENSINO

Sabemos que a escola na atualidade sofre com o desenvolvimento


acelerado que ocorre a sua volta, onde as informações são atualizadas em
função de segundos, ocasionando de certa forma, o desgaste e o
comprometimento das ações voltadas para o aprimoramento do ensino,
fazendo com que a sala de aula se torne um ambiente de pouca
relevância para a consolidação do conhecimento, tornando a vivência
social o requisito primordial para a busca de aprendizado.
Sabemos, também, que a mudança acelerada do contexto social
influi fortemente no papel a desempenhar pelo professor no processo de
ensino. O professor deve apresentar uma postura norteadora do processo
ensino-aprendizagem, levando em consideração que sua prática
pedagógica em sala de aula tem papel fundamental no desenvolvimento
intelectual de seu aluno, podendo ele ser o foco de crescimento ou de
introspecção do mesmo quando da sua aplicação metodológica na
condução da aprendizagem.
Nesse sentido, Freire (2002) defende que nosso papel político no
mundo não deve ser o de quem apenas constata o que ocorre, mas
também o de quem intervém como sujeito de ocorrências, constatando
não apenas para se adaptar, mas para mudar, pois, constatando é que nos
tornamos capazes de intervir na realidade. Assim, nas próprias palavras
de Freire (2000, apud FURLAN e NASCIMENTO, 2007, p. 3):

O exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de


pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar o
quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de
quem, o contra quê, o contra quem são exigências
fundamentais de uma educação democrática à altura dos
desafios do nosso tempo.
10

Para Moran (2007, p. 2) ensinar e aprender exigem hoje muito mais


flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos
e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma das
dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das
fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em
espaços menos rígidos, menos engessados. Diz ele:

Temos informações demais e dificuldade em escolher quais


são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da
nossa mente e da nossa vida. A aquisição da informação, dos
dados dependerá cada vez menos do professor. As
tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de
forma rápida e atraente. O papel do professor – o papel
principal – é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a
relacioná-los, a contextualizá-los. O papel do educador é
mobilizar o desejo de que o aluno aprenda, que se sinta
sempre com vontade de aprender, de conhecer mais.

Paro (2006, p. 14) afirma:

Quantas vezes ouvimos dizer que a escola é boa, que tudo


está muito bem, mas que o aluno não aprendeu “porque não
quis”. Como se levar o aluno a querer aprender não fosse a
função da educação. [...] Dizer “a escola é boa, mas a criança
não aprendeu porque não quis” é o mesmo que dizer que a
cirurgia foi um sucesso, mas o paciente morreu. Se não houve
aprendizado, não houve ensino.

Moran (2007) considera que aprender depende também do aluno, de


que ele esteja pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa
informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente,
emocionalmente. Enquanto a informação não fizer parte do contexto
pessoal – intelectual e emocional - não se tornará verdadeiramente
significativa, não será aprendida verdadeiramente.
Assim, nas palavras do próprio Moran (2007, p. 1):
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Só podemos ensinar até onde conseguimos aprender. E se


temos tantas dificuldades em ensinar, entre outras coisas, é
porque aprendemos pouco até agora. Se admitíssemos nossa
ignorância quase total sobre tudo – tanto docentes como
alunos – estaríamos mais abertos para o novo, para o
aprender. Mas ao pensar que sabemos muito, limitamos nosso
foco, repetimos fórmulas, avançamos devagar.

O autor considera que avançaremos mais pela educação positiva do


que pela repressiva. Que é importante não começar pelos problemas,
pelos erros, não começar pelo negativo, pelos limites. E sim começar pelo
positivo, pelo incentivo, pela esperança, pelo apoio na nossa capacidade
de aprender e mudar. Ajudar o aluno a que acredite em si, que se sinta
seguro, que se valorize como pessoa, que se aceite plenamente em todas
as dimensões da sua vida. “Se o aluno acredita em si, será mais fácil
trabalhar os limites, a disciplina, o equilíbrio entre direitos e deveres, a
dimensão grupal e social” (MORAN, 2007, p. 2).
Continua o autor na mesma página:

Avançaremos mais se aprendemos a equilibrar planejamento


e criatividade, a organização e a adaptação a cada situação, a
aceitar os imprevistos, a gerenciar o que podemos prever e a
incorporar o novo, o inesperado, Planejamento aberto, que
prevê, que está pronto para mudanças, para sugestões,
adaptações. Criatividade, que envolve sinergia, pôr as
diversas habilidades em comunhão, valorizar as contribuições
de cada um, estimulando o clima de confiança, de apoio.

E criatividade, para Luckesi (2006) tem a ver com a possibilidade do


olho brilhar diante da compreensão de alguma coisa nova sobre a qual
desconhecíamos. Tem a ver com o prazer de aprender, de entender, de
buscar, de saber fazer, de construir, de conseguir dar conta de alguma
coisa que nos desafia ou que desafia nossos educandos.
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Educadores e educadoras que rompem com a formalidade na


prática pedagógica são aqueles que colocam “coração” no caminho
pedagógico e insistem, inventam e reinventam possibilidades para
que os seus educandos aprendam, porque, para desenvolver-se,
importa que aprendam significativamente sobre tudo que se passa
diante de seus olhos. Muitas vezes, isso parece ser difícil, mas se o
coração estiver lá tudo se torna fácil, inventa-se e flui (LUCKESI,
2006, p. 4).

Mesmo, porque, os modernos conceitos definem o professor


eficiente como aquele que “instrumentaliza o aluno, permitindo-lhe
dominar o mecanismo do aprender e tornando-o independente para, a
qualquer momento, estando ou não no âmbito escolar, continuar
aprendendo” (ZAGURY, 2006, p. 157).
Entretanto, nas palavras da mesma autora, é fácil e confortável
criticar, dizendo a quantos queiram ouvir, que cabe ao professor encantar,
fascinar, deslumbrar crianças e jovens; que é obrigação do docente
moderno ser empreendedor e criativo; que deve variar métodos e técnicas
de forma pedagogicamente correta e avaliar qualitativamente. Discurso
atraente que tem sua base teórica, mas que não pode se esquecer que os
professores necessitam de condições de trabalho compatíveis com os
objetivos que se espera que operacionalizem e alcancem. Incluindo,
nessas condições, apoio e assessoramento para seu constante
aperfeiçoamento.

A IMPORTÂNCIA E A NECESSIDADE DO PEDAGOGO COMO


ARTICULADOR DA FORMAÇÃO CONTÍNUA DO PROFESSOR

Reconhecendo que “não podendo a escola resolver tudo, deve


resolver o que lhe cabe” (DEMO, 1993, p. 80) e reconhecendo também
que “a função principal da escola é ensinar e que, portanto, o resultado
que dela deve ser esperado e cobrado é a aprendizagem do aluno”
(MELLO, 1994, p. 67), é nesse sentido que podemos nos empenhar.
13

Para nós, pedagogos, como agentes co-responsáveis pela qualidade


do ensino, a formação continuada do professor torna-se um constante
desafio em nossa ação escolar, mesmo diante de todas as iniciativas
nesse sentido disponibilizadas pelos órgãos competentes, nas esferas
federal, estadual ou municipal.
E, como nossa função se efetiva na prática, para que nossa ação
tenha êxito é imprescindível um aprendizado contínuo na busca de novas
estratégias e caminhos, ou seja, da renovação e inovação constantes, com
muita reflexão, tolerância, diálogo, parceria e participação coletiva,
fortalecendo, assim, a autonomia e incentivando a criatividade nas
instituições educacionais sob nossa responsabilidade.
Nesse sentido, Libâneo (2000, apud MENDES, 2007, p. 1) questiona:

Como ajudar os professores a se apropriarem da


produção de pesquisa sobre educação e ensino? O que
significa “qualidade de ensino” numa sociedade que
caibam todos? Como potencializar a competência
cognitiva e profissional dos professores? [...] Como
introduzir mudanças nas práticas escolares, partindo da
reflexão na ação? Que ingredientes do processo de
ensino e aprendizagem (e que integram, também, as
práticas de formação continuada em serviço) levam a
promover uma aprendizagem que modifica o sujeito e o
torna construtor de sua própria aprendizagem?

Esses questionamentos apontados nos direcionam a uma análise


profunda e detalhada, servindo como ponto de partida para propormos
criar na escola um espaço para intercâmbios de experiências e práticas
docentes, possibilitando a busca de novas estratégias ou alternativas
coerentes com um novo caminhar.
Nas palavras do Governador Roberto Requião, em sua palestra de
abertura do curso PDE “se não tivermos na sala de aula um professor
altamente capacitado para a formação de nossos estudantes, de nada
adianta destinar, como estamos destinando, 30% do orçamento para a
educação”.
14

Disse ainda: “Queremos escolas vivas, criativas, agitadas,


professores que mobilizem as salas de aula, que abram horizontes, que
descortinem a vida e as maravilhas do conhecimento. Queremos
professores e alunos esclarecidos que não se submetam ao controle da
opinião pública, á verdadeira ditadura do pensamento dominante hoje
imposta pela grande mídia”.
Entendendo que todo professor pode ser mais que um mero
transmissor de informações, desde que se sinta realmente incomodado a
ponto de buscar novos rumos para sua prática profissional, espero contar
com o interesse dos profissionais do município para enfrentar mais esse
desafio.
Com certeza, não tenho a fórmula mágica, não porque ela não
exista, mas porque ela é diferente para cada situação. Não existe uma,
mas várias fórmulas mágicas, por isso precisamos experimentar muitas
delas para ver qual funcionará melhor em cada uma das nossas salas de
aula. Precisamos também repensar a nossa prática, a fim de verificar se
estamos fazendo alguma coisa de errado que esteja impedindo que
nossos resultados sejam melhores.
Nesse sentido, a contribuição de Hoffmann (2002, apud FURLAN e
NASCIMENTO, 2007, p. 6) nos esclarece:

Não se pode ensinar ao professor o que ele precisa aprender.


As aprendizagens significativas são construções próprias do
sujeito. [...] Ele pode até sentir a necessidade de mudanças,
mas se não entender o significado essencial de uma proposta
pedagógica numa direção, não saberá como construí-la. Não
basta alguém dizer-lhe que deve fazer diferente se ele não
pensar diferente sobre o que faz.

Para que não continuemos repetindo as estratégias e técnicas do


passado, precisamos saber que outras possibilidades são possíveis e por
isso se faz necessário estar aberto para aprender com os próprios alunos e
também com os outros professores, refletindo sempre sobre o que
15

estamos fazendo, para que e como podemos melhorar. O desafio está em


encontrarmos tempo para conhecer as novas tecnologias, ler sobre elas,
atualizar-se e planejar o seu uso, prevendo com nossos alunos objetivos,
caminhos e atividades para desenvolver a pesquisa, organizando e
participando de momentos coletivos e individuais e avaliando o processo
de cada sujeito na busca de novas propostas para as transformações
necessárias à escola.
Garrido (2005, apud SILVA e COLLI, 2007) considera essa tarefa
formadora, articuladora e transformadora, de certa forma difícil. Primeiro
por não oferecer fórmulas prontas e sim mostrar a necessidade de criar
soluções de acordo com cada realidade. E segundo, porque mudar o que
está posto, com novos modelos, novas técnicas, significa reconhecer
deficiência no trabalho, significa enfrentar conflitos entre os envolvidos,
pelo fato dos valores, pela visão de mundo e os interesses serem
diferentes. Diante disso, muitos professores resistem às mudanças,
preocupados em não dominar as novas propostas. Contudo, há
necessidade de uma parceria professores-coordenadores pedagógicos,
para juntos, vencerem o medo, as inseguranças e aos poucos
conquistarem seus espaços.
Para isso, é necessário criar mecanismos visando sensibilizar o
professor da importância de se discutir a prática pedagógica, pois, a falta
de uma maior reflexão sobre essa questão, como já foi mencionado, faz o
professor permanecer na sua postura tradicional com uma atuação
totalmente acrítica e reprodutiva.
Na escola temos pessoas que desempenham diferentes funções,
todas de suma importância para o desenvolvimento do trabalho
pedagógico. Precisamos exercitar o difícil aprendizado de que é na
diferença que se faz o todo, onde não há superiores e inferiores, mas
trabalhadores e trabalhadoras da educação construindo uma escola
pública a cada dia mais humana, democrática e de qualidade (APP-
SINDICATO, 2005).
16

“Trata-se, portanto, de uma escola onde se ensine bem aquilo que


os alunos precisam aprender, pois, sem o domínio do saber, eles não
alcançarão a liberdade e muito menos a possibilidade de agir e de
transformar a sua realidade” (ASSIS, apud GRINSPUN, 1996, p. 130).
Na mesma página a autora continua dizendo que para atender a
essas funções, há que se ter objetivos bem definidos, contar com a
participação e comprometimento de todos. Há que se contar com
profissionais competentes, isto é, que tenham uma visão ampla e
profunda dos processos pedagógicos, das necessidades e interesses dos
alunos, das condições reais do trabalho docente, das relações que se dão
no processo ensino-aprendizagem e na sociedade.
Compreende-se que para isso o pedagogo terá que buscar
embasamentos teóricos para aperfeiçoar-se e assim contribuir com os
demais profissionais para uma melhor compreensão de trabalhar no
coletivo em todos os aspectos.
Portanto, cabe ao pedagogo, como coordenador pedagógico, vencer
os desafios com que se depara no cotidiano da escola, superando o
conflito entre o real e o possível e integrando a comunidade escolar em
benefício do processo ensino-aprendizagem. Desse modo, faz-se
necessário construir caminhos de aproximação, negociação, diálogo e
troca, avaliando situações do cotidiano escolar e dando encaminhamentos
necessários no sentido de coordenar um trabalho voltado para a
transformação do ensinar e aprender. Daí a importância do
comprometimento do pedagogo no desempenho de seu papel de
articulador de idéias e de ações no cotidiano escolar.

REFERÊNCIAS

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trabalho escolar. In: Caderno de Debates. IV Conferência Estadual de
Educação da APP-Sindicato. Curitiba, 2006.
17

ASSIS. N, de. Revendo o meu Fazer sob uma Perspectiva Teórico-


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aprendizagem a ser docente. Educar o educador. Disponíveis em
www.eca.usp.br/ Acesso: dezembro/2007.

PARO, V. H. A escola pública que queremos. In: Revista da Conferência


Extraordinária da APP-Sindicato. Curitiba, 2007.
18

REQUIÃO, R. Palestra na aula inaugural do PDE – 12/03/2007.


Curitiba, 2007.

SANTOS, S. M. M. Formação continuada numa perspectiva de


mudança pessoal e profissional. Disponível em www.uefs.br/ Acesso:
dezembro/2007.

SILVA, E. T. De como ser um mau professor/ de como ser um bom


professor. In: _________ . O professor e o combate à alienação imposta.
São Paulo: Cortez, 1991.

SILVA, J. A. da; COLLI, E. M. Reflexões sobre a prática pedagógica da


Orientação Educacional. Disponível em www.psicopedagogia.com.br/
Acesso: novembro/2007.

ZAGURY, T. O Professor Refém: para pais e professores entenderem por


que fracassa a educação no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 2006.

SUGESTÕES DE LEITURAS

Além das referências citadas, recomendo os textos disponíveis nos sites:

www.eca.usp.br/

www.profissaomestre.com.br

www.escola2000.org.br/

E ainda:

O Livro O Professor Refém é leitura recomendável, principalmente para


todos os professores, pois retrata a realidade vivida nas escolas,
mostrando claramente as dificuldades enfrentadas pelos educadores e
apresentando soluções possíveis para cada situação apresentada. Difícil
algum professor não reconhecer a sua própria vida na maior parte das
respostas dadas pela autora.

Na obra Pedagogia da Autonomia Freire expõe os saberes que


considera necessários à prática docente e incentiva os educadores e
educadoras a refletirem sobre seus fazeres pedagógicos, aperfeiçoando
19

seu trabalho e fazendo a cada dia a opção pelo melhor, não de forma
ingênua, mas com certeza de que, se há tentativas, há esperanças e
possibilidades de mudanças daquilo que necessita mudar.

Os textos apresentados a seguir possibilitam a reflexão do nosso


cotidiano traçando um paralelo entre a educação que temos e a que
desejamos para nossos alunos. Mostra as tendências para um novo
modelo de ensino e cria novas possibilidades de entendimento quanto à
complexidade do ato ensinar e de aprender.
Além desses, nos sites indicados podem ser encontrados outros textos
muito interessantes, testes como o que se encontra no final desse
trabalho e também dicas e sugestões para diversificar nossa prática do
dia-a-dia.
20

A Casa - A Escola Rubem Alves

Disponível em www.escola2000.org.br/

Uma professora me escreveu pedindo-me que eu lhe desse algumas dicas sobre
como despertar o interesse dos seus alunos sobre a sua matéria. Sua pergunta
brotava do seu sofrimento. Preparava suas aulas como havia aprendido nas aulas
de didática - mas a sua aula não era capaz de seduzir a imaginação dos seus
alunos. Numa situação como essas o mais fácil e o mais comum é culpar os
alunos: eles são indisciplinados, não querem aprender, são psicologicamente
incapazes de concentrar a atenção. Essa professora não culpava os alunos.
Culpava a si mesma. Devia haver algo de errado em suas aulas para que os
alunos não prestassem atenção.

Uma aula é como comida. O professor é o cozinheiro. O aluno é quem vai comer.
Se a criança se recusa a comer pode haver duas explicações. Primeira: a criança
está doente. A doença lhe tira a fome. Quando se obriga a criança a comer
quando ela está sem fome, há sempre o perigo de que ela vomite o que comeu e
acabe por odiar o ato de comer. É assim que muitas crianças acabam por odiar
as escolas. O vômito está para o ato de comer como o esquecimento está para o
ato de aprender. Esquecimento é uma recusa inteligente da inteligência.
Segunda: a comida não é a comida que a criança deseja comer: nabo ralado, jiló
cozido, salada de espinafre... O corpo é um sábio. Etimologicamente a palavra
sábio quer dizer "eu degusto". O corpo não é um porco que come tudo o que
jogam para ele, como se tudo fosse igual. Ele opera com um delicado senso de
discriminação. Algumas coisas ele deseja. Prova. Se são gostosas, ele come com
prazer e quer repetir. Outras não lhe agradam, e ele recusa. Aí eu pergunto: "O
que se deve fazer para que as crianças tenham vontade de tomar sorvete?"
Pergunta boba.
Nunca vi criança que não estivesse com vontade de tomar sorvete. Mas eu não
conheço nenhuma mágica que seja capaz de fazer com que uma criança seja
motivada a comer salada de jiló com nabo. Nabo e jiló não provocam a sua fome.
As crianças têm, naturalmente, um interesse enorme pelo mundo. Os olhinhos
delas ficam deslumbrados com tudo o que vêem. Devoram tudo. Lembro-me da
minha neta de um ano, agachada no gramado encharcado, encantada com uma
minhoca que se mexia. Que coisa fascinante é uma minhoca aos olhos de uma
criança que a vêem pela primeira vez! Tudo é motivo de espanto. Nunca
estiveram no mundo. Tudo é novidade, supresa, provocação à curiosidade.
Visitando uma reserva florestal no Espírito Santo a bióloga encarregada de
educação ambiental me contou que era um prazer trabalhar com as crianças.
Não era necessário nenhum artifício de motivação. As crianças queriam comer
tudo o que viam. Tudo provocava a fome dos seus olhos: insetos, pássaros,
ninhos, cogumelos, cascas de árvores, folhas, bichos, pedras. Alberto Caeiro
disse que foram as crianças que o ensinaram a ver. Disse que a criança que o
ensinou a ver era Jesus Cristo tornado outra vez menino: "A mim ensinou-me
tudo. / Ensinou-me a olhar para as coisas. / Aponta-me todas as coisas que há
nas flores. / Mostra-me como as pedras são engraçadas / Quando a gente as tem
na mão / E olha devagar para elas./
Quando eu era jovem e não sabia que os olhos das crianças eram diferentes dos
olhos dos adultos eu ficava bravo com meus filhos quando a gente viajava. Eu
21

olhava para fora do carro e ficava deslumbrado com cenários que via:
montanhas, lagos, florestas. Queria que eles gozassem aquela beleza. Mostrava
para eles, e era como se ela não existisse. Eles nem ligavam. E eu ficava com
raiva. "Como podem ser insensíveis a tanta beleza?"

Eu não sabia que os olhos das crianças não têm fome de coisas que estão longe.
Os olhos das crianças têm fome de coisas que estão perto. As crianças querem
pegar aquilo que vêem. Cenários não podem ser pegos com a mão. Quando são
bem pequenas elas olham, pegam, e levam à boca: querem comer, sentir o gosto
da coisa. O bichinho de que gostam é aquele que elas podem acariciar, colocar
no colo: o coelhinho, o cachorrinho, o gatinho. Nunca vi crianças com interesse
especial por peixes em aquários. Peixinhos não podem ser agradados, não
podem ser colocados no colo. E nem por pássaros. A menos que os pássaros
possam ser agradados. Conheço uma menina que tinha como seu bichinho de
estimação uma galinha. Mas a galinha dela era diferente: vinha quando era
chamada e gostava de ser agradada.

Todos os objetos que podem ser pegos com a mão são brinquedos para as
crianças. E por isso elas gostam deles. Estão naturalmente motivadas por eles.
Querem comê-los. Querem conhecê-los. Com sete anos de idade tive a minha
primeira experiência fracassada com a engenharia mecânica. Secretamente
desmontei o relógio de pulso de minha mãe. Infelizmente não consegui juntar as
engrenagens de novo. Com sete anos eu sabia que os objetos são interessantes
e que a gente os conhece não de longe, mas mexendo neles, desmontando e
montando.

Para mim esse é um princípio fundamental da aprendizagem: a fome de aprender


acontece na fronteira entre o corpo e o ambiente. As crianças não se interessam
por montanhas, lagos e florestas porque estão longe dos seus braços. Mas têm
prazer em subir em árvores, apanhar frutas, descobrir ninhos, brincar nos
remansos, pescar. As crianças se interessam por objetos com os quais os seus
corpos podem estar em contacto, que podem ser manipulados. Elas não têm um
interesse natural por operações matemáticas abstratas. Mas se estão vendendo
pipas na feira, elas se interessam logo por somar e diminuir para contabilizar
preços e trocos. E que dizer da forma como elas aprendem a falar, coisa mais
assombrosa não existe! Elas não aprendem a falar abstratamente. Aprendem os
nomes dos objetos e das pessoas ao seu redor, os verbos que indicam as
atividades que fazem. Quando a criança diz "mamãe" ela está chamando para si
um objeto querido. A princípio, toda palavra é uma invocação.

Aí elas vão para as escolas. Aí a aprendizagem sai da vida e passa para os


programas. Programas são séries de conhecimentos organizados abstratamente
numa ordem lógica. Mas a ordem dos programas, por terem sido preparados
abstratamente, não segue a ordem da vida. Aparece então o descompasso. O
que elas têm de aprender não é aquilo que o corpo delas quer aprender, pela
simples razão de que a vida não segue programas. Aí surge a pergunta: como
motivá-las a comer nabo e jiló? Vocês podem imaginar como é que se ensinaria
uma criança a falar, seguindo-se um programa? Ela não aprenderia nunca.
Não gosto de laboratórios nas escolas. Sua função não é ensinar ciência. Sua
função é seduzir os pais. Os pais querem sempre o melhor para os seus filhos e o
22

que é moderno deve ser melhor. Uma escola que tem laboratórios com
aparelhinhos deve ser uma boa escola. Mas os laboratórios, antes que os
estudantes entrem nele, já ensinaram uma coisa fatal para a inteligência
científica: que ciência é algo que acontece dentro daquele espaço. A ciência não
começa com aparelhos. Ela começa com olhos, curiosidade e inteligência.

Sonho com uma escola que tenha a casa de morada da criança como seu
laboratório. A casa é o seu espaço imediato. Ela está cheia de objetos e ações
interessantes. Pensar a casa é pensar o mundo onde a vida de todo dia está
acontecendo. Numa casa não poderia haver um currículo pronto porque a vida é
imprevisível: não segue uma ordem lógica. Os saberes prontos ficariam
guardados num lugar, como as ferramentas ficam guardadas numa caixa. As
ferramentas são tiradas da caixa quando elas são necessárias para resolver
problemas. Assim são os saberes: ferramentas. Ninguém aprende ferramenta
para aprender ferramenta.
O sentido da ferramenta é o seu uso na prática. O sentido de um saber é o seu
uso na prática. Se não pode ser usado não tem sentido. Deve ser jogado fora.
E por falar nisso, a palavra "dígrafo" que todas as crianças têm de aprender,
serve para que? Assim são os nossos programas, cheios de "dígrafos" sem
sentido... Por isso as crianças não aprendem.

Este material foi obtido através do website de Cipriano Carlos Luckesi


Website: www.luckesi.com.br / e-mail:contato@luckesi.com.br
Formalidade e criatividade na prática pedagógica
Cipriano Carlos Luckesi1
Artigo publicado na Revista ABC EDUCATIO, nº 48, agosto de 2005, páginas 28 e 29.
Don Juan, índio Yaqui, mestre de Carlos Castañeda, diz, no livro Erva do
diabo, que “um caminho sem coração não é caminho”. E o professor Darci
Ribeiro dizia, metaforicamente, que “uma boa escola se faz com uma boa
professora”. Penso que ambas as afirmações dizem a mesma coisa. De fato,
parece que a vida segue um curso desejado, caso coloquemos o nosso
coração naquilo que nós fazemos.
Recentemente, eu ouvia uma avó perguntando ao seu neto pela nova escola,
na qual estava estudando, na medida em que concluíra quarta série e
ingressara na quinta em outra instituição do Ensino Fundamental. A criança
assim respondeu à avó: “Minha avó, na outra escola, as professoras
ensinavam para eu aprender; nesta, os professores dão tarefas para a gente
estudar e, depois, fazem testes para a gente tirar pontos...” Uma criança,
prestando atenção a sua experiência escolar, facilmente distingue entre uma
escola, que é presidida pela criatividade, de outra, que o é pela formalidade
no ensino e na aprendizagem, mas nós educadores e educadoras, em muitas
vezes, não conseguimos distinguir essas possibilidades nem levar a sério essa
distinção. A mim me parece, que isso ocorre devido nosso coração não estar
comprometido com nosso caminho de ensinar, para que efetivamente o
educando aprenda. Ensinamos. E pronto!
Estar com o coração na prática pedagógica significa investir no educando,
para que ele aprenda e, em função de aprender, se desenvolva. Certamente
que as condições de ensino que temos em nosso país não são
23

satisfatoriamente adequadas. Temos espaços físicos inadequados, materiais


didáticos insatisfatórios, baixos salários e, possivelmente, muitas outras
queixas, sem sombra de dúvidas, significativas, compondo a lista dos
aspectos negativos que dificultam o exercício docente. Porém, a fixação de
nossa atenção nos problemas não nos permite olhar para soluções. Na
medida em que permaneçamos voltados exclusivamente para os impasses,
não temos possibilidades de ver soluções à frente.
1Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação,
Universidade Federal da Bahia --- luckesi@terra.com.br.
Não estamos voltados para elas. É fato que temos imensos problemas, mas
nosso aprisionamento neles inviabiliza nosso olhar e a nossa busca de
soluções.
Nesse contexto, penso que, apesar dos múltiplos e magnos problemas que
dificultam nossas ações numa prática pedagógica saudável, necessitamos de
nos abrir para a busca de soluções que viabilizem uma prática de ensino que
seja atrativa para as crianças, jovens e adultos com os quais trabalhamos. No
que se refere aos problemas, basta um diagnóstico para saber que eles
existem e entravam nossa ação; não vale a pena ficarmos presos a eles.
Certamente que não temos, de imediato, nenhuma possibilidade de mudar as
políticas públicas para a educação, assim como as condições materiais de
ensino, tais como baixos salários, espaços físicos inadequados, entre outros.
Essas são reivindicações que exigem ações nossas no âmbito da sociedade
civil organizada, como sindicatos, partidos políticos, comunidades de base.
Todavia, na nossa sala de aula, podemos colocar nossa atenção e nosso
coração naquilo que praticamos, tais como no desejo de que eles aprendam,
na criação ou recriação de atividades que possibilitem, no processo prazeroso
e criativo de aprendizagem, na relação com os educandos, que, por
conseqüência, possibilitam o desenvolvimento.
Desejamos nossos educandos desenvolvidos, mas nem sempre cuidamos
deles o suficiente para que desenvolvam. Nem sempre os nutrimos
suficientemente bem para que se desenvolvam e, por isso, se tornem
cidadãos dignos de si mesmos na convivência consigo e com os outros.
Penso que o educador e a educadora, que colocam o coração no seu
caminho, saberão, com certeza, encontrar meios pelos quais os educandos
aprenderão e, por isso mesmo, se desenvolverão. Essa postura pode ser
representada pela diferença entre as parábolas do semeador e do jardineiro.
A parábola do semeador diz que o semeador saiu a semear as suas sementes.
Parte delas caiu à beira da estrada, vieram os passarinhos e comeram-nas,
não permitindo que germinassem, crescessem e, conseqüentemente, dessem
frutos. Parte delas caiu em terreno pedregoso, germinaram, mas não
sobreviveram, pois que veio o sol escaldante e as plantinhas feneceram. Uma
terceira parte caiu no terreno espinhoso, germinaram, mas as plantinhas não
cresceram; foram abafadas pelos espinhos e morreram. E somente a quarta
parte das sementes, que caiu na terra fértil, foi produtiva.
As sementes germinaram, cresceram e deram bons frutos. Míseros 25% de
bons frutos!
A parábola do jardineiro traz uma visão alterada dessa mesma parábola. Ela
diz que um jardineiro saiu a semear suas sementes. Preparou o terreno à
24

beira da estrada, semeou as sementes e, sabendo que pássaros viriam e as


comeriam, criou armadilhas e espantalhos, de tal forma que os passarinhos
não chegaram e, por isso, houve a germinação e as plantinhas, com a ajuda e
cuidado do jardineiro, cresceram e deram frutos. No terreno pedregoso, antes
de fazer sua semeadura, o jardineiro teve o cuidado de acrescentar terra
nova e fértil e, somente sobre ela, lançou suas sementes, que germinaram,
cresceram e produziram frutos. O terreno espinhoso, inadequado para o
plantio, recebeu os cuidados do jardineiro, antes da semeadura. Os espinhos
foram cortados, o terreno limpo e preparado para receber as sementes. E,
então, elas germinaram, cresceram e produziram frutos. E, por último, uma
parte das sementes foi semeada em terra fértil. Após preparar o terreno, o
jardineiro lançou suas sementes, que germinaram, cresceram e produziram
frutos. As sementes do jardineiro produziram frutos, se não 100%, ao menos
em quantidade próxima deles!
A diferença entre o semeador e o jardineiro é que o primeiro lança as
sementes e
espera que produzam frutos, porém, o segundo, diferentemente, cuida para
que as sementes germinem, cresçam e produzam frutos. Os frutos não vem
somente devido as sementes terem sido lançadas à terra, mas dos cuidados
na preparação do terreno e sua fertilização, no acompanhamento e proteção
das plantinhas, assim como na sua alimentação pelos adubos aplicados, e na
sua umidificação diária com água fresca. Uma coisa é lançar as sementes e
esperar pelos frutos, outra coisa, completamente diferente, é cuidar para que
elas nasçam, cresçam e produzam frutos.
O caminho pedagógico que “tem coração” é o do jardineiro. É o caminho
daquele que investe diariamente nos educandos, tanto desejando que
aprendam, como cuidando para que aprendam. Isso significa muitíssimo mais
do que “tirar notas”. Tirar notas todos tiram, o que nem sempre acontece é
que aprendam de forma significativa, através de conteúdos significativos, de
atividades significativas, de cuidados significativos. E é isso que faz a
diferença entre, de um lado, somente semear as sementes e, de outro,
semear e cuidar das sementes e das plantas.
Todos os dias, como educadores e educadoras, “damos aulas”, lançamos
conteúdos, porém isso nem sempre (ou quase nunca) é suficiente para que
nossos educandos efetivamente aprendam e saibam servir-se desses
conhecimentos para a compreensão e condução de suas vidas. Por vezes
(talvez, na maior parte das vezes), as “sementes”, que lançamos para nossos
estudantes, somente servirão, de fato, para “tirar pontos”, como dizia o neto
para a avó, no relato citado acima.
Existirão educadores e educadoras que exercem o papel de semeadores?
Com certeza!
Contudo, por outro lado, neste nosso imenso país, tanto em cidades grandes
como em cidades pequenas ou nos mais variados rincões de nosso espaço
geográfico, existirão educadores e educadoras que colocam o “coração no
seu caminho” e, então, cotidianamente, amorosamente, dedicadamente,
olham para seus educandos como seres que necessitam de ser cuidados. E,
assim cuidam deles e, por isso, aprendem. David Boadella, um terapeuta e
educador inglês, diz que a receptividade viva do outro ser humano é o espaço
25

onde cada um de nós encontra as condições de nossa autocura e de nossa


autoregeneração, ou seja, esse é o espaço onde cada um de nós encontra a
possibilidade do próprio crescimento. Essa é outra versão da afirmação de
Darci Ribeiro: uma boa escola se faz com uma boa professora! Todos nós
necessitamos da receptividade viva do outro ser humano não só para
aprender, mas até mesmo para viver. A receptividade viva é a possibilidade
de acolher o educando como ele é, com o seu saber, com as suas
fragilidades, mas também com suas riquezas; e, a partir daí, navegar com
ele. Para onde quer que se vá. Esse, a meu ver, é o caminho que tem coração
na prática pedagógica.
O que isso tem a ver com formalidade e criatividade na prática pedagógica?
Nossa prática em sala de aula tem se pautado mais pela formalidade que
pela criatividade tanto no ensinar como no aprender. Nós herdamos a
formalidade da nossa recente história da educação. Nos últimos quatrocentos
anos, tem-se centrado atenção predominantemente no aspecto cognitivo
conceitual do conhecimento, muitas vezes reduzindo o ensino e a
aprendizagem à apropriação de súmulas de informações. E deste modo,
descuidando do ensino e da aprendizagem do uso adequado e criativo da
capacidade de conhecer, centrando atenção na formalidade ou nas
formalidades do conhecimento. Isso significa que, muitas vezes, interessa que
o educando seja capaz de tão somente repetir informações, mesmo que não
as compreenda e nem saiba o que fazer com elas.
O que, efetivamente, torna as atividades escolares enfadonhas para crianças,
adolescentes e adultos.
Vou relembrar uma experiência pessoal, que deve ser semelhante à de
muitos que estão lendo este texto. Quando criança, aprendi transformar um
número misto numa fração imprópria. Quem não terá aprendido isso? Número
misto é aquele formado por um inteiro mais uma fração, tal como 2_. Minhas
professoras e meus professores ensinaram-me da seguinte forma: multiplica-
se o número inteiro pelo denominador da fração (2x8), ao resultado soma-se
o numerador da fração (16+3), o resultado constitui o numerador da nova
fração e repete-se o denominador (19/8). Será que os leitores deste texto não
aprenderam assim? Pois bem, esse é um macete mecânico para proceder à
transformação de um número misto numa fração imprópria. Ele facilita a vida
do estudante, mas, com isso, não aprende nada do conteúdo “fração” em
matemática. O estudante poderá repetir essa fórmula às centenas, mas não
aprenderá nada, pois que não compreende nem precisa compreender o que
está fazendo. Basta aplicar a fórmula mecanicamente. Exemplos como esse
poderão ser repetidos às miríades em todas as disciplinas escolares. Para que
servem essas “informações”?
Para nada, ou melhor, somente para “tirar pontos” na escola, o que significa
que não servem para aprender e se desenvolver. Não devemos nos esquecer,
aqui, dos conteúdos éticos que também são ensinados dessa mesma forma,
como regras formais “certas” de como agir.
Sentimentos? Nenhum. Para quê? Por isso, estudantes e formados nos
estudos acadêmicos não aprendem a usar os conteúdos aprendidos em suas
vidas. Eles são eras formalidades, que, repetidos, garantem boas notas.
26

Por outro lado, criatividade tem a ver com a possibilidade do olho brilhar
diante da compreensão de alguma coisa nova sobre a qual somente tínhamos
ignorância, desconhecíamos. Criatividade tem a ver com o prazer de
aprender, de entender, de buscar, de saber fazer, de construir, de conseguir
dar conta de alguma coisa que nos desafia ou que desafia nossos educandos.
Educadores e educadoras que rompem com a formalidade na prática
pedagógica são aqueles que colocam “coração” no caminho pedagógico e
insistem, inventam e reinventam possibilidades para que os seus educandos
aprendam, porque, para desenvolver-se, importa que aprendam
significativamente sobre tudo o que se passa diante de seus olhos. Muitas
vezes, isso parece ser difícil, mas se o coração estiver lá, tudo se torna fácil;
inventa-se e flui. Se nosso caminho “tiver coração”, ele guiará nossa ação,
que será via eficaz, nada formal.

Este teste é uma adaptação da versão original que se encontra disponível


em http://sitededicas.uol.com.br/teste_futprof.htm

De Olho no seu Futuro Profissional.


Hoje em dia a coisa mais importante na vida de um professor(a), é a sua
qualificação profissional e versatilidade. É o seu diferencial no mercado de
trabalho, e por isso, precisa ser verificado todo o tempo.
O teste a seguir, apesar de não ter caráter científico oficial, serve de base para uma
auto-avaliação dos profissionais da área educacional.
Ele foi elaborado por pesquisadoras da Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo, muito conceituadas na área.

Responda a cada uma das questões abaixo, e veja sua situação no final. Boa Sorte!

Disponível em http://sitededicas.uol.com.br/teste_futprof.htm
EXPERIÊNCIA
1) Onde você já trabalhou?
a) Somente em escola pública. ( II )
b) Somente em escola particular. ( I )
c) Em escola pública e particular. (III)

2) Em quantas escolas você lecionou nos últimos 7 anos?


a) Uma escola. ( I )
b) Duas ou três escolas. ( II )
c) Mais de quatro escolas. (III)

3) Há quanto tempo você atua no magistério?


a) Até dois anos. ( I )
b) De três a cinco anos. ( II )
c) Mais de cinco anos. (III)

ATUALIZAÇÃO
4) Quantos livros você leu nos últimos seis meses?
a) Até dois. ( I )
b) De três a cinco. ( II )
27

c) Seis ou mais. ( III )

5) Como você se mantém informado(a)?


a) Assistindo a telejornais. ( I )
b) Lendo jornais e revistas eventualmente e assistindo a telejornais. ( II )
c) Lendo jornais e revistas diariamente e assistindo a telejornais. ( III )

6) Quanto aos recursos de informática (Internet e softwares), você:


a) É um usuário freqüente. ( III )
b) Tem interesse pelo assunto e é usuário eventual, pois não tem acesso
freqüente. ( II )
c) Não é usuário. ( I )

7) Quantas vezes você compareceu a eventos culturais (exposições, cinema,


teatro, shows) nos últimos seis meses?
a) Até duas. ( I )
b) Três ou quatro. ( II )
c) Cinco ou mais. ( III )

FORMAÇÃO PROFISSIONAL
8) Em quantos idiomas você é capaz de ler além do Português?
a) Nenhum. ( I )
b) Um. ( II )
c) Dois ou mais. ( III )

9) Com relação às Diretrizes Curriculares , você:


a) Sabe do que tratam mas não se interessa pelo assunto. ( I )
b) Conhece as linhas gerais. ( II )
c) Interessa-se desde que foram lançados, busca informações e troca
experiências com os colegas. ( III )

10) No que se refere à capacitação profissional, você:


a) Se mantém informado sobre a realização de cursos de vários institutos,
participa deles com regularidade e propõe à diretoria de sua escola a promoção
de outros. ( III )
b) Participa dos que eventualmente ocorrem em sua escola, quando não afetam
a programação de trabalho. ( II )
c) Acha que a prática diária supre esta necessidade. ( I )

PRÁTICA
11) Quantas vezes você levou seus alunos a uma aula fora da escola ou a
eventos culturais (teatro, cinema, museu) no ano?
a) Nenhuma. ( I )
b) Uma. ( II )
c) Duas ou mais. ( III )

12) Com relação a projetos interdisciplinares, você:


a) Acha ótimos em teoria, mas não participa por considerá-los complicados.
(I )
b) Interessa-se, mas aguarda que sejam propostos por outros professores.
( II )
c) Antecipa-se e faz sugestões à direção e aos outros professores. ( III )

13) Como é sua prática em sala de aula?


a) Seguir o programa sugerido pelo livro didático adotado. ( I )
28

b) Seguir o livro didático e partir para atividades sugeridas por ele. ( II )


c) Considerar o livro didático apenas mais um recurso e recorrer a outras
metodologias e fontes de informações como jornais, revistas e Internet. ( III )

14) O que cocê considera mais importante para a avaliação dos alunos?
a) Provas e lição de casa. ( I )
b) Participação nas aulas e, em segundo plano, as provas e as tarefas. ( II )
c) A trajetória de cada aluno nas aulas, seu envolvimento com a disciplina e seu
rendimento nas lições e provas. ( III )

15) Que atitude você toma se tem um aluno muito lento na realização dos
trabalhos e que se torna o centro de brincadeiras desagradáveis por parte dos
colegas?
a) Espera a situação se resolver com o tempo. ( I )
b) Sugere à família do aluno que consulte um especialista. ( II )
c) Além da solução clínica, aproveita o caso para trabalhar com a turma temas
como solidariedade, respeito e cidadania. ( III )

16) O que você faz se, ao entrar na sala de aula, seus alunos estão reunidos,
discutindo animados uma notícia de jornal?
a) Pede que parem para que a aula possa começar. ( I )
b) Se o assunto tem relação com a disciplina, incentiva o debate. ( II )
c) Mesmo que o tema não tenha ligação com a matéria, estimula o debate.
( III)
17) Que providência você toma diante de uma classe indisciplinada?
a) Recorre imediatamente à direção. ( I )
b) Espera que a turma se acalme para tentar conversar. ( II )
c) Investiga as causas e desenvolve ações para combater a indisciplina (conversa
e definição de regras). ( III )

18) Quantas vezes você perdeu a cabeça em sala por motivos pouco relevantes
nos últimos seis meses?
a) Até uma. ( III )
b) De duas a quatro. ( II )
c) Cinco ou mais. ( I )

POSTURA
19) Como é seu relacionamento profissional com os colegas?
a) Troca informações, aceita sugestões e colabora sempre que solicitado. (III
b) Dá sua contribuição quando pedida, mas não divide idéias com o grupo. II
c) Procura fazer o trabalho da forma mais independente possível, sem
interferência de ninguém. ( I )

20) Quantas vezes você participou de ações em busca da valorização do


magistério, como campanhas salariais, elaboração de planos de carreira e eleição
de representantes sindicais nos últimos três anos?
a) Várias. ( III )
b) Eventualmente. ( II )
c) Não participou. ( I )

21) Qual a sua reação se um pai de um aluno o procura pedindo ajuda para uma
campanha ambiental no bairro da escola?
a) Não participa, alegando que este não é o papel da escola. ( I )
b) Procura se informar sobre o problema, incentiva a participação dos alunos e
dos outros professores e aproveita o tema em aula. ( III )
29

c) Contribui no que for solicitado, sem assumir responsabilidades extras. ( II

Verifique o resultado abaixo!

SEU FUTURO PROFISSIONAL


41 pontos ou mais
Avaliação Final
Análise - Parabéns. Você demonstra ser bem informado e competente para
enfrentar os desafios do cotidiano escolar. Além disso, está se adaptando com
facilidade às últimas mudanças no seu dia-a-dia profissional. Continue assim e
procure incentivar seus colegas.

SEU FUTURO PROFISSIONAL


40 pontos ou menos
Avaliação Final
Análise - É tempo de refletir sobre sua postura como professor. Não tenha
receio em identificar seus pontos frágeis. Procure informar-se melhor e
atualizar-se no que se refere a novas práticas pedagógicas. Abra sua cabeça
para mudanças.

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