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O Relatório do BM (2020) faz menção a vários aspectos sobre a Inclusão Financeira, porém,
a nossa abordagem cingir-se-á apenas na compreensão das acções que visam a disseminação
da Educação Financeira. Inversamente, a maior parte das acções levadas a cabo pelo BM, no
ano de 2020, não era direccionada à Educação Financeira das comunidades rurais residentes
nos distritos, onde se observa maior fragilidade do conhecimento sobre aspectos financeiros.
Como é que se pode garantir o reembolso das subvenções alocadas pelas iniciativas do
governo, como o caso de SUSTENTA, aos beneficiários sem Educação Financeira,
assistência financeira e assegurar a sustentabilidade de projectos?
O cerne do artigo é: o Banco de Moçambique, como instituição que tutela a área financeira,
emite políticas e desenha a estratégia financeira do país, devia descentralizar as actividades
da educação financeira, integrar diversas organizações do sector privado tais como empresas
de consultoria que operam no ramo financeiro ou relacionado, organizações não-
governamentais e as organizações comunitárias de base que desenvolvem actividades de
geração de rendimento, entre os demais actores. Para que isto se torne exequível, o BM deve
criar representações a nível dos distritos que possam responder pela identificação, cadastro,
selecção e contratação destes actores a nível da base e que vão implementar as acções de
Educação Financeira junto dos beneficiários recônditos, ampliando, desta forma, a base da
pirâmide da oferta, ou seja, provisão de serviços de Educação Financeira.
Nesta percepção, o BM ficaria apenas com o seu papel de controle e supervisão das acções
desencadeadas pelos parceiros. Nestes moldes, a Educação Financeira poderia abranger maior
número de beneficiários que o BM dificilmente teria recursos humanos suficientes para
alcançar diferentes zonas recônditas.
Esta abordagem de EF não somente visa alcançar o maior número das populações
desfavorecidas, mas também abre a oportunidade à instituição de tutela, de tornar a ENIF
uma acção participativa que facilita a actuação dos diversos parceiros em prol do mesmo
objectivo. No caso actual, o BM traça estratégias, políticas, planos de EF e torna-se o
implementador. É imperceptível que o mesmo organismo tenha capacidade de supervisionar
suas acções, identificar os possíveis erros e administrar medidas correctivas.
De acordo com Relatório ENIF (2020), o país passou a contar com 127 distritos cobertos por
agências bancárias, face a um total de 154 distritos, 31 distritos com cobertura de
microbancos e cooperativas de crédito, o que representa um nível de cobertura de 82,5% e
20% do total dos distritos, respectivamente, comparados aos dados de 2019.
Os indicadores apresentados podem ser animadores quando comparados com a cifra do ano
anterior, todavia, desanimadores quando observados face à densidade populacional do país,
especificamente das pessoas desfavorecidas que vivem nas comunidades distritais que
carecem do conhecimento e disciplina financeira.