f l e c h e i r a l i b e r t á r i a

comentários semanais do Nu-

Nu-Sol sobre pessoas, coisas e o planeta
n. 79, 2 de setembro de 2008. Ano II.

É preciso acabar com isso

É preciso acabar com a internação provisória de jovens; é
preciso acabar com a internação de jovens, com a medida sócio-
educativa de internação. É preciso acabar com a prisão
provisória, cautelar, preventiva; é preciso acabar com a prisão-
prédio. Na sociedade de controle vive-se o grande encarceramento
a céu aberto. É preciso acabar com o grande encarceramento!

Alicerce capilar
Defensores públicos obtêm liminar que impede a raspagem de
cabelos dos jovens recolhidos em unidades da Fundação CASA, na
cidade de Ribeirão Preto. Segundo eles, a raspagem é uma sanção
feita sem consentimento do adolescente, fere a integridade
física, e serve para enfraquecê-los moralmente e não para educá-
los. O encarceramento persiste porém, fortemente sancionado. As
paredes dos palácios da justiça se previnem contra a
capilaridade da resistência de pequenos sansões. Com cabelos
autorizados pelo ombro talvez os jovens passem a se sentir
acolhidos dentro das trancas da CASA. Pois é!

Tortura e hipocrisia
O ex-presidente e atual senador José Sarney fez inúmeras
afirmações na última semana, no mínimo hipócritas. “Eu não sabia
de caso algum de tortura no Brasil, afinal, na época da época da
ditadura, eu era apenas governador do Maranhão.” Em relação a
esta primeira, uma senhora simples foi sucinta: “só ele não
sabia!”
Tortura
Torturadores e governantes sabichões
Em 2008, Sarney é arrolado como uma das testemunhas de defesa do
coronel Ustra no processo de apuração de tortura de um
jornalista assassinado pelos militares na época da ditadura.
Ustra, o mesmo que comandou o DOI CODI de São Paulo entre 1970 e
1974, no governo José Sarney, em 1985, assumiu o cargo de adido
militar do Brasil no Uruguay...

Torturadores
Torturadores
“A punição aos torturadores da época é um assunto a ser
esquecido,” diz Sarney. Ele confunde o esquecimento da tortura
com ausência de punição. Desta última ele, como tantos outros,
não abre mão. Afinal este é um subsídio necessário para que a
tortura não cesse sob a suavização dos infindáveis processos de
apuração do abuso de autoridade, lastro técnico necessário
inerente à continuidade da lógica do sistema penal. Tortura,
nunca mais!

Você tem fogo?

fogo?
Não importa a lei x ou y. A maneira como as pessoas se movem
diante de fatos da vida é o que marca a conduta de um tempo. A
cruzada contra o cigarro parece não ter fim. Apresenta-se cada
vez mais como uma caça impiedosa aos que espalham o mal pelo ar,
aos potenciais monstros assassinos com o isqueiro na mão. Não
bastasse a proibição em quase todo canto da cidade, agora querem
que esses malditos fumem apenas em suas casas e, talvez, na rua.
Os argumentos médicos somam-se aos legais e apenas coroam uma
prática disseminada em que pedir para fumar ou solicitar um
isqueiro equivale a xingar a mãe. Fumar, hoje, é uma ofensa
moral.

"Se julgar é tão repugnante, não é porque tudo se equivale, mas

ao contrário porque tudo o que vale só pode fazer- fazer-se e
distinguir-
distinguir-se desafiando o juízo". (gilles deleuze)
juízo". (gilles deleuze)