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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO


CURSO DE BACHARELADO EM IMAGEM E SOM

GUSTAVO MIGUEL DE OLIVEIRA


RA: 791102

TRABALHO DE INTRODUÇÃO À LINGUAGEM BRASILEIRA DE SINAIS


ASPECTOS DA GRAMÁTICA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
O QUE FAZER QUANDO PRECISAR ME RELACIONAR COM UM SURDO?

SÃO CARLOS
2021
Aspectos da Gramática da Língua Brasileira de Sinais

A Língua Brasileira de Sinais sofre vários tabus e é perseguida por diversos


mitos. Muitos acham, por exemplo, que ela é a tradução da língua portuguesa em
linguagem de sinais, contudo, Libras não se trata de realizar o português sinalizado.
É uma outra língua (não é uma linguagem) que possui estrutura gramatical com
todos os elementos constitutivos presentes na estrutura das demais línguas orais,
ou seja, a gramática da Libras não é uma adaptação da gramática da língua
portuguesa, dado que possui gramática e características próprias, bem como níveis
linguísticos que fazem parte dessa língua de sinais (fonologia, morfologia, sintaxe,
semântica, pragmática).
Primeiramente, nas línguas orais-auditivas existem as palavras, que são as
estruturas mínimas de significação. Já nas línguas de sinais, tais itens lexicais são
os próprios sinais, que são articulados de maneira visual-espacial. Nas línguas
orais-auditivas também se tem os fonemas, que são as unidades fonológicas
mínimas de tais línguas. Já na Libras (e nas demais línguas de sinais), diz-se que
há quatro principais parâmetros que podem ser considerados como os “fonemas”
dessas línguas: configuração de mão (CM); ponto de articulação (PA) ou
localização (L); movimento (M); e orientação da palma da mão (O). Esses
parâmetros combinados formam morfemas (menor unidade linguística que carrega
significado), que combinados configuram signos que permitem a comunicação pelas
línguas de sinais.
Além disso, outro fator importante na comunicação das línguas de sinais são
as expressões não manuais, como movimentos da face, dos olhos, dos lábios, da
cabeça e do tronco. Tais expressões conseguem marcar, por exemplo, referências
pronominais, partículas negativas, advérbios, entre outros itens lexicais, e também
transmitem o tom interrogativo ou exclamativo de uma sentença.
Portanto, é visto que, apesar de seus mitos e seus tabus, Libras é uma língua
tão complexa como qualquer outra. Possui suas próprias regras e estrutura
gramaticais, tendo níveis linguísticos tão completos como as demais línguas.
O que fazer quando precisar me relacionar com um surdo?

Eu tenho uma noção apenas básica em Libras, não sendo o suficiente para
manter uma conversa com um surdo. O mais triste é que, por mais básica que seja
tal noção, ainda é muito mais que a grande maioria dos brasileiros não-surdos.
Apesar da basicidade de meus conhecimentos, eu ainda tentaria, com muita
força de vontade, me comunicar com um surdo através da Libras, soletrando quando
necessário e criando gestos para palavras que não sei como dizer. Penso que é
como se eu estivesse em um país estrangeiro: é muito rude falar português com um
nativo da França se eu estou no país dele - o mínimo é tentar. Talvez ainda
recorreria à escrita caso fosse necessário, mas em hipótese alguma eu deixaria de
tentar me comunicar e me relacionar com alguém que tenha surdez.
Os surdos já são marginalizados demais pela sociedade (assim como todos
os deficientes). Então, o mínimo que eu posso fazer é mostrar respeito e carinho.
Não posso sequer imaginar a frustração que é não conseguir me comunicar com
quem eu quero. E não é difícil cruzar nosso caminho com surdos, sejamos nós um
atendente de uma lanchonete, um taxista, um professor ou qualquer um dando um
passeio pela rua. Porém é muito fácil deixá-los de lado simplesmente porque eles
não conseguem (literalmente) falar a nossa língua, quando na realidade somos nós
que não conseguimos entender uma simples frase.
Compreendemos que toda essa situação não é nossa culpa, mas, se
virarmos as costas e não tentarmos nos comunicar, acabamos virando cúmplices
dessa marginalização. Por isso, devemos sempre fazer o nosso melhor possível
para que a comunicação e a relação existam, seja através da Libras, da mímica, da
escrita, ou de qualquer outra forma que demonstre que ninguém vai ser minimizado
simplesmente por não escutar.

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