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Práticas de Tutoria em

Educação a Distância
Ana Luiza Zonzini

1ª Edição | Junho | 2014


Impressão em São Paulo / SP
Práticas de Tutoria em
Educação a Distância
Coordenação Geral Projeto Gráfico, Capa e Diagramação
Nelson Boni Marilia Lopes

Coordenação de Projetos Revisão Ortográfica


Leandro Lousada Elisete Teixeira

Professor Responsável 1a Edição: Junho de 2014


Ana Luiza Zonzini Impressão em São Paulo/SP

Copyright © EaD KnowHow 2011


Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por
qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Z87p Zonzini, Ana Luiza.


Práticas de tutoria em educação a distância. / Ana Luiza
Zonzini. – São Paulo : Know How, 2014.
176 p. : 21 cm.

Inclui bibliografia
ISBN

1. Educação a distância. 2. Pratica de tutoria. 3. EAD.


I. Título.

CDD 371.25

Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353


Apresentação

A proposta dessa disciplina é trazer informa-


ções relevantes com vistas ao desenvolvimento da
compreensão e de habilidades específicas para a prá-
tica da docência e da tutoria em educação a distância.
O aluno deste curso que pretende se tornar um
tutor ou especializar-se em sua área de atuação, terá
no momento inicial de seu estudo a oportunidade de
conhecer as características da Educação a Distância
(EaD) e os conceitos que a cercam enquanto uma
modalidade educacional.
Conhecer a trajetória histórica da EaD em
nosso país e refletir sobre seu momento atual, per-
mitirão a você, aluno, compreender o contexto das
transformações e consolidações pedagógicas e tec-
nológicas que estão ocorrendo na EaD, consequen-
temente, trazendo um direcionamento à sua atuação
profissional.
Consideramos também importante, ao profissio-
nal desta área, conhecer as bases legais que regem a
EaD no Brasil e as transformações ocorridas na legis-
lação desde 1996, assim como, ter uma visão de sua
representatividade em números no cenário nacional
para melhor condução na elaboração seus projetos.
Entendendo a EaD enquanto uma modalidade
educacional e que a prática de tutoria está diretamen-
te relacionada à pratica docente, refletiremos sobre
as perspectivas atuais da Educação e, como podere-
mos aprimorar nossa prática pedagógica com vistas
a uma educação do futuro que se volta à transforma-
ção social, permitindo que o aluno desta modalidade
se aproprie de um conhecimento significativo, cons-
truído e compartilhado.
Com base nas informações apresentadas e no
conhecimento adquirido sobre esta modalidade, re-
fletiremos sobre a figura e o papel do tutor em EaD.
Quem ele é, suas funções, as atribuições, as com-
petências e as responsabilidades deste novo profis-
sional no processo de ensino aprendizagem, nesta
modalidade caracterizada pela distância física, pelo
uso de novas tecnologias e por um conhecimento
construído por meio do compartilhamento de ideias.
Nesta disciplina, objetivamos indicar caminhos
e fontes de pesquisa, trazendo artigos e conceitos
elaborados por diferentes pesquisadores desta área,
pois, como veremos ao longo de nossos estudos, um
profissional de destaque em EaD é aquele que, além
do domínio das ferramentas, participa de sua cons-
trução, em um novo modelo que ainda está em fase
de consolidação.
O advento da EaD está permitindo que a in-
formação e o conhecimento sejam acessíveis a um
número cada vez maior de pessoas.
Como tutores, participamos deste processo,
reconhecendo sua abrangência e nos aprimorando
para oferecer, também nesta modalidade, uma edu-
cação reconhecida pela sua qualidade, pois acredita-
mos que o desenvolvimento de um país está condi-
cionado à qualidade da sua educação.
Bons estudos!
Sumário

Unidade 01 11
Panorama Da Educação A Distância No Brasil
1. Características Da Ead
1.2. As Gerações e a História da EAD no País
1.2. As Gerações E A História Da Ead No País
1.3 Uma Reflexão Atual Sobre A Ead
Exercícios Propostos

Unidade 02 41
Legislação e Números da Ead no País
2.1 A Legislação Brasileira e A EaD
2.2. Estudo Sobre o Perfil da Ead no Brasil
2.2.1 Números da EAD – CENSO 2011
2.2.2 Matrículas e Conclusões
2.2.3 Os Cursos De EaD
Volume de Produção e as Instituições
2.2.4 Os Alunos De EaD
2.2.5 Os Investimentos em EaD
2.2.6 Os Obstáculos Enfrentados pela EaD
2.2.7 As Equipes Que Trabalham com EaD
Exercícios Propostos
Unidade 03 81
Perspectivas Atuais em Educação
3.1. A Educação no Âmbito Constitucional
3.2 As Perspectivas Atuais da Educação
3.2.1 Um Passado Sempre Presente
3.2.2 Universalização da Educação Básica e
Novas Matrizes Teóricas
3.2.4 Para Pensar a Educação Do Futuro
Exercícios Propostos

Unidade 04 - 113
Tutoria e Avaliação na Educação a Distância
4.1. O Tutor Em EaD
4.1.1 A Ação do Tutor
4.1.2. Tipos de Tutoria
4.2.1 Competências De Apoio
4.2.2 Competências De Orientação
2.3. Competências de Capacitação
4.2.4 Competências Administrativas
4.3. Responsabilidades dos Tutores no Apoio aos Alunos
4. Afetividade Em EaD
4.5 O Aluno EaD
4.6 A Avaliação na Educação A Distância
4.6.1 Finalidades Da Avaliação E Do Feedback Na EaD
4.6.2 Características De Uma Boa Prática De Avaliação
4.6.3 Práticas do Tutor na Avaliação de Diferentes Tipos de
Trabalhos
Exercícios Propostos
Unidade 01
Panorama Da Educação A Distância No Brasil

Nesta primeira unidade, levantaremos algumas


das principais características e conceitos da Educa-
ção a Distância, teremos acesso às informações refe-
rentes ao histórico da EaD em nosso país e, partindo
da leitura de um artigo, refletiremos acerca de seu
panorama atual.

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1. Características Da Ead

Ao optar pela realização deste curso na moda-


lidade a distância, certamente você já buscou infor-
mações acerca dos métodos, uso, processos e resul-
tados de um curso a distância.
Mas, o que é a EAD?
• Belloni (1999) diz que a EaD aparece na so-
ciedade contemporânea com uma modalidade de
Educação adequada e desejável para atender às de-
mandas educacionais oriundas da nova ordem eco-
nômica mundial.
• Lobo Neto (2001) defende que a EaD deve ser
entendida no contexto mais amplo da Educação e
constituir-se em um objeto de reflexão crítica, capaz
de fundamentá-la.
• Pretto (2003) acredita que o desafio da EaD é
o mesmo desafio da Educação como um todo e sua
discussão precisa estar inserida nas discussões teóri-
cas da Educação, bem como das políticas públicas.
• Alonso (2005) afirma que a EaD não é algo
isolado da Educação em geral, pois liga-se à ideia de
democratização e facilitação do acesso à escola e não
à ideia de suplência ao ensino regular, tampouco à
implantação de sistemas provisórios.

A EaD, então, não deve ser entendida com uma

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modalidade isolada. Suas técnicas e métodos estão
em processo de evolução e aprimoramento, seguin-
do as inovações tecnológicas do século XXI. Rompe
as barreiras da distância, tempo e espaço, mas não
deve perder o foco principal quanto à educação.
Utilizaremos, neste módulo, como definição
norteadora e oficial da educação a distância aquela
presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005 (que re-
voga o Decreto 2.494/98), que regulamenta o Art.
80 da Lei 9.394/96 (LDB) e descreve a educação a
distância da seguinte forma:
A Educação a distância é a modalidade edu-
cacional na qual a mediação didático-pedagógica
nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com
a utilização de meios e tecnologias de informação e
comunicação, com estudantes e professores desenvol-
vendo atividades educativas em lugares ou tempos
diversos. (LDB 9.394/96).

Como algumas de suas principais característi-


cas, podemos citar que:
• É um processo de ensino-aprendizagem in-
tencional, planejado;
• Compreende a existência de distância física
entre professores (tutores) e alunos;
• São utilizadas tecnologias, como meio de co-
municação principal;
• Os meios de comunicação podem ser impres-

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sos e/ou eletrônicos;
• O estudo é individualizado e independente;
• Permite a comunicação bidirecional.

Relembrando que, com o advento da internet,


houve a expansão dos meios e das possibilidades de
comunicação. Assim, para distribuir as informações
e para concretizar a interação entre as pessoas, a
comunicação na EaD pode acontecer de forma sín-
crona - permite a comunicação entre as pessoas em
tempo real, ou seja, o emissor envia uma mensagem
para o receptor e este a recebe quase que instanta-
neamente (como o chat e a videoconferência, por
exemplo) - ou assíncrona - dispensa a participação
simultânea das pessoas, ou seja, o emissor envia uma
mensagem ao receptor, que poderá ler e responder
esta mensagem em outro momento. São exemplos
deste tipo de comunicação: o e-mail, o fórum, a lista
de discussão e o material didático.

1.2. As Gerações e a História da EAD no País

Quando falamos dos recursos e suportes utiliza-


dos pela EaD, o mais comum é pensarmos em com-
putadores, mobilles (tablets e smartphones) e internet.
Pesquisando sobre a história da EaD, percebemos que
ela já existia antes mesmo do acesso a estas mídias e
tecnologias e que cada época desenvolveu pedagogias,

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tecnologias, atividades de aprendizagem e critérios de
avaliação distintos, consistentes com a visão de mun-
do social da época em que se desenvolveram.
No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio-
-Técnico Monitor, em 1939, o hoje Instituto Moni-
tor; o Instituto Universal Brasileiro, em 1941; e o
Instituto Padre Réus, em 1974, foram iniciadas vá-
rias experiências de educação a distância e progredi-
ram com relativo sucesso.

1.2. As Gerações E A História Da Ead No País

Quando falamos dos recursos e suportes uti-


lizados pela EaD, o mais comum é pensarmos em
computadores, mobilles (tablets e smartphones) e
internet. Pesquisando sobre a história da EaD, per-
cebemos que ela já existia antes mesmo do acesso a
estas mídias e tecnologias e que cada época desen-
volveu pedagogias, tecnologias, atividades de apren-
dizagem e critérios de avaliação distintos, consisten-
tes com a visão de mundo social da época em que se
desenvolveram.
No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio-
-Técnico Monitor, em 1939, o hoje Instituto Moni-
tor; o Instituto Universal Brasileiro, em 1941; e o
Instituto Padre Réus, em 1974, foram iniciadas vá-
rias experiências de educação a distância e progredi-
ram com relativo sucesso.

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• 1900 – o Jornal do Brasil registra, na primeira edi-
ção da seção de classificados, anúncio que oferece pro-
fissionalização por correspondência para datilógrafo;
• 1904 – A organização norte-americana ICS
(International Correspondence Schools), inaugura
uma filial no Brasil com cursos voltados à qualifica-
ção para o comércio e para os serviços. Ofereciam
cursos pagos, por correspondência;
• 1923 – um grupo liderado por Henrique Mori-
ze e Edgard Roquette-Pinto criou a Rádio Sociedade
do Rio de Janeiro que oferecia curso de Português,
Francês, Silvicultura, Literatura Francesa, Esperan-
to, Radiotelegrafia e Telefonia. Tinha início assim a
Educação a Distância pelo rádio brasileiro;
• 1934 – Edgard Roquette-Pinto instalou a Rá-
dio-Escola Municipal no Rio, projeto para a então
Secretaria Municipal de Educação do Distrito Fede-
ral. Os estudantes tinham acesso prévio a folhetos
e esquemas de aulas, e também era utilizada corres-
pondência para contato com estudantes;
• 1937 – É lançada a Rádio MEC. Roquette Pin-
to doou sua rádio ao então Ministério da Educação
e Saúde em 1936. No ano seguinte, inaugurou-se a
rádio MEC que incluía aulas de Esperanto, História,
Inglês, Italiano, Português, Francês, História Natu-
ral, Física e Química;
• 1939 – É fundada a primeira escola de EaD
no Brasil, com o surgimento, em São Paulo, do Ins-

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tituto Monitor, o primeiro instituto brasileiro a ofe-
recer sistematicamente cursos profissionalizantes a
distância por correspondência, na época ainda com
o nome Instituto Rádio - Técnico Monitor. Tam-
bém, neste ano, o então presidente da República,
Getúlio Vargas, assinava o decreto n.º 5.077, cujo
artigo sétimo determinava que o rádio levasse às re-
giões afastadas, cursos práticos, ao alcance popular
sobre assuntos diversos, de pecuária a odontologia;
• 1941 – Surge o Instituto Universal Brasileiro,
segundo instituto brasileiro a oferecer também cur-
sos profissionalizantes sistematicamente. Fundado
por um ex-sócio do Instituto Monitor, começou atu-
ando na formação de profissionais para o setor in-
dustrial e de serviços. Na sequência passou a ofertar
supletivos dos ensinos fundamental e médio. Ainda
no ano de 1941 surge a primeira Universidade do Ar,
que durou até 1944;
• 1943 – A Igreja Adventista do Sétimo dia pas-
sa a oferecer cursos bíblicos, no programa radiofô-
nico A Voz da Profecia, sob direção do pastor Ro-
berto Rabello;
• 1947 – Surge a nova Universidade do Ar, pa-
trocinada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (SENAC), Serviço Social do Comércio
(SESC) e emissoras associadas. O objetivo desta
era oferecer cursos comerciais radiofônicos. Os
alunos estudavam nas apostilas e corrigiam exer-

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cícios com o auxílio dos monitores. A experiência
durou até 1961;
• 1955 – Publicado o primeiro livro nacional
sobre ensino por correspondência: “A educação e
o treinamento por correspondência”, de Antonio
Fonseca Pimentel, foi o primeiro a tratar sobre a
Educação a distância no Brasil;
• 1960 – A Diocese de Natal, Rio Grande do
Norte, cria algumas escolas radiofônicas, dando ori-
gem ao Movimento de Educação de Base (MEB),
marco na Educação a distância não formal no Bra-
sil. O MEB, envolvendo a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil e o Governo Federal utilizou-se
inicialmente de um sistema rádio educativo para a
democratização do acesso à educação, promovendo
o letramento de jovens e adultos;
• 1962 – É fundada, em São Paulo, a Oci-
dental School, de origem americana, focada no
campo da eletrônica;
• 1967 – O Instituto Brasileiro de Administra-
ção Municipal inicia suas atividades na área de educa-
ção pública, utilizando-se de metodologia de ensino
por correspondência. Ainda neste ano, a Fundação
Padre Landell de Moura criou seu núcleo de Edu-
cação a distância, com metodologia de ensino por
correspondência e via rádio;
• 1968 – É lançada a primeira TV universitá-
ria do Brasil. A UFPE (Universidade Federal de

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Pernambuco) fundou o primeiro canal de televi-
são universitária, a TVU, que começou com mais
de 20 programas;
• 1969 – Entra em funcionamento a TV Educati-
va do Maranhão. Considerado inovador, o projeto era
voltado à formação dos adolescentes do ensino fun-
damental. A programação era transmitida em telessa-
las, e a formação contava com atividades presenciais;
• 1970 – Surge o Projeto Minerva, um convênio
entre o Ministério da Educação, a Fundação Padre
Landell de Moura e Fundação Padre Anchieta, cuja
meta era a utilização do rádio para a educação e a
inclusão social de adultos. O projeto foi mantido até
o início da década de 1980;
• 1971 – Lei autoriza o funcionamento de cur-
sos supletivos a distância. Com a sanção da Lei que
regia o país (LDB n.º 5.692) supletivos puderam ser
ministrados em classes ou mediante a utilização de
rádio, televisão, correspondência e outros meios de
comunicação;
• 1971 – Criação da ABT - Associação Brasileira
de Tecnologia e Educação. Criada inicialmente com
o nome de Associação Brasileira de Tele-Educação,
já produzia Seminários Brasileiros de Tele-Educação
a partir de 1969. Criou programas de capacitação de
professores por ensino através de correspondência;
• 1972 – O Governo Federal enviou à Inglater-
ra um grupo de educadores, tendo à frente o con-

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selheiro Newton Sucupira: o relatório final marcou
uma posição reacionária às mudanças no sistema
educacional brasileiro, colocando um grande obs-
táculo à implantação da Universidade Aberta e a
Distância no Brasil;
• 1974 – Realização do projeto Telescola, em
parceria com a Secretaria de Educação do Município
de São Paulo, para apoio às disciplinas de Ciências e
Matemática do curso ginasial, em 50 escolas;
• 1974 – Surge o Instituto Padre Reus e na TV
Ceará começam os cursos das antigas 5ª à 8ª séries
(atuais 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental), com
material televisivo, impresso e monitores;
• 1976 – Com o Ministério da Educação, o CE-
TEB lança o projeto Logos II, para habilitar profes-
sores leigos sem afastá-los da docência. Projeto com
atuação em 19 estados brasileiros. Ensino com uso
de módulos impressos e tutoria local ou por interação
com uma central de atendimento por carta ou telefone;
• 1978 – Lançamento em janeiro/78 do con-
vênio entre a Fundação Roberto Marinho e a Fun-
dação Padre Anchieta, originando o Telecurso 2º
Grau. Programas televisivos com uso de atores do
elenco comercial da Rede Globo, produção de fas-
cículos semanais vendidos em bancas de revista, e
programação de chamadas de audiência durante a
programação regular da Rede Globo e da TV Cultu-
ra. Visava dar suporte à preparação dos alunos para

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os exames oficiais de supletivo, ao estilo do antigo
Madureza Colegial;
• 1979 – A Universidade de Brasília, pioneira
no uso da Educação a Distância, no ensino supe-
rior no Brasil, cria cursos veiculados por jornais e
revistas, que em 1989 é transformada no Centro de
Educação Aberta, Continuada, a Distância (CEAD)
e lançado o Brasil EAD;
• 1979 – Ministério da Educação – TVE Cria-
ção da FCBTVE - Fundação Centro Brasileiro de
Televisão Educativa (futura FUNTEVÊ), produz
o projeto Conquista, uma telenovela para o ensi-
no supletivo de 5ª a 8ª séries, e programas para
a alfabetização com o uso da televisão, dentro
do projeto MOBRAL - Movimento Brasileiro de
Alfabetização. O projeto tinha como objetivo o
ensino supletivo de 5ª a 8ª séries do 1º grau. Se-
guindo o formato telenovela do projeto João da
Silva, a série tinha 200 capítulos distribuídos da
seguinte forma: 4 de apresentação, 148 instrucio-
nais, 37 retrospectivos, 10 complementares e um
de encerramento. Sete livros de apoio completa-
vam o material. Lançamento nos estados do Rio
de Janeiro e Ceará;
• 1981 – Fundação Roberto Marinho lança o
Telecurso 1º Grau, em parceria com o Ministério da
Educação e a Universidade de Brasília, voltado para
o supletivo de 5ª a 8ª séries;

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• 1981 – É fundado o Centro Internacional de
Estudos Regulares (CIER) do Colégio Anglo Ame-
ricano que oferecia Ensino Fundamental e Médio
a distância. O objetivo do CIER era permitir que
crianças cujas famílias mudaram-se temporariamen-
te para o exterior continuassem a estudar pelo siste-
ma educacional brasileiro;
• 1983 – o SENAC desenvolveu uma série de
programas radiofônicos sobre orientação profis-
sional na área de comércio e serviços, denominada
“Abrindo Caminhos”;
• 1984 – Projeto Ipê, realização da TV Cultura
em parceria com a Secretaria da Educação do Esta-
do de São Paulo. Cursos de atualização e aperfeiço-
amento de professores de 1º e de 2º Graus. Projeto
que deu origem ao canal TV Escola. No início, o Ipê
utilizava recursos multimeios. Além do programa de
TV, havia o de rádio, apostilas, textos complementa-
res, telepostos para discussões mediadas por moni-
tores e relatórios de avaliação;
• 1988 - Rede Manchete de Televisão e a Fun-
dação Educar apresentam a série Verso e Reverso
– Educando o Educador. Ao todo, foram 24 progra-
mas de televisão com 30 minutos cada, veiculados
aos domingos. Doze publicações de apoio e um ma-
nual de orientação, num mix de teleducação e ensino
por correspondência. Design pedagógico da Funda-
ção Nacional para a Educação de Jovens e Adultos

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(Fundação EDUCAR), para capacitação de profes-
sores de Educação Básica de Jovens e Adultos. O
educador Paulo Freire participou como consultor
especial da implantação do programa na Arquidio-
cese de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense);
• 1991 – Jornal da Educação: Edição do Pro-
fessor. Ministério da Educação lança o Projeto Pilo-
to de Utilização do Satélite na Educação. Programa
estruturado para veicular programas de televisão
com recepção organizada em telepostos equipados
com aparelhos de televisão e videocassete para re-
cepção, com fax e telefone para interação dos cur-
sistas com o núcleo de geração, e distribuição de
material impresso aos cursistas. A receptividade do
programa, com 600 alunos da 3ª série de cursos de
magistério, em seis estados brasileiros, forneceu os
subsídios para o lançamento da série Um Salto Para
o Futuro, no mesmo ano.
• 1992 – é criada a Universidade Aberta de
Brasília, (Lei 403/92), podendo atingir três campos
distintos: Ampliação do conhecimento cultural: or-
ganização de cursos específicos de acesso a todos;
Educação continuada: reciclagem profissional às
diversas categorias de trabalhadores e àqueles que
já passaram pela universidade; Ensino superior: en-
globando tanto a graduação como a pós- graduação.
Acontecimento bastante importante na Educação a
Distância do nosso país;

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• 1995 – é criado o Centro Nacional de Edu-
cação a Distância e nesse mesmo ano também a
Secretaria Municipal de Educação cria a MultiRio
(RJ), que ministra cursos do 6º ao 9º ano, através de
programas televisivos e material impresso. Ainda em
1995, foi criado o Programa TV Escola da Secretaria
de Educação a Distância do MEC;
• 1996 – é criada a Secretaria de Educação a
Distância (SEED), pelo Ministério da Educação,
dentro de uma política que privilegia a democrati-
zação e a qualidade da educação brasileira. É nes-
te ano também que a Educação a Distância surge
oficialmente no Brasil, sendo as bases legais para
essa modalidade de educação, estabelecidas pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
n.° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, embora so-
mente regulamentada em 20 de dezembro de 2005
pelo Decreto n.° 5.622;
• 1997 – É lançado o primeiro mestrado a dis-
tância por sistema de videoconferência multiponto
do mundo. Mestrado a distância, UFSC – PETRO-
BRÁS, Mestrado em Logística. A UFSC lança o am-
biente LED de aprendizagem por Internet. Alunos
interagem com os professores no Campus da UFSC
em tempo real e simultaneamente por videoconfe-
rência nas cidades de Natal, Salvador, Rio de Janeiro,
Macaé e Belém. Atividades off-line por Internet, e
seminários presenciais para avaliação;

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• 2000 – é formada a UniRede, Rede de Edu-
cação Superior a Distância, consórcio que reú-
ne atualmente 70 instituições públicas do Brasil
comprometidas na democratização do acesso à
educação de qualidade, por meio da Educação a
Distância, oferecendo cursos de graduação, pós-
-graduação e extensão. Nesse ano, também nasce
o Centro de Educação a Distância do Estado do
Rio de Janeiro (CEDERJ), com a assinatura de
um documento que inaugurava a parceria entre o
Governo do Estado do Rio de Janeiro, por inter-
médio da Secretaria de Ciência e Tecnologia, as
universidades públicas e as prefeituras do Estado
do Rio de Janeiro;
• 2002 – O CEDERJ é incorporado a Funda-
ção Centro de Ciências de Educação Superior a Dis-
tância do Rio de Janeiro (Fundação CECIERJ);
• 2004 – Vários programas para a formação ini-
cial e continuada de professores da rede pública, por
meio da EAD, foram implantados pelo MEC. Entre
eles o Proletramento e o Mídias na Educação. Estas
ações conflagraram na criação do Sistema Universi-
dade Aberta do Brasil;
• 2005 – É criada a Universidade Aberta do
Brasil, uma parceria entre o MEC, Estados e muni-
cípios; integrando cursos, pesquisas e programas de
educação superior a distância. Prioridade em ofere-
cer cursos para a formação de professores;

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• 2006 – Entra em vigor o Decreto n.° 5.773,
de 09 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício
das funções de regulação, supervisão e avaliação de
instituições de educação superior e cursos superiores
de graduação e sequenciais no sistema federal de en-
sino, incluindo os da modalidade a distância;
• 2007 – Entra em vigor o Decreto n.º 6.303,
de 12 de dezembro de 2007, que altera dispositivos
do Decreto n.° 5.622 que estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional;
• 2008 – Em São Paulo, uma Lei permite o ensi-
no médio a distância, onde até 20% da carga horária
poderá ser não presencial. Também neste ano, o Go-
verno de São Paulo lança a Univesp (Universidade
Virtual do Estado de São Paulo) com principal foco
na expansão do ensino superior no Estado;
• 2011 – A Secretaria de Educação a Dis-
tância é extinta. (Devido à extinção recente desta
secretaria, seus programas e ações estarão vincu-
lados à Secretaria de Educação Continuada, Alfa-
betização, Diversidade e Inclusão a novas admi-
nistrações - SECADI). (PORTAL MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO, 2013).

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O Instituto Brasileiro de Ensino Técnico também oferecia cursos
técnicos de taquigrafia e de inglês. Anúncio da década de1940.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/album/2012/04/16/cursos-por-
correspondencia---cursos-a-distancia-se-popularizam-a-partir-da-
decada-de-1940.htm#fotoNav=3

“Infográfico” do curso para consertar ferros de passar roupa (ou


ferros de engomar, como se dizia), de 1957.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/album/2012/04/16/cursos-por-
correspondencia---cursos-a-distancia-se-popularizam-a-partir-da-
decada-de-1940.htm#fotoNav=16

Curso de corte e costura era uma das opções oferecidas em 1958. As


lições eram baseadas em desenhos e moldes (afinal, naquela época
não havia vídeo pela Internet nem CD-ROM). Devia ser difícil, não?
Fonte: http://educacao.uol.com.br/album/2012/04/16/cursos-por-
correspondencia---cursos-a-distancia-se-popularizam-a-partir-da-
decada-de-1940.htm#fotoNav=20

27
Observando o percurso histórico, é possível
identificar, de acordo com Belloni (2002), a ocorrên-
cia de três gerações de modelos de EaD que consti-
tuem a essência dessa modalidade de educação.
A primeira geração caracterizou-se pelo en-
sino por correspondência no século XIX pelo
desenvolvimento da imprensa e dos caminhos fer-
roviários. Nesta fase pioneira, a interação entre pro-
fessor e aluno era lenta, esparsa e limitada aos perío-
dos em que os estudantes se submetiam aos exames
previstos, fato que implicava uma maior autonomia
do aluno quanto ao lugar de seus estudos.
A segunda geração, caracterizada por in-
tegrar ao uso do impresso os meios de comuni-
cação audiovisuais, como televisão, videocassete,
ou o ensino por multimeios, desenvolveu-se
ainda nos anos 60, a partir das orientações indus-
trialistas típicas da época, voltadas principalmen-
te para o público de massa e para a economia de
escala, perdurando até os anos 80.
O modelo da terceira geração de EaD, o mes-
mo que contemplamos hoje, tem o seu limiar na dé-
cada de 90, com o desenvolvimento e disseminação
das Novas Tecnologias da Informação e Comu-
nicação (NTIC). Além dos meios anteriores, esse
modelo acrescenta o uso de programas interativos
informatizados; redes telemáticas (bancos de dados,
e-mail, listas de discussão, web sites) e CD-ROM di-

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dáticos que facilitam e vêm modificar fortemente as
possibilidades de interação a distância.

Extraído de: http://medwiki.wikispaces.com/Quadro-


Resumo+das+3+Gera%C3%A7%C3%B5es

http://medwiki.wikispaces.com/Ilustracao+das+3+Gera%C3%A7
%C3%B5es

Podemos observar que as “gerações” não fo-


ram instantaneamente substituídas pela subsequen-
te, e sim que foram se alinhando e compartilhando

29
de seus métodos e recursos em busca de um modelo
que melhor possa atender às presentes necessidades.
Neste módulo não vamos nos aprofundar nos
estudos referentes à inserção das novas tecnologias
na educação, pois este tema será discutido em um
módulo específico.

1.3 Uma Reflexão Atual Sobre A Ead

Agora que pudemos observar uma parte da histó-


ria da evolução da EaD e contextualizá-la em seu cená-
rio atual, voltemos à reflexão inicial desta unidade.
Como você sabe, o objetivo deste curso de pós-
-graduação é

Propiciar o desenvolvimento de habilidades específi-


cas para o desenvolvimento da docência e da tutoria
em EAD, enfatizando atitudes para a busca de um
conhecimento construído constantemente, através
das reflexões pedagógicas e em relação com as tec-
nologias que medeiam o processo de ensino-aprendi-
zagem neste formato.
Fonte: https://www.grupoeducamais.com/catalogue.
php?lms=ucamposonline&csid=106

Neste contexto, o artigo a seguir apresenta


informações e reflexões importantes ao profissio-

30
nal desta modalidade de ensino, traçando um pa-
norama atual da EaD.
O autor conceitua esta modalidade e, em seu
cenário atual, apresenta as formas de educação, os
modelos de instituições na prática de EaD, a inser-
ção das tecnologias, o intercâmbio dos saberes e a
especial colaboração dos professores. Traz os novos
modelos de escola e as possibilidades de enriqueci-
mento dos processos de ensino-aprendizagem e de
democratização do acesso à informação.

O que é educação a distância

José Manuel Moran


Especialista em projetos inovadores na educa-
ção presencial e a distância
jmmoran@usp.br

Educação a distância é o processo de ensino-apren-


dizagem, mediado por tecnologias, onde professores e
alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.
É ensino/aprendizagem onde professores e
alunos não estão normalmente juntos, fisicamente,
mas podem estar conectados, interligados por tecno-
logias, principalmente as telemáticas, como a Inter-
net. Mas também podem ser utilizados o correio, o
rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o
fax e tecnologias semelhantes.

31
Na expressão “ensino a distância” a ênfase é
dada ao papel do professor (como alguém que ensina
a distância). Preferimos a palavra “educação” que é
mais abrangente, embora nenhuma das expressões
seja perfeitamente adequada.
Hoje temos a educação presencial, semi-presen-
cial (parte presencial/parte virtual ou a distância)
e educação a distância (ou virtual). A presencial é a
dos cursos regulares, em qualquer nível, onde profes-
sores e alunos se encontram sempre num local físico,
chamado sala de aula. É o ensino convencional. A
semi-presencial acontece em parte na sala de aula
e outra parte a distância, através de tecnologias.
A educação a distância pode ter ou não momentos
presenciais, mas acontece fundamentalmente com
professores e alunos separados fisicamente no espaço
e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de
tecnologias de comunicação.
Outro conceito importante é o de educação
contínua ou continuada, que se dá no processo de
formação constante, de aprender sempre, de apren-
der em serviço, juntando teoria e prática, refletindo
sobre a própria experiência, ampliando-a com novas
informações e relações.
A educação a distância pode ser feita nos mes-
mos níveis que o ensino regular. No ensino fun-
damental, médio, superior e na pós-graduação. É
mais adequado para a educação de adultos, prin-

32
cipalmente para aqueles que já têm experiência
consolidada de aprendizagem individual e de pes-
quisa, como acontece no ensino de pós-graduação e
também no de graduação.
Há modelos exclusivos de instituições de educa-
ção a distância, que só oferecem programas nessa mo-
dalidade, como a Open University da Inglaterra ou
a Universidade Nacional a Distância da Espanha.
A maior parte das instituições que oferecem cursos
a distância também o fazem no ensino presencial.
Esse é o modelo atual predominante no Brasil.
As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evi-
denciando, na educação a distância, o que deveria
ser o cerne de qualquer processo de educação: a inte-
ração e a interlocução entre todos os que estão envol-
vidos nesse processo.
Na medida em que avançam as tecnologias de
comunicação virtual (que conectam pessoas que es-
tão distantes fisicamente como a Internet, telecomu-
nicações, videoconferência, redes de alta velocidade)
o conceito de presencialidade também se altera. Po-
deremos ter professores externos compartilhando de-
terminadas aulas, um professor de fora “entrando”
com sua imagem e voz, na aula de outro professor...
Haverá, assim, um intercâmbio maior de saberes,
possibilitando que cada professor colabore, com seus
conhecimentos específicos, no processo de construção
do conhecimento, muitas vezes a distância.

33
O conceito de curso, de aula também muda.
Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um
tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço,
cada vez mais, serão flexíveis. O professor continu-
ará “dando aula”, e enriquecerá esse processo com
as possibilidades que as tecnologias interativas pro-
porcionam: para receber e responder mensagens dos
alunos, criar listas de discussão e alimentar conti-
nuamente os debates e pesquisas com textos, páginas
da Internet, até mesmo fora do horário específico da
aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentua-
da de estarmos todos presentes em muitos tempos e
espaços diferentes. Assim, tanto professores quanto
alunos estarão motivados, entendendo “aula” como
pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do
professor vem sendo redimensionado e cada vez
mais ele se torna um supervisor, um animador, um
incentivador dos alunos na instigante aventura do
conhecimento.
As crianças, pela especificidade de suas necessi-
dades de desenvolvimento e socialização, não podem
prescindir do contato físico, da interação. Mas nos
cursos médios e superiores, o virtual, provavelmen-
te, superará o presencial. Haverá, então, uma grande
reorganização das escolas. Edifícios menores. Menos
salas de aula e mais salas ambiente, salas de pesquisa,
de encontro, interconectadas. A casa e o escritório se-
rão, também, lugares importantes de aprendizagem.

34
Poderemos também oferecer cursos predomi-
nantemente presenciais e outros predominantemen-
te virtuais. Isso dependerá da área de conhecimen-
to, das necessidades concretas do currículo ou para
aproveitar melhor especialistas de outras institui-
ções, que seria difícil contratar.
Estamos numa fase de transição na educação a
distância. Muitas organizações estão se limitando a
transpor para o virtual adaptações do ensino presen-
cial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um
predomínio de interação virtual fria (formulários,
rotinas, provas, e-mail) e alguma interação on-line
(pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares di-
ferentes). Apesar disso, já é perceptível que começa-
mos a passar dos modelos predominantemente indi-
viduais para os grupais na educação a distância. Das
mídias unidirecionais, como o jornal, a televisão e
o rádio, caminhamos para mídias mais interativas
e mesmo os meios de comunicação tradicionais bus-
cam novas formas de interação. Da comunicação
off-line estamos evoluindo para um mix de comuni-
cação off e on-line (em tempo real).
Educação a distância não é um “fast-food” em
que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática
que permite um equilíbrio entre as necessidades e ha-
bilidades individuais e as do grupo - de forma presen-
cial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar
rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas

35
e inferir resultados. De agora em diante, as práticas
educativas, cada vez mais, vão combinar cursos pre-
senciais com virtuais, uma parte dos cursos presen-
ciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a
distância será feita de forma presencial ou virtual-
-presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, inter-
calando períodos de pesquisa individual com outros
de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos
poderemos fazê-los sozinhos, com a orientação virtu-
al de um tutor, e em outros será importante compar-
tilhar vivências, experiências, ideias.
A Internet está caminhando para ser audio-
visual, para transmissão em tempo real de som e
imagem (tecnologias streaming, que permitem ver
o professor numa tela, acompanhar o resumo do
que fala e fazer perguntas ou comentários). Cada
vez será mais fácil fazer integrações mais profun-
das entre TV e WEB (a parte da Internet que nos
permite navegar, fazer pesquisas...). Enquanto
assiste a determinado programa, o telespectador
começa a poder acessar simultaneamente às infor-
mações que achar interessantes sobre o programa,
acessando o site da programadora na Internet ou
outros bancos de dados.
As possibilidades educacionais que se abrem são
fantásticas. Com o alargamento da banda de transmis-
são, como acontece na TV a cabo, torna-se mais fácil
poder ver-nos e ouvir-nos a distância. Muitos cursos

36
poderão ser realizados a distância com som e imagem,
principalmente cursos de atualização, de extensão. As
possibilidades de interação serão diretamente propor-
cionais ao número de pessoas envolvidas.
Teremos aulas a distância com possibilidade de
interação on-line (ao vivo) e aulas presenciais com
interação a distância.
Algumas organizações e cursos oferecerão tec-
nologias avançadas dentro de uma visão conserva-
dora (só visando o lucro, multiplicando o número
de alunos com poucos professores). Outras oferecerão
cursos de qualidade, integrando tecnologias e pro-
postas pedagógicas inovadoras, com foco na aprendi-
zagem e com um mix de uso de tecnologias: ora com
momentos presenciais; ora de ensino on-line (pessoas
conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes);
adaptação ao ritmo pessoal; interação grupal; dife-
rentes formas de avaliação, que poderá também ser
mais personalizada e a partir de níveis diferenciados
de visão pedagógica.
O processo de mudança na educação a distân-
cia não é uniforme nem fácil. Iremos mudando aos
poucos, em todos os níveis e modalidades educacio-
nais. Há uma grande desigualdade econômica, de
acesso, de maturidade, de motivação das pessoas.
Alguns estão preparados para a mudança, outros
muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos
(gerenciais, atitudinais) das organizações, governos,

37
dos profissionais e da sociedade. E a maioria não
tem acesso a esses recursos tecnológicos, que podem
democratizar o acesso à informação. Por isso, é da
maior relevância possibilitar a todos o acesso às tec-
nologias, à informação significativa e à mediação
de professores efetivamente preparados para a sua
utilização inovadora.

Bibliografia:
LANDIM, Claudia Maria Ferreira. Educação
a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro,
s/n, 1997.
LUCENA, Marisa. Um modelo de escola aber-
ta na Internet: kidlink no Brasil. Rio de Janeiro:
Brasport, 1997.
NISKIER, Arnaldo. Educação a distância: a
tecnologia da esperança; políticas e estratégias a im-
plantação de um sistema nacional de educação aber-
ta e a distância. São Paulo: Loyola, 1999.
Extraído de: http://www.eca.usp.br/moran/
dist.htm

Ao final desta unidade, pretendemos não esgo-


tar o tema, por se tratar de um assunto em plena
construção. Desta forma, você é convidado a pes-
quisar em outras fontes, internalizar informações e
construir saberes importantes para a conceituação e
o panorama da EaD.

38
Encerraremos com a reflexão de Oreste Preti:

A educação a Distância (...) não deve ser simplesmen-


te confundida com o instrumental, com tecnologias a
que recorre. Deve ser compreendida como uma práti-
ca educativa situada e mediatizada, uma modalidade de
se fazer educação, de se democratizar o conhecimento.
É, portanto, uma alternativa pedagógica que se coloca
hoje ao educador que tem uma prática fundamentada
em uma racionalidade ética, solidária e comprometida
com as mudanças sociais (PRETI, 1996, P.27).

39
Exercícios Propostos

1) Cite três características que configuram a


modalidade de educação a distância.

2) Diferencie as formas de comunicação sín-


crona e assíncrona utilizadas na EaD.

3) De acordo com o texto, quais as três gera-


ções de modelos de EaD?

4) No contexto histórico da EAD, podemos di-


zer que as três gerações podem ser classificadas em
Geração textual, Geração digital e Geração mecâni-
ca, respectivamente.
A afirmação apresentada é:
( ) Verdadeira
( ) Falsa

5) Segundo o texto de José Manuel Moran, por


que o ensino a distância não é um “fast-food”?

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