Você está na página 1de 11

DIRETITO PENAL – PARTE ESPECIAL

Art. 138 – Calúnia.

Conceito de Calúnia  É atribuir a outrem a falsa prática de um crime, ou seja, o agente tem a
intenção de macular a imagem (Honra Objetiva) da vítima, imputando-lhe fato criminoso.

Objetividade Jurídica  Tutelar a honra objetiva, a qual diz respeito ao conceito que cada
pessoa tem perante a coletividade, também conhecida por reputação.

Sujeito Ativo  Qualquer pessoa.

Se a calúnia se der durante o período eleitoral e o agente objetivar prejudicar determinado


candidato, responderá com base no Código Eleitoral em seu artigo 324, sendo competente a
Justiça Eleitoral para a sua apuração, por ser crime eleitoral. Se a calúnia se der perante os meios
de comunicação (rádio, TV, jornal, revista, etc...) será regido pelo Código Penal e não pela Lei de
Imprensa, uma vez que o STF declarou inconstitucionais vários dispositivos da Lei n° 5.250/67
(Lei de Imprensa), negando, desse modo, vigência e eficácia aos aludidos artigos.

Sujeito Passivo  É qualquer pessoa, devendo ser certa e determinada. Se for dirigida aos
Presidentes da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do STF, responderá o
agente por crime contra a segurança nacional (com base no art. 26 da Lei n° 7.170/83) desde que
a motivação seja política.

Elemento Subjetivo  Deve haver o DOLO, ou seja, a intenção de atingir a honra objetiva de
alguém.

Consumação  Se dará quando um 3° tomar conhecimento da calúnia.

Tentativa  É admissível, segundo a Doutrina, na modalidade escrita. Na forma verbal é


inadmissível, visto que quando o agente fala a respeito de fato criminoso já houve a consumação.

§ 1° - Propalar  Segundo Nélson Hungria, é transmitir pessoa a pessoa a calúnia. A divulgação


diz respeito à transmissão do fato tido como calunioso por meio mais ostensivo (megafone,
panfletagem, carro de som, etc...).

§ 2° - O dispositivo protege a memória dos mortos. Neste caso os seus familiares é que poderão
processar o caluniador requerendo a devida punição.

§ 3° - Exceção da Verdade  É a oportunidade dada pela lei para que o querelado possa
provar o que disse. Se as provas apresentadas forem convincentes, inexistirá a calúnia.

Ação Penal  Será privada (Queixa-crime) e o Foro competente será o JECRIM.

Art. 139 – Difamação.

Difamar é atribuir a alguém a prática de um fato, verdadeiro ou não, mas que não constitui
crime.

Objetividade Jurídica  Tutelar a honra objetiva.

Sujeito Ativo  É qualquer pessoa. E se for praticada no período eleitoral, objetivando macular
a imagem de determinado candidato, responderão por crime eleitoral (art. 325, Código Eleitoral).
Sujeito Passivo  É qualquer pessoa, devendo ser certa e determinada. Se for dirigida
às pessoas descritas na Lei de Segurança Nacional, responderá o agente com base no art. 26, da
Lei nº 7.170/83, desde que a motivação seja política.

Elemento Subjetivo  É o DOLO, ou seja, a intenção de atingir a honra objetiva alheia.

Consumação  Ocorrerá quando um 3° tomar conhecimento.

Tentativa  É admissível nos mesmos moldes verificados na Calúnia, ou seja, na forma escrita.

§ Único  A exceção da verdade apenas será admitida quando a difamação for dirigida a
funcionário público em razão de suas funções. Tal dispositivo visa propiciar ao Ente Público uma
maior fiscalização sobre os seus funcionários.

Ação Penal  Será privada e o juízo competente será o JECRIM.

Art. 140 – Injúria

Diferentemente do que ocorre na Calúnia e na Difamação, nos quais há narrativa de um


fato, na Injúria há atribuição de uma qualidade negativa, como, por exemplo, chamar outrem de
analfabeto, baiano, etc... Independerá ser a qualidade negativa verdadeira ou falsa. Além disso, os
crimes de Calúnia, Difamação e Injúria, não podem coexistir na mesma figura típica, uma vez que
a Difamação absorve a Injúria.

Objetividade Jurídica  Tutela-se a honra subjetiva, a qual diz respeito ao conceito que a
pessoa tem sobre si mesma. A honra é bem disponível, necessitando que a vítima ingresse com
ação privada para que o Estado preste a Tutela Jurisdicional.

Sujeito Ativo  Qualquer pessoa.

Sujeito Passivo  É qualquer pessoa, devendo ser certa e determinada. Se for contra
funcionário público, no exercício de suas funções e na sua presença, responderá o agente por
crime de desacato (Art. 331 do CP).

Elemento Subjetivo  É o Dolo.

Consumação  Ocorre no momento em que a vítima toma conhecimento da afensa.

Tentativa  É admissível na forma escrita.

Perdão Judicial:

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

Injúria Real:

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes:
Na Injúria Real o agente quer expor a vítima ao ridículo, criando uma situação vexatória.
Ex.: rasgar as roupas, atirar conteúdo de um copo na vítima, etc....
Se resultar lesão corporal o agente responderá por concurso de crimes, figurando injúria e
a lesão corporal obtida (leve, grave ou gravíssima).

Injúria Qualificada

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião,


origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.

De acordo com Damásio de Jesus, o legislador não observou o princípio da


proporcionalidade, uma vez que conferiu a mesma pena privativa de liberdade à Injúria
Qualificada, e, por exemplo, a um dos crimes contra a vida (Art. 124, aborto).

A Lei nº 9.459/97 inseriu o § 3º, criando uma nova figura típica, elevando ao nível da
maior pena prevista para os crimes contra a honra. Isso ocorreu devido aos réus que se defendiam
do crime de racismo, conforme previsão da Lei nº 7.716/89 (Racismo), cuja defesa requeria e
conseguia a desclassificação do referido crime para o crime de Injúria, com diminuta pena.

Ação Penal  Ação Penal Privada (Queixa-crime), exceto nos casos relativos à injúria
qualificada, uma vez que a Lei nº 12.013/94 previu a Ação Penal Pública Condicionada à
representação.

Juízo Competente  Para o caput e o § 2º será o JECRIM, devendo ser observada a


possibilidade de resultar lesão corporal, permanecendo no referido juizado quando
resultar lesão leve, sendo alterada para o juízo comum quando resultar as demais lesões.
No caso da Injúria Qualificada (§ 3º), o Juízo Comum será o competente para tratar
da matéria.

Disposições comuns aos arts. 141 a 145 do CP.

A Retratação só é cabível para a Calúnia e a Difamação, porque há a narrativa


de um fato que ofenda a honra subjetiva, diferentemente da Injúria que afeta a honra
subjetiva e a vítima já teve a honra (dignidade) afetada. Os termos da retratação serão
estabelecidos pelo juiz, observando-se a devida proporção da ofensa praticada com
publicação em periódico de circulação de largo alcance.

O art. 144 trata da notificação judicial, por meio da qual a pessoa que se sentir
ofendida poderá pedir explicações em juízo. Se o ofensor as der de forma insuficiente ou
ficar silente, será processado pela prática do crime.

Dos crimes contra a liberdade individual

Constrangimento ilegal

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
permite, ou a fazer o que ela não manda.
De acordo com a CF (art. 5º, II) ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer algo que
não seja em virtude de lei. Desse modo, se o agente obrigar a vítima a fazer algo contra a sua
vontade, utilizando-se de violência ou grave ameaça, ou até mesmo reduzindo-lhe a capacidade de
resistência, responderá o agente pelo crime. De acordo com a Doutrina e a Jurisprudência, trata-
se de crime de natureza subsidiária, que é aquele que irá existir enquanto outro de maior
potencial ofensivo vier a ocorrer, como no caso de roubo (art. 157) e estupro (art. 213).

Objetividade Jurídica  Tutela-se a liberdade de autodeterminação.

Sujeito Ativo  Qualquer pessoa. Se se tratar de funcionário público no exercício das funções
responderá por abuso de poder (art. 350).

Sujeito Passivo  Qualquer pessoa, sendo atípico quando envolver incapaz (menores,
débeis mentais e loucos), por não terem autodeterminação. Se envolver uma das
pessoas relacionadas na Lei de Segurança Nacional, será crime contra a Segurança
Nacional (art. 28, Lei nº 7.170/83).

Elemento Subjetivo  É o Dolo. Faz-se necessário que a pretensão do agente seja ilegítima,
uma vez que se assim não o for responderá por exercício arbitrário das próprias razões (art. 345).

Consumação  Ocorre no momento em que a vítima faz, ou deixa de fazer algo, contra sua
vontade.

Tentativa  É admissível na hipótese em que, apesar de o agente ter constrangido a vítima a


fazer algo contra sua vontade, ela ignora o comando que lhe foi dado e age de acordo com sua
consciência.

Formas Qualificadas

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do


crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

As penas serão aplicadas de forma cumulativa, ou seja, pena privativa de liberdade e multa
quando se reunirem mais de 3 pessoas ou com o uso de armas (facas, punhais, revólveres, etc...).

§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

O agente responderá por constrangimento ilegal em concurso material (art. 69) com as
lesões corporais produzidas.

Ação Penal  Ação Penal Pública e Incondicionada.

Juízo Competente  Será o JECRIM para o CAPUT e § 1º. O § 2º será no JECRIM


quando resultar lesão leve e no Juízo Comum nas outras lesões.

Art. 147 – Ameaça

De acordo com Mirabete é a promessa de mal grave feita a alguém, restringindo uma
liberdade psíquica. A promessa deverá ser séria, capaz de intimidar. Não se confunde com a
prática de rogar praga. Ex.: que o raio te parta, que o seu gado fique nos ossos, que você vá para o
inferno, etc... . Nestas hipóteses não se tem configurada a prática criminosa.
Objetividade Jurídica  Tutela-se a liberdade psíquica da vítima, ou seja, o seu sossego.

Sujeito Ativo  Qualquer pessoa. Em se tratando de funcionário público no exercício da função,


responderá por abuso de poder (art. 350, CP).

Sujeito Passivo  Qualquer pessoa. Porém, se a vítima for uma das pessoas relacionadas na Lei
de Segurança Nacional, será crime contra a Segurança Nacional (art. 28, Lei nº 7.170/83).
Importante frisar que a vítima seja pessoa com capacidade de entendimento.

Elemento Subjetivo  Só há ameaça na forma típica quando o agente tem a intenção de


amedrontar a vítima.

Consumação  Ocorre no momento em que a vítima toma conhecimento da ameaça,


independentemente de sentir-se aterrorizada.

Tentativa  É admissível na modalidade escrita.

Distinção  Na Ameaça o agente pretende amedrontar a vítima. No Constrangimento


Ilegal objetiva uma conduta positiva ou negativa da vítima contra a sua vontade mediante
violência ou grave ameaça.

Ambos os crimes são de natureza subsidiária, ou seja, eles irão existir até que outro
crime de maior potencial ofensivo venha a ocorrer. Ex.: roubo (art. 157), extorsão (art. 158),
estupro (art. 213), etc... .

Ação Penal  Pública Incondicionada.

Juízo Competente  JECRIM (penas até 2 anos)

Art 148 – Sequestro e Cárcere Privado

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado

A Doutrina o seguinte no silêncio da lei: sequestrar é privar a vítima de sua liberdade,


contra sua vontade, levando-a de um lugar para outro. O cárcere privado é manter a vítima
aprisionada no local onde se encontravam.

Objetividade Jurídica  Tutela-se a liberdade de locomoção da vítima.

Sujeito Ativo  Qualquer pessoa. Se se tratar de funcionário público no exercício de função


responderá por abuso de poder.

Sujeito Passivo  Qualquer pessoa, devendo ter capacidade de entendimento. Por essa razão,
se a vítima for capaz e tiver mais de 14 anos, o seu consentimento exclui o crime. Se a vítima for
uma das autoridades relacionadas na Lei nº 7.170/83, praticará crime contra a Segurança
Nacional.

Elemento Subjetivo  Dolo, devendo ter o agente a intenção de limitar a locomoção da vítima
contra a vontade dela.

Exclusão de Antijuridicidade  Apesar de algumas hipóteses cercearem a liberdade da


vítima, não haverá a prática criminosa. Ex.: prisão em flagrante, isolamento de pessoas
portadoras de doenças contagiosas, internação de doentes mentais, etc... .
Consumação  Ocorre no instante em que a vítima fica limitada de sua liberdade.

Tentativa  É admissível na forma comissiva (ação).

Formas Qualificadas

§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60


(sessenta) anos;

II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;

V – se o crime é praticado com fins libidinosos.

§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave


sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Ação Penal  Pública Incondicionada.

Juízo Competente  Juízo Criminal Comum.

Art. 149 – Redução à condição análoga à de escravo

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos
forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer
restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador
ou preposto.

Denomina-se plágio a sujeição de uma pessoa a outra como se escravo fosse. Neste caso
nada impede que o agente pratique outros crimes em concurso, conforme destaca-se da leitura do
dispositivo. Não há necessidade de a pessoa ser acorrentada ou levar chicotadas, basta que seja
evidenciada a condição sub-humana que lhe foi imposta. Ex.: carvoarias, trabalhos forçados em
fazendas, etc... .

Objetividade Jurídica  Tutelar a liberdade em todas as suas formas, desde a física até a
psíquica.

Sujeito Ativo  Qualquer pessoa.

Sujeito Passivo  Qualquer pessoa. O consentimento da vítima, mesmo capaz, não exclui o
crime, pois o STATUS LIBERTATIS é de interesse do Estado.

Elemento Subjetivo  Dolo.


Consumação  Ocorre no momento em que a vítima passa ao domínio de outrem, suprimindo
a sua liberdade.

Tentativa  É admissível na forma comissiva. Ex.: o agente é surpreendido no momento em que


transportava a vítima para o local onde ela trabalharia como se escrava fosse.
Concurso de Crimes  É admissível, respondendo o agente por outros crimes que tiver
cometido durante o período em que a vítima esteve sob o seu domínio.

Ação Penal  Pública Incondicionada.

Juízo Competente  Juízo Criminal Comum.

Art. 150 – Violação de Domicílio

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade


expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências.

Objetividade Jurídica  Tutela-se a inviolabilidade do lar (art. 5º, XI, CF). Protege-se a casa,
o barraco do favelado, o rancho do fazendeiro, a barraca de camping, o quarto de hotel, etc... .
Seria a proteção à habitação, seja em caráter permanente, transitório ou eventual. A Doutrina
entende que não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia desabitada, podendo,
neste caso, ocorrer outro crime (art. 161, usurpação)

Sujeito Ativo  Qualquer pessoa, inclusive o proprietário (casa alugada).

Sujeito Passivo  É o morador, ou seja, aquele que pode impedir a entrada de outrem.

Os titulares do Direito podem atuar em regime de subordinação ou de igualdade. No caso


de subordinação, tratando-se de uma residência, os titulares são os cônjuges. Na comunidade
privada poderão ser o Diretor, o Reitor, etc... .

No regime de igualdade, podemos citar os irmãos, os moradores de uma república, etc... .


A hospedaria (hotel, pousada, flat, etc...), enquanto fechados são tuteladas pelo Direito Penal.

Elemento Subjetivo  Dolo.

Consumação  Se dá com a entrada ou permanência do agente. Trata-se de crime formal ou de


mera conduta, o qual não reclama nenhum prejuízo material.

Tentativa  É admissível na hipótese de o agente ser impedido de ingressar em uma residência.

Formas Qualificadas

§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de


violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas.

É crime de natureza subsidiária, uma vez que será absorvido por outro de maior potencial
ofensivo. Ex.: furto (art. 155), roubo (art. 157), extorsão mediante sequestro (art. 159), etc...

Ação Penal  Pública Incondicionada.


Juízo Competente  Será o JECRIM, exceto no caso previsão no § 1º quando resultar lesão
corporal.

Art. 155 – Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel

É a subtração de coisa alheia móvel sem o emprego de violência ou grave ameaça.


Objetividade Jurídica  Tutelar, primeiramente, a posse e a propriedade.

Sujeito Ativo  Qualquer pessoa, salvo o proprietário.

Sujeito Passivo  Qualquer pessoa, física ou jurídica, podendo haver pluralidade de


vítimas. Ex.: o filho que tem o carro furtado, pertencente ao pai.

Elemento Subjetivo  Dolo.

Consumação  É considerada a Teoria da Inversão da Posse. Segundo Damásio de


Jesus não há a necessidade de o bem ficar tempo, juridicamente relevante, fora do alcance da
vítima. Para caracterizar a consumação basta, tão-somente, que a vítima fique sem acesso ao
bem, mesmo que por pouco tempo.

Tentativa  É admissível quando o agente não consegue levar adiante, por


circunstâncias alheias à sua vontade, o bem pretendido.

Furto Noturno

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

Com relação ao horário ficará vinculado à presença de luz solar, posto que o Brasil, por ter
dimensões continentais, apresenta luminosidade diferenciada em horários idênticos.

Furto Privilegiado (Beneficia o reu)

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir


a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de
multa.

Quando o bem tiver valor econômico ínfimo, mas tiver para a vítima valor sentimental,
haverá o crime de furto.

O Princípio da Insignificância não pode ser usado como estímulo à prática reiterada de
outros crimes da mesma espécie.

O Furto Privilegiado é aplicável apenas ao CAPUT do art. 155 e seu § 1º.

Furto de Energia

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.

Furto Qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:


I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

Abuso de confiança  O agente precisa ter livre acesso aos cômodos da casa ou do trabalho da
vítima, bem como ter conhecimento de onde são guardados os bens valiosos da vítima. O
empregado doméstico, por si só não caracteriza tal hipótese, pois necessita ter o livre acesso acima
mencionado.

Destreza  É a atuação do agente que detém extrema habilidade na subtração da coisa, fazendo
com que a vítima não perceba que foi furtada.

III - com emprego de chave falsa;

É a utilização de qualquer objeto que não seja chave. Ex.: friso, clipe, palito, etc... .

É importante frisar que a fechadura ou o cadeado, deverão ficar íntegros, ou seja, sem
nenhum dano.

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

A participação no crime deverá contar com no mínimo 2 pessoas. Se uma delas for menor
de idade, ou seja, inimputável, não responderá pelo crime, mas o qualificará, sendo representado
por ato infracional.

Havendo mais de uma qualificadora o juiz elegerá apenas uma e as demais servirão como
circunstâncias judiciais, em homenagem ao princípio da proporcionalidade.

Furto de veículo automotor

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.

Ação Penal  Pública Incondicionada.

Em regra a ação é Pública e Incondicionada. Porém, nos casos previstos no art. 182, a ação
passará a ser Pública Condicionada (cônjuge, separado judicialmente ou desquitado, irmão, tio
ou sobrinho com quem o agente co-habita).

Juízo Competente  Juízo Criminal Comum.

Art. 157 – Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência.

É subtrair coisa alheia móvel mediante violência ou grave ameaça, ou ainda reduzindo a
capacidade da vítima, fazendo com que haja uma perda material. O Princípio da Insignificância
não se aplica ao roubo, uma vez que, além do patrimônio, outros bens jurídicos são tutelados, tais
como: a integridade física, a liberdade e a própria vida.
Objetividade Jurídica  Tutela-se a posse, a propriedade, a integridade física, a liberdade de
locomoção e a vida.

Formas:

Roubo Próprio (Caput)

Roubo Impróprio (§ 1º)

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para si ou para terceiro.
Sujeito Ativo  Qualquer pessoa.

Sujeito Passivo  Qualquer pessoa, podendo haver pluralidade de vítimas.

Meios de Execução  O agente para a prática do crime costuma fazer uso de grave ameaça,
violência, embriaguez, hipnotismo, narcóticos, tóxicos, etc... .

Elemento Subjetivo  Dolo.

Consumação  No Roubo Próprio, no momento em que o agente apodera-se do bem da


vítima. No Roubo Impróprio, quando o agente emprega violência ou grave ameaça contra a
vítima.

Tentativa  É admissível no Roubo Próprio.

Roubo Qualificado ( § § 2º e 3º)

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal


circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze


anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.

Armas  São admitidas tanto as de fogo quanto as consideradas brancas (faca, punhal, peixeira,
etc...). Segundo o STF, a arma de fogo desmuniciada ou imprópria ao uso não são contempladas
pela qualificadora. Do mesmo modo a arma de brinquedo não tem o potencial ofensivo de uma
verdadeira arma.

A lesão leve integra o roubo, descabendo concurso de crimes nessa hipótese.

Roubo seguido de morte  É o conhecido latrocínio, cujo julgamento não se dará no Tribunal
do Júri, mas sim no Juízo Comum, por tratar-se de crime contra o patrimônio. O STF, por meio
da Súmula nº 610, afirma que há crime de latrocínio quando o agente mata a vítima e não lhe
subtrai qualquer pertence.

Súmula nº 610
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.

Ação Penal  Pública Incondicionada.

Juízo Competente  Juízo Criminal Comum.

Você também pode gostar