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ANALISE TEMPORAL DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA EM GUARAPUAVA–PR, ENTRE 1976 E 2014

Silvia Patricia da Silva Marques Prof.silviapaty@gmail.com Juliane Bereze Leandro Redin Vestena
INTRODUÇÃO: O planejamento hídrico é a base fundamental para se dimensionar qualquer forma de manejo dos recursos hídricos, sendo
o balanço hídrico uma primeira avaliação, da disponibilidade hídrica ao longo do tempo. A partir do balanço hídrico pode-se classificar o
clima de uma região, realizar o manejo agroclimático e ambiental, por meio da avaliação de disponibilidade e necessidade hídrica no solo
(LIMA e SANTOS, 2009). O conhecimento e uso adequado destes estudos favorece ao planejamento agropecuário e as práticas de controle
de produção, ou seja, disponibilizar e conhecer tais informações hidrogeográficas que permitem aos produtores identificar possíveis
fragilidades climáticas e tentar mitigar seus efeitos; na área urbana o entendimento do balanço hídrico possibilita aos administradores
potencializar os planos de desenvolvimento da cidade e gerir melhor os recursos hídricos. O presente trabalho teve por objetivo analisar
preliminarmente o balanço hídrico climatológico de Guarapuava, para os dados médios mensais e para os anos com maior e menor índice de
chuva da série histórica de 1976 a 2014, obtidas na base de dados do IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná), visando promover uma
consciência ambiental voltada a sustentabilidade hídrica.
MATERIAIS E MÉTODOS: Os procedimentos metodológicos consistiram na realização de um levantamento bibliográfico e de uma
revisão sobre a temática balanço hídrico climatológico. Num segundo momento em obter os dados meteorológicos, de temperatura média
mensal e pluviosidade mensal da Estação Agrometeorológica de Guarapuava-PR, identificada sob o código 02551010, integrante do Sistema
Meteorológico Paranaense (SIMEPAR), monitorada pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), no período de 1976 a 2014. O método
do balanço hídrico climatológico de Thornthwaite e Mather (1955) foi empregado para contabilizar a disponibilidade hídrica no solo, nos
anos que apresentaram maior e menor índice de chuva dentro da série histórica e para dados médios. Para sua aplicação, utilizou-se uma
planilha no software Microsoft® Office Excel®, versão 2003, elaborada por D`Angiolella e Vasconcellos (2002).
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Figura 1: Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição
O balanço hídrico realizado a partir de dados médios da Hídrica ao longo do ano Guarapuava -PR
série histórica de 1974 a 2014, não apresenta déficit 200
hídrico em nenhum dos meses do ano (Figura 1). Em
Guarapuava tem-se excedente hídrico de fevereiro a
dezembro, e nos meses de janeiro e fevereiro reposição. mm
Na série histórica, o ano que apresentou maior índice de
chuva foi 1983 (3.168,4 mm) e o menos 1988 (1.308 mm).
Para avaliar a disponibilidade hídrica temporalmente,
realizou-se o balanço hídrico do ano mais e menos 0
chuvoso, 1983 e 1988, respectivamente (Figura 2). Figuras Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1 e 2: Fonte os autores. Deficiência Excedente

Figura 2: Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano de 1983 (A) e 1988 (B) Guarapuava – PR
A B
1000 400

200
0
mm

mm

-1000 -200
JanFevMarAbrMaiJun JulAgoSet OutNovDez JanFevMarAbrMaiJun JulAgoSet OutNovDez
Deficiência Excedente Deficiência Excedente
No balanço hídrico de 1983 (Figura 2a), o mais chuvoso é possível observar deficiência/retirada no mês de agosto, reposição em janeiro, fevereiro e
setembro, e excedente nos demais meses. Já o balanço hídrico de 1988 (Figura 2b), ano menos chuvoso da serie histórica considerada, constata-se
deficiência nos meses de agosto, setembro e novembro; retirada nos meses de julho, agosto, setembro e novembro, reposição nos meses de janeiro,
fevereiro, setembro e dezembro, e excedente nos meses de fevereiro a junho e no mês de dezembro.
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Os dados preliminares do balanço hídrico climatológico de Guarapuava apontam que o volume anual de chuva não condiciona a existencia ou não de
períodos com deficiência hídrica, como pode-se constatar no ano de 1983 (Figura 2a), o que apresentou maior indíce de chuva da serie histórica
considerada, mas sim a variabilidade temporal da chuva. Assim como que o balanço hidrico realizado a partir de dados médios não podem ser
considerados como representativos da disponibilidade hidrica em Guarapuava.
O conhecimento prévio do balanço hídrico e dos processos hidrológicos proporcionam subsídios que fundamentam a tomada de decisões e ajudam num
planejamento de manejo de uso racional dos recursos hídricos, permitindo adequar os fatores socioeconômicos aos ambientais, embora no município de
Guarapuava não existir longos períodos com deficiência hídrica a sociedade precisa estar ciente da necessidade do uso responsável dos recursos hídricos.
REFERÊNCIAS
D`ANGIOLELLA, G. L. B.; VASCONCELLOS, V. L. D. Cálculo do balanço hídrico climatológico com diferentes métodos para estimativa da
evapotranspiração potencial, em planilhas Excel. In: Congresso Brasileiro de Meteorologia, 12., Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: SBMET, 2002.
KOBIYAMA, M.; MANFROI, O. Importância da modelagem e monitoramento em bacias hidrográficas. In: Curso "O Manejo de Bacias
Hidrográficas sob a Perspectiva Florestal", Curitiba: UFPR, Apostila, 1999. p. 111-118.
KOBIYAMA, M.; MOTA, A. A.; CORCEUIL, C. W. Saneamento rural. In: Seminário Saneamento Ambiental (2008: Rio Negrinho), Rio Negrinho:
ACIRNE, Anais, 2008.
LIMA, F. B.; SANTOS, G. O. Balanço hídrico-espacial da cultura para o uso e ocupação atual da bacia hidrográfica do Ribeirão Santa Rita,
Noroeste do Estado de São Paulo. 2009. 89 f. Monografia. Fundação Educacional de Fernandópolis, Fernandópolis - SP, 2009.
THOMAZ, E. L.; VESTENA, L. R. Aspectos Climáticos de Guarapuava-PR. Guarapuava: Editora UNICENTRO, 2003, 106 p.
THORNTHWAITE, C. W.; MATHER, J. R. The water balance. Publications in Climatology. New Jersey: Drexel Institute of Technology, 1955.
TUCCI, C. E. M. Hidrologia: Ciência e Aplicação. 1ª Ed, Porto Alegre: Edusp, 943p., 1993.
TUCCI, C. E. M.; CLARKE, R. T. Impacto das mudanças da cobertura vegetal no escoamento: revisão. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.2,
n.1, p.135-152, 1997.

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