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Sociologia Aplicada | Júlio Raizer

Apresentação

SOCIOLOGIA APLICADA
Socialização e Ressocialização

Prof. Júlio Raizer

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Sociologia Aplicada | Júlio Raizer

Apresentação

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APRESENTAÇÃO
Salve, salve concurseiro!

Professor JÚLIO RAIZER, escritor, professor, palestrante. Graduado em História,


especialista em História e Sociologia. Autor de textos citados nas provas de redação
de universidades paranaenses. Autor das seguintes obras: Geopolítica e Atualidades,
Um Brasil Para Principiantes, Sociologia Para Provas e Concursos, História do Paraná,
entre outras. Professor de Atualidades há 17 anos, lecionando pelos mais importantes
cursos do país. Estudioso dos processos de aprendizado, suas técnicas contribuíram
para aprovação de milhares de alunos.

Trago informações imprescindíveis e fundamentais sobre o assunto da Sociologia


Aplicada do qual iremos tratar neste bate-papo que é a socialização e
ressocialização. São tópicos do seu edital a ressocialização do apenado, o papel do

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agente penitenciário na ressocialização e as políticas de ressocialização. A fim de


entender o que é a ressocialização você precisa compreender a socialização, o
processo de socialização, como ele acontece e por que a necessidade de
ressocialização. Se você entender a socialização será muito mais fácil compreender o
que é a ressocialização, uma vez que a ressocialização segue os mesmos parâmetros
da socialização.

A ressocialização, no entanto, é como se fosse uma segunda chance, uma segunda


oportunidade. É um segundo momento para corrigir aspectos deficientes ou aspectos
que deixaram a desejar no processo de socialização. Eu tenho falado muito sobre isso
e sempre digo que quero que você considere, você que já estuda há algum tempo,
você que está ligado, você que ainda não estuda ou que começou há pouco, um ponto
bem importante: eu sou sociólogo de formação, sou historiador, sociólogo e mestre
em educação. Quanto as minhas aulas, elas não têm objetivo, conotação ou ideologia
política. O que vou apresentar para você aqui são teorias com base em autores
clássicos da sociologia como Émile Durkheim, Max Weber, Michel Foucault.
Apresentarei pensamentos e pensadores que embasam toda a construção do
processo sociológico e que escrevem sobre as dinâmicas sociais, sobre a socialização
sobre o processo de socialização e tudo mais. Então, às vezes, quando parecer que
vem um daqueles pensamentos bem estranhos, do tipo, "não porque para resolver o
problema da criminalidade tem que matar o bandido, tem que ter pena de morte”,
lembre-se de que essa pode ser a sua opinião, pode ser o seu pensamento, mas neste
caso, para as aulas sobre esse conteúdo, sua opinião não pode ser utilizada na prova,
porque o Brasil não tem pena de morte, salvo caso previsto em constituição, salvo em
caso de guerra. E, se o Brasil não tem pena de morte, então você não pode, por
exemplo, como futuro Servidor Público, defender na prova ou defender publicamente
que é a favor do “bandido bom é bandido morto”. Esse é um tema muito delicado.
Existe no Brasil uma lei de execução penal, e o agente penitenciário deve seguir essa
lei. O agente de execução penal, o próprio policial, aqueles dentro da Segurança
Pública devem seguir essa lei e observar os pontos que devem ser considerados para
que a lei seja cumprida.

Nesse sentido, e novamente enfatizando, o que eu exponho nesta aula não tem viés
ideológico, mas leva em consideração os aspectos relacionados a teoria sociológica.
Pois bem, vamos começar falando do “indivíduo”.

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O indivíduo

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Apresentação .................................................................................................................... 2
O indivíduo ....................................................................................................................... 4
Socialização ...................................................................................................................... 6
Ressocialização ............................................................................................................... 12

O INDIVÍDUO
O indivíduo pode ser visto de duas formas, isto é, como o “ser” em si, aquilo que ele
é, a pessoa que ele é, digamos assim, e como ação, isto é, indivíduo considerado em
virtude de suas ações. Existe uma distinção bem interessante entre a pessoa como
pessoa e a pessoa como ação.

Quando se fala, por exemplo, na dignidade da pessoa humana, quando nós falamos
sobre o “ser”, ou seja, consideramos a dignidade da pessoa humana, do ser em si. O
mesmo ocorre quando falamos sobre o tratamento em relação ao indivíduo, e a
proteção da pessoa, falamos sobre o ser em si.

Normalmente associamos o “ser” a suas ações. Isso é normal, e por assim o ser, às
vezes você pode sentir ódio ou um sentimento de vingança em relação à determinada
pessoa porque ela fez algo ruim para você, porque ela fez algo ruim para a sociedade
ou por que cometeu uma barbaridade, ou ainda porque por meio do seu delito, da
infração de uma norma para vigente, por exemplo, estarreceu a sociedade, e algumas
práticas nos deixam mais estarrecidos do que outras. Embora isso possa acontecer, e
seja até normal que aconteça, tente se lembrar de que EXISTE UMA DISTINÇÃO
ENTRE O SER E AS AÇÕES DESTE SER.

Muito bem, quando tratamos da questão da punição, da penalidade, em


contrapartida, nós avaliamos as ações. Por isso que o Brasil abandonou as práticas,
formalmente falando, relativas à tortura e a outras formas cruéis. Porque a tortura
física prejudicava o ser em si. Hoje, existe a punição e a aplicação da punição voltadas
para à PRÁTICA DO SER.

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O indivíduo

Essas práticas e ações impactam dentro da sociedade, haja vista serem elas ações
sociais, ações coletivas. A maior parte das suas ações são ações coletivas que
impactam o ambiente social no qual você está inserido. Não são ações individuais,
particulares, mesmo porque se fossem e não tivessem nenhum reflexo social, diriam
exclusivamente a respeito a você. Assim, quando falamos em ações, falamos das ações
que tem um impacto na sociedade, as quais chamamos de AÇÕES SOCIAIS.

Ainda sobre esse indivíduo, ele possui o “ser” e suas “ações”. E quanto aquela famosa
indagação sobre o indivíduo ser produto do meio ou já nascer predisposto, bom, isso
será sempre eterna discussão. Agora, para a sociologia, salvo questões patológicas,
entende-se que o indivíduo pode ser visto de duas formas. Isto é, o indivíduo como
ser biológico, a pessoa física, com características biológicas – e não estou entrando
aqui na questão de gênero ou da psicologia – estou dizendo que existem aspectos
biológicos naturais que não dependem da nossa vontade, como a cor olhos, a cor do
cabelo, que são questões em veem com uma carga genética.

Neste momento nos interessa tratar sobre o “ser social”, que é um agente, um ator
social, como diria o Max Weber. Nós, eu e você, somos ATORES SOCIAIS, porque nós
atuamos num cenário que tem, obviamente, a sociedade como principal palco. Por
exemplo, você que está agora lendo este material, você está atuando. Não é que você
esteja fingindo alguma coisa, mas sim, que está atuando em conformidade com
regras que são necessárias para que se estude um material. Ainda, quando você vai
para o seu trabalho, você está atuando, porque age em conformidade com aquilo que
é esperado de você no seu trabalho. Do mesmo modo, quando vai para sua igreja,
age em conformidade com aquilo que se espera de você dentro de uma igreja.
Quando você está na escola, estudando nos bancos escolares, age em conformidade
com aquilo que se espera de alguém que está nos bancos escolares. Nesse sentido
que somos atores sociais, ATUAMOS E EXERCEMOS UM PAPEL SOCIAL.

O ser social exerce um papel social no grande palco da sociedade. O ser social é, nesse
sentido, o indivíduo, independente de questões biológicas, que está apto para viver a
vida em sociedade.

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Socialização

Desde muito tempo o homem passou a organizar a sua vida em sociedade porque viu
que não era bom viver a vida sozinho. Quem sobre esse tema é um filósofo chamado
Aristóteles, que afirma que o homem é um animal social, um animal político. Nós
nascemos para viver em sociedade e, portanto, possuímos aquilo que é chamado de
sociabilidade.

A SOCIABILIDADE É A HABILIDADE DE SERMOS SOCIAIS E ESTABELECERMOS


VÍNCULOS SOCIAIS, de conversar, se aproximar e fazer amizades; de estabelecer
relações sociais, relações afetivas, relações de amizade, companheirismo, parceria,
coleguismo; de estabelecer relações amorosas. Em decorrência dessa habilidade
ajudamos a perpetuar a sociedade em si. Então a sociedade pode ser dita como o
ambiente em que o homem está incluído.

Nós vivemos nesta sociedade que ao longo dos séculos evoluiu na conquista dos
direitos, garantiu aos seres humanos direitos relacionados aos direitos civis, políticos
e sociais. E somos, portanto, amparados por uma série de elementos. Vivemos
submetidos ao Estado, o qual resume-se em nação politicamente organizada em
um território, na qual vivemos em agrupamento nessa relação social.

Somo diariamente cercados por pessoas que estabelecem vínculos conosco. Você tem
um vínculo comercial com o senhor da padaria, um vínculo empregatício com seu, um
vínculo tradicional com sua igreja, um vínculo afetivo com a sua família. Você tem
ainda um vínculo racional com a sua escola, e um vínculo de cidadania com o Estado.
Esta é a sociedade em que vivemos, mas, para que ela seja uma sociedade equilibrada,
para que ela seja uma sociedade que caminhe para o progresso, é necessário que haja
uma ORDEM SOCIAL.

SOCIALIZAÇÃO
A ordem social seria o estado de equilíbrio da sociedade. A ordem social existiria em
uma sociedade na qual as instituições fluíssem e funcionassem com o objetivo do bem
comum, na qual há normas, regras e leis funcionando para manter o equilíbrio justo,

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Socialização

para manter a sociedade funcionando e fluindo de modo que as pessoas tenham


acesso aos seus direitos e que consciência dos seus deveres.

Notoriamente, estamos falando aqui de uma concepção teórica. Nesse momento você
deve estar pensando, "mas na prática não funciona assim, na prática é um pouco
diferente, na prática o negócio é bem mais embaixo". Tudo bem, é verdade, na prática
é outra história. Mas o ponto que quero que você entenda neste momento é que a
sociedade deveria existir partindo de uma ordem social. Tanto é verdade que na
Bandeira do Brasil vemos as inscrições "ordem e progresso". Justamente porque a
ordem social leva ao progresso da sociedade e para manter essa ordem social,
existem forças específicas, por exemplo a polícia militar que ajuda, serve e existe para
manter a ordem social.

A ordem social leva ao progresso e mantém a sociedade em


equilíbrio.

É por isso que os indivíduos que nascem nessa sociedade precisam aprender quais
são os elementos, as regras e as normas necessárias para conviver nela, para que as
suas ações, seus comportamentos e suas atitudes sejam condizentes com a realidade
social em que se inserem. Aí inclui-se também um aspecto muito interessante que é
o aspecto cultural. É por isso que cada cultura tem uma forma de comportamento
admitida. Existem sociedades mais liberais e as mais conservadoras. Existem países
que representam o seu conjunto de leis por um aspecto um pouco mais avançado, no
que diz respeito às liberdades individuais, e existem países que são um pouco mais
fechados em relação a isso. Basta você prestar atenção, observar e acompanhar as
diferentes partes do Globo. Quando se fala, por exemplo, em Coreia do Norte, falamos
de um regime super fechado. Quando se fala em Holanda, falamos de uma sociedade
um pouco mais liberal.

Em suma, as pessoas que estão incluídas nos diversos segmentos sociais aprendem
e assimilam das regras da sociedade. Um exemplo muito prático e que sintetiza essa
ideia pode ser observado quando você vai à casa de alguém amigo ou colega. Você
observa o comportamento das pessoas naquele ambiente.

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Socialização

Vamos supor que você use, a fim de chamar seu pai ou sua mãe, o termo "você",
como “Pai, você pode me ajudar?" ou "mãe, você pode vir aqui?". Aí você vai à
casa do seu colega e observa que ele chama os próprios pais de "senhor" e
"senhora". Algo como, "mãe, a senhora pode vir aqui?" e assim por diante. Como
consequência da sua assimilação, você passa a se referir aos pais do seu amigo
como senhor e senhora.

Isso é basicamente o que a sua mãe sempre lhe ensinou, correto? Os mais velhos
devem ser chamados de senhor e senhora. Se determinada pessoa mais velha não
quiser esse tratamento e disser “pode me chamar de você", aí tudo bem chamá-lo
assim, mas normalmente partimos do pressuposto de que se os colegas estão
chamando os próprios pais de senhor e senhora, também devemos chamá-los assim.
Outro exemplo, se na casa do seu amigo, a família costuma fazer uma oração antes
da refeição, quando for almoçar com eles, participará também do momento da oração.
Nós nos adequamos às regras daquele ambiente, daquele núcleo familiar.

Muito bem, agora falando em termos de comunidade. Digamos que você viva em uma
comunidade. Você se adequa e ajusta o seu comportamento ao comportamento
daquela comunidade. Se além de viver lá você também frequenta uma escola, então
você irá ajustar os seus horários aos daquela escola, e por aí vai.

O ser social é o ser apto para viver em sociedade.

E, ao viver em sociedade, ele tem que zelar juntamente com os outros indivíduos pela
ordem social. A sociedade, por sua vez possui um conjunto de instituições, normas,
regras, leis e sanções. As sanções nada mais são do que uma espécie de represália ou
atitudes tomadas em relação a indivíduos que descumprem alguma norma ou regra
social. São ações punitivas, ações que procuram alertar o indivíduo e adverti-lo sobre
determinada prática para que ele adeque a sua conduta ao que deve ser. Sanções
existem desde o ambiente familiar, basta você lembrar das sanções iniciais da sua vida
quando sua mãe falava " não fale com a boca cheia", "não conversa com a boca cheia",
"não me responda". Essas sanções podiam, ainda, vir acompanhadas de algumas

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Socialização

penalidades como “arrebentar um tapaço no meio do beiço” em caso de "não me


responda!!", ou ainda sanções como "vai lavar louça, se não vai lavar a louça vai ficar
sem sair". Veja, você tinha que aprender a lavar a louça e se você quisesse sair, a louça
tinha que ser lavada.

A educação no ambiente familiar vem acompanhada de sanções, inicialmente


informais, e depois formais. As sanções são um aviso de que você praticou algum ato
que está fora daquilo que é aceito no núcleo social e precisa, portanto, rever as suas
ações. E ela o acompanha ao longo de toda a vida. Desse modo, para que exista um
ser social, é imperativo que exista o processo de socialização.

A socialização é a transmissão dos valores sociais, é a preparação


para a vida em sociedade.

Então, como é que o indivíduo, aquela criancinha que nasceu careca, pelada, sem
dente, como que ela se tornará apta para viver em sociedade? Ela se tornará apta por
meio da socialização. Entenda o seguinte, se pegarmos um criminoso e uma pessoa
de conduta ilibada e compará-las no momento do nascimento, os dois bebezinhos
serão iguais. Eu não pretendo com isso defender ninguém, já expliquei várias vezes
que não venho com tendência ideológica. Estou explicando que, na verdade, esses
dois bebês são iguais, são seres biológicos que geneticamente estão ali.

Agora, existe uma influência sim que decorre do processo de socialização e quem fala
disso é Émile Durkheim. O indivíduo acaba sendo exposto a diversas situações e
existem situações que são problemas da sociedade. Aí você pode me dizer: "Ah, mas
é o indivíduo que pratica o delito". Eu entendo isso, o indivíduo pratica o crime, mas
o crime é um problema social. Você prende o criminoso e o crime continua, e você
pode ainda propor outra solução: "Ah, então vamos prender todos os criminosos". E
eu te direi que não há como. Nós temos a necessidade de um contrato social para
impedir o crime.

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Socialização

Mas eu já vou chegar nesse ponto, por hora, acompanhe meu raciocínio. Pois bem, a
socialização é a transmissão dos valores sociais, a socialização é a preparação
para a vida em sociedade. E ela ocorre por meio da educação. A socialização prepara
o indivíduo para a vida em sociedade e o meio pelo qual faz isso é a educação. Por
isso que quando falamos em educação, nós falamos de uma coisa muito mais ampla
do que bancos escolares. A educação começa em casa. Embora pareça batido, isso é
verdade. A educação começa no ambiente familiar, continua no ambiente religioso
comunitário e continua e segue no ambiente escolar, ela ganha e se incorpora ao
ambiente do Estado na sociedade.

A educação tem como finalidade preparar o homem para viver em sociedade, a


educação tem como finalidade instruir o indivíduo, dar a ele a consciência dos
princípios morais, ensiná-lo os costumes e as tradições, torna-lo alguém apto para
viver em sociedade, alguém que entenda a necessidade de ser um ser social, que
entenda o impacto das suas ações e a dimensão das suas atitudes. Esse é o objetivo
da educação.

Portanto, quando falarmos em educação, saiba que não se trata só da educação na


escola. É a educação que a família dá para o filho, que a sociedade e a comunidade
dão para o indivíduo, para o aluno, para que quando ele chegar nos seus 18 anos, ele
já esteja ciente do certo e do errado. O indivíduo precisa estar ciente de que as
ações por ele praticadas têm um impacto na sociedade. E se ele não agir em
conformidade com aquilo que se espera sofrerá sanções do Estado, sanções na escola
e na comunidade, porque as ações são aplicadas nessas esferas. E quem acaba sendo
responsável pela educação desses seres são as chamadas INSTITUIÇÕES SOCIAIS. As
instituições sociais são organizações socialmente instituídas com o objetivo de
reproduzir os valores sociais, de transmitir os valores sociais para o indivíduo e surgem
como produto da vida em sociedade. Surgem como consequência da vida em
sociedade. Ademais, as instituições sociais procuram por meio das suas atividades, por
meio do seu processo educacional, por meio da transmissão de valores, orientar os
indivíduos e alertá-los e explicar para ele aquilo que é importante.

Essas instituições acabam tendo um papel fundamental porque ditam o rumo da


sociedade. Veja bem, uma criança nasce e aí tem o primeiro contato com duas

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Socialização

principais instituições, família e igreja. Para fins de esclarecimento, quando falo sobre
família e igreja, não estou me referindo a templo. Dentro da sociologia entendemos a
igreja como um conjunto de crenças. Mesmos aqueles que são ateus se tornaram
ateus a partir de algum momento, mas, na maioria das vezes, em algum momento da
vida tiveram crenças religiosas, aliás, o próprio ateísmo é uma espécie de
manifestação. Desse modo, não me refiro aqui a religião no intuito de exercer
doutrinamento religioso. Mas sim, unicamente porque a sociologia e os autores
clássicos da sociologia apresentam essa estrutura.

Retomando o conteúdo, a família é o primeiro núcleo, família e igreja apresentam uma


forma de educação informal, por meio do vínculo afetivo e tradicional. Assim, são os
primeiros contatos que uma criança tem com a educação, por meio dos quais se
aprende a dizer bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, muito obrigado, senhor
senhora, com licença. Aprende-se com a família essas coisas básicas, e se não aprende
é chamado de mal-educado e nesses casos as sanções são sempre um tanto
dolorosas. A criança começa então a assimilar os elementos, aprender o que é dela e
o que é do outro, e que o que é do outro não a pertence. Aprende aqueles elementos
básicos que dão origem a sua formação moral, ao seu discernimento do que é certo
e do que é errado. É a mãe ensinando, o pai ensinando, o tio, a tia, avô, avó, todos
ensinando os valores da vida em sociedade.

Além disso a igreja, a religião, a sua comunidade também ensinando aquilo que é
certo e aquilo que o "anjinho não gosta" e "faz Jesus chorar, então não pode".
Alcançando determinada idade a criança vai para a escola e a escola começa a exercer
uma relação formal de educação, uma educação racional, com bases legais. E na escola
a criança começa a se preparar para o trabalho, começa a se preparar para trabalhar
e ter condições de custear a sua saúde, de ter acesso àquilo que a sociedade oferece.
A escola é um ambiente que fornece as informações e que prepara a criança para o
mercado de trabalho, para um mercado competitivo. Desse modo, a criança agrega
os conhecimentos necessários para o trabalho e continua na escola aplicando aquilo
que aprendeu com a família e com a religião. Assim pede "com licença" para entrar na
sala; cumprimenta os outros para manter um ambiente harmônico, para manter a
ordem social.

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Ressocialização

Em seguida, ao terminar a escola o indivíduo está pronto para viver nesse Estado, está
cônscio das regras, cônscio das leis, do que deve e não deve fazer; o indivíduo tem a
sua moral, tem a sua consciência formada, e por isso você vai agir em conformidade
com a ordem social. Mas... tudo isso só ocorre em teoria, porque existe na prática
deficiências na formação familiar. Quantas famílias existem que são mal estruturadas,
que têm problemas em casa, com o filho vendo o pai bater na mãe, a mãe saindo de
e tudo o mais. Famílias com problemas de drogas, alcoolismo. Temos uma sociedade
com comunidades desestruturadas e escolas sem condições. Pare e observe como
existe uma deficiência na formação do ser social. Eu não estou justificando as atitudes.
Eu estou dizendo que o crime, ou delito, ou a prática que acaba infringindo uma
nova penal vigente, acontece motivada ou influenciada por um processo
deficitário na socialização do indivíduo.

Aqui, novamente você pode vir a argumentar "ah, mas na sociedade, na mesma
sociedade existem aqueles que praticam e aqueles que não praticam crime" E,
novamente eu te direi, estou aqui para lhe apresentar a ideia por um viés da sociologia.
Eu não estou dizendo que eu necessariamente concordo ou deixo de concordo com
isso, por minha opinião não vem ao caso. Eu estou apenas ensinando de que modo,
com que ideia em mente que você deve responder as questões, como é que você deve
encarar as questões de Sociologia na sua prova.

O que faz com que você não pratique um furto, por exemplo, quando um amigo seu,
que tem um belo de um celular, e que está com você em um bar, deixa a mesa para ir
ao banheiro e nela deixa o celular, são basicamente esses quatro motivos: ou você não
furta por que prendeu com sua mãe que é feio pegar as coisas dos outros e se você
pegar as coisas dos outros ela te "arrebenta a beiça", ou porque a igreja ou sua crença
religiosa disse que é pecado, que o "anjinho chora se você pega as coisas dos outros",
ou porque a escola disse para você que não é certo fazer isso, "você não deve pegar
as coisas do colega", ou porque o Estado diz que isso é um crime e uma prática e
ilícita. Esses elementos que limitam você nas suas ações serão sempre considerados,
trata-se da educação que você recebeu.

RESSOCIALIZAÇÃO
Não adianta descartarmos a educação como algo alheio ao processo de socialização.

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Ressocialização

Se a educação é fundamental para a socialização, se ter um bom trabalho é importante


para a socialização, se ter uma relação tradicional afetiva religiosa é importante para
a socialização, para ressocialização também será.

Para a RESSOCIALIZAÇÃO vai ser a mesma coisa, porque o que acontece é o seguinte:
Em algum momento, o indivíduo que não teve construído o seu senso moral pode
acabar praticando uma ação contra uma norma penal vigente e desestabilizando a
ordem social. Então esse indivíduo vai ser retirado do ambiente social. Mas a retirada
dele do ambiente social acontece com um objetivo, com o objetivo que ele entenda
e com o objetivo corretivo de estabelecer nele a ideia daquilo que fez e de fazer com
que seja educado para voltar à sociedade, ciente de que não pode praticar aquilo que
o levou ao afastamento da sociedade. Isso na teoria. Infelizmente na prática sabemos
que isso não acontece, porque existe um caminho para o crime, que começa com a
cogitação, passando pela preparação, execução e consumação.

Pois bem, a educação ajuda primeiramente a evitar que o crime seja cogitado. Na
situação hipotética, se seu amigo deixasse o celular na mesa do bar e fosse ao
banheiro do restaurante, sequer passaria pela sua casa pegar o celular. Simplesmente
porque você foi educado que não pode pegar as coisas dos outro.

A educação ajuda a preparar uma sociedade mais justa, mas não para hoje. Tem gente
que quer resolver o problema hoje, e diz "prende todo mundo, pena de morte já!". A
China tem pena de morte e isso não resolve o problema do país, os Estados Unidos
tem pena de morte e isso não resolve o problema. A Rússia já praticou a pena de

A educação impede a cogitação do crime e do delito.

morte e isso não resolveu o seu problema. Portanto, não ache que esse tipo de
comentário típico de Facebook vai resolver o problema da sociedade brasileira, porque
não é certo ficar cogitando coisas assim.

A educação impede a cogitação e a preparação do crime. É ela que vai orientar o


indivíduo e fazê-lo desistir caso venha a cogitar. Ela que vai falar "não, para de fazer

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Ressocialização

isso". É a consciência vai dizer "não faz isso não, isso não se deve fazer". Entende? É
nesse sentido que se vislumbra uma possibilidade muito mais efetiva de melhorarmos
a sociedade a longo prazo, que a educação cumprindo o seu papel de socialização e
de transmissão dos valores sociais. Isso é socialização. E a ressocialização, por sua vez,
nada mais é do que fazer a correção para que o indivíduo adquira a consciência do
que fez, sobre o que fez e, obviamente, não queira ou não faça outra vez. Este é o
processo considerado pela visão sociológica.

Releia o material e observe se consegue fazer essas considerações independente do


seu ponto de vista, das suas crenças ou ideias. Veja se consegue se abster de
julgamento para que não incorra, na hora da prova que deverá garantir que você
obtenha o sucesso naquilo que sonha para si, na tentação de se tornar emotivo e, de
repente, deixar escapar aquilo que é seu. Lembre-se, o conteúdo deste material é o
único que a banca quer ouvir.

Foi um prazer, um forte abraço e até a próxima.

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