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Prof.ª Jéssyca Vieira


Alzheimer

A doença de Alzheimer é a patologia neurodegenerativa de causa pouco definidas,


mais frequente associada à idade, cujas manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas
resultam em uma deficiência progressiva e uma eventual incapacitação. O quadro clínico da
doença envolve fatores como a perda de memória, comprometimento de funções da
linguagem e motoras, dentre outras, gerando em um paciente de estágio avançado
uma dependência para a realização de atividades diárias, necessitando muitas vezes
de cuidadores especializados. Além da dificuldade de se chegar ao diagnóstico
preciso, a doença pode ser confundida ou considerada como alterações normais do
envelhecimento, gerando um obstáculo para o diagnóstico precoce e início de
tratamento adequado.

Fisiopatologia da doença de Alzheimer

Histopatologicamente é caracterizada pela morte neuronal e perda sináptica nas


regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas, incluem também depósitos fibrilares
amiloidais localizados nas paredes dos vasos sanguíneos, associados a diferentes tipos de
placas senis, ativação da glia e inflamação.

Evolução da doença

A evolução da doença de Alzheimer acontece em três estágios:

1. Leve: podem ocorrer alterações como perda de memória recente, dificuldade para
encontrar palavras, desorientação no tempo e espaço, dificuldade para tomar
decisões, perda de iniciativa e capacidade de tomar decisões, sinais de depressão,
agressividade, diminuição do interesse por atividades e passatempos e agressividade.
2. Moderada ou intermediária: são comuns dificuldades mais evidentes com atividades
do dia a dia, com prejuízo de memória, com esquecimento de fatos mais importantes,
nomes de pessoas próximas, incapacidade de viver sozinho, incapacidade de cozinhar
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e de cuidar da casa, de fazer compras, dependência importante de outras pessoas,


necessidade de ajuda com a higiene pessoal e autocuidados, maior dificuldade para
falar e se expressar com clareza, alterações de comportamento (agressividade,
irritabilidade, inquietação), ideias sem sentido (desconfiança, ciúmes) e alucinações
(ver pessoas, ouvir vozes de pessoas que não estão presentes), acometimento de
outros domínios da cognição, como afasia, agnosia, alterações visuoespaciais e
visuoconstrutivas e apraxia. Distúrbios do sono e a denominada “síndrome do
entardecer”, ou seja, a ocorrência de confusão mental e alterações de
comportamento, geralmente, próximos do horário do pôr do sol.
3. Grave ou avançada: observa-se prejuízo gravíssimo da memória, com incapacidade de
registro de dados e muita dificuldade na recuperação de informações antigas como
reconhecimento de parentes, amigos, locais conhecidos, dificuldade para alimentar-se
associada a prejuízos na deglutição, dificuldade de entender o que se passa a sua
volta, dificuldade de orientar-se dentro de casa. Pode haver incontinência urinária e
fecal e intensificação de comportamento inadequado. Há tendência de prejuízo motor,
que interfere na capacidade de locomoção, sendo necessário auxílio para caminhar.
Posteriormente, o paciente pode necessitar de cadeira de rodas ou ficar acamado.

Tratamento

Até o momento não existe cura para a doença de Alzheimer, o objetivo do tratamento é aliviar
os sintomas existentes, estabilizando-os permitindo que grande parte dos pacientes tenham
uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independentes nas atividades
de vida diárias por mais tempo.

O tratamento se divide em farmacológico e não farmacológico:

Farmacológico: Na Doença de Alzheimer, acredita-se que parte dos sintomas decorra de


alterações em uma substância presente no cérebro chamada de acetilcolina, que se encontra
reduzida em pacientes com a doença. Um modo possível de tratar a doença é utilizar
medicações que inibam a degradação dessa substância. As medicações que atuam na
acetilcolina, e que estão aprovadas para uso no Brasil nos casos de demências leve e
moderada, são a rivastigmina, a donepezila e a galantamina (conhecidas como inibidores da
acetilcolinesterase ou anticolinesterásicos). A memantina é outra medicação aprovada para o
tratamento da demência da Doença de Alzheimer. Ela atua reduzindo um mecanismo
específico de toxicidade das células cerebrais. Os sintomas comportamentais e psicológicos
podem ser tratados com medicações específicas e controladas. Muitas medicações, com
expectativa de bons resultados, podem ser indicadas para o tratamento e o controle de
agitação, agressividade, alterações do sono, depressão, ansiedade, apatia, delírios e
alucinações.

Não farmacológico: O intuito dos tratamentos não farmacológicos não é fazer com que a
pessoa com demência volte a funcionar como antes da instalação da doença, mas que
funcione o melhor possível a partir de novos e evolutivos parâmetros. O treinamento das
funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a utilização de estratégias
compensatórias são muito úteis para investimento em qualidade de vida e para estimulação
cognitiva. As intervenções oferecidas podem ser de três áreas diversas. Quando combinadas,
podem obter melhores resultados. Embora sejam importantes, sugere-se cautela na oferta de
tratamento com intervalo entre atividades.
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Estimulação cognitiva Estimulação social Estimulação física


Consiste em atividades ou São iniciativas que priorizam o contato social dos A prática de atividade física e de
programas de intervenção que pacientes estimulando as habilidades de fisioterapia oferece benefícios
visam a potencializar as comunicação, convivência e afeto, promovendo neurológicos e melhora na
habilidades cognitivas mediante a integração e evitando a apatia e a inatividade coordenação, força muscular,
estimulação sistemática e diante de dificuldades. Ex: Há muitas maneiras de equilíbrio e flexibilidade.
continuada em situações práticas relacionamento de qualidade com alcance mútuo Contribui para o ganho de
que requerem o uso de de satisfação: resgatar histórias antigas, independência, favorece a
pensamento, raciocínio lógico, especialmente envolvendo lembranças percepção sensorial, além de
atenção, memória, linguagem e agradáveis e que tenham relevância familiar, retardar o declínio funcional nas
planejamento. Ex: tarefas contato físico e afetuoso bem como atividades de vida diária. Alguns
variadas como jogos, desafios acompanhamento de rotina e atividades diárias. estudos mostram que atividades
mentais, treinos específicos, regulares estão associadas a
construções, reflexões, resgate evolução mais lenta da Doença de
de histórias e uso de materiais Alzheimer. Além de
que compensem dificuldades alongamentos, podem ser
específicas indicados exercícios para
fortalecimento muscular e
exercícios aeróbicos moderados,
sob orientação e com
acompanhamento dirigido.

Organização do ambiente Tratamentos específicos para problemas


específicos
Organizar o ambiente tem como objetivo inibir ou controlar as Além de auxílio dos cuidadores, podem ser necessários
manifestações de sintomas comportamentais como ansiedade tratamentos específicos, envolvendo a busca pela
e agitação, delírios e alucinações e inadequações sociais. O minimização de dificuldades que passam a interferir nas
ambiente deve ser tranquilo, com situações previsíveis, atividades diárias. Os tratamentos mais frequentes são os
evitando características que possam ser interpretadas como que requerem estímulo à locomoção e motricidade,
ameaçadoras. Sugere-se utilizar tom de voz ameno e evitar deglutição, comunicação e nutrição. Cada etapa da
confrontos e conflitos desnecessários, repetitivos e doença, profissionais especializados podem ser indicados
duradouros, diminuir e evitar barulhos e ruídos, amenizar para minimizar problemas e orientar a família, com o
estímulos luminosos muito intensos, deixar o ambiente claro, objetivo de favorecer a superação de perdas e enfrentar
limpo e organizado, estabelecer uma rotina estável e o processo de adoecimento, mantendo a qualidade de
simplificada. contato e relacionamento. Muitos são os profissionais
que cuidam de pessoas com Doença de Alzheimer, há a
atuação psicólogos, enfermeiros, médicos, terapeutas
ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas,
nutricionistas, educadores, educadores físicos,
assistentes sociais e dentistas.

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