Você está na página 1de 93

BR01B0860

CRISTIANE MARIA SAMPAIO FORTE INIS-BR--3797

DETERMINAÇÃO DAS TAXAS DE


SEDIMENTAÇÃO NA PORÇÃO NORDESTE DA
BAÍA DE SEPETIBA UTILIZANDO DATAÇÃO
COM O RADIOISÓTOPO 210Pb EM EXCESSO

Dissertação apresentada ao
Curso de Pós-Graduação , em
Geociências da Universidade
Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre. Área de
Concentração.-Geoquímica

Orientador: Prof. Dr. John Edmund Lewis Maddock

NITERÓI
1996

32 / 0 6
CRISTIANE MARIA SAMPAIO FORTE

DETERMINAÇÃO DAS TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO NA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA


210
DE SEPETIBA UTILIZANDO RADIOISÓTOPO Pb.

Dissertação apresentada ao Curso


de Mestrado em Geociências da Uni-
versidade Federal Fluminense como
requisito parcial para obtenção'
do Grau de Mestre em Geociências
Área de Concentração:Geoquímica.
Aprovada em dezembro de 1996.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. John Edmund Lewis Maddock


Orientador/UFF

Prof >~Bf/ 2-^Drude Cie Lacerda


UFF

Prof. Dr/ Ricardo


UFF

(\
Prof. Dr. Joáè Marcus Godoy
UFF

NITEROl
1996
Dedicatória:

Em especial aos meus pais, Manoel e


Margarida por todo amor, carinho e
dedicação ao longo de toda a minha vida, e
por cada gesto e palavra de incentivo durante
essa jornada.

À toda minha família, que sempre


esteve presente em todos os momentos
através do amor aue nos une.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, que me deu a vida e a


oportunidade de crescer como pessoa e como profissional, através deste
trabalho.

Ao Prof. Dr. John E. L Maddock, pela orientação e confiança


depositada neste trabalho e pela força dada nos momentos mais difíceis desta
longa e sofrida jornada.

Ao Prof. Dr. José Marcus Godoy (IRD/PUC - RJ), pela sua valiosa
colaboração e paciência, sem a qual não seria possível a concretização deste
trabalho e pela sua participação na banca examinadora.

Ao Prof. Dr. Ricardo E. Santelli, pela participação rça banca


examinadora e por suas sugestões.

Ao Prof. Dr. Pierre Perrin, pelo espaço cedido no laboratório de


sedimentologia (Geoquímica-UFF) e por ser sempre uma pessoa disposta a
ajudar.

Ao Msc. F. Fernando Lamego Simões Filho, pela sua colaboração e


amizade desde o início deste trabalho.

À minha grande amiga Lourena Maia Melo, pela presença


constante e palavras de incentivo e força naqueles momentos em que tudo
parecia perdido.

Ao Geólogo Sergio Luiz Azevedo pela grande colaboração e força


nas viagens ao campo.
Ao Nivaldo Camacho Telles (secretário do curso de
Geoquímica/UFF) pela paciência (mesmo que às vezes disfarçada) e
disponibilidade em ajudar sempre que foi necessário.

Às meninas da Biblioteca (Neide, Sandra, Ceiça, Conceição e


Júlia), sempre dispostas à contribuir e esclarecer as inevitáveis dúvidas
quanto às referências bibliográficas.

Ao Prof. Dr. George Satander Sá Freire (Depto. de Geologia/UFC)


pelo incentivo no começo de tudo.

À Prof. Msc. Helena Becker Sales (Dep. Química Analítica/UFC)


pela grande contribuição na minha formação acadêmica e pelo incentivo.

À CAPES, pela concessão da bolsa de estudo.

Aos professores do Curso de Geoquímica.

Às amigas Edna, Rose e Francisca pelo apoio e amizade.

A todos os amigos que ao longo dos anos tiveram sua


participação e colaboração para que esta conquista fosse uma realidade.
Obrigadal
e 4a aurora, para
li nascerá o dia.

e 4A noite/ para ti
brilharão AS estrelas.

Aproxima-te 4o riacho, para


ti cantará o sabiá.

«Aproxima-te do silêncio/
encontrarás ^ e u s ?

(L. Vahira)
SUMÁRIO

FOLHA DE APROVAÇÃO 02
DEDICATÓRIA 03
AGRADECIMENTOS . 04
EPÍGRAFE 06
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 09
LISTA DE TABELAS 11
RESUMO 12
ABSTRACT 13
1 OBJETIVO DO TRABALHO 14
2 INTRODUÇÃO 15
2.1 Características da Área de Estudo 16
2.2 Sedimentologia : 20
2.3 Sistema de Correntes e Marés 21
25
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
3.1 Determinação das Taxas de Sedimentação 25
3.2 Propriedades Físicas e Químicas do Chumbo 26
3.3 Datação com 210Pb em Excesso 27
3.4 Métodos de Análise de 210Pb em Sedimentos 32
3.4.1 Medida Direta por Espectrometria Gama 32
3.4.2 Contagem por cintilação liquida (CLS) 33
210
3.4.3 Medida indireta de indireta de Pb pela contagem beta do
bismuto 33
210 210
3.4.4 Medida indireta de Pb pela espectrometria alfa do Po 34
210
3.5 Modelos de Datação com Pb 34
3.5.1 Modelo CIC 36
3.5.2 Modelo CRS 39
3.6 Adsorção de metais em sedimentos 41
7
4 METODOLOGIA 44
4.1 Amostragem 44
4.2 Pré-digestão das Amostras de Sedimentação 47
4.3 Lixiviação do 210Pb com HBr - 0.5N 47
5 RESULTADOS 51
5.1 Geocronologia da Porção NE da Baía de Sepetiba 51
5.1.1 Modelo CIC 56
5.1.2 Modelo CRS 61
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 68
6.1 Principais eventos ambientais na Baía de Sepetiba e suas
influências sobre as taxas de sedimentação locais 68
6.2 Comparação entre os modelos CIC e CRS 72
7 CONCLUSÕES 76
8 BIBLIOGRAFIA 77
9 ANEXOS 83
9.1 Anexo 1: Descrição dos testemunhos 83
210
9.2 Anexo 2: Método de Lixiviação de Pb em excesso em sedimentos
com HBr-0,5N (Modificado) - 84
9.3 Anexo 3: Teores de Água e Porosidade nos sedimentos 88
210
9.4 Anexo 4: Atividade de Pb em excesso 92
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da área de estudo 18


Figura 2: Mapa de Distribuição do Diâmetro Médio dos Sedimentos na
Baía de Sepetiba 22
Figura 3: Sistema de Correntes e Marés 23
Figura 4: Série de Decaimento do 238U 29
Figura 5: Trajetória do Radioisótopo 210Pb Atmosférico 30
210
Figura 6: Esquema de Decaimento de Pb 31
Figura 7: Principais Parâmetros Utilizados nos Modelos Matemáticos de
Datação com 210Pb 35
Figura 8: Localização dos Testemunhos Amostrados na Baía de
Sepetiba 45
Figura 9: Corte Horizontal (Testemunho TBS-PI) 46
Figura 10: Fluxograma do Método de Lixiviação com HBr-0,5N 50
Figura 11: Perfil da Atividade de 210Pb em Excesso do Ponto TBS-PI 52
Figura 12: Perfil da Atividade de 210Pb em Excesso do Ponto TBS-PII.:... 53
Figura 13: Perfil da Atividade de 210Pb em Excesso do Ponto TBS-PIII.... 54
Figura 14: Perfil da Atividade de 210Pb em Excesso do Ponto TBS-PIV.... 55
210
Figura 15: Correlação entre o Logaritmo Natural da Atividade de Pb
em Excesso como Função da Profundidade - TBS-PI 57
210
Figura 16: Correlação entre o Logaritmo Natural da Atividade de Pb
em Excesso como Função da Profundidade - TBS-PIII 58
Figura 17: Perfil de Porosidade do Ponto TBS-PI 59
Figura 18: Perfil de Porosidade do Ponto TBS-PIII 60
Figura 19: Curva Geocronológica Segundo o Modelo CRS para o Ponto
TBS-PI 64
Figura 20: Curva Geocronológica Segundo o Modelo CRS para o Ponto
TBS-PIII 65
Figura 21: Taxas de Acumulação por Idade do Sedimento segundo o
Modelo CRS para o Ponto TBS-PI 66
Figura 22: Taxas de Acumulação por Idade do Sedimento segundo o
Modelo CRS para o Ponto TBS-PIII 67
Figura 23: Geocronologia do Ponto TBS-PI (CIC x CRS) 74
Figura 24: Geocronologia do Ponto TBS-PI (CIC x CRS) 75

10
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Localização dos pontos de coleta 44


Tabela 2: Principais dados geocronológicos do ponto TBS-PI 62
Tabela 3: Principais dados geocronológicos do ponto TBS-PIII 63
Tabela 4:Taxas de Sedimentação na Baía de Sepetiba e outras regiões
costeiras segundo compilação de BARCELLOS (1995) 71
Tabela 5: Teores de água e porosidade - ponto TBS-PI 88
Tabela 6: Teores de água e porosidade - ponto TBS-PII 89
Tabela 7: Teores de água e porosidade - ponto TBS-PIII 90
Tabela 8: Teores de água e porosidade - ponto TBS-PIV ; 91
Tabela 9: Atividade de 210Pb em excesso - ponto TBS - PI ^92
Tabela 10: Atividade de 21cPb em excesso - ponto TBS - Plll 93

11
RESUMO

O método de datação com o radioisótopo 210Pb, segundo dois


modelos (CIC e CRS) foi utilizado para determinar as taxas de
sedimentação da região nordeste da Baía de Sepetiba. Foi aplicado o
método de lixiviação de 210Pb com ácido diluído e posterior separação em
coluna de troca aniônica seguida da precipitação do Pb na forma de
PbCrO4. A atividade de 2I0Pb foi estimada pela contagem da emissão de
partículas S do produto do decaimento 210Bi. O método original foi
alterado, inserindo-se uma etapa de pré-digestão da amostra com o
objetivo de liberar parte do Pb trocável ligado à sulfetos. Foram
encontrados valores médios para taxas de sedimentação inferiores às
estimativas para a mesma obtidos por outros pesquisadores, utiljzando
outros métodos. A datação usando o modelo CRS registrou um máximo
para taxas de sedimentação a partir da década de 70, quando houve um
maior aporte de sedimentos para aquela região. Entre os modelos
utilizados para a obtenção das taxas de sedimentação, o modelo CRS,
demostrou ser mais aplicável, uma vez que integraliza os maiores
períodos e considera também as variações deposicionais ocorridas
durante os mesmos.

PALAVRAS-CHAVE: datação, Baía de Sepetiba, lixiviação, modelos de


datação (CIC e CRS), 210Pb.

12
ABSTRACT

210
Pb dating, using two modes of data analysis, CIC and CRS,
was used to determine sedimentation rates in the North East part of
Sepetiba Bay. 210Pb was leached from samples using dilute HBr and
subsequently separated onto anionic exchange columns, followed by re-
extraction and precipitation as PbCrO4 . The original method was
modified by the introduction of a pre-digestion step whose purpose was
to liberate the lead bound as sulphide. The sedimentation rates found,
0.68 - 0.98 cm.y * were moderate, compared to other authors' estimates.
Dating using the CRS model showed a maximum rate of sedimentation
in the period between 1954 and 1977, when the riverine input was
probably at its greatest. The CRS model appears to be more applicable
to the data, since it works over \ortger periods and allows for variations
in sedimentation rate.

GUIDE WORDS: Sedimentation rate, Sepetiba Bay, modes of data analysis


(CIC e CRS), 210Pb dating .

13
1 OBJETIVO DO TRABALHO

O presente trabalho é uma das etapas de um projeto intitulado "Estudos


Geoquimicos dos Processos de Poluição por Metais em Estuários, Baías e Mangues, no
caso: Baía de Sepetiba - RJ", e financiado pelo PADCT. Tem como objetivo básico dar
continuidade e aprofundar os trabalhos que vem sendo realizados pelo departamento de
Geoquímica da UFF (Universidade Federal Fluminense) desde 1984.

O objetivo principal deste trabalho é determinar, através da datação com


210
o radioisótopo Pb, as taxas de sedimentação na porção nordeste da Baía de
Sepetiba, envolvendo principalmente a desembocadura do canal de São Francisco e a
região próxima aos mangues entre o referido canal e a cidade de Sepetiba, por estarem
sofrendo as conseqüências do desenvolvimento daquela área.

Como objetivo secundário, fazer uma comparação entre os modelos


matemáticos atualmente utilizados para a datação (CIC e CRS) de sedimentos,
procurando definir o que melhor reflete o histórico das taxas de sedimentação na região.

14
2 INTRODUÇÃO

Pela sua própria morfologia, os estuários e baías são ideais para o


desenvolvimento de Indústrias e complexos portuários. Como conseqüência, as
terras em volta freqüentemente apresentam uma alta concentração populacional.

Nas últimas décadas, a Baía de Sepetiba vem apresentando um


desenvolvimento industrial significativo, com a implantação dos distritos industriais de
Itaguaí e Santa Cruz (FONSECA et. ai., 1978). Este fato vem provocando alterações nas
características naturais da baía.

O conhecimento das taxas de sedimentação e erosão de bacias é de


grande importância na avaliação do efeito antropogênico em relação aos processos
diagenéticos naturais (ROBBINS & EDGINGTON, 1975) e também para fins de
planejamento e gestão ambiental. A geocronologia de sedimentos tem sido bastante
aplicada, com o objetivo de estudar processos limnológicos em lagos e suas bacias de
drenagem, os quais constituem sistemas apropriados para avaliar o impacto antrópico
sobre o meio ambiente (DURHAM & JOSHI, 1980). Sedimentos destes ambientes
aquáticos vem sendo utilizados intensivamente em estudos de poluição, como
indicadores da presença de metais pesados. Além disso, a análise de perfis de
concentração de metais pesados, permitem o levantamento histórico da poluição de
uma determinada bacia hidrográfica. (EDGINGTON & ROBBINS, 1976). Para esta
finalidade, é necessário relacionar a profundidade da camada de sedimentos com a
idade da mesma. Um dos métodos mais utilizados para a determinação geocronológica
da história recente da sedimentação em lagos e baías é a análise da distribuição vertical
de perfis de 210Pb, a qual é baseado no decaimento deste radioisótopo natural presente
nos sedimentos (SIMÕES FILHO, 1993).

15
Introdução 16

No Hemisfério Norte, a concentração máxima do isótopo radioativo


137
artificial Cs, pode também ser usada para determinar taxas de sedimentação
recentes, pois é conhecido a existência de um pico de concentração no ano de 1964,
durante o qual houve o maior número de testes bélicos já realizados no planeta.
Entretanto, como os mesmos foram realizados quase que exclusivamente no Hemisfério
Norte, tal técnica não é muito utilizada no Hemisfério Sul.

210
A aplicação geocronológica do Pb em excesso em estudos
geocronológicos foi ilustrada primeiramente por GOLDBERG, seguindo-se o de
210 210
KRISHNASWAMY et. ai. ( JOSHI & SHUKLA, 1991). O Pb em excesso (o Pb
total menos aquele suportado pelo ^ R a ) é produzido na atmosfera pelo decaimento do
222 236
Rn, membro da série de decaimento do U, e alcança a hidrosfera a taxas
aproximadamente constantes. Estes radionuclídeos chegam as áreas costeiras através
de rios, precipitação atmosférica e decaimento "in situ" de 226Ra. Esses traços em geral,
podem ser usados para caracterizar processos ocorridos dentro de uma escala de
tempo de 5 meia-vidas, ou seja, 100 anos como é o caso específico do 210Pb (meia-vida:
22,26 anos).

2.1 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO

A Baia de Sepetiba localiza-se no sudeste brasileiro, ao sul do Estado do


Rio de Janeiro (a 30 km a oeste da cidade do Rio de Janeiro), entre os paralelos 22° 54'
06" e 23° 04" 18" da latitude e os meridianos 43° 331 42" e 44° 02' 30" de longitude
(Figura 1) (PORTOBRÁS-INPH1 apud LACERDA, 1983).

A Baia de Sepetiba compreende um corpo de água salgada (de


salinidade entre 10,0 à 35,5 %«), relativamente confinada, de área total de cerca de 519
Km2. Possui um perímetro total de aproximadamente 128 km, maior comprimento de 43
km (E - O) e maior largura de 17 km (N - S). É limitada ao norte e leste pelo continente,
ao sul pela restinga da Marambaia e a oeste por um da cordão de ilhas que se estende
desde as proximidades da ponta da Pompeba até a Ilha Madeira. A imensa restinga que
vai da Ponta da Guaratiba ao Morro da Marambaia, formando a baía, tem cerca de 40
Introdução 17

km de comprimento, chega a distar 18 km do bordo continental e possui altitudes de


poucos metros acima do nivel do mar (NOGUEIRA JR, 1982).

A Baia de Sepetiba apresenta profundidades menores e baixas


declividades no setor leste, que corresponde ao fundo da baia (Figura 1). Na sua porção
central, a baía possui uma depressão alongada com profundidades que atingem 8
metros, no setor oeste apresenta três canais: o primeiro na entrada da Baia a sul da
Ilha Guaíba, com máximo de 31 metros de profundidade; o segundo e principal, entre a
Ilha de Itacuruçá e a Ilha de Jaguanum, utilizado como canal de acesso ao Porto de
Sepetiba, possui profundidade máxima de 24 metros; e o terceiro, entre a Ilha de
Itacuruçá e o continente, atinge 5 metros de profundidade. Cabe ressaltar que entre as
ilhas ocorrem depressões isoladas de até 47 metros de profundidade (BORGES, 1990).

Diversas cidades margeiam a Baía de Sepetiba dentre elas Sepetiba e


Barra de Guaratiba, que está no extremo leste da restinga. Pedra de Guaratiba e
Itacuruçá localizadas ás margens da baía. O acesso a área é feito pela BR-110 que liga
o Rio de Janeiro a Santos.

1
PORTOBRÁS-INPH, 1977. Relatório de Estudos Hidráulicos na Baía de Sepetiba. I. Empr. Portos do
Brasil., S.A., Inst. Pesq. Hidroviárias, Rio de Janeiro.
j E5T DO RIO DE JANEIRO I

esc grú fico

Mangaratiba

OCEANO ATLÂNTICO

Figura 1: Localização da Área de Estudo


Introdução 19

Na porção NE da baía deságuam vários rios e canais artificiais de


drenagem, sendo os mais importantes os Rios Itaguaí e Guandu e o Canal de São
Francisco. Na extremidade leste a restinga é separada do continente por um canal
estreito em cuja extremidade se encontra um pequeno delta.

Alguns fatos ocorridos nas últimas décadas têm refletido em toda a costa
nordeste da Baía de Sepetiba, e o conhecimento destes é de fundamental importância
para a compreensão da evolução das taxas de sedimentação ocorridas naquele local.
Tais fatores são descritos a seguir:

a. A construção do sistema de abastecimento de água do Guandu, com a


transposição de parte das águas do Rio Paraíba do Sul (160 m3.s~1) que são desviados
na barragem de Santa Cecília para geração de energia (Sistema Light), indo depois
atingir o Ribeirão das Lages, que é o principal formador do rio Guandu (FEEMA, 1987).
Essas águas passaram a desaguar no canal de São Francisco, hoje este rio é
responsável pelo aporte de 86% da água doce para a baía, além de grande parte dos
sedimentos de origem continental (RODRIGUES, 1990).

b. A implantação do terminal portuário da Portobrás na Ilha da Madeira,


dedicado à exportação e importação de carvão, minério de ferro, alumina e produtos
siderúrgicos (PORTOBRÁS1 apud BARCELLOS NETO, 1991). Esta obra diminuiu a
largura da embocadura do Saco do Engenho e modificou a circulação das águas e o
transporte de sedimentos na região.

c. A instalação da indústria metalúrgica Ingá, produtora de Zn e Cd, entre


o Saco do Engenho e a encosta leste da Ilha da Madeira. Parte dos rejeitos sólidos
gerados pelo processo produtivo passou a contribuir para o assoreamento do Saco do
Engenho além de efluentes líquidos e a lixiviação de sólidos que resultam na poluição
da Baía de Sepetiba com Zn e Cd.

d. A expansão das atividades agrícolas no município de Itaguaí,


predominantemente por culturas de arroz, banana e tomate (IFIAS, 1988). A ocupação
das encostas, principalmente pela cultura da banana, a construção da rodovia Rio-

1
PORTOBRÁS, 1979. Empresa de Portos do Brasil S. A., Relatório dos Estudos Hidráulicos na Baía de
Sepetiba executados pelo INPH entre 8/1974 a 12/1975. vol. I, 51 pp. Rio de Janeiro.
Introdução 20

Santos (Br-101) e o desmatamento de áreas florestais de mata atlântica intensificaram a


erosão do solo e propiciaram a introdução de sedimentos, principalmente nas fozes dos
rios Itaguaí, Cação e da Guarda, que drenam a maior parte da área do município.

e. A execução de obras de drenagem e retificação de canais (e.g. Rio


Cação) e cortes nas encostas para facilitar a ocupação da região de baixada
(BARCELLOS, op. at.).

f. A dragagem de canais de navegação para permitir a passagem de


embarcações de grande calado em direção aos terminais portuários da NUCLEP, Saco
de Coroa Grande, e da Portobrás, na Ilha da Madeira, que alteraram as condições
hidrodinâmicas e sedimentológicas da região.

A análise desses fatos nos leva a crer que a costa nordeste da Baía de
Sepetiba é uma área de intensa deposição de sedimentos, isso é o que este trabalho
210
pretende confirmar através da datação com Pb. Os métodos disponíveis para
determinar taxas de sedimentação e sua aplicação à Baía de Sepetiba estão discutidos
na seção 3.2.

2.2 SEDIMENTOLOGIA

O padrão de distribuição da granulometria dos sedimentos recentes na


Baía de Sepetiba (Figura 2) foi estudado detalhadamente por PONÇANO ei ai. (1976) e
permite identificar três tipos básicos de sedimentos: fluviais, de canal de maré e de
mangue. Os sedimentos fluviais dispõe-se em corpos lenticulares, que devem
representar seções de canais, com gradação de sedimentos mais grosseiros (seixos) na
base, para mais finos no topo. O ambiente fluvial é representado também por corpos de
sedimentos mais sílticos e argilosos, típicos de planície de inundação. Os depósitos de
mangue são representados pelos sedimentos argilosos e arenosos com freqüentes
inclusões de restos de vegetais e lentes arenosas. São interpretados como depósitos de
preenchimento de canais de maré (NOGUEIRA JR., op. cit.). Os sedimentos de fundo
são em sua maioria de origem oceânica, que chegam à baía por três vias principais. A
primeira e mais importante, é proveniente da baía da Ilha Grande, e atinge a baia pelo
canal principal entre as ilhas Jaguanum e Itacuruçá. A segunda em ordem de
Introdução 21

importância chega ao oceano pelo canal entre a Ilha Grande e a extremidade da


restinga da Marambaia. Finalmente tem-se uma terceira fonte que atinge a baía através
do canal de Guaratiba (PONÇANO op. c/f.)- A contribuição fluvial é atualmente restrita à
parte nordeste da baía entre o rio Itaguaí e a cidade de Sepetiba (LACERDA, op. cit).

Segundo LACERDA op. cit., os sedimentos da Baía de Sepetiba tem em


sua maioria diâmetro médio de classe silte; as argilas ficando restritas às áreas de
influência fluvial, enquanto que os principais canais da baía apresentam sedimentos
arenosos. O padrão predominante de transporte de sedimentos de fundo acompanha a
distribuição de correntes, sendo portanto, definido pela batimetria e pelo fluxo de marés.

2. 3 SISTEMA PE CORRENTES E DE MARÉS

O sistema de correntes existente na baía de Sepetiba é apresentado na


Figura 3.

PONÇANO et ai. {op. cit.) indicam por ordem crescente de importância, as


seguintes áreas de entrada de correntes na Baía de Sepetiba: Barra de Guaratiba; área
entre a ilha Grande e o morro da Marambaia e a Baía da Ilha Grande.

Segundo BRONNIMANN, as águas que entram na Baía de Sepetiba


provém de correntes frias e densas do Sistema Malvinas, e após circundarem a laguna,
tornam-se quentes e saem pelo canal existente entre o morro da Marambaia e a Ilha
Jaguanum. Haveria um cruzamento de correntes de fundo com correntes superficiais
neste canal. Atribui-se a esta corrente grande parte da ação erosiva a que está
submetida a restinga da Marambaia. BRONNIMANN faz menção ainda à atuação de
correntes superficiais geradas pela ação dos ventos, que teriam a forma de "oito", assim
a ação das marés resulta basicamente na circulação das águas no sentido horário, e só
poderiam ser percebidos em mapas de distribuição de comunidades planctônicas
(NOGUEIRA JR., op. cit.).
= BAIA DE SEPETIBA^ _ = _

RESTINGA DA
MARAMBflIA

• S ILHA OA BARRA DE GUARAT1BA


MAR AM BA IA

o o (*^J o e o e o
o o V—"o o o « o
AREIA GROSSA
r q AREIA MÉDIA
^ AREIA FINA
SILTE
ARGILA

SENTIDO PREDOMINANTE OE
TRANSPORTE DE FUNDO Seg. PONCANO (1576)

Figura 2: Mapa de Distribuição do Diâmetro Médio dos Sedimentos


0 1 2 * 6 6 lOkin

HESTINSA DA IÍARAMBAIA

CORRENTE OCEÂNICA DE FUNDO, FRIA E ASCENDENTE CORRENTES SECUNDARIAS


CORRENTE DE CONTORNO MISTA ( SALGADA + DOCE) CORRENTES CENTRAIS EUPSOIDES

Stq. BRONNIMAN (1981

Figura 3: Sistema de Correntes e Marés to


Introdução 24

As correntes de enchente são de maior intensidade que as de vazante e o


sentido da movimentação do sedimento de fundo resulta para o interior da baía
(PORTOBRÁS1 apud PESTANA, 1989).

A maré apresenta uma amplitude média de sizígia da ordem de 110 cm e


amplitude média de quadradura de 30 cm. Observa-se uma ligeira defasagem de tempo
de cerca de 15 minutos, entre a maré, na entrada da baía e no seu interior (DHN2 apud
BORGES, 1990).

A maré de preamar penetra vários quilômetros acima da desembocadura


dos rios, diminuindo e invertendo a direção da corrente.

1
PORTOBRÁS (1979) Plano Diretor Portuário do Brasil - Parte A - Plano Diretor - Porto de Sepetiba. Rio
de Janeiro, p. 10 -32.
2
DHN, 1989. Tábuas das marés para o ano de 1990 - Costa do Brasil e Portos Estrangeiros. Marinha do
Brasil, Diretoria de Hidrografia e Navegação, 225p.
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

3.1 DETERMINAÇÃO DAS TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO

A determinação das taxas de sedimentação em ambientes lacustres tem


sido largamente utilizada para avaliar o histórico dos processos geoquímicos e a
evolução das atividades antropogênicas em bacias hidrográficas.

Vários métodos tem sido usados para determinar taxas de sedimentação


e acumulação de sedimentos, dos quais destacam-se os seguintes:

i) Experimentos com armadilhas de sedimentos. Estes têm


desvantagem de medir sedimentos que podem ser ressuspensos. Segundo BARCELOS
(1995) uma partícula é remobilizada dos sedimentos de fundo cerca de dez vezes antes
de seu "enterramento" no leito da Bata de Sepetiba;

ii) Comparação de Mapas Batimétricos: é um método bastante


empregado, mas tende a superestimar as taxas de sedimentação recentes na Baia de
Sepetiba, uma vez que considera uma média ao longo de várias décadas em que
ocorreram severos impactos sobre a bacia de drenagem. Este método foi utilizado na
Baía de Sepetiba por BORGES (1990);

iii) Determinação da taxa de sedimentação utilizando-se datação


210
com Pb: tem-se mostrado eficiente para mostrar o histórico dos últimos cem anos
passados. O método de 210Pb foi escolhido para desenvolver este trabalho e vem sido
discutido ao longo do mesmo. Existem dois modelos matemáticos possíveis para a
interpretação dos perfis de sedimentos: o primeiro é o CIC (Constant Initial
Concentration), assume que a concentração inicial de 210Pb em excesso é constante ao

25
Fundamentos Teóricos 26

longo do perfil, e o segundo modelo CRS (Constant Rate of Supply) o qual se baseia na
210
suposição de que o fluxo de Pb em excesso para o sedimento, em sistemas
fechados, é constante pelo menos nos últimos 200 anos (JOSHI & SHUKLA, op. c/f.).

3.2 PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DO CHUMBO

O chumbo está situado no Grupo IV da tabela periódica, pertencendo ao


grupo do carbono, silício, germânio e estanho. O chumbo embora seja relativamente
raro (sua abundância na crosta terrestre é de 16 ppm), ocorre mais ou menos
concentrado em minérios, o que facilita sua obtenção.

O chumbo é encontrado como galena (PbS). O PbS pode ser aquecido ao


ar, para conversão em Pb, que é então reduzido por CO num alto forno, ou, o PbS é
oxidado parcialmente ao ar, sofrendo a mistura resultante uma auto-redução em
ausência de ar por aquecimento, como descrito na reação abaixo.

.2J m+mo'S^r 3?b+SO2


roar ausenaadear

Os elementos do Grupo IV têm estados de oxidação +2 e +4, com


exceção do carbono que possui apenas estado de oxidação +4. No chumbo o estado de
oxidação predominante é +2 (Pb2* é iônico, estável e mais comum que o Pb4*, que é
oxidante).

Conhecem-se todos os tetrahaletos de Pb, exceto o Pbl4, provavelmente


por causa do poder oxidante do Pb4* e do poder redutor do I, o que leve sempre a
formação do composto divalente. O PbF4 é um composto iônico e com alto ponto de
fusão. Os haletos de Pb2* (PbBr2, PbF2l Pbb e PbCI2) se dissolvem em excesso de
haleto formando complexos como [PbCI3]' e [PbBr4]2".

Na presença de excesso de ácido, o número de coordenação dos haletos


com formação de ions complexos tais como: [PbF 6 ] 2 \
de Pb passa de quatro para seis, con
[PbCy2*, [PbCItf, [PbBr6r e [PbBr6]2".
Fundamentos Teóricos 27

O íon de chumbo (+2), chamado algumas vezes de plumboso, precipita


na forma de vários sais insolúveis, incluindo PbCI2, PbS, PbSO4l PbCrO4 e PbCO3. A
baixa solubilidade do chumbo em sistemas aquáticos naturais, onde o chumbo pode
ocorrer como PbSO4 em sedimentos, ou possivelmente como PbCI2 em sedimentos
marinhos ou ainda como PbS em sedimentos anóxidos onde existe H2S. O chumbo
metálico é de cor cinza, macio, denso e com baixo ponto de fusão (328°C). Esse metal
pode ser facilmente dissolvido em ácido nítrico.

Os métodos de separação mais adequados do chumbo (+2), de matrizes


complexas são: cromatografia de troca iônica, precipitação e extração por solvente.

3-3 DATAÇÃO COM 210Pb EM EXCESSO

Nas últimas décadas tem-se observado um grande número de trabalhos


relacionados com o impacto do homem sobre o meio ambiente, dentre os quais, os
estudos sobre a hidrogeoquímica de particulados em planícies costeiras utilizando a
datação com radioisótopos como ferramenta para análise dos processos diagenéticos
recentes tem recebido bastante atenção. A datação de solos e sedimentos baseada na
determinação da atividade do 210Pb em excesso, revelou-se uma técnica poderosa para
avaliar a geocronologia dos depósitos e os processos de formação e sedimentação
recente de material particulado. KRISHNASWAMY et ai. (1971) avaliaram o uso de
210 137 S5 32
Pb, Cs, Fe e Si para a datação de sedimentos de lagos estimando taxas de
sedimentação recentes. Esse crescente uso teve lugar devido ao notável avanço
tecnológico que tem permitido o aperfeiçoamento de detetores proporcionais,
espectrometros de massa e de cintilação líquida, adequados a contagem de diferentes
tipos de isótopos radioativos em baixos níveis de concentração (PACER, 1983).

210
O radioisótopo Pb com meia-vida de 22,26 anos é um radionuclídeo
238 226
natural originado da série de decaimento do U (Figura 4), o qual segue o Ra. O
radioisótopo ^ R a (meia-vida 1622 anos) decai para produzir o gás inerte ^ R n (meia-
vida 3,83 dias) seguindo uma série de nuclídeos com meias-vidas curtas, até produzir o
210 222 226
Pb. Uma fração de átomos de Rn formado pelo decaimento do Ra no solo
210
escapa para atmosfera onde decai para o Pb, o qual atinge a superfície dos solos,
210
lagos e oceanos pelo "fallout" atmosférico. 0 Pb que atinge a superfície dos lagos é
Fundamentos Teóricos 28

rapidamente adsorvido pelo material particulado fino (< 0,45 pm), indo depositar-se no
fundo dos lagos ou oceanos (Figura 5).

Os sedimentos desses corpos d'agua constituem-se numa superfície de


soterramento para particulados orgânicos e inorgânicos. Desde que exista sempre uma
interação entre hidrosfera e atmosfera, a grande maioria dos elementos traço, tanto
radioativos como estáveis, são introduzidos nos sedimentos, através de escoamento
superficial e "fallout" atmosférico (SIMÕES FILHO, op. cit.).

MATSUMOTO (1975), JOSHI & Kl) (1979), JOSHI et. a/. (1988),
ROBBINS & EDGINGTON (1975), DURHAM & JOSHI (1980), von DAMM ef. ai. (1979),
210
entre outros autores utilizaram o Pb em excesso (210Pb derivado da precipitação
atmosférica) para datação de sedimentos de lagos e constataram ser esta medida de
grande utilidade na determinação do impacto do homem sobre o meio ambiente,
fornecendo informação sobre as taxas de acumulação dos sedimentos, e como
conseqüência dados sobre os poluentes industriais e domésticos que se fixam neles.
210
Devido a meia vida do Pb ser de magnitude conveniente, a atividade deste exibe um
decréscimo com a profundidade dentro da coluna do sedimento e o gradiente deste
decréscimo fornece informações sobre as taxas de sedimentação. Sendo assim o 210Pb
um excelente traçador para tal fim.
Fundamentos Teóricos 29

Figura 4: Série de decaimento do 238U ( { decaimento alfa - / decaimento beta)


222 D _ 2!4 DK 2!0 P h

FIGURA 5: Trajetória do Radioisótopo Z7üPb Atmosférico


Fundamentos Teóricos 31

Neste ponto é necessário que se entenda o caminho do decaimento do


210
Pb: este decai para o 21cBi por emissão de partículas fi- com um máximo de energia
(61 KeV) em apenas 19% e com menor energia (15 KeV) na sua maior parte de 81 %,
da qual há um decaimento de 4% em emissão de raios gama com 46,5 KeV. O filho
210 210
Bi, apresenta uma energia bem superior (1161 KeV) que o seu antecessor Pb,
decaindo exclusivamente pela emissão de partidas fi- para o 210Po. Este, que é o neto
210
de Pb, decai por emissão de partículas a (5305 KeV) para um isótopo estável do
chumbo, o 206Pb.

210
O esquema de decaimento do Pb (extraído de PACER, 1983), é
apresentado na Figura abaixo.

210
ur
Po
(138,4 dias)

B" 1161 KeV


y 46,5 KeV (4%) a 5305 KeV
210
Bi
(5,01 dias)
yoy
£,' 15 KeV (81%)

J
206r
D
Pb
(estável)
210,
Pb
(22,26 anos)
J
210r
Figura 6: Esquema de Decaimento do Pb. Segundo PACER, 1993

Ao separar o 210Pb em excesso dos sedimentos, estão presentes também


quantidades de 210Bi e 210Po não necessariamente em equilíbrio radioativo secular com o
chumbo. O equilíbrio secular radioativo representa o crescimento dos filhos ou netos de
um radionuclídeo até um valor máximo constante, devido a taxa de decaimento deste
ser constante para o período de observação considerado (CHOPIN, 1964).
Fundamentos Teóricos 32

3.4 MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE 210Pb EM SEDIMENTOS

A medida da atividade de 210Pb em sedimentos é feita através de métodos


radioquímicos, dos quais os mais freqüentemente usados são:

i) Medida espectrométríca direta de 210Pb através de energia y;

ii) Contagem por Cintilação Líquida (LSC);

iii) Medida indireta de 210Pb pela contagem beta do 210Bi;

iv) Medida indireta de 210Pb pela espectrometria alfa do 210Po.

3.4.1 MEDIDA DIRETA POR ESPECTROMETRIA GAMA

210
O método direto de contagem do Pb é feito via emissão de partículas
gama (Emáx = 46,5 KeV). A vantagem deste método é que não se faz necessário a
abertura ou digestão das amostras para realização das medidas, sendo determinadas
as concentrações de 210Pb diretamente de cada amostra de sedimento.

210 210
Historicamente, interferências de emissões de Bi e Po tem
210
complicado a radioanálise direta de Pb por detetores proporcionais "gas-iontzation"
(BLAIS & MARSHALL, 1988). Outra dificuldade encontrada é a ocorrência da auto-
absorção da radiação pela própria amostra, que deve ser devidamente corrigida
(WANDERLEY, 1995).

Superando-se essas dificuldades, a medida direta de radiações gama do


210 214
Pb e do ^ R a (estimado pelo Pb) é eficiente para o cálculo de datação de
sedimentos (APPLEBY ei. a/., 1986).
Fundamentos Teóricos 33

3.4.2 CONTAGEM POR CINTILAÇÃO LÍQUIDA (CLS)

Consiste em uma medida da atividade de 210Pb através da contagem por


Cintilação Liquida sendo uma medida direta da região de baixa energia do espectro do
210
Pb, a qual tem se mostrado eficiente na determinação de 210Pb em sedimentos.

A determinação direta de 210Pb por Cintilação Líquida foi demonstrada por


FAIRMAN & SEDLET (1968), que observaram dois picos de resolução bem definidos
(210Pb e 210
Po) com superposição de um outro elétron de alta energia contínua do
espectro do 210Bi. O pico de baixa energia é resultado da conversão de elétrons, raios-y
210
e partículas e> do decaimento do Pb, que estão posicionados na região de baixa
energia do espectro do 210Bi (BLAIS & MARSHALL, op. cit).

A contagem do 210Pb é possível devido ao fato de que 8 1 % da emissão JÍ


ter um máximo de energia de apenas 15 KeV.

Esse método exige apenas uma lixtviação seletiva da amostra para


210,
separar o Pb em excesso, daquele suportado pela matriz dos sedimentos.

3.4.3 MEDIDA INDIRETA DE 210Pb PELA CONTAGEM BETA DO BISMUTO

210 210
O método de medida de Pb via Bi requer manipulações químicas
para eliminar interferentes, entre as quais são incluídas lixiviação com ácidos diluídos e
posterior separação em coluna de troca aniônica, seguida da precipitação do Pb como
PbSO4 ou PbCrCv A fração do chumbo separada é guardada por um período de um
mês até que se obtenha o equilíbrio secular entre 210Bi e 210Pb (CASELLA ef. a/., 1981).

A atividade de 2tQPb é estimada pela contagem da emissão B (Emáx =1,17


MeV) do 210Bi (meia vida 5,01 dias), na fração separada do chumbo (JOSHI, 1989). Este
210
foi o método utilizado neste trabalho para determinar a atividade do Pb nos
sedimentos da Baía de Sepetiba.
Fundamentos Teóricos 34

3.4.4 MEDIDA INDIRETA DE Zi0Pb PELA ESPECTROMETRIA


ALFADO210Po

210
A medida indireta de Pb pela espectrometria de emissão a (Emàx = 5,3
210
MeV) do Po (meia vida 138 dias) tem sido o método mais usado para determinar a
atividade de 210Pb em sedimentos, em função da deposição espontânea do polônio em
prata ou cobre seguindo uma extração simples com ácido clorídrico (JOSHI, op. cit.;
FLYNN, 1968). A partir das atividades do 210Po, considera-se que as atividades do 210Pb
são as mesmas, desde que ambos estejam em equilíbrio secular.

A atividade do 210Po é determinada com o auxílio de um traçador isotópico


208
Po. As emissões das partículas a do 208Po (E = 5,11 MeV) e do 210Po (E = 5,30 MeV)
são medidas usando um detetor de barreira de superfície convencional (MURCHIE,
1985).

Apesar de ser largamente utilizado (FLYNN, op. cit.; PACER op. cit.;
ROBBINS & EDGINGTON, 1975; BENNINGER, 1978; CRUSIUS & ANDERSON, 1991),
este método apresenta desvantagens tais como longo tempo de espera desde a
21o 210
separação até que seja alcançado o equilíbrio secular entre o Po e o Pb e
interferências de oxidantes, matéria orgânica e elementos que também se depositam na
prata.

3 5 MODELOS DE DATAÇÃO COM 210Pb EM EXCESSO

210
A interpretação dos perfis Pb pode ser feita usando dois modelos de
datação básicos apresentados na literatura (SHUKLA & JOSHI, 1989; APPLEBY &
OLDIFIELD, 1978, 1983; MATSUMOTO, 1975; JOSHI & SHUKLA, 1991). O primeiro
modelo CIC (Constant Initial Concentration) assume que a concentração inicial de 210Pb
em excesso para o sedimento é constante e o segundo modelo CRS (Constant Rate
210
Supply) assume que a taxa de fornecimento de Pb em excesso para o sedimento é
constante; os dados são considerados da atividade diferencial (C(t), Bq.g"1) e em termos
da atividade integrada (A(t), Bq.cm"2) para os modelos CIC e CRS respectivamente.
210
Ambos os modelos assumem que o fluxo de Pb (P, Bq.cm"2.ano"1) na interface
Fundamentos Teóricos 35

sedimento/água é constante. É importante ressaltar que somente o modelo CRS


considera as variações nas taxas de sedimentação ao longo do perfil, pois o modelo CIC
assume taxas constantes para todo o perfil. Para o ajuste dos dois modelos, o método
de regressão linear de mínimos quadrados tem demonstrado ser o melhor procedimento
estatístico (SHUKLA & JOSHI, 1989).

A Figura 7 escreve os principais parâmetros utilizados em ambos os


modelos de datação para a determinação da taxa de sedimentação e da idade do
sedimento. Os quais são:

210
C(0) = atividade de Pb em excesso por grama de sedimento seco na
interface sedimento-água
210
C(x) = atividade de Pb por grama de sedimento seco da profundidade
x (cm)

A(0) = atividade integral total de 210Pb em excesso abaixo da superfície do


sedimento (Bq/cm2)

A(x) = atividade residual de 210Pb em excesso até a profundidade


x(Bq/kg)

Interface Sediemeato-Agua
r> /.,\ , - - - - --- -=- -——~-*-

:
. tov.'-.í;'-7•••'••••

;
v . . f •••':•'•• p > ' .

Cíxí .,i
•<
'' (V.".'9 '•:•>•: :>-P

3
<
iii:
^ <•::'•• • ? • . . • : • • • • * • & : ,

Figura 7: Principais Parâmetros utilizados nos modelos


de datação com 210Pb
Fundamentos Teóricos 36

3.5.1 MODELO CÍC

Como foi mencionado anteriormente, o modelo CIC assume que as taxas


de sedimentação são aproximadamente constantes para os últimos 100 anos, período
210
que representa a faixa de sensibilidade média de datação do Pb em sedimentos. As
taxas de períodos geológicos recentes, não são muito diferentes das observadas em
épocas passadas, muito embora admitam-se que possam haver modificações locais
devido a alterações antropogênicas no uso do solo (ROBBINS & EDGINGTON, op. cit).
Este modelo necessita ainda de correções para o efeito de compactação, sendo que
dependendo da porosidade e do conteúdo orgânico dos sedimentos, esta pode ser de
grande importância, normalmente contribuindo para aumentar as taxas de sedimentação
inicialmente observadas (SIMÕES FILHO op. cit.).

A compactação se deve ao fato de que os espaços porosos são


continuamente modificados durante tempos geológicos, tanto em seus tamanhos como
em suas formas, pela pressão devida ao soterramento por sedimentos mais novos e por
processos diagenéticos (SUGUIO, op. cit).

Os perfis para o modelo CIC relacionam o logaritmo natural (In) da


atividade do 210Pb contra a profundidade, segundo a equação do decaimento radioativo:

210
Onde, Ç(x) é a atividade do Pb por grama de sedimento seco em
função da profundidade x (cm), C(0) representa esta atividade na interface
sedimento/água e X é a constante de decaimento radioativo do 210Pb (0,0311/ano).

Considerando-se que a taxa ou velocidade de sedimentação é uma


constante (S), durante um tempo t (anos), tem-se que:

S = x/t (cm/ano) (2)

t = x/S
Fundamentos Teóricos 37

Substituindo-se t na equação (1), têm-se:

' ; 0)

e colocando-se os dois lados da equação (3) em Iogaritmos:

lnC(x) = lnC(0) - Ax IS; (4)

define-se então uma reta de melhor ajuste, segundo a equação:

\nY=ax+b; (5)

onde o coeficiente linear V é igual ao logaritmo natural de C(0), x é a profundidade


(cm), F é a atividade do 210Pb (Bq/Kg) e o coeficiente angular "a", da equação (5) é dado
por:

calcula-se assim, S (cm/ano) a uma profundidade x .

Considerando-se que em perfis lineares com velocidade de sedimentação


constante, S(x) = S(Q), tem-se que:

\-6(0)]. Ôsál (6)

onde W é a taxa de acumulação total de sedimento seco (mg/cm2.ano) e 9(0) é a


porosidade da camada na interface sedimento/água e Ôsói é a densidade de sólido seco
que vem sendo sedimentado (g/cm3).

Para realizar a correção da compactação (caso seja necessário) faz-se


uma curva de melhor ajuste da porosidade contra a profundidade, usando-se a equação
abaixo:

calculando-se pela inclinação da curva, a constante p da variação de porosidade.


Procede-se então à substituição de x por f(x), a qual representa uma função da
porosidade, sendo:
Fundamentos Teóricos 38

A idade de cada camada em anos é determinada pela simples razão


entre a profundidade da mesma e a velocidade de sedimentação.

Para considerar a possível influência da mistura de sedimentos no perfil,


deve-se utilizar a seguinte equação, segundo JOSHI, SHUKLA & BOBBA, 1992;
SIMÕES FILHO.1993:

C(x)= C(Q)EXP[(-X/k)u2*x] (9)

onde k é o coeficiente de mistura ou difusão (cm2/ano), dada pelo coeficiente angular da


regressão linear expressa na equação (9). Utilizando-se então a equação abaixo,
determina-se C'(0), a partir da constante linear da mesma, reproduzida a seguir:

onde

S-(s2+4kÃ)y2

Finalmente, calculando-se os valores de C(x) para as diferentes


profundidades e substituindo C(0) na equação inicial, é possível determinar a idade í
para uma dada profundidade x.

(12)

Esta é a idade corrigida do processo difusivo de mistura de partículas


sedimentares, quando S * 0, K * 0 e assumindo que a distribuição da mistura é
constante ao longo do perfil.

210
O fluxo de Pb em excesso (Pcic) na interface sedimento/água é
estimado para este modelo, a partir da equação abaixo reproduzida:

2
Pac = C(O).S.Ôsól.(\-0Q) (B q/cm .ano) (13)
Fundamentos Teóricos 39

3.5.2 MODELO CRS

O modelo CRS (Constant Rate Supply) considera que existem variações


significativas nas taxas de sedimentação de qualquer perfil de sedimento que não
podem ser explicadas por fenômenos de bioturbação ou mistura física de sedimentos
(APPLEBY et. ai, op. c/f.). Na maioria dos casos é claro que as taxas de erosão e
sedimentação têm variado durante os últimos 150 anos, assim o perfil de 210Pb esperado
é não-linear. Na literatura, muitos autores têm observado este tipo de perfil. Esse
modelo é baseado em duas premissas:

210
1. Pb em excesso é fornecido para a superfície do sedimento à uma
taxa constante;

2. O decaimento do 210Pb é constante, uma vez que é depositado, isto é


devido a pequena mobilidade pós-deposiciona! do Pb.

210
Esse Pb depositado é chamado não suportado ou excesso para
210
distinguir do Pb derivado I n situ" do decaimento do 226Ra (suportado). Quando estão
asseguradas estas premissas, a atividade integral de 210Pb não suportado, Ax jBq.crrf 2 )
a uma profundidade x(cm), varia de acordo com a equação:

A = A-e~M
210
Onde: Ao = atividade integral total de Pb em excesso abaixo da
superfície do sedimento (Bq.cm'2);

t = idade do sedimento à profundidade x.

Dessa forma, seguindo o modelo CRS, a idade t (anos) de uma seção do


perfil de profundidade x é dada por:

n
4*)
210
onde A(0) é a atividade integrada de Pb em excesso na coluna do sedimento
(Bq/cm2), A(x) é a atividade residual de 210
Pb em excesso (Bq/cm2) até a
profundidade x.
Fundamentos Teóricos 40

Para ajuste das equações realiza-se uma regressão linear da idade contra
a profundidade dos sedimentos do perfil, segundo a equação:

(15)

onde x é a idade (anos), V é a profundidade (cm) e a é a taxa de sedimentação média


(cm/ano). Estas taxas de sedimentação médias são consideradas apenas para grupos
de idade por camada que apresentem um coeficiente de regressão linear altamente
significativo (r2 > 99%), pois esse modelo tem como premissa a variação das taxas com
o tempo geológico.

Este modelo, além de dispensar a medição de perfis de porosidade, pois


faz uma correção automática do efeito de compactação, também permite conhecer as
taxas de acumulação específicas de cada camada de sedimento, relacionando a
cronologia de perfil com a sua sedimentação, de acordo com a proporção:

AÁBqlcm2)
W= \ {*X (g/cm2.ano) (16)

A mistura de sedimentos neste modelo, é introduzida a partir de uma


modificação da equação (14):

A(x)+Anix)

onde: Am=w.Qx) (Bq/cm2) (18)

Onde Am(x) é a atividade da mistura, restante a cada camada e w é a


soma do peso seco da zona de mistura no core (profundidade arbitrada), divida pela
área do core.

O fluxo de 210Pb em excesso (PCRS), neste modelo, é estimado a partir da


atividade integrada do mesmo, no perfil:

(Bq/cm2.ano) (19)
Fundamentos Teóricos 41

Na prática contudo, ambos os modelos raramente chegam a resultados


idênticos, principalmente em bacias hidrográficas muito perturbadas pela ação
antrópica. JOSHI & SHUKLA (1991), compararam a discrepância entre a datação pelos
dois modelos, formulando uma nova expressão, que relaciona a discrepância de idade a
210
partir do fluxo de Pb em excesso obtido pelos dois modelos, derivando resultados
mais consistentes. A equação da discrepância entre os modelos CIC e CRS é dada por:

=J*LN(PCIC/PCRS) (20)

Segundo SIMÕES FILHO, op. c/f., diferentemente de certos lagos, os


quais tem sido submetidos a condições hidrodinâmicas homogêneas durante seu
passado geológico recente, lagos perturbados tendem à aumentar as discrepâncias com
o aumento da profundidade no core. Isto é atribuído aos diferentes tratamentos
matemáticos dos dados analíticos, aplicados para os dois modelos. Entretanto, devido
ao fato de que a equação (20) ter sido originalmente formulada, a partir dos resultados
obtidos de um lago extremamente livre de perturbação e uniforme (lago McKay - JOSHI,
SHUKLA & BOBBA, 1992), existe a questão de que a mesma poderia introduzir à uma
uniformização indevida das discrepâncias.

Uma correção para a possível lixiviação da matriz é feita para os dois


210
modelos, determinando-se a fração de Pb residual proveniente do decaimento do
226 210
Ra, quando os valores das atividades de Pb no perfil mostram uma tendência a
estabilização após determinada profundidade. Desconta-se então a média destes
valores de 210Pb suportado, do resto do perfil. (MURCHIE, 1985)

3.6 ADSORÇÃO DE METAIS EM SEDIMENTOS

As partículas presentes na coluna d'agua formam, por colisão, agregados.


Estes agregados contêm metais que se incorporam aos sedimentos aumentando o fluxo
de sedimentação e reduzindo a concentração destas partículas na coluna d'agua. Os
sedimentos são portanto, compostos por várias fases com diferentes tipos de
associações de metais em cada uma delas. Segundo LACERDA (op. cit.), os
sedimentos podem ser divididos em duas fases, uma residual contendo material bem
Fundamentos Teóricos 42

cristalizado, sendo portanto não lábil; e outra não residual com uma composição
bastante lábil. Com o uso de extrações seqüenciais em sedimentos, pode-se obter
informações detalhadas sobre as origens, modos de ocorrência, disponibilidade
biológica e físico-química, mobilização e transporte de metais traço. Num estudo de
extração seqüencial feito por TESSIER (1979), constatou-se que as associações
químicas de metais no sedimento podem ser divididas em cinco fases, descritas a
seguir.

1 Fase Móvel: constituída por óxidos hidratados de ferro e


manganês e ácidos húmicos, onde há adsorsão de metais e o processo de adsorção -
desorsão ocorre por troca iônica.

2. Fase Oxidável ou de Matéria Orgânica: alguns metais podem


aparecer em várias formas na matéria orgânica. Podem estar em organismos, detritos,
capturados por partículas minerais, etc. A matéria orgânica pode ser degredada sob
condições oxidantes, solubilizando, então, os metais a ela associados. Durante o
processo químico de extração dos metais associados com a matéria orgânica (processo
de oxidação) os metais em forma de sulfetos também são solubilizados.

3. Fase de Carbonatos: nesta fase também encontrarji-se muitos


metais associados, e esta fração é suscetível a dissolução em pH baixos.

4. Fase Redutível ou Fase de óxidos de Ferro e Manganês: estes


óxidos cementam formando nódulos e uma grande quantidade de metais fica retido
nestes nódulos. Estes óxidos são instáveis em condições anóxidas (baixo Eh).

5. Fase Residual: consiste em minerais com estrutura cristalina


(ex.: alumino-silicatos) e pode haver metais presos nesta rede. Em geral esta fase não é
alterada sob condições normais, para haver liberação de metais é necessário fazer um
ataque químico forte.

O 210Pb em excesso, por sua origem atmosférica, não pode estar presente
na fase residual. Em ambientes anóxidos, o chumbo reage para formar o sulfeto de
chumbo (PbS), logo pode se encontrar na fase oxidável. Porém, a forma sólida na qual
o chumbo foi depositado, provavelmente, pode não ser esta, podendo estar como um
dos muitos compostos insolúveis do Pb, por exemplo: óxidos ou carbonatos, ou ainda
absorvidos em óxidos de ferro e manganês.
Fundamentos Teóricos 43

A extração, a ser utilizada para permitir a quantificação radiométrica, terá


que ievar em conta os aspectos acima mencionados.
4 METODOLOGIA

4.1 AMOSTRAGEM

Foram coletados perfis de sedimentos em pontos previamente


selecionados de acordo com o histórico das taxas de sedimentação apresentadas na
literatura, determinada através de outros métodos (p. ex. comparação de cartas
batimétricas). A localização dos pontos de amostragem está relacionada na Tabela 1 e
na Figura 8.

Tabela 1 - Localização dos pontos de coleta

AMOSTRA LATITUDE (graus LONGITUDE (graus DATA DA COLETA

TBS-PI 22°55'44,2" 43°47'36,7" 31/08/95

TBS-P11 22°55'31,8" 43°49'10,2" 31/08/95

TBS-PIII 22°57'12,2" 43°44'31,9" 19/10/95

TBS-PIV 22°58'27" 43°42'30" 27/04/96

OBS.: Para a localização dos pontos amostrados utilizou-se aparelho do tipo GPS
(Global Positioning System)

44
22°54-

43°48' 43°46 43°44* 43°42'

FIGURA 8: Localização dos Testemunhos Amostrados na Baía de Sepetiba


Metodologia 46

Foi utilizado em todos os pontos um testemunhador manual simples, ao


qual foi acoplado um tubo de PVC de 75 mm de diâmetro e 1,5 m de comprimento. Os
testemunhos obtidos possuíam comprimento entre 67 e 98 cm.

Os testemunhos foram coletados observando-se todos os cuidados para


não haver perda da sedimento-água, devido ao seu caráter extremamente fluido.

Após a retirada, os testemunhos foram levados imediatamente para o


laboratório onde procedeu-se a abertura dos mesmos, obedecendo a seguinte ordem:

a. Partiu-se o tubo de PVC ao meio no sentido horizontal (como mostra a


Figura 9 ) com o auxílio de uma serra elétrica manual tomando-se o cuidado de não
perturbar o sedimento;

Figura 9: Corte Horizontal Testemunho TBS-PI

b. Utilizando-se um fio de náilon de aproximadamente 40 cm, realizou-se


o corte do testemunho em duas metades, seguindo a linha de corte do tubo de PVC;

c. Procedeu-se a descrição dos testemunhos, levando-se em


consideração a cor, textura e presença/ausência de fragmentos de organismos vivos ou
vegetais, etc. (ver Anexo 1);
Metodologia 47

d. De uma das duas metades do core, retirou-se uma amostra, com o


auxílio de uma canaleta de alumínio de volume conhecido , para fazer a determinação
do teor de H2O (ver anexo 1) por secagem a 100°C em estufa até peso constante. Em
tempo, esta amostra foi fatiada em intervalos de 1 em 1 cm, correspondente as seções
amostrais, determinando-se o teor de H2O e a porosidade do perfil de sedimento os
quais estão apresentados no Anexo 3.

e. Fatiou-se cuidadosamente o testemunho em intervalos de 1 em 1 cm.


Essas sub-amostras foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente
identificados e guardados sob refrigeração à temperatura de aproximadamente 10°C.

As sub-amostras de sedimento foram peneiradas (fração < 200 mesh),


ainda úmidas, secas em estufa a 60 °C, masseradas e estocadas até o tratamento
químico (ver Anexo 2 e Figura 10).

4.2 PRÉ-DIGESTÃO DAS AMOSTRAS DE SEDIMENTOS

Em função do sedimento apresentar-se rico em matéria orgânica e


sulfetos (proximidade dos pontos de coleta â região de mangues e pontos de emissão
de esgotos domésticos), e sabendo-se que parte do Pb está associado à matéria
orgânica ou ligados à sulfetos na forma de PbS. Optou-se por uma pré-digestão das
amostras dos pontos TBS-PIH e TBS-PIV com HNO3 diluído e H2O2 - 30%, sob agitação
por 6 horas e aquecimento até a secura (ver Procedimento Analítico no Anexo 2 e
Fluxograma - Figura 9). Este procedimento não foi necessário para os sedimentos dos
pontos TBS-PI e TBS-PII, pois estes constituíam-se principalmente de material argiloso
de origem fluvial, produto de erosão.

4.3 LIXIVIACÃQ DO 210 Pb COM HBr - O.SN

Esse método é baseado na premissa de que, como já foi explicado na


seção 3.6, os metais presentes no sedimento podem estar presentes em duas frações:
Metodologia 48

uma fração ligada à rede cristalina (residual) e outra não ligada à rede cristalina (não-
residual).

210
Na ausência de grandes quantidades de H2S e matéria orgânica, o Pb
encontrado no sedimento está associado aos óxidos de Fe (III) e Mn (IV) e a dissolução
destes óxidos se dá através do emprego de agentes redutores, e neste sentido, o
cloridrato de hidroxilamina tem-se mostrado bastante eficaz (FLYNN, op. cit.; TESSIER
ei a/., 1979; SIMÕES FILHO et a/., 1993).

210
Pode-se então prever um método de lixiviação do Pb em excesso de
sedimentos utilizando-se HBr-0,5N, já que a liberação de um metal da fase não residual
210
- que é o caso do Pb em excesso ligado ao sedimento - é apenas função do pH
(BEINOIT & HEMOND* apud WANDERLEY, 1995, p. 38).

A separação de Pb de outros metais com trocadores aniõnicos é bastante


utilizada, pois este metal tem grande facilidade de formar complexos aniõnicos em meio
clorídrico ou bromídrico (logKBr = 1,65 e logKci = 1,10). No entanto devido à constante de
estabilidade relativamente baixa dos complexos de Pb formados com o íon cloreto,
utiliza-se grandes volumes de resina a fluxos baixos, a fim de minimizar a perda de
chumbo nas etapas de percolação e lavagem, o que torna o complexo formado com o
ion brometo [PbBr4] (maior estabilidade) mais adequado para a separação com
trocadores aniõnicos, possibilitando o uso de volumes menores de resina e fluxos mais
altos (WANDERLLEY, op. cit.).

Logo, pode-se seguir o método de lixiviação com a separação do chumbo


solubilizado, através de cromatografia em coluna com resina aniônica fortemente básica
em meio bromídrico, com adição de carreador Pb++ para obtenção de uma razão
210
Pb/Pb estável para cálculo de rendimento químico por amostra, e eluido com solução
de HNO3. Segue-se então a precipitação do chumbo na forma de cromato, em presença
de amônia, segundo a reação:

Pb2+ + CrO42' • PbCrO 4 |

O precipitado é filtrado, seco em estufa por 30 minutos à 80°C e em


seguida pesado para determinar o rendimento químico do método.

' BENOITT, G. & HEMOND, H. F. 1990. <l210Po and 210Pb remobilization from lake sediments in relation
to Iron and Manganese cycling." Environ. Sci. Technol., 24(8): 1224-1234.
Metodologia 49

O precipitado é estocado por 30 dias para que o 210Pb atinja o equilíbrio


210
secular com o filho Bi e só então é feita a contagem em dectetor proporcional de
baixo "background" (emissão & do 210Bi) para determinação da atividade do 210Pb. Essa
medida foi feita no Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN).

A atividade de 210Pb é dada por:

A 2 l o P b = 60. fvR.R
~Rq.E.M

Onde: Ra = taxa de contagem da amostra (cpm)


Ro = taxa de contagem do background (cpm)
fv - fração do volume da lixivia recuperada
8 = eficiência de contagem
M = massa da amostra
O método analítico descrito é ilustrado pelo fluxograma apresentado na
Figura 10 e o procedimento analítico está descrito no Anexo 2.
c Segmentação do
Testemunho
(1 em 1 cm)

I
H2O2 (30%) + HNO3 (O,
5V+ 3V = 16 mL
HBr-0,5N + Cloridrato
de Hidroxiiamina
(40mL + 0,5 g)

\
f Precipitação do
PbCrO4
l ^°> J
^
I

Í
Separação da Fração\

< 200 mesh I Agitação por 5h


Agitação por 24 horas
J
1
I
Secagem em Estufa i Centrifugacão
3.000 rpm
(30 min)
60°C por 48h
Placa quente a 98°C Determinação do
210
Pb por contagem

I
até a secura - - •
beta do ppt após
Filtração e adição de
30 dias
carreador Pb++

1 Masseragem
J Percolação da solução
I
I
descartar a solução em coluna com resina
aniônica

Pesagem de 2 g

de Sedimento Seco

J
Eluição do Pb com
HNO3 - 2M

Figura 10: Fluxograma do Método de Lixiviação do 210Pb com HBR - 0,5N


5 RESULTADOS

5.1 GEOCRONOLOGIA DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE SEPETIBA

Após o tratamento químico, as amostras foram levadas ao IRD (Instituto


de Radioproteção e Dosimetria), para contagem em detetor proporcionai de baixo
background. Os resultados estão apresentados nas Figuras 11, 12, 13 e 14 para os
pontos TBS-PI, TBS-PII, TBS-PIII e TBS-PIV respectivamente.

Para determinar as taxas de sedimentação foram utililizados os pontos


TBS-PI e TBS-PIII, em função dos demais não apresentarem um decréscimo regular da
210
atividade de Pb com a profundidade. O que pode ser explicado no caso do ponto
TBS-PIV ser uma região de intensa mobilização de sedimentos provocada por fatores
físicos (barcos de pesca de pequeno porte). Já o ponto TBS-PII, essa homogeneização
pode ter ocorrido em função de problemas na coleta ou mesmo devido a interna
bioturbação ao longo do perfil.

51
Resultados 52

At. "™Pb (Bq/Kg)

Figura 11: Perfil da Atividade de 210Pb em excesso


em função da Profundidade do sedimento (ponto TBS-PI)
Resultados 53

210r
Figura 12: Atividade de Pb em excesso
em função da Profundidade do sedimento (ponto TBS-PII)
Resultados 54

Al. 210Pb(Bq/Kg)

10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0


o

10

20
E
0)
•o 30
(0
"O
"•5
c 40
8
a.
50

60

70

Figura 13: Atividade de 210Pb em excesso


em função da Profundidade do sedimento (ponto TBS-PIII)
Resultados 55

A t ^ P b (Bq/Kg)
30 50 70 90 110 130 150
0,0 | -, I . A . I (-•-+•

20,0

~ 40,0
a>
•o
(0

"§ 60,0
Í
£L
80,0

100,0

210r
Figura 14: Atividade de Pb em excesso
em função da Profundidade do Sedimento (ponto TBS-PIV)
Resultados 56

5.1 MODELO CIC

Os perfis analisados segundo o modelo CIC apresentaram taxas de


sedimentação da ordem de 0,18 e 0,34 cm/ano para os pontos TBS-PI e TBS-PIII,
210
respectivamente. A correlação entre o log a ritmo natural da atividade de Pb em
excesso e a profundidade apresentou-se com maior signifícância (R2) no perfil coletado
no ponto TBS-PI (próximo a desembocadura do Canal de São Francisco), para um
intervalo de confiança de 95% (Figuras 15 e 16). A correção para o efeito da
compactação não foi utilizada pois o coeficiente de correlação (R2) não foi significativo
para o perfil de porosidade, não justificando-se, desta forma, a aplicação da equação (8)
para ambos os perfis (Figuras 17 e 18).

As taxas de acumulação de sedimento seco por área, calculadas segundo


a equação (6), foram na ordem de 250 mg/cm 2 ano para o ponto TBS-PI, observando-se
um período de 63 anos, para os primeiros 12 cm do perfil e 310 mg/cm2.ano para o
ponto TBS-PIII, observando-se um período de 78 anos, para os primeiros 27 cm do
perfil.

O fluxo de 210Pb na interface sedimento-água (Pcic), calculado segundo a


equação (13), foi da ordem de 9,4 mBq/cm2.ano e 1,1 mBq/cm 2 ano para os pontos
TBS-PI e TBS-PIII, respectivamente.
Resultados 57

10,0

a = -0,173 + 0,020 .-. b = 3 89 ±0,15


R2 = 90,3% .. S = 0,18 + 0,02 cm/ano

en
%
CQ


" • - - • • • —
r
•- - 4

t
• -

1,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Profundidade (cm)

210r
Figura 15: Correlação entre o logarítmo natural da Atividade do Pb em excesso
em função da profundidade - TBS-PI
Resultados

10,0

a =-07094 +0,013 .. b = 3,60 + 0,20


2
R = 85,96% .. Scic = 0,34 + 0,05 cm/ano

to-
m
I0)
o
I
N

1,0
10 15 20 25 30
Profundidade (cm)

Figura 16: Correlação entre o Logarítmo natural da Atividade do


210
Pb em excesso em função da profundidade - TBS-PIII
Resultados 59

10,0

a = S = 0,025 + 0,09
b = L n 0 0 = 3,5 . . R2 = 33,6

4 -•—•-

'35
§
o.

1,0
6 8 10 12 14 16
Profundidade (cm)

Figura 17: Variação da Porosidade do Sedimento


em função da profundidade TBS-Pi
Resultados 60

10,0

a = S = - 0,0042 + 0,0023
b=LnOo = 4,07 ±0,037 .. R2 = 11,1*

"O
4
5
I

1,0
10 15 20 25 30
Profundidade (cm)

Figura 18: Variação da Porosidade do Sedimento


em função da profundidade - TBS-PIII
Resultados 61

5.2 MODELO CRS

Os perfis analisados segundo o Modelo CRS, o qual registra as variações


passadas nas taxas durante o intervalo de datação, apresentaram cronologias
mostradas nas Figuras 19 e 20 para os testemunhos TBS-PI e TBS-PIII
respectivamente, os principais dados geocronológicos para ambos os perfis estão
apresentados nas Tabelas 2 e 3 para os testemunhos TBS-PI e TBS-PIII
respectivamente. A análise linear de intervalos, revelou grupos que contivessem R2 >
99%, para um intervalo de confiança de 95%, os quais estão apresentados nos
respectivos gráficos, acompanhados das respectivas taxas de sedimentação.

As Figuras 21 e 22 (testemunhos TBS-PI e TBS-PIII, respectivamente)


mostram curvas das taxas de acumulação para cada camada (Wx) calculadas a partir da
Equação 16. Desta forma, pode-se determinar os anos onde houve maior sedimentação
e observar se há alguma correlação com fatores externos ao ecossistema em questão.
Como exemplo de fator externo podemos citar o desvio das águas do rio Paraíba do Sul
para o Canal de São Francisco na década de 60.

210
Os fluxos de Pb em excesso para este modelo, conforme a Equação
19, obtiveram valores de 9,7 e 7,6 mBq/cm2.ano para os pontos TBS-PI e TBS-PIII,
respectivamente.
Resultados 62

Tabela 2 : Principais Dados Geocronológicos do Ponto TBS-PI

Modelo CIC Modelo CRS


Prof.(cm)
n
Idade (anos) Data Idade(anos) Data W x (mg/cm2.ano)
0-2 5,6 1989 0,0 1995 257
2-3 13.9 1981 2,9 1992 294
3-4 19,4 1976 7,1 1988 290
4-5 25,0 1970 11,2 1984 285
5-6 30,6 1964 15,1 1980 321
6-7 36,1 1959 19,1 1976 67
7-8 41,7 1953 50,9 1944 149
%
8-9 47,2 1948 61,6 1933 80
9-10 52,8 1942 82,5 1913 79
10-11 58,3 1937 102,2 1893 74
11 - 1 2 63,9 1931 122,1 1873 32

(*) Wx = Taxa de Acumulação de Sedimento Seco por Unidade de Área e Tempo.


Resultados 63

Tabela 3: Principais Dados Geocronológicos para o Ponto TBS-PIII

Modelo CIC Modelo CRS


Prof, (cm)
n
Idade (anos) Data Idade (anos) Data Wx(mg/cm 2 .ano)
0-1 1,5 1994 0,0 1995 217
1-2 4,4 1991 3,2 1992 189
2-3 7,4 1988 6,5 1988 214
3-4 10,3 1985 9,4 1966 218
4-5 13,2 1982 11,9 1983 218
5-6 16,2 1979 14,7 1980 204
6-7 19,1 1976 18,5 1977 215
7-8 22,1 1973 22,4 1973 152
8-9 25,0 1970 28,8 1966 187
9-10 27,9 1967 34,4 1961 186
10-11 30,9 1964 38,9 1956 166
11 -12 33,8 1961 45,2 1950 229
12-13 36,8 1958 49,2 1946 145
13-14 39,7 1955 54,5 1941 135
14-15 42,6 1952 60,8 1934 113
16-17 48,5 1946 69,7 1925 112
17-18 54,4 1941 77,5 1918 105
20-21 60,3 1935 89,8 1905 104
22-23 66,2 1929 99,8 1895 76
23-24 69,1 1926 114,3 1881 52
26-27 77,9 1917 132,3 1863 24

(*) Wx = Taxa de Acumulação de Sedimento Seco por Unidade de Área e Tempo.


Resultados 64

no

2,0
[ S(1995-1976) = 0,31+0,04 cm/ano n = 6 .. R2 == 98,5%

o
4,0 \
fundidade

6,0

S
8,0

10,0

19 n
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0

Idade da Camada do Sedimento (anos)

Figura 19: Curva Geocronológica segundo o modelo CRS

TBS-PI
Resultados 65

S(1995-1973) = 0,35 + 0,001cm/ano . . n = 7 .. R2=99,6%


S(1966-1918) = 0,192 + 0,003 cm/ano . . n = 9 .. R2=99,7%

10

í
"O 15
1
0. 20

25

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0


Idade da Camada do Sedimento (anos)

Figura 20: Curva Geocronólogica segundo o Modelo CRS

TBS-PIII
Resultados 66

350

300

•£• 250
i

200

150
/ \
\
100 \

V
--•
•g 50

0 H 1 1
1996 1976 1956 1936 1916 1896 1876 1856
Idade da Camada do Sedimento (calendário)

Figura 21: Taxas de Acumulação por Idade do Sedimento

Modelo CRS - TBS-PI


Resultados 67

Idade da Camada do Sedimento (calendário)

Figura 22: Taxas de Acumulação por Idade do Sedimento

Modelo CRS - TBS-PIII


6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

6 1 PRINCIPAIS EVENTOS AMBIENTAIS PA BAÍA DE SEPETIBA E SUA


INFLUÊNCIA SOBRE AS TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO LOCAIS

Num estudo realizado pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio


Ambiente (FEEMA) visando apresentar estimativas de impactos ambientais de âmbito
regional para a área de Sepetiba, onde foram considerados como impactos naturais
aqueles que afetam principalmente as características ambientais físicas (topográficas,
hidrográficas e outras) e Impactos Econômicos aqueles que afetam principalmente as
características da ocupação humana (urbanização, transporte, comunicação e outras),
as localidades de Coroa Grande, Itaguaí, Santa Cruz e Campo Grande apresentaram-se
como um eixo leste-oeste no qual estavam previsíveis grandes perturbações ambientais
decorrentes da industrialização da área costeira de Sepetiba.

Apresentaremos a seguir alguns fatos e características da região que nos


farão compreender melhor o resultado deste estudo e a posterior comparação com os
resultados obtidos no presente trabalho.

As características ambientais da área têm levado à construção de canais


e retificação de rios, principalmente na planície flúvio-marinha que, pela proximidade da
costa e, possivelmente, pelo baixo preço dos terrenos, tem sido usada para instalação
de indústrias de porte (FEEMA-FUNDREM, 1977).

68
Discussão dos Resultados 69

No período entre 1935 e 1945, foram construídos uma série de canais de


drenagem na planície de inundação do Rio Guandu, e houve a mudança de sua
desembocadura pelo Canal do Itá, para o Canal de São Francisco (seção 1.1), que
permanece até hoje (PETROBRÁS1 apud PESTANA, 1989). Sendo assim a hidrografia
natural da área tem sofrido alterações artificiais que resultam numa série de canais e
valas ligando bacias de drenagem originalmente independentes. O Canal de São
Francisco como desembocadura do Rio Guandu, recebe uma parte de toda a carga
despejada na ampla bacia de drenagem deste último, e, por transposição dos rios Barra
do Pirai, Ribeirão das Lages e Rio Guandu, recebe também uma parte da carga do Rio
Paraíba do Sul. Estes fatos e os demais aqui mencionados estão refletidos na curva
para taxas de sedimentação dos pontos TBS-PI (Delta do Canal de São Francisco) e
TBS-Ptll (entre o canal de São Francisco e a cidade de Sepetiba) determinadas peto
modelo CRS onde pode-se observar um valor maior para taxa de sedimentação a partir
da década de 70 (Figura 19 e 20).

O Rio da Guarda, com uma bacia hidrográfica independente (260 km2 de


área aproximada) é unido, por outro lado, ao Canal de São Francisco, através da Vaia
da Divisa. Deste modo, também participa de uma fração da carga dos Rios Guandu e
Paraíba do Sul (PESTANA, 1989). Esse rio faz divisão administrativa entre o Distrito de
Itaguaí (17.500 ha de área) no Município de mesmo nome, e o distrito de Santa Cruz
(15.919 ha de área), no Município do Rio de Janeiro, onde se encontra o vizinho canal
de São Francisco.

O Canal de São Francisco e o Rio da Guarda, são, portanto, os principais


afluentes da Baía de Sepetiba. Drenam áreas cujo uso do solo previsto é estritamente
industrial, circuncidadas por áreas de uso predominantemente industrial (FUNDREM,
1984). Suas águas, utilizadas principalmente na diluição de despejos industriais e
sanitários fluem para a Baía de Sepetiba.

Devido à baixa fertilidade dos solos, o uso agrícola atual restringe-se às


nascentes do Rio da Guarda (Vale dos Bois, Rio Piloto, Rio Piracema) e à margem
esquerda do curso médio do Rio Guandu, sendo as mesmas consideradas áreas de
provável aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes, estendendo-se até, até
aproximadamente, 6 km a montante das desembocaduras do Rio da Guarda e do Canal
de São Francisco (FEEMA-FUNDREM, 1977). A margem esquerda deste último (Distrito

1
PETROBRÁS-CENPES (1978). Projeto Sepetiba: Relatório preliminar. Rio de Janeiro. 33 p.
Discussão dos Resultados 70

de Santa Cruz), predominam a fruticultura — banana e laranja — e a horticultura —


tomate (Rio de Janeiro, 1985), sendo que a área total reservada à lavoura, no Município
de Itaguai, é a segunda maior de toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

O cultivo e a pecuária existentes vêm sendo prejudicados pela construção


de conjuntos habitacionais entre 1970 e 1980. Dados demográficos deste período
(FUNDREM, 1984) mostram que, apesar da população residente no Distrito de Santa
Cruz (151.301 hab.) ser numericamente bem superior a do Distrito de Itaguai (40.553
hab.), ambas têm um crescimento considerado elevado, respectivamente, 5,0% a.a. e
5,7% a.a..

A quase totalidade dos despejos industriais que atingem a Baía de


Sepetiba são originários das aproximadamente 400 indústrias, a maioria do ramo
metalúrgico, de pequeno a médio porte (FEEMA, 1984), que encontram-se distribuídas
em 4 áreas. Estas áreas, destinadas a uso estrita e predominantemente industrial,
localizam-se três distritos (Santa Cruz, Paciência e Campo Grande) e na Zona de Uso
Exclusivamente Industrial de Itaguaf.

Assim, o desenvolvimento da industrialização e a variação no uso do solo


nessas áreas têm refletido diretamente na costa nordeste da Baía de.Sepetiba. As
taxas de sedimentação encontradas para os pontos TBS-PI e TBS-PIII (0,18 + 0,002 e
0,34 + 0,01 cm/ano, respectivamente) estão abaixo daquelas apresentadas na literatura
determinadas através de outros métodos (comparação por mapas batimétricos, registro
de metais pesados em testemunhos, entre outros), porém não podem ser
210
desconsideradas já que o método de datação com Pb tem sido largamente
empregado e apresentado resultados coerentes com o histórico das regiões estudadas
e este foi o primeiro trabalho realizado naquela região da Baía de Sepetiba utilizando o
radioisótopo 210Pb e comprovou-se aqui a viabilidade da utilização deste método.

Uma possível explicação para o fato de que essas taxas sejam baixas em
relação àquelas esperadas, seja o transporte horizontal de sedimentos causadas pelas
correntes de marés predominantes naquela região da Baía de Sepetiba.

A Tabela 4 apresenta taxas de sedimentação para algumas regiões


costeiras do Brasil (incluindo Baía de Sepetiba) e outras regiões, determinadas através
da datação com 210Pb e outros métodos.
Discussão dos Resultados 71

Tabela 4: Taxas de Sedimentação na Baía de Sepetiba


e outras regiões costeiras

Taxa de Sedimentação Taxa de Acumulação


Local
Referência
(cm/ano) (g/cm .ano)

Baía de Sepetiba:

Porção Oeste 0a Barcellos Neto (1995)

Mangue 0,8-1,0 b Barcellos Neto (1995)

Delta do Canal de
3-5" Borges, 1990
São Francisco

Saco do Engenho 1.3° Barcellos Neto (1995)

Porção Leste 0.5" Barcellos Neto (1995)

Porção Nordeste 0,31 - 0,35 0,250-0,310 Este Trabalho

Lagoa de Guarapina 0,1 - 0,3° 8-45 Pactchineelam et ai, (1988)


(RJ, Brasil)
Lagoa de Maricá 0,11-0,28 d - Fernex, F. et ai. (1992)
(RJ, Brasil)
Baía de Guanabara 1,0d - Wanderley (1995)

Costa da Califórnia 0,00/ 0,06 Joshi&Ku{1979)

Costa Sul da Turquia 0,085 - 0,31d 0,040-0,13 Tadjiki&Erten(1994)

Observações: (a) Comparação de mapas batimétricos


(b) Registros de metais pesados na enseada das Garças
(c) Registro de metais pesados em testemunhos
(d) Datação com 210Pb em excesso
Discussão dos Resultados 72

6 2 COMPARAÇÃO ENTRE OS MODELOS CIC E CRS

É importante ressaltar as questões relativas à comparação entre os dois


modelos de datação. A literatura deixa claro que os dois modelos podem apresentar
grandes diferenças entre si, quando as taxas de sedimentação variam muito com o
tempo. O modelo CIC é baseado na resolução de uma derivada, e representa um caso
particular, que ocorre somente em ambientes relativamente não perturbados, com
sedimentação constante. O modelo CRS baseia-se na integral da atividade do perfil,
constituindo-se em um sistema mais geral de datação.

As Figuras 22 e 23 apresentam as curvas geocronológica para os


Modelos CIC e CRS para os pontos TBS-PI e TBS-PIII, respectivamente.

Observamos que, no ponto TBS-PI os dois modelos apresentam


inversões dos valores das idades (t), não apresentando intervalos com idades
semelhantes para os dois modelos, mantendo esse comportamento em todo o perfil
neste caso o modelo CIC poderia ser mais representativo já que temos um pequeno
número de dados não sendo possível determinar taxas de sedimentação para períodos
mais antigos através do modelo CRS e comprovar se houve ou não menor
sedimentação naquele local em épocas passadas. Para o ponto TBS-PIII (próximo à
região de mangues) observamos uma evolução semelhante para as duas curvas (CIC e
CRS) para os primeiros 10 cm do perfil, podendo corresponder a taxas de acumulação
mais uniformes nesse período, permitindo-nos dizer que tanto o modelo CIC como o
modelo CRS podem fornecer boas aproximações para aquela região da Baía de
Sepetiba. Porém, a partir de 10 cm de profundidade, observa-se um afastamento
progressivo das duas cronologias mostrando que o modelo CRS registra melhor as
variações sofridas no meio ambiente apresentando taxas menores para períodos mais
antigos antes do início do desenvolvimento da região, com menor perturbação do meio.
Em ambos os "cores" podemos observar "picos" nos valores médios para taxas de
sedimentação calculadas a partir do modelo CRS registrando um período de maior
perturbação da área (maiores taxas de sedimentação a partir da década de 70), sendo
esta uma indicativa de que o modelo CRS representaria melhor o impacto antrópico na
região.

A faixa de variação dos fluxos anuais atmosféricos mundiais de 210Pb em


excesso na interface sedimento-água apresentada por APPLEBY & OLDFIED (1984)
Discussão dos Resultados 73

está entre: 7,4 - 37 mBq/cm2.ano. Os fluxos de 210


Pb em excesso na interface
sedimento-água variou entre os testemunhos e modelos considerados (9,4 - 9,7 e 7,6 -
1,1 mBq/cmz.ano para os pontos TBS-PI e TBS-PII, respectivamente) dentro da faixa
esperada das medidas de fluxos atmosféricos mundiais. A pequena faixa de variação
nos valores dos fluxos dos dois modelos nos pontos estudados pode ser um indício
claro da adequação do método analítico utilizado para a datação dos sedimentos na
Baía de Sepetiba. Por outro lado, os baixos valores de fluxo para os dois testemunhos,
indicam que a separação da fração menor que 200 mesh do sedimento poderia ser uma
etapa dispensada na preparação da amostra.

210
A partir dos fluxos de Pb pode-se calcular as discrepâncias entre os
modelos CIC e CRS para os referidos testemunhos a partir da equação 20, sendo da
ordem de 2 anos para os pontos TBS-PI e 12 anos para o TBS-PIII.

Mesmo que em alguns momentos, o modelo CIC tenha apresentado


resultados semelhantes àqueles obtidos pelo modelo CRS, consideraremos aqui, em
função dos dados históricos apresentados na seção anterior que o modelo CRS estaria
representando melhor as variações sofridas pelo meio nos últimos anos.
Discussão dos Resultados 74

140,0

g 120,0
3.
A Idade (CRS) • Idade OC
1 100,0

80,0
o
•o
IO
•O 60,0

8
is 40,0

2 20,0
0,0
12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0
Profundidade (cm)

Figura 22: Geocronologia do ponto TBS-PI

CIC x CRS
Discussão dos Resultados 75

140,0

120,0
-A idade (CRS) • Idade (CC)|
"t/T
o \
•^100,0
B

180,0
«8
o
•o
•§60,0
<3
•{§40,0

te
20,0 -[

0,0
30 25 20 15 10
Profundidade (cm)

Figura 23: Geocronologia do Ponto TBS-PIII


CIC x CRS
7 CONCLUSÕES

As principais conclusões deste estudo são:

^> Comprovou-se que o método de lixiviação com HBr-0,5N pode ser


210
utilizado para datação com Pb em excesso para a Bafa de Sepetiba, obtendo-se
resultados adequados. Porém o método original necessitou de modificações para
amostras com alto teor de matéria orgânica e sulfetos, consistindo esta modificação em
210
oxidação da matéria orgânica e sulfetos antes da extração do Pb em excesso com
HBr.

%A taxa de sedimentação determinada por este estudo para o ponto


próximo à região de mangues é da ordem de 0,34 cm/ano. A taxa para o ponto perto da
foz do Canal de São Francisco é da ordem de 0,31 cm/ano, valor abaixo dos citados em
outros estudos.

*k>0 modelo CRS, apresentou-se mais adequado para a datação em


ambientes como o da Baia de Sepetiba, que sofre a influência de atividades
antropológicas, já que o mesmo considera as alterações sofridas pelo meio ambiente
estudado ao longo do perfodo. Foi o que mostrou a análise do perfil para o ponto TBS-
Plll, situado próximo à região de mangues e desembocadura de vários rios que trazem
rejeitos industriais e domésticos.

76
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APPLEBY, P. G. & OLDFIELD, F. (1978) The calculation of lead-210 dates assuming a


constant rate of supply of unsupported 210Pb to the sediments from Finland. Nature,
v. 280, p.53-55.

APPLEBY, P. G. & OLDFIELD, F. (1983).The assement of Pb-210 data from sites with
varying sediment accumulation rates. Hidrobiologia, v. 103, p. 29-35.

APPLEBY, P. G et al. (1986) Pb-210 dating of annually laminated lake sediments,


Nature, v. 280, p. 53-55.

BARCELLOS NETO, C. C. (1991) Distribuição de metais pesados em uma área de


lançamento de rejeitos de uma indústria de zinco e cádmio (Baía dè Sepetiba,
RJ). Rio de Janeiro 101p. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro.

BARCELLOS NETO, C. C. (1995) Geodinâmica de Cádmio e Zinco na Baía de


Sepetiba. Niterói, Tese (Doutorado em Geociências) - Universidade Federal
Fluminense.

BENNINGER, L. R. (1978) 210Pb balance in Long Island Sound. Geochimica et


Cosmochimica Acta. v. 42, p. 1165-1174.

BLAIS, J. S. & MARSHALL, W. D. (1988) Determination of Lead-210 in admixture with


Bismuth-210 and Polonium-210 in quenched samples by Liquid Scintifation Counting.
Analítica Chemistry, v. 60, p. 1851-1855.

BORGES, H V. (1990) Dinâmica sedimentar da Restinga de Marambaia e da Baía de


Sepetiba. Rio de Janeiro, 82p. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade
Federal do Rio de Janeiro.

BRASIL. MARINHA (1991) Brasil Costa Sul Baia De Sepetiba. 2 ed. Escala Natural.
1: 40122 na Latidude 22° 59,50.

77
Referências Bibliográficas 78

210
CARROLL, J. L. et ai. (1995) Model-determined Sediment Ages from Pb Profiles in
Un-mixed Sediments. Nucl. Geophys., v. 9, n fi 6, p. 553-565.

CASELLA, V.R. ef a/. (1981) Anion exchange method for the sequential determination
of uranium, thorium and lead-210 in coal and coal ash. Journal of Radioanalytical
Chemistry, v. 62, n 2 1-2, p. 257-265.

CHOPPIN, C. (1964) Nuclei and Radioactivity. New York: W.A. Benjamin, Inc. 150p.

CHURCH, T. M. et aí. (1994) An efficient quantitative technique for the simultaneous


analyses of Radon daughters 210Pb, 210Bi and 210Po. Talanta, v. 41, n s 2, p. 243-249.

CRUSIUS, J. & ANDERSON, R. F. (1991) Core compression and surficial sediement


loss of lake sediments of higt porosity caused by gravuty coring. Limnology
Oceanography, v. 36, n. 5, p. 1021-1031.

CRUSIUS, J. (1991) Immobility of 210Pb in Black Sea Sediments. Geochimica et


Cosmochimica Acta. v. 55, p. 327-333.

D.R.M. - Departamento de Recursos Minerais (1977) Mapa Geológico do Estado do


Rio de Janeiro Baseado em imagens MSS do Satélite Lantssat-2; Texto
Explicativo. Niterói, 34p.

DUHRAM, R. W. & JOSHI, S. R. (1980) Recent sedimentation rates, 210Pb fluxes, and
particle settling velocities in Lake Huron, Laurentian Great Lakes. Chemical
Geology, v. 31, p. 53-66.

EDGINTON, D.N. & ROBBINS, J. A. (1976) Records of Lead deposition in Lake


Michigam sediments since 1800. Environmental Sciense & Technology, v. 10, n. 3,
p. 266-273.

FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (1980a) Diagnóstico


Ambiental do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 103 p.

FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (1980b)


Levantamento de Metais Pesados no Estado do Rio de Janeiro; Relatório
Preliminar. Rio de Janeiro, 72 p.

FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (1983) índice de


qualidade de água dos rios de abastecimento público do Estado do Rio de
Janeiro -1979-1982. Rio de Janeiro. 44p.

FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (1987) Qualidade das


águas do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2.v.v.2.

FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (1989) Rio Guandu -


Qualidade de água da bacia hidrográfica e estação de tratamento. Nov./ 1989.
Rio de Janeiro.
Referências Bibliográficas 79

FEEMA - FUNDREM (1977) Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente &


Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Projeto Logos I (Sepetiba); Relatório Final, v. 2, Rio de Janeiro, p. 3.01- 4.12.

FERNEX, F. et a/. (1992) Ammonification rates 210Pb in sediments from a lagoon under
a wet tropical climate: Maricá, Rio de Janeiro state, Brazil. Hydrobiologia. 242, p.
69-76.

FLYNN, W. W. (1968) The determination of low levels of polonium-210 in environmental


materials. Analytica Chimica Acta, v. 43, p. 221-227.

FONSECA, M.R.M. et al. (1979) Qualidade de água da Baía de Sepetiba. In. p. 316-
334, Meio Ambiente. Vários estudos II. Fund. Est. Eng. Meio Ambiente. Rio de
Janeiro).

FORSBERG, B., GODOY, J. M. & VICTORIA, R (1989) Development and Erosion in the
Brazilian Amazon: A Geochronological Case Study. Geojournal. v. 19, n 2 4,
p. 399-405.

FUNDREM - Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de


Janeiro (1984) Região Metropolitana do Rio de Janeiro; Informações Básicas. Rio
de Janeiro, p. 242.

GIRESSE, par P., NGOS, S. & POURCHET, M. (1994) Processus sédimentaires


séculaires et géochronologie au 210Pb des principaux lacs de ia dorsale
camerounaise. Bulletin de ia Socité Góologique de France, v. 165, ne 4,
p. 363-380.

KELLER, C. (1981) Radioquímica. Recife. Editora Universitária. Universidade Federal


de Pernambuco. Tradução da 2 a edição alemã de Radioquímica.

KRISHNASWAMY, S. ei al. (1971) Geochronology of lake sediments. Earth Planet


Sei. Lett., n. 11, p. 407-414.

IFIAS (1988) Sepetiba Bay Management Study: Workplan^ The International


Federation of Institutes for Advanced Study. Relatório. 72 p. Rio de Janeiro.

ISHIKAWA, Y. et al. (1995) Concentrations of 108mAg, 136Cs, and 210Pb in Oyster


(Crassostrea Gigas) on the Japanese coast in relation to the distribuition and
behavior of radionuclides in sea water. Journal of Radioananital and Nuclear
Chemical, v. 197, n. 2, p. 343-355.

IVANOVICH, M. & HARMON, R. S. (1992) Uranium-Series Disequilibrium:


Applications to Earth, Marine, and Environmetal Sciences. Oxford. 2. Ed.
Science Publications.

JOSHI, L. U. & KU, T. L. (1979) Measurement of 210Pb from a sediment core off the
coast of California. Journal of Radioanalytical Chemistry, v. 52, n.2, p. 329-334.

JOSHI, L. U., ZINGDE, M. D. & ABIDI, S. A. (1983) Thorium series disequilibrium and
geochemical processes in estuarine sediments of Mandovi River. Journal of
Radioanalytical Chemistry, v. 77, n.1, p. 57-64.
Referências Bibliográficas 80

JOSHI, S. R. (1989) Common analitical erros in the radioadating of recent sediments.


Environ. Geol. Water Sci. v. 14, n.3, p. 203-207.

JOSHI, S. R ., SHUKLA, B. S., McNEELY, R. (1974) The calculation of Lead-210 dates


for Mckay Lake sediments. Journal of Radioanalytical Chemistry v. 52, n. 2,
p. 329-334.
210
JOSHI, S. R & DURHAM, R. W. (1976) Determination of Pb, 226Ra and 137Cs in
sediments. Chemical Geology, v. 18, p. 155-160.

JOSHI, S. R., SHUKLA, B. S. & McNEELY, R. (1988) The calculation of Lead-210 dates
for McKay Lake sediments. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry, v.
125, n.2, p. 341-349.

JOSHI, S. R & SHUKLA, B.S. (1991) AB initio derivation of formulations for Pb-210
dating of sediments. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry, v. 148 ,
n. 1, p. 73-79.

JOSHI, S. R., SHUKLA, B.S & BOBBA, A. G. (1992) Lead-210 sedimentation in lake
Ontario. Environmetal Geological Water Sciense. v.19, p. 121-126.

LACERDA, L.D. (1983) Aplicação da Metodologia de Abordagem pelos Parâmetros


Críticos no Estudo da Poluição por Metais Pesados na Baia de Sepetiba, RJ. Rio
de Janeiro 135p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

LEE, J. D. (1980) Química Inorgânica; um novo texto conciso. São Paulo: Edgard
Blücher. 507 p.

MALM, OJaf. (1986) Estudo da poluição ambiental por metais pesados no sistema
rio Paraíba do sul - rio Guandu (RPS-RG) através da metodologia de abordagem
dos parâmetros críticos. Rio de Janeiro. 102 p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Biológicas) - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

MARQUES, J. S. (1976) Comparações Quantitativas entre as baixadas de


Jacarepaguá e Sepetiba. X. T. (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal do
Rio de Janeiro.

MATSUMOTO, E. (1975) 210Pb geochronology of sediments from Lake Shinji.


Geochemical Journal, v. 9, p. 167-172.

MEDEIROS, R.A., SHALLER, H. & FRIEDMAN, G.M. (1971) Fáceis sedimentares :


análise e critérios para o reconhecimento de ambientes deposicionais. Rio de
Janeiro.PETROBRÁS, DEXPRO-CENPES. 114 p.

MURCHIE, S.L. (1985) 210Pb dating and recent geologic history of Crystal Bay, Lake
Minnetonka, Minnesota. Limnology and Oceanography., v. 30, n.6, p.1154 -1170.

NOGUEIRA JR, J. (1992) Estudo sedimentológico da Baía de Sepetiba (RJ) - Sintese


dos trabalhos existentes e sua aplicação para fins de geologia de engenharia.In.I
CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA 32, Salvador-BA. Anais do v. 4,
p. 1676-1688.
Referências Bibliográficas 81

OLIVEIRA, A. E. de, (1982) Líxiviação de sedimentos da região de Poços de Caldas,


contaminados em laboratório por águas de rio e agentes químicos, mobilidade
e disponibilidade em solos. Rio de Janeiro, 126 p. Dissertação (Mestrado em
Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

PACER, R. A. (1983) The role of Cherenkov and Liquid Scintillation counting in


evaluting the anion-exchang separation of 210Pb - 210Bi - 210Po. Journal of Radioan.
Chemistry, v. 77, n.1,p. 19-21.

PATCHILEELAM, S. R. et a/. (1988) Atmospheric lead deposition into Guarapina


Lagon, Rio de Janeiro State, Brazil. In. SEELIGER, U.; LACERDA, L. D. de &
PATCHINEELAM, S. R._Metals in coastal environments of Latin America. Berlin,
Springer-Verlag. p. 65-75.

PESTANA,M.H.D. (1989) Partição geoquimica de metais pesados em sedimentos


estuarinos nas Baias de Sepetiba e da Ribeira - RJ. Niterói, 211p. Dissertação
(Mestrado em Geociências) - Universidade Federal Fluminese.

PONÇANO, W. L, GIMENEZ, A. F. & FULFARC, V. J. (1976) Sedimentação atual na


Baía de Sepetiba, Estado do Rio de Janeiro: Contribuição à avaliação de viabilidade
Geotécnica da implantação de um porto. CONGRESSO DO ABGE I, Rio de Janeiro,
Anais..., v. 2, p. 111-139.

RODRIGUES, P. P. G. W. (1990) Aporte de metais pesados para a Baía de Sepetiba


e seu comportamento na região esturarina. Niterói. 161 p. Dissertação (Mestrado
em Geociências) - Universidade Federal Fluminense.

ROBBINS, J. A. & EDGINGTON, D. N. (1975) Determination of recent sedimentation


rates in Lake Michigan using Pb-210 and Cs-137. Geochimica et Cosmochimica
Acta., v. 39, p. 285-304.

& THOMPSON, C. C. (1992) Effects of Polonium-210 on


determination of atmospheric gross alpha-radioactivity. Journal of Radioanaiytical
and Nuclear Chemistry, v. 161, n.2, p. 465-474.

& THOMPSON, C. C. (1994) Determination of atmospheric Lead-210


by Alpha-Scintillation Counting of air filters. Journal of and Nucl. Radioanaiytical
Chemistry, v. 180, n.1, p. 171-177.

SHUKLA, B. S. & JOSHI, S. R. (1989) An Evaluation of the CIC Model of 210Pb Dating of
Sediments. Environ. Geol. Water Sci., v. 14, n.1, p. 73-76.

SILVERBERG, N. et al. (1986) Radionuclide profiles, sedimentation rates, and


bioturbation in modern sediments of the Laurentian Trough, Gulf of St. Lawrence.
Oceanologica Acta, v. 9, n.3, 285-290.

SIMÕES FILHO, F. F. L, (1993) A hidrodinâmica de particulados em planícies de


inundação: um estudo sobre as taxas de sedimentação de lagoas marginais do
Rio Mogi-Guaçu, Estação Ecológica de Jatai (Luiz Antonio, SP),São Carlos.
108p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Carlos.
Referências Bibliográficas 82

SILVERBERG, N. et ai. (1986) Radionuciide profiles, sedimentation rates, and


bioturbation in modern sediments of the Laurentian Trough, Gulf of St. Lawrence.
Oceanologica Acta, v. 9, n.3, 285-290.

SIMÕES FILHO, F. F. L , (1993) A hidrodinâmíca de particulados em planícies de


inundação: um estudo sobre as taxas de sedimentação de lagoas marginais do
Rio Mogi-Guaçu, Estação Ecológica de Jatai (Luiz Antonio, SP),São Carlos.
108p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Carlos.

SUGAI, S. F., ALPERIN, M. J. & REEBURGH, W. S. (1994) Episodic deposition and


137
Cs immobility in Skan Bay sediments: A ten-year 210Pb and 137Cs time series.
Marine Geology, v.116, p. 351-372.

SUGUIO, K. & BIGARELLA, J. J. (1979) Ambientes de sedimentação: sua


interpretação e importância. Ambiente Fluvial. Curitiba: Editora da Universidade
do Paraná. 183p.

TADJIKI, S. & ERTEN, H. N. (1994) Radiochronology of sediments from the


Mediterranean Sea using natural 210Pb and fallout 137Cs. Journal of RadioanalHycal
and Nuclear Chemistry, v. 181, n.2, p. 447-459.

TESSIER, A., CAMPBELL, P. G. C. & BISSON, M. (1979) Sequential extraction


procedure for the speciation of paniculate trace metals. Analitical Chemistry, v. 51,
n. 7, p. 844-850.

THOMSON, J. ef a/. (1993) 210Pb in the sediments and water column of the Northeast
Atlantic from 47 to 59°N along 20°W. Earth and Planetary Science Letters, v. 115,
p. 75-87.

VASCONCELOS, L. M. H. e, (1984) Levantamento dos teores de 226Ra e 210Pb em


alimentos cultivados no planalto de Poços de Caldas. Rio de Janeiro, p. 88.
Dissertação (Mestrado em Biologia) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

VOGEL, A. 1., (1981) Química Analítica Qualitativa. 5 ed rev. São Paulo: Mestre Jou.
665 p.

von DAMM, K., BENNINGER, L. K. & TUREKIAN, K. K. (1979) The 210Pb chronology of
a core from Mirror Lake, new Hampshire. Limnology and Oceanography, v. 24, n.3,
p. 434-439.

WANDERLEY, C.V.A. (1975) Estudo Comparativo de métodos de determinação de


210
Pb atmosféricoda Baía de Guanabara visando a avaliação da velocidade de
sedimentação. Rio de Janeiro. 98 p. Dissertação (Mestrado) - Pontifícia
Universidade Católica - RJ.

YENER, G. & UYSAL, I. (1996) Low Energy Scintillation Spectrometry for Direct
Determinations of 23SU and 210Pb in Coal and Ash Samples. Appl. Radiat Isot, v. 46,
n.1, p. 93-96.

YU, K. N. et al. (1995) Determination of Sedimentation Rates in Eastern Sea Areas of


Hong Kong with Gamma-ray Spectrometry. Nucl. Geophys. v. 9, n.1, p. 73-81.
9 ANEXOS

9.1 ANEXO 1: DESCRIÇÃO DOS TESTEMUNHOS

9.1.1 TBS-PI

Comprimento do perfil: 67 cm. Sedimento orgânico. Cor predominante


Greenish Black 5G 2/1. Textura arenosa média nos primeiros 10 cm, passando a argilo-
arenosa mudando para argilosa a partir de 38 cm acompanhada de mudança de cor para
um tom mais claro (Dark Greenish Gray 5 GY 4/1). Observou-se a presença de carapaças
de moluscos inteiras a altura de 16 cm. Presença de fragmentos de vegetais em 44 cm.

9.1.2 TBS-PII

Comprimento do testemunho: 86 cm. Sedimento orgânico. Cor predominante


Greenish Black N2. Textura predominante argilo-arenosa. Mudança sensível na textura para
argilosa nos intervalo entre 28 e 41 cm e 54 a 62 cm, apresentando textura arenosa média
no final do perfil (Cor: Grayihs Olive 10Y 4/2). Observou-se a presença de fragmento de
madeira em 9 cm, e fragmentos de vegetais e moluscos entre 33 e 51 cm.

83
Anexos 84

9.1.3 TBS-PII

Comprimento do Testemunho: 98 cm. Cor predominante: Greenish Black 5G


2/1 variando a Grayish Black N2 à 52 cm. Presença de molusco (carapaça) à 21 cm.
Mosqueados ao longo do testemunho (cor: Grayish Olive 10Y 4/2). Sedimento orgânico de
textura argilosa. Presença de pequenas manchas escuras ao longo do sedimento
(provavelmente decorrentes de remobilização de sulfetos ou bioturbação).

9.1.4 TBS-PIV

Comprimento do Testemunho: 99 cm. Cor: Greenish Black 5G 2/1.


Sedimento de textura uniforme argiio-arenosa (assemelhando-se a uma lama). Sedimento
orgânico sem bioturbação aparente. Ausência de fragmentos de vegetais. Entre 44 e 48
cm, presença de fragmentos de moluscos.

9.2 ANEXO 2: MÉTODO DE LIXIVIAÇÃO DE 210Pb EM EXCESSO

DE SEDIMENTOS COM HBr - 0.5N (MODIFICADO)

Os testemunhos foram tratados seguindo o método descrito por Simões et ai.


(1993) e Wanderlley op. cit, com alterações introduzidas em função das características dos
sedimentos da Baia de Sepetiba (acréscimo de uma etapa de pré-digestão, para oxidar a
matéria orgânica e liberar o Pb ligado à sulfetos). Assim o método analítico é descrito a
seguir:
Anexos 85

9.2.1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE H20 NO SEDIMENTO

Antes de fatiar o testemunho, retirar uma amostra, que possa representar o


perfil, utilizando uma canaleta de alumínio de volume conhecido. Utilizar esta sub-amostra
para determinar o teor de H2O na coluna do sedimento:

i) Fatiar cuidadosamente a sub-amostra do perfil em intervalos de 1 em 1 cm;

ii) Pesar as amostras úmidas de cada segmento;

iii) Secar em estufa a 100 °C até peso constante;

iv) Pesar as amostras secas de cada segmento;

v) Determinar o teor de H2O (%) por diferença de massa.

A partir de então, pode-se construir os perfis de porosidade seguindo a


equação (DURHAM & JOSHI, 1980; CRUSIUS & ANDERSON, 1991) e calcular a
densidade do sedimento seco:

n _

%H2O+{\-%H2O)lôsol

Onde: 8 = Porosidade do sedimento

ô = Densidade de sólidos secos (2,2 g/cm3)

9.2.2 PREPARO DAS AMOSTRAS PARA LIXMAÇÂO

i) Fatiar o testemunho em intervalos de 1 em 1 cm;

ii) Peneirar a amostra ainda úmida em peneira de 53 um (200 mesh);

iii) Secar a amostra em estufa à 60 °C por 48 horas;

iv) Pulverizar a amostra em cadinhos de porcelana.


Anexos 86

9.2.3 PRÉ-DIGESTÃO

i) Pesar 2,00 g de sedimento seco;

íi) Adicionar H2O2 -30% e HNO3-0,1N , 10 e 6 ml_ respectivamente;

iii) Agitar por 5 horas;

iv) Aquecer em banho de areia à 98 ± 2 °C até a secura;

OBS.: Para certificar-se de que o HNO3 foi completamente eliminado


procede-se a lavagem das paredes do bécker com H2O até a secura completa do
sedimento.

9.2.4 UXIVIAÇÃO COM HBr- 0,5N

i) Adicionar 40,0 mL de HBr - 0,5N e 0,5 g de Cloridrato de Hidroxilamina


(observando a proporção amostra/ácido de 1:20), ao sedimento seco e transferir
quantitativamente para um tubo de centrífuga de 50 mL;

ii) Agitar por 24 horas;

iii) Centrifugar (3000 rpm durante 30 min) e filtrar em filtro de membrana 0,45
um (anotar o volume recuperado da lixivia).

9.2.5 SEPARAÇÃO DO210Pb

i) Adicionar 1 mL de carreador P b " (20 mg/mL) à solução contendo a lixivia;

ii) Acondicionar colunas de vidro (8 cm de altura e 0,7 cm de diâmetro


interno), contendo aproximadamente 4 g de resina DOWEX 1 x 8 - 1 0 0 - 2 0 0 mesh, com 50
mLdeHBr-O.õN;
Anexos 87

iii) Com o auxílio de uma bomba peristáltica, percolar a solução contendo Pb


à uma vazão de 1 mL /min. (descartar a solução);

iv) Lavar as colunas com 2 x 25 mL de HBr - 0,5N (sendo que, à primeira


solução de lavagem, adicionar pequena quantidade de cloridrato de hidroxilamina).
Descartar as soluções;

v) Eluir o Pb retido na resina com 50 mL de HNO3 - 2M, mantendo a vazão


constante em 1 mUmin.. Recolher o eluido em béckers de 150 mL;

9.2.6 PREPARAÇÃO DA FONTE DE 210Pb PARA CONTAGEM

i) Evaporar o eluido até quase a secura (fumaças brancas);

ii) Adicionar água deionizada até um volume de 50 mL, gotas de indicador


vermelho metila;

iii) Adicionar solução saturada de acetato de amônio até virada do indicador


(vermelho/laranja);

iv) Precipitar o Pb (na forma de PbCrO4) através da adição de 2,0 mL de


solução Na 2 Cr0 4 - 30 %;

v) Levar a solução contendo o precipitado à fervura por alguns minutos,

vi) Filtrar o precipitado (frio) em papel de filtro (tarado) tipo Whatman 44 (2,5
cm de diâmetro), em seguida lavar o precipitado com água deionizada e etanol P.A.
Descartar a solução;

vii) Secar o precipitado em estufa à 80 °C por 30 min. Pesar depois de frio.

viii) Calcular o Rendimento Químico.

pesoPbCrO 4(mg)
* 31,97
THIS PAGE IS MISSING
IN THE
ORIGINAL DOCUMENT
Anexos 89

Tabela 6: Teores de H2O e Porosidade - Ponto TBS - Pll

Prof, (cm) Teor de H2O (%) Porosidade (%)


0,5 46,8 49,2
1,5 46,5 48,9
2,5 44,9 47,3
3,5 36,6 38,8
4,5 24,7 26,5
5,5 40,6 42,9
6,5 57,5 59,8
7,5 71,1 73,0
8,5 37,9 40,2
10,5 34,6 36,8
13,5 38,9 41,2
16,5 27,0 28,9
19,5 35,6 37,8
22,5 50,9 53,3
25,5 38,4 40,7
28,5 33,3 35,4
31,5 33,8 36,0
34,5 46,9 49,3
37,5 50,5 52,9
40,5 37,5 39,8
43,5 41,4 43,7
46,5 23,7 25,5
49,5 32,1 34,2
52,5 43,6 46,0
55,5 47,1 49,5
58,5 33,1 35,2
61,5 48,3 50,7
64,5 31,4 33,5
67,5 22,3 24,0
70,5 28,5 30,5
73,5 22,9 24,6
75,5 13,8 15,0
78,5 17,1 18,5
Anexos 90

Tabela 7: Teores de H2O e Porosidade - Ponto TBS-PIII

Prof, (cm) Teor de H20 (%) Porosidade (%)

0,5 38,9 58,3


1,5 34,7 53,9
3,5 42,7 62,1
4,5 49,4 68,2
5,5 41,9 61,3
6,5 35,2 54,4
7,5 37,8 57,2
8,5 29,3 47,7
9.5 33,6 52,7
10,5 34,3 53,5
11,5 34,5 53,7
12,5 39,1 58,5
14,5 31,2 49,9
17,5 33,3 52,3
20,5 34,2 53,3
23,5 43,2 62,6
26,5 34,2 53,3
29,5 38,3 57,7
32,5 39 58,4
35,5 37,7 57,1
38,5 33,5 52,6
41,5 36,9 56,3
44,5 43,5 62,9
47,5 49,9 68,7
50,5 51 69,6
53,5 49,1 68,0
56,5 39,4 58,9
59,5 40 59,5
62,5 52 70,4
65,5 53,1 71,4
inexos 91

Tabela 8: Teores de H2O e Porosidade - Ponto TBS-PIV

Prof, (cm) H2O (%) Porosidade (%)


0 46,9 66,0
2.5 65,4 80,6
4,5 68,9 83.0
8,5 68,2 82,5
10,5 67,1 81,8
12,5 63,3 79,1
14,5 64 79,6
17,5 67,7 82,2
20,5 63,7 79,4
23,5 65,1 80,4
26,5 62,6 78,6
29,5 62,3 78,4
32,5 65,7 80,8
35,5 63,6 79,4
38,5 64,1 79,7
41,5 63,7 79,4
44,5 63,1 79,0
47,5 42,2 61,6
50,5 59,7 76,5
53,5 58,9 75,9
56,5 54,1 72,2
59,5 54,9 72,8
62,5 57,9 75,2
65,5 52,1 70,5
68,5 56 73,7
71,5 55,9 73,6
74,5 55,4 73,2
77,5 54,9 72,8
80,5 53 71,3
Anexos 92

210
9.4 ANEXO 4: ATIVIDADE DO Pb EM EXCESSO
EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE

Tabela 9: Atividade de 210Pb em Excesso - Ponto TBS - PI

210
Prof.(cm) A t Ptw«o (Bq/kQ)
1 37.7
2.5 30,1
3,5 26,8
4.5 24,0
5.5 18,9
6.5 80,2
7.5 13.4
8.5 17,9
9.5 9,5
10,5 5,5
11.5 6.7
12.5 0,1
14,5 -
16,5 0.6
18,5 -
20.5 -
22,5 -
24.5 2.8
26.5 -
28.5 -
30.5 3,8
32,5 4,2
34.5 -
36,5 -
38,5 -
Anexos 93

.210,
ü
Tabela 10: Atividade de Pb em Excesso - Ponto TBS - Ptll

Prof.(cm) At 2 1 0 Ptw. o (Bq/kg)


0,5 35,1
1,5 36,4
2,5 29,1
3,5 26,1
4,5 24,1
5,5 23,6
6,5 20,0
7,5 25,0
8,5 16,6
9,5 14,0
10,5 13,7
11,5 8,1
12,5 11,4
13,5 10,4
14,5 10,1
16,5 7,8
18,5 6,5
20,5 4,5
22,5 4,5
23,5 4,2
26,5 5,2

Você também pode gostar