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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE – LAUREATE


CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

QUESTÃO AGRÁRIA NO AMAZONAS: BREVE CONSIDERAÇÕES ACERCA DA


PROBLEMÁTICA DO ACESSO À TERRA POR PARTE DAS FAMÍLIAS QUE
RESIDEM NO INTERIOR DO ESTADO DO AMAZONAS.

Manaus-AM
2016
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE – LAUREATE
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

ANA LÚCIA DOS SANTOS SOUZA


JOMHARA FRANÇA BEZERRA
JOSIENILCE RODRIGUES DA SILVA
LILIAN DE LIMA SERIQUE
MARCELA SOUZA DOS SANTOS
NORMELIA MENDONÇA DA COSTA
RAFAELA GAMA MOREIRA

QUESTÃO AGRÁRIA NO AMAZONAS: BREVE CONSIDERAÇÕES ACERCA DA


PROBLEMÁTICA DO ACESSO À TERRA POR PARTE DAS FAMÍLIAS QUE
RESIDEM NO INTERIOR DO ESTADO DO AMAZONAS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Centro Universitário do Norte – UNINORTE, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Prof.ª Gilmara Araújo

Manaus-AM
2016
1. IDENTIFICAÇÃO
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1.1. TEMA: Questão agrária no Amazonas: Breves considerações acerca da


problemática do acesso à terra por parte das famílias que residem no interior do
Estado do Amazonas.

1.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA: A importância da legitimação da terra para a


inclusão das famílias de agricultores, articulada ao desenvolvimento agrário do setor
produtivo; visando melhoria de renda e estímulo de sustentabilidade e promoção à
cidadania.

1.3. INSTITUIÇÃO DE ENSINO: Centro Universitário do Norte – UNINORTE

1.4. ORIENTADOR DO PROJETO: Gilmara Araújo

1.5. PESQUISADOR: Ana Lúcia Santos de Souza, Jomhara França Bezerra,


Josienilce Rodrigues da Silva, Lilian de Lima Serique, Normelia Mendonça da Costa
e Rafaela Gama Moreira

1.6. TIPO DE PESQUISA: Bibliográfica

1.7. PERÍODO DE REALIZAÇÃO: 2015 a 2016

SUMÁRIO
1. O histórico da questão agrária no cenário brasileiro
1.1. A questão Agrária no Brasil
1.2. A formação da questão agrária no estado das Amazonas

2. A família amazônica
2.1. A identidade da família no Estado do Amazonas
2.2. A luta pela garantia de direito à terra da família.

3. As políticas públicas agrárias


3.1. Políticas sociais de viabilização econômica
3.2. Os desafios do Serviço Social frente as políticas públicas agrárias no Amazonas
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1. IDENTIFICAÇÃO

A Questão agrária no Amazonas: Breves considerações acerca da problemática do


acesso à terra por parte das famílias que residem no interior do Estado do
Amazonas.

2.1. OBJETIVO GERAL:

Apresentar a problemática do acesso à terra por parte das famílias que residem no
interior do Estado do Amazonas.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

 Descrever a Problemática Agrária no cenário brasileiro.


 Verificar os principais impasses no acesso à terra por parte das famílias
residentes nas áreas rurais do Amazonas.
 Problematizar as políticas públicas voltadas ao setor agrário de acesso à terra
as famílias das áreas rurais do Amazonas.

CATEGORIAS DE ANÁLISE:

- Questão Agrária
- Famílias
- Políticas Públicas

PROBLEMATIZAÇÃO

A terra como objeto de disputa, mecanismo de poder e dominação dos


latifundiários, gera exclusão social e a crescente evasão das famílias de agricultores
da área rural para a urbana em busca de sobrevivência, ocasionando grandes
aglomerações em áreas de risco têm tido notório e gradativo crescimento, sobretudo
nos últimos anos. Nesse sentido, questiona-se: Quais os fatores determinantes
desse crescimento desordenado e excessivo? Conquanto, não se apresentem
soluções fáceis, quais os caminhos devem ser buscados? Para a sustentabilidade e
promoção à cidadania das pequenas famílias de agricultores.
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4. JUSTIFICATIVA

No Brasil desde o início de sua colonização os europeus e a má distribuição


de terras, se encontra em poder de uma grande minoria de latifundiários, resultando
até os dias atuais em inúmeras problemáticas sociais resultantes dessa
desigualdade de terras.
Os grandes empresários, detentores de glebas de terras são um dos maiores
contribuintes da exclusão social, visto que, a terra é a mola propulsora da situação e
mecanismo de riqueza, poder e dominação sendo muito valorizada e cobiçada,
desperta grandes interesses nacionais e internacionais.
Martins (2000, p.111), afirma que “hoje o latifúndio é renda fundiária, fonte de
um tributo social ao proprietário privado de terra, reserva de valor, instrumento de
intervenção especulativa”. Dentre os fatos, observa-se, que, enquanto os grandes
agricultores se apresentam em uma escala de crescente proporção no domínio da
terra, as famílias de pequenos agricultores se encontram desamparados em relação
aos parâmetros de igualdade, na luta em defesa dos direitos de cidadão de se
manter na terra em que retiram o sustento para sua subsistência.
Os proprietário detentores de grandes hectares de terra no Amazonas,
identificados como os grileiros, devastam grande quantidade de florestas para
extração de madeiras, criação de gado, plantação de soja entre outros, assim como
também, entram com pedido de reintegração de posse requerendo as áreas que
foram invadidas por agricultores que não obtêm recursos necessários para adquirir
um pedaço de terra, ocasionando aos pequenos agricultores a perda do direito à
terra em área rural para a sua sobrevivência e destituindo-os das propriedades onde
vivem e trabalham com a família para a manutenção de seu sustento.
Sobre essa conjuntura da questão social a autora destaca que “Esses novos
tempos reafirmaram, pois, que a acumulação de capital não é parceira da equidade,
não rima com igualdade. Verifica-se o agravamento das múltiplas expressões da
questão social…” (IAMAMOTO 2007, p.18). Contudo esses fatores geram exclusão
social e constantes evasão das famílias de agricultores rural para área urbana, onde
o indivíduo sem trabalho e com menos recurso busca um novo meio de
sobrevivência, ocasionando assim, grande aglomeração em áreas de risco como:
beira de igarapés, barrancos, exploração sexual, estando estes exposto a toda
vulnerabilidade e exclusão social.
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Outra situação é a falta de intensificação de políticas públicas, econômicas e
sociais para implementar projetos voltados para a sustentabilidade das famílias de
agricultores que visem melhoria no desenvolvimento da produtividade local, à
promoção de práticas sustentáveis e inclusão produtiva dando acesso ao
fortalecimento econômico, social e cultural.
Contudo “...a propriedade da terra está intrinsecamente ligada a quem nela
trabalha[...] é pertencente àquele a que nela produz, assistindo ao produtor rural o
direito de permanecer nesta enquanto produz alimentos para a própria subsistência”.
(MARTINS 2000, p.111). O autor destaca a importância da terra para os pequenos
agricultores que plantam e colhem sua própria renda através da agricultura em
pequenos espaços de terra. Ou seja, a terra não pode servir a uma minoria, ela é um
direito de todos e importante instrumento de fortalecimento na promoção à cidadania
ao valorizar e garantir direitos aos indivíduos, por ser o meio fundamental para o
desenvolvimento dos despossuídos e humilhados da terra, que sem seus
instrumentos necessário não há uma perspectiva de um futuro promissor.
Neste contexto, a terra é o instrumento de trabalho necessário para o
desenvolvimento social e fortalecimento de promoção aos cidadãos, e garantira de
direitos aos indivíduos viabilizara e promovera a estabilidade do homem no campo,
ao garantir de seus direitos de permanecer na terra em que vivem e trabalham para
sua subsistência.
Estabelecendo através dos mecanismos necessários como o Usucapião, uma
relação de garantia às famílias de agricultores, para que estas não sejam destituídas
das propriedades onde vivem e retiram seu sustento, e que possam permanecer em
seu habitar com condições dignas de sobrevivência em harmonia, segurança e
autonomia no lugar em que labutam com sua família, tendo estes o direito
constitucionalmente no Art. 12. A propriedade privada da terra cabe intrinsecamente
uma função social e seu uso é condicionado ao bem-estar coletivo previsto na
Constituição Federal e caracterizado nesta Lei. Garantindo o direito à terra a quem
de fato pertence.
O presente artigo de pesquisa tem como objetivo possibilitar a permanência
do homem no campo, a redução do êxodo rural, ao mostrar-se relevante na medida
em que busca uma abordagem analítica, crítica e qualitativa do assunto em questão,
pois dentro desse contexto há a necessidade de intervenção do Serviço Social
nessa problemática social.
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Visto que, de acordo com Fernandes (2001, p.24) “Políticas públicas são
medidas possíveis para amenizar a intensidade dos problemas”. Segundo o autor, o
governo precisa criar políticas públicas para intervir nessa problemática. E o
profissional do Serviço Social, atua como intermediador e executor dessas políticas
junto ao Estado e a sociedade. Desestabilizando os interesses antagônicos dos
capitalistas, assegurando o direito de desenvolvimento social de quem vive e
trabalha em área rural.
E no âmbito acadêmico, justifica-se pela importância de explorar uma
temática contemporânea como a questão agrária na perspectiva de teorias, o corpus
teórico do projeto que tem no seu arcabouço autores que lidam com a questão
como: Bernardo Mançano Fernandes, José de Souza Martins; João Pedro Stedile
(org.); José Graziliano; Gilberto Freyre; Marilda Iamamoto entre outros.
Do ponto de vista social, o projeto é relevante quando aborda uma
problemática nas disparidades da desigualdade social no meio rural, que atinge um
número considerado de brasileiros que vivem em condições degradantes de
exclusão social, sem a garantia do direito à terra para os meios de sua
sobrevivência, visto que, a terra é o ponto de partida para o desenvolvimento
econômico, social e cultural das pequenas famílias de agricultores.
No âmbito da profissão do Serviço Social, esta pesquisa é relevante “por se
tratar do histórico da questão social” (IAMAMOTO, 1999, p.183). Que, segundo a
autora o profissional se destaca pela capacidade técnica e teórica de elaborar
estratégias de intervenção, leitura crítica e transformação da realidade social como
interventor nos movimentos sociais, possui habilidade com o trato da pessoa
humana. Onde o profissional vem desenvolver suas habilidades técnicas e teóricas e
reflexivas rumo ao desenvolvimento da cidadania, igualdade e democracia na justiça
social.

5. REFERENCIAL TEÓRICO.

5.1 QUESTÃO AGRÁRIA:

1. O histórico da questão agrária no cenário brasileiro


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O tema exposto neste capítulo explana a questão do direito à terra
relacionada a problemática da pobreza com exclusão social na contemporaneidade.
Apresenta a extrema necessidade de contextualizar a questão agrária e a ocupação
territorial em um breve histórico social brasileiro.
A questão agrária no Brasil, apresenta um histórico econômico e político
presente como uma expressão da questão social no espaço rural das lutas de
resistência dos trabalhadores rurais desde o descobrimento do Brasil, com raízes na
época colonial, quando os estrangeiros se apropriaram das terras que de direito
pertencia, a quem nela vivia, os nativos, ou seja, a questão agrária explica o
desenvolvimento e a formação social das ocupações territoriais.
Segundo Stedile (2005, p.9) “[...] o enfoque principal está na economia política
e na história, utilizada como instrumento científico de interpretação da questão
agrária”. Para o autor a raiz da questão do direito à terra, passa pela história
brasileira apresentando suas cicatrizes até os dias de hoje, onde o embate principal
se encontra na questão agrária e seus questionamentos.
As terras brasileiras foram controladas pela Coroa Portuguesa, de 1500 a
1822, a qual repassava o direito de uso da terra de acordo com a confiança,
conveniência e interesse. A distribuição de terras era utilizada como meio de ocupar
as áreas desabitadas e principalmente para facilitar o controle do território, além de
visar à produção de produtos tropicais apreciados na Europa. Foi nesse período que
foram introduzidas as plantations (grandes propriedades rurais que utilizavam mão
de obra escrava e nas quais se cultivava uma única cultura com destino à
exportação).
Posteriormente a distribuição de terras no período colonial produziu terras
devolutas, que correspondem às terras que a Coroa cedeu às pessoas, mas que
não foram cultivadas e, dessa forma, foram devolvidas. Hoje essa expressão não é
mais usada, pois são denominadas terras inexploradas. Sendo que em 1822 a 1850,
ocorreu no Brasil a posse livre das terras devolutas, uma vez que não havia leis que
regulamentassem o direito do uso da terra. Naquele momento não existia valor de
troca para as terras, ou seja, de compra e venda, ela somente era utilizada para o
cultivo (STEDILE, 2005, p. 259). O autor apresenta um parecer histórico do processo
do desenvolvimento do embate da questão agrária no Brasil.
A liberdade para obter as terras devolutas não favoreceu o surgimento de
pequenas e médias propriedades rurais, pois os escravos recém-libertados não
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tinham acesso ao uso da terra; e nem os imigrantes, cuja entrada no país foi limitada
à ocupação urbana.Com a expansão da produção cafeeira, no ano de 1850, e
também com a lei Eusébio de Queiroz, que vetou a prática de tráfico negreiro, o
governo brasileiro incentivou a entrada de imigrantes europeus para substituir a mão
de obra escrava.
O governo criou, em 1850, a lei de terras, com intuito de oferecer mão de obra
aos fazendeiros produtores de café. A lei eliminou as possibilidades de aquisição de
terras por parte dos imigrantes estrangeiros, o que os levou a trabalhar com baixos
salários. A lei de terras garantiu que as terras devolutas se tornassem propriedade
do Estado, podendo ser negociadas apenas através de leilões, e os recurso
derivado destes serviria para custear a vinda de novos imigrantes europeus e
asiáticos para trabalhar no Brasil. No entanto, somente os grandes latifundiários
tinham condições de adquirir tais terras, além daqueles que tinham dinheiro para
investir.
Muitos imigrantes vinham para o Brasil com promessas de adquirir terras, mas
isso não acontecia. Ao chegar ao país eram levados às fazendas para trabalhar nos
únicos lugares que ofereciam emprego. A partir desse momento, a terra deixou de
ser utilizada somente para o cultivo e passou a ser moeda de troca (compra e
venda), podendo ser um patrimônio particular.
A partir deste contexto iniciou-se a prática de escravidão por dívida, pois essa
prática vem desde o século XIX e continua na atualidade. No ano de 1872, o
governo alemão vetou a imigração para o Brasil. E somente em 1988 a Constituição
passou a prever a expropriação de terras e a realizar reforma agrária em fazendas
que utilizassem mão de obra escrava.
No direito histórico a terra é repassada de pai para filho através da
hereditariedade como relata Stedile (2005, p.22) “A “concessão de uso” era de
direito hereditário, ou seja, os herdeiros dos fazendeiros-capitalista poderiam
continuar com a posse das terras e com a sua exploração...” Segundo o autor o
herdeiro da terra hoje é visto como posseiros e suas terras é de disponibilidade ao
capital e não a quem lhe é de direito.
A terra, muito valorizada no território rico desperta o interesse dos estrangeiros,
causando a inquietação social e política desde seu descobrimento aos dias atuais,
sendo a terra um mecanismo de disputa e exclusão social, onde a questão do
trabalho livre continua acorrentado, como relata Martins:
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A questão do trabalho livre continua uma questão pendente. A abolição da


escravatura, em 1888 (como a precária abolição da escravidão indígena em
1755), foi ato parcial só remotamente inspirado no eventual afã de liberdade
dos cativos. Motivou o estrito interesse econômico dos grandes proprietários
de terra, em face do encarecimento do trabalho escravo em relação á
formas alternativas de trabalho livre. (MARTINS, 2000, p.12)

A medida que o capitalismo penetra na agricultura vão se desenvolvendo e


aumentando sua proporção no conjunto dos demais meios de produção, isto é, os
meios mecânicos de trabalho, as máquinas ou os instrumentos de produção, os
elementos técnicos e científicos tornando uma agricultura capitalista, deixando-o
verdadeiro valor da terra.

1.1 A questão Agrária no Brasil

Os problemas fundiários no Brasil que surgiram a partir da criação das


capitanias hereditárias e do sistema das sesmarias foi o marco inicial para o
surgimento do latifúndio no Brasil, resultando assim, a escassez de terras para a
maioria de cidadãos que não têm acesso ao direito à terra.
Segundo Mançano, a questão agrária:
É o movimento do conjunto de problemas relativos ao desenvolvimento da
agropecuária e das lutas de resistência dos trabalhadores, que são
inerentes ao processo desigual e contraditório das relações capitalistas de
produção. (MANÇANO, 2001, p.23)

As problemáticas que envolve o trabalhador rural vem da dominação


individualista e capitalista que envolve os grandes latifundiários que, para manter a
dominação sobre os mais fracos, se organizam e se estruturam se aproveitando da
fragilidade dos trabalhadores.
O ‘Estatuto da Terra’, lei de reforma agraria aprovada em 1964, declara em seu
artigo n. 2, que ‘A Terra é de Todos’, porém, ao longo do tempo os moradores de
favor, como são chamados os Sem Terra, esperam pela aplicação dessa lei com
distribuição mais justa até hoje. Mesmo porque se especifica que “[...] a terra é o
meio de produção fundamental na agricultura peculiar, às condições históricas pré-
capitalistas” (STEDILE, 2005, p. 50). Firmando o autor, que não há outro meio de
desenvolver a produção agrícola, que não seja através da terra, e historicamente as
condições capitalistas que sempre mantiveram presença nas mudanças do percurso
natural de seu uso.
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Os pequenos posseiros de terras, os quais vivem em área rural ainda lutam
para garantir seu meio de sobrevivência, visto que atualmente após alguns direitos
conquistados lhe dão possibilidade de regularização tentando vencer os obstáculos
encontrados ocasionado pelos grileiros que atravessam seus caminhos, firmando
que os pobres das terras, que nela vivem e produzem seu sustento são os
verdadeiros donos, e assim devem ser reconhecidos, pois reafirma Martins (2000,
p.14) “muitos anos de lutas, e até de lutas desencontradas de tantos, serviram para
firmar um reconhecimento geral que os pobres da terra também são a pátria.”
A terra é vital para a agricultura e o desenvolvimento humano como se observa
no processo de modernização capitalista, onde as relações desiguais são um dos
fatores responsável pelo êxodo rural ao destituir as famílias de pequenos
agricultores do lugar onde vivem e retiram o seu sustento, motivando-os a trabalhar
em novos empregos nas cidades, lhes direcionando aos trabalhos industriais.
Segundo Stedile (2005, p.29) “O êxodo rural era estimulado pela lógica do
capitalismo, para que os filhos dos camponeses - em vez de sonharem com sua
reprodução como camponeses, em vez de lutarem pela terra, pela reforma agrária –
se iludissem com os novos empregos e salários na indústria”. Diante disso, o autor
direciona os sérios problemas causados pelo êxodo rural ao capitalismo, que em vez
de dar suporte ao homem do campo para adquirir sua independência, desvia de
seus ideais, se sujeitando ao trabalho assalariado enriquecendo os empresários.
No entanto o sistema capitalista deu-se claramente a restrição ruralistas de
lutar por seus direitos de lucros para comprar terras e se tornar pequenos
proprietários, Mançano afirma que:
Lutar contra o capital não significa nenhuma transformação estrutural de
imediato, significa resistir contra a expropriação, lutando por mudanças
conjunturais que acompanhem e diminuam a intensificação das
desigualdades. (MANÇANO, 2001, p.36)

Sobre a sustentação do autor, não se pode lutar contra o capital, mas sim,
usar estratégias para favorecer o fortalecimento do homem no campo.
Sobretudo o desenvolvimento dessa subordinação econômica e política que se
deu com o surgimento do setor industrial vinculado a agricultura, limita a liberdade
dos pequenos agricultores de comercializar os produtos agrícolas, porém não deixa
de ser uma forma de modernização capitalista para a propriedade rural.
“Do ponto de vista da questão agrária, esse período se caracteriza pela
subordinação econômica e política da agricultura à indústria”. (STEDILE 2005, p.28).
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Afirmando o autor, que as oligarquias rurais tiraram o poder político para continuar
com classe social fazendo uma aliança para produzir mais, exportar produtos para
Europa.
A problemática que envolve a questão agrária é o resultado do processo
histórico marcado pela questão escravismo, expansão capitalista, estrutura fundiária,
econômica e política com expressão das desigualdades sociais e lutas de classe da
sociedade brasileira.
Contudo a questão agrária só poderá ser resolvida quando houver mudanças
de posturas no que diz aos interesses pessoais e promocionais, só assim poderão
tomar outros rumos, como relata Martins (2000, p. 13) “A questão agrária só se
resolverá na mesa das boas intensões e do amor à pátria e ao povo, na renúncia
aos particularismo, conveniências e imediatismo de instituições, partidos, grupos e
pessoas. ”
Denominando a agricultura familiar como umas perspectivas de novos
horizontes para os pequenos agricultores, a qual depende do sistema capitalista
para melhorar seu desenvolvimento no campo, e assim fazer uma medição entre o
homem e o capital, mesmo que o sistema venha ampliar a forma de lidar com a
sociedade, esta é uma situação que os ruralistas tende a superação a exclusão das
condições encontradas nesta problematização da questão agrária.

1.2. A formação da questão agrária no estado das Amazonas

A tradição da questão da luta pelas terras na Amazônia é a falta de uma ampla


reforma agrária e consequência do processo histórico brasileiro como: Determinados
episódio que ocorreram na região com a revolta da Cabanagem, as Correrias do
soldado da borracha em 1945, as ligas camponesas de 1960 entre outras, onde os
índios, caboclos e seringueiros lutaram juntos pelo direito à terra.
A questão agraria é central na sociedade brasileira, onde vivemos uma
situação de insegurança, devido a ocupação de uma parte fundiária sem de fato
essa terra não tem documentação legal, sendo essas terra na pratica são de
grandes proprietários e não do trabalhador rurais e ribeirinhos dos municípios do
estado da Amazônia, exemplo disso é gleba Vila Amazônia localizada no município
de Parintins história no qual a análise de daquela comunidade levam a
pensamentos das questões agrarias desses municípios, pautando aqui a o
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desenvolvimento de políticas públicas a região como a própria Reforma Agrária,
fruto de um ordenamento territorial estatal, como abertura de estradas, crédito para
financiamento de atividades rurais entre outras.
A maioria dos municípios são consideradas terras caídas, onde o governo
federal e outro órgão não deram muita credibilidade a essas terras por serem
improdutivas, no entanto essas terras ao passar dos tempos, com a forca de
vontade dos ribeirinhos locais, começaram uma produção própria de plantio, o que
veio a ser reconsiderada de fato produtiva, nisso muito proprietário visaram o
capitalismo, tomando suas terras sem se preocupa com a vida dessas pessoas.
Contudo a reforma agraria veio para amenizar essas questões, para intervir junto ao
trabalhador rural pela sua atividade e sua moradia, entretanto, as políticas públicas
são na verdade partidárias, não há um suporte técnico, adaptado, não vem um
técnico o Incra averiguar a realidade da terra e dos trabalhadores dessas áreas
rurais dos municípios, promovendo assim a política partidária. Há também conflitos
de terras em virtude de a benefícios aos indígenas, agricultores tendo em vista a
falta de política assegurando a sua sobrevivência.
A questão de reforma agrária na Amazônia não existiu, na realidade apresenta
vários problemas agrários que afetam o País. O ambiente encontra-se bastante
degradado, com desflorestamento e precariedades e o esgotamento dos recursos
naturais, em virtude da prática de manejo se efetivar de forma irresponsável visando
na totalidade o capital.

5.2 FAMÍLIA:
2. A família amazônica

A organização social e familiar na contemporaneidade sofreu transformações


nos mecanismos de desenvolvimento econômico, social, político e cultural, onde tais
mudanças contribuíram para a desigualdade social, deterioração e transformações
na instituição familiar.
Para que pudesse ser formada a família como conhecemos hoje
‘monogâmica’ houve transformações sociais e influência religiosa. Segundo Morgan,
“a família [...], é o elemento ativo; nunca permanece estacionária, mas passa de
forma inferior a uma forma superior, à medida que a sociedade evolui de um grau
mais baixo para outro mais elevado” (ENGELS, 1984, p. 30). O autor refere-se as
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mudanças da instituição família estudada por ele como consanguínea, a panaluana
e a sindiásmica.
É com o surgimento da família sindiásmica, que se origina a família
monogâmica, pois “Esta forma de família assinala a passagem do matrimônio
sindiásmica à monogâmica” (Engels, 1984, p. 70), segundo o autor, as formas
primitivas de família dão lugar a um estilo de família moderna, a monogâmica,
padrão nuclear que é a base da psicanalise, onde a mulher é destinada a ficar
somente com um homem.
Segundo Engels (1984), esta evolução da família trouxe novos rumos nas
formas de divisão de trabalho familiar, passando do estado selvagem, barbárie até
chegar ao que chamamos de civilização. Nesse contexto, a família passa por
diversas transformações, tendo que se adaptar ao modelo da sociedade em que
esta está inserida, no entanto:

“Ainda que determinados fenômenos venham suscitando alguns


questionamentos sobre a centralidade e o futuro da família nas sociedades
contemporâneas, suas responsabilidades e suas funções não parecem ter
perdido a relevância, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos que não
chegaram a estabelecer um Estado de Bem Estar e um sistema de políticas
sociais mais consistentes, como é o caso do Brasil” (p. 109).

Com o avanço da exploração de terras e com isso a invasão de territórios,


espanhóis europeus chegam às terras brasileiras e expandiram seu território. É certo
que com a chegada dos europeus, houve mudanças no contexto histórico, cultural e
social dos nativos donos dessa terra:

Quando em 1532 se organizou econômica e civilmente a sociedade


brasileira (...) em São Vicente e em Pernambuco o rumo da colonização
portuguesa do fácil, mercantil, para o agrícola; organizada a sociedade
colonial sobre base mais sólida e em condições mais estáveis que na Índia
ou nas feitorias africanas, no Brasil é que se realizaria a prova definitiva
daquela aptidão. A base, a agricultura; as condições a estabilidade
patriarcal da família, a regularidade do trabalho por meio da escravidão, a
união do português com a mulher índia, incorporada assim à cultura
econômica e social do invasor. (FREYRE, 2005, P. 65)

A sociedade brasileira incorporou a estrutura familiar europeia, onde se


demonstrou o predomínio do modelo tradicional da família patriarcal em que o
homem (pai) detinha pleno poder sobre os membros da família, ou seja, torna-se o
modelo de família na sociedade, onde este detém o domínio entre mulher, filhos e
empregados.
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Segundo Corrêa;

A trajetória da ocupação do território natural brasileiro e de seu espaço


social foi assim apresentada como uma linha cheia central, homogênea, que
percorreu a nossa história acompanhada de perto, nas margens, por linhas
pontilhadas: ramificações, veredas, afluentes secundários de um caminho
seguramente traçado do exterior para o interior de nosso mapa, do fundo do
nosso passado para o presente, dos campos para as cidades. (CORRÊA
apud TERUYA, 2000, p.2)

Até chegar aos dias atuais, a família brasileira passou por muitas
transformações. Perdendo sua identidade indígena, e adquirindo traços europeus,
composta por extenso núcleo conjugal, apresentando “uma família agrária na
estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índios – e
mais tarde negros- na sua composição” (FREYRE, 2005, p. 65), onde houve a
mistura de raça, etnias e cultura, surgindo uma sociedade mestiça, em que negros e
índios são explorados e discriminados socialmente, excluídos como membros da
sociedade que os colocou nesta condição social.
No Brasil, as famílias de agricultores estão relacionadas com as condições
históricas e as mudanças sociais, políticas e econômicas, sendo elas responsáveis
pela sobrevivência dos mesmos, tentando superar os desafios do capitalismo na
nova formação presente no atual contexto da estrutura familiar: a de pais separados,
a chefiado por mulher, a nuclear, a extensa, a homossexual e outras, onde:

O declínio do poder patriarcal e de princípios e controles religiosos e


comunitários mais tradicionais traduziu-se em mudanças nas relações de
gênero, na ampliação da autonomia dos diversos componentes da família e
em um exercício bem mais aberto e livre da sexualidade, dissociada das
responsabilidades da reprodução (p.112).

A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo e maior parte de


sua extensão está localizada em território brasileiro “enquanto Amazônia legal, este
território geográfico compreende os estados do Acre, Roraima, Rondônia, Amapá,
Tocantins, Pará, Amazonas e, parcialmente os estados do Maranhão e Mato
Grosso” (MACIEL, p. 6). A Amazônia é rica em recursos naturais e de extensas
áreas verdes, causando a ganância de agricultores e posseiros. Concentram-se
nessa região recursos naturais e uma grande variedade de fauna e flora existente no
planeta, sendo alvo de exploração.
16
Mesmo sendo uma região privilegiada, sofre com o problema de desigualdade
social, resultando no desemprego, falta de moradia, entre outras mazelas sociais,
pois, a concepção de questão social está enraizada na contradição capital x
trabalho.

2.1. A identidade da família no Estado do Amazonas


2.2. A luta pela garantia de direito à terra da família.

5.3 - POLÍTICAS PÚBLICAS:

3. Políticas Públicas Agrária


 As definições de políticas públicas guiam os lócus onde os embates em torno
de interesses, preferências e ideias se desenvolvem, isto é, os governos. Apesar de
optar por abordagens diferentes, as definições de políticas públicas assumem, em
geral, uma visão holística do tema, uma perspectiva de que o todo é mais importante
do que a soma das partes e que indivíduos, instituições, interações, ideologia e
interesses contam, mesmo que existem diferenças sobre a importância relativa
destes fatores.
(FERNANDES, 2001, p. 34) O Novo Mundo Rural, é projeto que promove o
desenvolvimento socioeconômico sustentável, em nível local e regional, por meio da
desconcentração da base produtiva e da dinamização da vida econômica, social,
política e cultural dos espaços rurais...). Para o autor as políticas públicas e social
são campos multidisciplinares, e seu desenvolvimento envolve o produtor rural na
perspectiva econômica para seu desenvolvimento estrutural no mercado de trabalho.
A visão que se tem do mundo rural ainda está completamente vinculada à
evolução do mundo agrário, enquanto a indústria e os serviços parecem ser
características "naturais" do meio urbano, sendo que atualmente o homem do campo
pode ser considerado a multidisciplinaridade deste contexto.
A centralidade da agricultura familiar está relacionada a conceituações de
renomados economistas e teóricos do desenvolvimento que recolocaram a antiga
discussão sobre a existência de trade-off entre equidade e eficiência. A questão da
redução das desigualdades deveria ser resolvida porque, além da inclusão social e
da cidadania, seria favorável para apoiar o processo de crescimento econômico.
SIMONI; e tal EIDT (2012)
17
Há grandes desafios a serem transpostos pelas políticas públicas que almejem
incrementar a capacidade adaptativa e reduzir as vulnerabilidades de agricultores
familiares da Amazônia frente aos possíveis cenários de alterações climáticas.
Deste modo, o Amazonas representa uma força em um espaço distante que
movimenta intensamente os cenários sociais, econômicos e políticos regionais e
locais. O Estado do Amazonas é tido como frágil, por sua estrutura operacional
vulnerável às condições locais ambientais, sociais, políticas e institucionais.
Porém, essas fragilidades precisam ser debatidas à luz das possibilidades de
superação, legitimação, redefinição de papeis institucionais e fortalecimento de
dispositivos coletivos que incentivem e valorizem redes e modos socioeconômicos e
políticas de responsabilização.
Discutir o papel do Estado na Amazônia é necessário, sua legitimidade, formas
de intervenção e princípios para uma atuação que atenda os anseios locais e
regionais de forma democrática e sustentável. No caso da Amazônia, são vários os
desafios a serem enfrentados pelo Estado e pela sociedade que a compõe, a
começar pela representatividade, participação e envolvimento para uma construção
coletiva, legítima e criativa de políticas públicas. (SIMONI; e tal, 2012. Apud SIMONI,
2009.)
Nesta perspectiva, a capacidade da unidade familiar de se sustentar
exclusivamente da agricultura é vista como evidência de impossibilidade desse tipo
de produtor de assimilar as demandas e a própria lógica do mercado e de incorporar
as inovações tecnológicas. Por imediato, o enquadramento das famílias rurais em
uma categoria social periférica, acaba por reforçar e evidenciar a marginalização
dessa grande população rural que terá a sua sobrevivência dependente das políticas
sociais sem que lhe seja atribuída à oportunidade de participar do desenvolvimento
rural.

3.1 Políticas sociais de viabilização econômica

Não se pode precisar um período específico do surgimento das


primeiras identificações chamadas políticas sociais, visto que, como processo social,
elas se originam na confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo como a
Revolução Industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção
estatal. Piana (2009, p.22).
18
Dessa forma, sua origem relaciona-se aos movimentos de massa socialmente
democratas e à formação dos estados nação na Europa Ocidental do final do século
XIX, porém sua generalização situa-se na transição do capitalismo concorrencial
para o capitalismo monopolista, especialmente em sua fase tardia, após a Segunda
Guerra Mundial (PIANA, 2009, apud BEHRING; BOSCHETTI, 2006, p.47). 
O estudo das Políticas Sociais, na área de Serviço Social, vem ampliando sua
relevância na medida em que estas têm-se constituído como estratégias
fundamentais de enfrentamento das manifestações da questão social na sociedade.
Política social pode ser dada pelo ponto de vista do estado, como
proposta planejada de enfrentamento das desigualdades sociais. A política social
precisa ser redistributiva de renda e poder, não apenas distributiva. Se distributiva,
não toca a desigualdade social. DEMO, Pedro (1994, p. 22). Assim, renda e poder
carecem de ser desconcentrados, implicando assim atingir os privilégios
necessários, os processos de enriquecimento, acumulação, poder, as centralizações
administrativas. De modo geral, política social é mantida na mera distribuição, o que
supõe pontos citados pelo autor: 

... é feita na medida das sobras; seu papel é de “bombeiro”, sobretudo


diante de uma economia recessiva; b) tende a beneficiar a quem já é
privilegiado, mantendo o sistema imperturbável; c) mistifica a pobreza
como sina, falta de sorte, mau jeito, escamoteando que é causado,
mantida, cultivadas, e por isso injusta; d) descarta o pobre como
agente principal do projeto de enfrentamento da desigualdade,
tornando-o objeto das distribuições.  (DEMO, 1994, p. 22) 

A política social necessita ser geradora de oportunidades, partindo-se de que


as oportunidades foram apropriadas pelo grupo dominante no contexto capitalista.
Política Social deve ser, sempre que possível emancipatória, unindo
autonomia econômica com autonomia política.   
Portanto, aqui entendido o sentido de Política Social, dar-se início a trajetória
da luta pela reforma agrária, e foram inúmeros posicionamentos por parte dos
governantes a fim de resolver a questão de distribuição de terras. Porém, todos em
vão, visto que esses tomavam outras direções, a exemplo da revolução de 1930 – a
qual deu impulso ao processo de industrialização e reconheceu direitos legais aos
trabalhadores urbanos – que atribuiu ao Estado o papel principal no processo
econômico, mas não interveio na ordem agrária.  
19
A partir daí a reforma agrária se torna uma demanda concreta expressa
pelas diferentes forças sociais que aos poucos foi se unificando nas diferentes
regiões do Brasil, tendo, dessa forma, despertado maior atenção do governo por ser
considerada essencial para o desenvolvimento econômico e social do país. 
No Brasil, a reforma agrária é impulsionada pelas ocupações de terra e por esta
razão não é possível separá-las. Todavia, para uma análise das características que
as definem como política pública é necessária abstrair os componentes de ambas. A
influência de instituições e organizações da sociedade determinam os rumos
das políticas de governos e das políticas de Estado.  
As políticas de desenvolvimento para o campo são exemplos deste processo
de influência. “Na última década, os movimentos camponeses têm conseguido
influenciar mais a elaboração de políticas de desenvolvimento”, (GRISA,
SCHNEIDER, 2015, p.169). Para o autor nas mais diversas áreas, como: agricultura,
pecuária, mercado, indústria, educação, saúde e habitação, assim, este conjunto
forma as políticas de desenvolvimento territorial, disputando com as corporações
capitalistas, denominadas de agronegócio.
No entanto o agronegócio é uma das políticas que mantem o produtor no
campo, dando-lhe oportunidade ao permitir que o agricultor seja digno como pessoa
humana de desenvolver o seu potencial e sua independência econômica, social e
política e que um dia venha se orgulhar de seu feito.
 “O ano de 2002 provocou uma grande expectativa “positiva” para a
classe trabalhadora latino-americana em relação à realização de transformações
sociais significativa, como a realização da agrária." (SOLANGE, ALDO, 2012, p. 5).
No decorrer do novo governo eleito as propostas de mudanças sociais
permaneceram apenas nas promessas de campanha e guardadas como lembranças
do passado histórico do então partido eleito. 
O Governo em gestão no ano de 2002 desenvolveu uma política
assistencialista de combate à pobreza, tendo como eixo central o programa Bolsa
Família, com distribuição de renda à população mais pobre, a partir de uma política
governamental compensatória de diminuição da miséria do campo e da cidade, que
não garantiu uma ampla geração de emprego e não eliminou as desigualdades
sociais.  
O Programa Agrário do ano de 2002 passa a considerar a reforma agrária
como uma política para o desenvolvimento rural, baseada em desapropriação de
20
terras improdutivas; Conciliada a produção de alimentos para combate à pobreza e a
recuperação dos assentamentos, com infraestrutura social, econômica, assistência
técnica e créditos agrícolas. (SOLANGE; ALDO, 2012, apud STÉDILE, 2005, p. 5)  
Com isso, o foco do programa agrário se volta para o combate à pobreza e o
desenvolvimento capitalista do campo principalmente, acompanhado de um
programa básico de políticas públicas para estruturação de assentamentos
consolidados e com a desapropriação de novas áreas em menor intensidade. Dentro
do programa Fome Zero, a principal política do governo se volta para a soberania
alimentar. 
 Nesse contexto, a reforma agrária é considerada como uma das alternativas
estruturantes, para assegurar o direito à alimentação da população brasileira. O
outro aspecto do programa contemplava as políticas compensatórias e emergenciais
que acabaram se tornando o “carro chefe” é o bolsa família, por exemplo.  
O que significa que as políticas agrícola e assistencialista estão
determinadas pela política agrária, ou seja, não realização da reforma agrária ou
destruição/partilha do grande latifúndio. A reforma agrária é um processo de ação
política fundamental para acabar com a miséria na base da sociedade e gerar
desenvolvimento para um país.    
A exclusão social apresenta-se por diversas formas, com fatores relevantes em
relação a desigualdade social, pois segundo o autor Demo (2012, p.21), “A própria
definição de pobreza revela o campo contraditório da política social, em vários
sentidos”. Condicionando a pobreza política é a falta de organização da sociedade
para reivindicar seus direitos. Nesse contexto as políticas públicas não são
viabilizadas como deveriam, pois, as classes desprovidas das pequenas famílias
rurais não tem conhecimento dos seus direitos de cidadão.
Diante do exposto, o Serviço Social e as políticas públicas viabilizadas em
conjunto com a sociedade e o Estado, são as formas de intervenção de um possível
equilíbrio na questão dos desprovidos da terra.
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. O PRONAF
foi criado em 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, através do
Decreto 1.946, é um programa de credito que permite o acesso a recursos
financeiros com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável para o
desenvolvimento da agricultura familiar. É uma das várias políticas públicas
existentes, voltadas para as famílias ruralistas. Segundo a autora:
21

O PRONAF, volta-se a compor e recompor estratégias de integração e


diversificação entre setores produtivos das regiões, reafirmando, ainda que
contraditoriamente, a eminência da reprodução financeira de certas
camadas, mas, uma estratégia de extração de mais trabalho, daí a
perspectiva de que essas camadas “se mantenham produtivas e dinâmicas”.
(LUSTOSA, 2012, P.77).

O autor apresenta uma política de viabilização para o desenvolvimento agrícola


das famílias rural que precisam de apoio e estruturação financeira para o
agronegócio, em busca de um trabalho livre e digno de independência trabalhista.
Portanto agricultura familiar Pronaf, não só visa intensificar a permanências das
famílias de pequenos agricultores, mas também oportunizando a inclusão social e
produtiva ao meio rural. É uma das políticas mais importantes para o meio rural, pois
representa um forte mecanismo de incentivo para a produção, que tem fortalecido e
valorizado a agricultura familiar.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Território, é um programa
de investimentos em infraestrutura do país, onde o PAC 2 foi ampliado e as áreas
rurais forma priorizadas, o investimento do setor público cresceu e se expandiu, em
infraestrutura social e urbana incluindo obras de saneamento, infraestrutura viária,
equipamentos para estradas vicinais, educação, saúde dentre outros. O PAC 2, é a
segunda etapa de um programa amplo do governo federal para grandes obras de
infraestrutura no país, promovendo desenvolvimento social e econômico.
O Terra Legal e o Programa de regularização fundiária, coordenado pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). É responsável de entregar títulos a
posseiros que ocupam terras públicas federais não destinadas, as reservas
indígenas, florestas públicas, unidades de conservação, marinha ou reservadas à
administração militar. O objetivo com a insegurança jurídica, é impulsionar a criação
e o desenvolvimento do modelo de produção sustentável na Amazônia Legal.
Atuando em parceria com o INCRA.
A intenção do Programa Terra Legal é regularizar as ocupações legitimas, com
prioridade aos pequenos produtores e às prioridades locais. A Lei 11.952/09 prevê
dispositivos para evitar a regularização de áreas griladas. Outra medida para evitar
fraudes é o sistema de divulgação da listra de cadastros e recepção de denúncias
pela internet, que pode ser acessado por qualquer cidadão, inclusive anonimamente.
22
A Reforma agrária é o conjunto de medidas para promover a melhor
distribuição da terra mediante modificações no regime de posse e uso, a fim de
atender aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável e
aumento de produção (Estatuto da Terra - Lei nº 4504/64).
E o assistente social se insere como membro necessária no processo de
fortalecimento dos trabalhadores rurais ao seu meio de produção, vem se mostrando
cada vez mais como um agente profissional, com capacidade técnica e teórica para
intervir na realidade dos sujeitos, proporcionando a garantia e efetivação de seus
direitos, bem como na implementação das políticas públicas ou sociais.

3.2. Os desafios do Serviço Social frente as políticas públicas agrárias no


Amazonas

Os desafios da atuação do Serviço Social na questão agrária se configuraram


a partir da década de 50, através do Desenvolvimento de Comunidade, a partir do
momento em que o estado passa a perceber a questão agrária como uma
expressão da questão social e volta-se para intervir nesse conflito, afirma Aguiar que
“Em 1955, tivemos a criação do Serviço Social Rural, que já vinha sendo discutido
desde 1950. Através da Lei n.º 2.631, de 23/09/1955, criou-se Serviço Social Rural
que se vai organizando e começa suas atuações a partir de 1959. ” (1995, p. 89).
Para o autor, este foi um grande marco de conquista para o Serviço Social. No
entanto, a inserção do Serviço Social nesta prática tem como objetivo adequar essas
famílias a nova forma de economia vigente da época.
Posteriormente configurando o movimento de reconceituação como um
marco decisivo para o rompimento do conservadorismo do Serviço Social,
possibilitando aos profissionais desta área a expansão de sua atuação, pois
segundo Iamamoto:

Esse panorama contribui para que, no Brasil, diferentemente da tônica


predominante nos demais países, o embate com o serviço Social tradicional
se revertesse em uma modernização da profissão que atualiza a sua
herança conservadora. Verificou-se uma mudança no discurso, nos
métodos de ação e nos rumos da prática profissional... (2007, p. 215)

Segundo a autora, esse rompimento com o tradicional desenvolve um


profissional com postura crítica, fazendo este a repesar seu fazer profissional e agir
23
de acordo com a realidade nos movimentos sociais juntamente às classes
subalternas.
O profissional de Serviço Social na área rural vem atuar diante das
multifacetas da questão social que resultam das desigualdades na posse de terras
entre pequeno e grande agricultor, onde são gerados conflitos das classes
antagônicas, e de forma multidimensional, realizando ações em assentamentos
rurais, acampamentos, comunidades rurais, equipes técnicas de organização não-
governamentais, cooperativas de prestação de serviços, assim como órgãos
governamentais como o Instituto Nacional de colonização e reforma agrária
(INCRA), que é uma autarquia na questão da reforma agrária e a empresa de
Assistência técnica e extensão Rural (GMATER), dentre outros espaços, pois:

As atividades dos assistentes sociais são exercidas em departamentos e


instituições de serviço. Essas transformações organizacionais acompanham
os movimentos das relações sociais onde estão integradas pelas funções
que lhes são delegadas pelas politicas para o processo produtivo. (KARCH,
2008, P. 171)

Sobretudo, a atuação do Assistente Social nos assentamentos rurais,


possibilita um fortalecimento do saber popular que é delimitada por uma ação
essencialmente socioeducativa, no fortalecimento da classe trabalhadora e obtenção
do conhecimento de seus direitos institucionais.
Um dos maiores desafios que o assistente social vive é desenvolver sua
capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho e criar
estratégias de lutas capazes de preservar e efetivar direitos a partir de demandas
emergentes no cotidiano.
Dentre as tarefas mais frequente realizadas pelo profissional nos
assentamentos rurais se destacam a formação de organização de grupos de
mulheres, trabalhadores, jovens, idosos e entre os outros.
O acompanhamento dos trabalhadores realizados pelos moradores do campo
na organização e fortalecimentos das famílias, voltadas ao associativismo e o
cooperativismo, o planejamento, elaboração do projeto, o apoio à comercialização
de produtos, a participação em momentos sociais e articulação e parcerias dentre os
resultados do trabalho dos Assistentes Sociais no campo, percebemos que a
organização dos grupos, promove a melhoria das famílias assentadas, a ampliação
24
do acesso ao conhecimento dos seus direitos, a possível viabilidade do trabalho e
produção desenvolvidas em muitos assentamentos rurais.
Neste contexto, o assistente social vem se mostrando cada vez mais como um
agente profissional, com capacidade técnica e teórica para intervir na realidade dos
sujeitos, proporcionando a garantia e efetivação de seus direitos, bem como na
implementação das políticas públicas ou sociais.
O serviço social historicamente participa “do processo de produção e
reprodução das relações sociais. ” (IAMAMOTO, 2007, p. 84). Segundo a autora, o
profissional de Serviço Social é um profissional apto para intervir nas classes
sociais, onde seu objetivo principal é possibilitar as classes subalternas o acesso
aos seus direitos sociais, onde o rompimento com o tradicional desenvolve um
profissional com postura crítica, fazendo este a repesar seu fazer profissional e agir
de acordo com a realidade nos movimentos sociais juntamente às classes
subalternas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Portanto, dentre todos os relatos exposto, se faz necessário mais atenção à


zona rural, visto que, os governantes, principais responsáveis pelas decisões
políticas de viabilização social, econômica, e cultural direcionada aos pequenos
agricultores e posseiros de área rural, devem garantir os direitos ao cidadão que
passam pela luta de intensificação do acesso à terra para garantir a subsistência e
dignidade humana.
Entende-se, que o fortalecimento das políticas agrária, faz-se necessária para
o desenvolvimento econômico e social, assim como, o profissional de Serviço Social
que deve estar apto para intervir nas expressões da questão social, onde neste
contexto seu objetivo principal é garantir o acesso aos direitos sociais das classes
subalternas, viabilizando a permanência do homem no campo, através das políticas
de intensificação territorial e desenvolvimento da agricultura familiar que buscam por
meio do cultivo agrícola, conciliar as formas familiar e patronal de produção aos
desprovidos da terra, com distribuição justa promovendo as famílias de pequenos
agricultores uma vida digna e consequentemente igualitária, ou seja, uma vida livre
25
das opressões capitalista que ainda dita e impõe normas por meios de forças
coercitiva com a ajuda do sistema neoliberal,
Sobre tudo, deve-se rever os direitos do cidadão na questão da luta pela terra
frente a reforma agrária e regularização fundiária, e entender que não basta distribuir
terra, precisa reconhecer os direitos dos trabalhadores, garantir relações de poder e
participação com efetividade emancipatória, unindo autonomia econômica e política,
objetivando diminuir o êxodo rural e a desigualdade social, promovendo uma
mediação entre o homem e o capital para superar a exclusão, a miséria e a violência
no campo gerando novas oportunidades de fixar na terra o homem que foi expulso
por motivos diversos.
Disponibilizando Agricultura Familiar, a qual vem se destacando ao longo dos
anos, preservando as culturas que vivem em harmonia com a floresta Amazônica e
protegendo as reserva extrativista, enquanto sujeito de desenvolvimento em
processo de fortalecimento e valorização, dependente de um conjunto de fatores,
vinculados a importância das políticas públicas, que entende não poder ser
concebido com políticas isoladas, é necessário que haja integração das políticas
agrícolas e social, voltadas para o fortalecimento dos pequenos produtores rurais,
como forma de manter-se na terra e evitar a emigração.
Desse modo, para se garantir o direito à terra, as políticas públicas são
indiscutíveis meios de viabilizar o fortalecimento das unidades familiares que
depende de diversos anseios sociais, para que o desenvolvimento das pequenas
famílias de agricultores em área rural do Estado do Amazonas seja intensificado,
alavancando a sustentabilidade em todos os parâmetros ao promover direitos ao
posseiro da terra, de permanecer na propriedade em que vive e trabalham para sua
subsistência.

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