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Capı́tulo 5

Algumas Sequências de Contagem

5.1 Números de Fibonacci


O Império Romano deixou como herança na Europa os números romanos, que são usados
hoje em dia quase exclusivamente para representar os números dos séculos. Este sistema de
numeração foi substituı́do pelo sistema de numeração decimal aproximadamente a meados do
século XIII.
O livro “Liber Abaci” foi fundamental neste acontecimento.

Figura 5.1: Esta página de Liber Abaci (Biblioteca Nazionale di Firenze) mostra a sequência
de Fibonacci

55
56 CAPÍTULO 5. ALGUMAS SEQUÊNCIAS DE CONTAGEM

O autor do livro, Leonardo Pisano (ou


Leonardo de Pisa ou Fibonacci), viveu
aproximadamente entre os anos 1170 e 1250
e era filho de um comerciante chamado
Guglielmo Bonaccio. A origem do nome
“Fibonacci” parece ter sido um erro de
interpretação de estudiosos do manuscrito
do Liber Abacci, que interpretaram parte do
tı́tulo ”filius Bonacci”, ou seja, ”filho de
Bonaccio”em latim, como seu sobrenome.
Fibonacci passou sua infância no norte da
África, onde seu pai trabalhava. Isto, e o
fato de ter viajado bastante a negócios, fez
com que ele tivesse contato com o sistema
de numeração indo-arábigo e com outros
resultados conhecidos pelos matemáticos
indianos. Em 1200, ele voltou a Pisa e
escreveu o Liber Abacci, em 1202.
Nesse livro, é introduzida uma sequência,
que aparentemente já era conhecida entre
os matemáticos indianos lá pelo século VI, Figura 5.2: Leonardo Fibonacci
através de um modelo de crescimento de uma
população de coelhos.
Um casal de coelhos recém nascidos são colocados juntos. Assume-se que
� os coelhos dessa espécie amadurecem sexualmente e se reproduzem apenas após o
segundo mês de vida,
� que não há nada que interfira na fertilidade de cada casal,

� que os casais não morrem e que dão luz a um novo casal a cada mês, a partir do segundo
mês de vida.
Quantos casais de coelhos haverá ao final de um ano?

Para descobrir a resposta, podemos pensar da forma seguinte:


� Após completar o primeiro mês, os coelhinhos são muito novos e não conseguem se
reproduzir, por isso o número de casais é 1 (F1 = 1).
� Até completar o segundo mês de vida, o casal ainda é novo e não consegue se reproduzir,
portanto, o número de casais é 1 (F2 = 1).
� No terceiro mês de vida, os coelhos do casal, já com dois meses, conseguem se reproduzir,
portanto, o número de casais é 2, o que tinha desde o começo do ano e um casal de
filhos (F3 = 2).
� No quarto mês de vida, o número de casais é 3 pois o casal adulto se reproduziu mais
uma vez e o novo casal ainda não amadureceu para conseguir se reproduzir (F4 = 3).
� Após o quinto mês, o primeiro casal se reproduziu mais uma vez e o novo casal já
amadureceu, então também se reproduziu, portanto F5 = 5.
5.2. A RECORRÊNCIA DE FIBONACCI 57

� De forma geral, após completar o n-ésimo mês, teremos todos os coelhos que havia
no mês anterior (Fn−1 ) pois eles não morrem e além disto, terão se reproduzido todos
os casais de coelhos que havia dois meses atrás, porque todos eles já são sexualmente
maduros (Fn−2 ). Portanto, temos Fn = Fn−1 + Fn−2 coelhos.

Figura 5.3: Quantidade de coelhos no final de cada mês

Os 12 primeiros termos da sequência são

1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144.

Com isto, no final do primeiro ano, haverá 144 casais de coelhos.


Podemos considerar que não havia coelhos no inı́cio do perı́odo de observação e assim,
F0 = 0 e F2 = F1 + F0 = 1 + 0 = 1. Desta maneira fica definida a sequência de Fibonacci
recursivamente da forma

Fn = Fn−1 + Fn−2 , n ≥ 2, (5.1)


F0 = 0, F1 = 1. (5.2)

5.2 A recorrência de Fibonacci


Antes de aprofundar no estudo da sequência de Fibonacci, consideraremos outros problemas
de contagem que são descritos com a mesma relação de recorrência.
Exemplo 5.1. Uma escadaria tem n degraus. Você sobe um ou dois de cada vez. De
quantas maneiras você pode subir?
Solução:
Chamemos de an ao número de formas de subir essa escadaria. É claro que a1 = 1. Se n = 2,
temos duas possibilidades, ou subimos dois degraus de uma vez ou subimos um e depois o
outro, ou seja, a2 = 2. Se n = 3, podemos subir dois primeiro e um depois, ou o contrário,
um primeiro e dois depois, ou um de cada vez. Portanto, a3 = 3.
Embora possa parecer que an = n, as coisas mudam quando n = 4. De fato, temos a4 = 5
pois
4 = 2 + 2 = 2 + 1 + 1 = 1 + 2 + 1 = 1 + 1 + 2 = 1 + 1 + 1 + 1.
58 CAPÍTULO 5. ALGUMAS SEQUÊNCIAS DE CONTAGEM

Para subir os n degraus, podemos subir 1 e depois o resto (an−1 ) ou subir dois e depois o
resto (an−2 ). Assim,
an = an−1 + an−2 ,
ou seja, an satisfaz a mesma relação de recorrência que Fn . Como a1 = F2 e a2 = F3 , vale
que an = Fn+1 . �
Exemplo 5.2. Determine a quantidade hn de maneiras de cobrir um tabuleiro 2 × n com
fichas de dominó.
Solução:
Se n = 1, podemos cobrir o tabuleiro com apenas uma ficha. Portanto, h1 = 1. Se n = 2,
poderemos cobrir o tabuleiro 2 × 2 de duas formas: com as fichas em pé ou deitadas.
No tabuleiro 2 × n, com n ≥ 3, poderemos colocar a primeira ficha em pé, e nesse caso
precisaremos cobrir o tabuleiro 2 × (n − 1) para concluir, o que pode ser feito de hn−1 formas.
Se colocarmos a primeira ficha deitada, precisaremos colocar a segunda deitada também,
completando um quadrado 2 × 2 e assim restará um tabuleiro 2 × (n − 2) para ser coberto, o
que pode ser feito de hn−2 formas. Portanto,
hn = hn−1 + hn−2
e você pode verificar que vale hn = Fn+1 também neste caso. �
Exemplo 5.3. Determine a quantidade bn de maneiras de cobrir um tabuleiro 1 × n com
fichas de dominó e com monominós (quadradinhos apenas, ou seja, metades de fichas de
dominó).
Solução:
Podemos estabelecer uma bijeção entre o cobrimento de um tabuleiro 1 × n com fichas de
dominó e com monominós e a linha superior do cobrimento de um tabuleiro 2 × n com fichas
de dominó. Portanto, bn = Fn+1 . �

5.3 Propriedades
Os primeiros 20 primeiros termos da sequência de Fibonacci são
0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 610, 987, 1597, 2584, 4181.
Embora sejam apenas uns poucos termos, já podemos pelo menos suspeitar algumas pro-
priedades dessa sequência.

� (Fn ) não é uma progressão aritmética.


Considerando as diferenças dos primeiros termos, obtemos:

F1 −F0 = 1, F2 −F1 = 0, F3 −F2 = 1, F4 −F3 = 1, F5 −F4 = 2, F6 −F5 = 3, F7 −F6 = 5.

Portanto, realmente a sequência não é uma progressão aritmética.


� (Fn ) também não é uma progressão geométrica.
Verificamos isso ao calcularmos os quocientes dos primeiros termos
F2 F3 F4 F5 5
= 1, = 2, = 1.5, = = 1.6̄.
F1 F2 F3 F4 3
5.3. PROPRIEDADES 59

Mas achamos um padrão suspeito ao calcularmos mais quocientes

F6 8 F7 13 F8 21 F9 34
= = 1.6, = = 1.625, = ≈ 1.61, = =≈ 1.62.
F5 5 F6 8 F7 13 F8 21
Na próxima seção explicamos o que acontece.

� F3n é par.
Como os números de Fibonacci são definidos de forma recursiva, é bastante natural
usarmos indução para provar suas propriedades. Faremos isto neste caso.
Demonstração.

– Caso Base
Se n = 0, F3n = F0 = 0, que é par.
– Passo de Indução
Vamos assumir que F3n é par. Precisamos provar que F3(n+1) é par.
F3(n+1) = F3n+3 = F3n+2 + F3n+1 = F3n+1 + F3n + F3n+1 = 2F3n+1 + F3n .
Como 2F3n+1 é par e F3n também, F3(n+1) é par por ser soma de dois números
pares.

� F5n é múltiplo de 5.
Essa aqui fica para você provar !

� Qual é a sequência de somas parciais de (Fn )?


Vejamos as primeiras somas parciais.

0 = 0,
0 + 1 = 1,
0 + 1 + 1 = 2,
0 + 1 + 1 + 2 = 4,
0 + 1 + 1 + 2 + 3 = 7,
0 + 1 + 1 + 2 + 3 + 5 = 12,
0 + 1 + 1 + 2 + 3 + 5 + 8 = 20,
0 + 1 + 1 + 2 + 3 + 5 + 8 + 13 = 33.

Observe que ao somarmos 1 na coluna da direita, obtemos os números de Fibonacci


novamente. Ou seja,

F0 + F1 + F2 + · · · + Fn = Fn+2 − 1, n ≥ 0.

Podemos fazer a prova por indução novamente.


Demonstração.
60 CAPÍTULO 5. ALGUMAS SEQUÊNCIAS DE CONTAGEM

– Caso Base
Se n = 0, F0 = F0+2 − 1 = F2 − 1 = 1 − 1 = 0.
– Passo de Indução
Precisamos provar
F0 + F1 + F2 + · · · + Fn+1 = Fn+3 − 1.
Temos que
F0 + F1 + F2 + · · · + Fn+1 = (F0 + F1 + F2 + · · · + Fn ) + Fn+1 .
Agora, podemos usar a hipótese de indução:
F0 + F1 + F2 + · · · + Fn = Fn+2 − 1
e a definição recursiva da sequência,
F0 + F1 + F2 + · · · + Fn+1 = Fn+2 − 1 + Fn+1 = Fn+2 + Fn+1 − 1 = Fn+3 − 1.
E assim, concluimos a prova.

� (Fn ) aparece no triângulo de Pascal!

Figura 5.4: Números de Fibonacci no triângulo de Pascal

Para provar o resultado ilustrado na figura 5.4, podemos proceder da forma seguinte.
1. Definimos, para todo n ≥ 1,
� � � � � � � �
n−1 n−2 n−3 n−j
Gn = + + + ··· +
0 1 2 j−1
onde � n
2
, n par;
j= n+1
2
, n ı́mpar.
2. Comprovamos que G1 = 1 e que G2 = 1.
3. Verificamos que Gn = Gn−1 + Gn−2 para n ≥ 3. Isto pode ser feito usando a
relação de Stifel.
Como Fn e Gn satisfazem a mesma relação de recorrência e as mesmas condições iniciais,
Fn = Gn , n ≥ 1. Os detalhes da prova ficam de exercı́cio para você.
5.4. FÓRMULA EXPLÍCITA 61

5.4 Fórmula Explı́cita


Vamos encontrar agora uma fórmula explı́cita para Fn . O polinômio caracterı́stico associado
à sua relação de recorrência é
x2 − x − 1 = 0,
√ √
1− 5 1+ 5
que tem raı́zes e . Portanto,
2 2
� √ �n � √ �n
1− 5 1+ 5
Fn = c1 + c2 .
2 2

Após resolver o sistema de equações

c1 + c2 = 0,
� √ � � √ �
1− 5 1+ 5
c1 + c2 = 1,
2 2

1 1
concluimos que c1 = − √ e c2 = √ . Portanto,
5 5
�� √ �n � √ �n �
1 1+ 5 1− 5
Fn = √ − . (5.3)
5 2 2
Em algumas referências bibliográficas, a fórmula acima é chamada de Fórmula de Binet, em
homenagem ao matemático francês Jacques Philippe Marie Binet.
Esta fórmula tem
√ várias consequências interessantes. Apresentaremos duas delas a seguir.
1 + 5 (1)
Seja ϕ = . Esta é uma das raı́zes caracterı́sticas da recorrência da sequência de
2
1
Fibonacci. A outra raiz é 1 − ϕ = − .
ϕ
ϕn
� Fn é o número inteiro mais próximo de √ .
5
Demonstração. Pela fórmula (5.3), temos que
1 1 (−1)n
F n = √ ϕn − √ .
5 5 ϕn
� 1 n �� 1 2

Portanto, �Fn − √ ϕ � < ⇔ ϕn > √ e esta última igualdade segue do fato que
5 2 5
ϕ > 1. �
Fn+1
� lim = ϕ ≈ 1.618034, ou seja, Fn se comporta quase como uma progressão
n→∞ Fn
geométrica com razão aproximadamente igual a 1.618034.
Demonstração. Temos que,

Fn 1 1 (−1)n 1 Fn+1
lim n
= lim √ − √ 2n
= √ = lim n+1 .
n→∞ ϕ n→∞ 5 5 ϕ 5 n→∞ ϕ
(1)
Este número é chamado de razão ou proporção áurea
62 CAPÍTULO 5. ALGUMAS SEQUÊNCIAS DE CONTAGEM

Portanto,
Fn+1
Fn+1 ϕn+1
lim = ϕ lim Fn
= ϕ.
n→∞ Fn n→∞
ϕn

5.5 Exercı́cios
Exercı́cio 5.1
Temos n reais para gastar. Todo dia compramos, ou um doce de 1 real, ou um sorvete de 2
reais. De quantas maneiras podemos gastar todo esse dinheiro? (Use uma relação recursiva
para chegar nesse valor.)

Exercı́cio 5.2
Quantos subconjuntos de {1, 2, 3, . . . , n} não contém dois inteiros consecutivos? Use uma
relação recursiva para obter esse valor.

Exercı́cio 5.3
Use indução para provar os resultados a seguir:

(a) F5n é divisı́vel por 5.

(b) F1 + F3 + F5 + · · · + F2n−1 = F2n .

(c) F0 − F1 + F2 − F3 + · · · − F2n−1 + F2n = F2n−1 − 1.

(d) F02 + F12 + F22 + · · · + Fn2 = Fn · Fn+1 .

(e) F2n+1 = 3F2n−1 − F2n−3

Exercı́cio 5.4
� � � � � � � �
n n n n
F1 + F2 + F3 + · · · + Fn+1 = F2n+1 .
0 1 2 n
Exercı́cio 5.5
(a) Qual número é maior 2100 ou F100 ?

(b) E entre 298 e F100 ? Qual é o maior?

5.6 Números de Catalan


5.7 Outras sequências
Capı́tulo 6

Respostas dos exercı́cios

Capı́tulo 1
Capı́tulo 2
Capı́tulo 3
Capı́tulo 4
Capı́tulo 5
Solução 5.1
an : quantidade de maneiras de gastar n reais.
� a1 = 1

� a2 : ou compro um doce dois dias ou compro um sorvete apenas um dia ⇒ a2 = 2

� an : ou compro um doce e assim, me sobrarão an−1 reais para gastar, ou compro um sorvete
e assim, terei an−2 reais para gastar, ou seja, an = an−1 + an−2 .
Portanto, an = Fn+1 .

Solução 5.2
an : quantidade de subconjuntos de {1, 2, 3, . . . , n} que não contém dois inteiros consecutivos.
� a0 = 1: ∅

� a1 = 2: ∅, {1}

� a2 = 3: ∅, {1}, {2}

� an : Os subconjuntos de {1, 2, 3, . . . , n} que não contém dois inteiros consecutivos podem ser
classificados naquela que contém n e os que não o contêm.

– Os que contêm n, não contêm n − 1, portanto, eles são an−2 conjuntos.


– Os que não contêm n, são os subconjuntos de {1, 2, 3, . . . , n − 1} que não contém dois
inteiros consecutivos, que são an−1 conjuntos.

Assim, an = an−1 + an−2 .

63
64 CAPÍTULO 6. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

Portanto, an = Fn+2 .

Solução 5.3
(a) � Caso Base:
n = 0, F0 = 0, que é divisı́vel por 5.
� Passo de Indução:

F5(n+1) = F5n+4 + F5n+3 = F5n+3 + F5n+2 + F5n+2 + F5n+1


= F5n+2 + F5n+1 + F5n+1 + F5n + F5n+1 + F5n + F5n+1
= F5n+1 + F5n + F5n+1 + F5n+1 + F5n + F5n+1 + F5n + F5n+1
= 5F5n+1 + 3F5n

(b) F1 + F3 + F5 + · · · + F2n−1 = F2n .

� Caso Base:
n = 1, F1 = F2
� Passo de Indução

F1 + F3 + F5 + · · · + F2(n+1)−1 = (F1 + F3 + F5 + · · · + F2n−1 ) + F2n+1


= F2n + F2n+1

(c) � Caso Base


n = 1, F0 − F1 + F2 = F1 − 1
� Passo de Indução

F0 − F1 + F2 − F3 + · · · − F2(n+1)−1 + F2(n+1) = F0 − F1 + F2 − F3
+ · · · − F2n+1 + F2n+2
(F0 − F1 + F2 − F3 + · · · − F2n−1 + F2n ) − F2n+1 + F2n+2 = F2n−1 − 1 − F2n+1 + F2n+2
= (F2n−1 − F2n+1 ) + F2n+2 − 1
= −F2n + F2n+2 − 1 = F2n+1 − 1

(d) F02 + F12 + F22 + · · · + Fn2 = Fn · Fn+1 .

� Caso Base
n = 0, F02 = F0 · F1
� Passo de Indução

F02 + F12 + F22 + · · · + F(n+1)2 = F02 + F12 + F22 + · · · + Fn2 + F(n+1)2


= Fn · Fn+1 + F(n+1)2
= (Fn + Fn+1 )Fn+1
= Fn+1 · Fn+2

(e) F2n+1 = 3F2n−1 − F2n−3

� Caso Base n = 2, F5 = 3F3 − F1 = 3 · 2 − 1 = 5, �


65

� Passo de Indução
3F2(n+1)−1 − F2(n+1)−3 = 3F2n+1 − F2n−1 = 2F2n+1 + (F2n+1 − F2n−1 )
= 2F2n+1 + F2n = F2n+1 + F2n+2 = F2n+3

Solução 5.4
No exemplo ?? vimos que o número de cobrimentos de um tabuleiro 1 × n com quadrados 1 × 1
(monominós) e retângulos 1 × 2 (dominós) é bn = Fn+1 . Vamos provar a igualdade respondendo a
mesma pergunta de duas maneiras diferentes.
Pergunta: Quantos cobrimentos do tabuleiro 1 × 2n existem?
� Resposta 1: b2n = F2n+1
� Resposta 2: Esta é mais complicada. Perceba que, como mı́nimo, precisaremos de n peças
para cobrir o tabuleiro. Precisaremos exatamente de n quando todas elas sejam dominós e
se alguma for um quadrado, precisaremos de mais de n peças. Vamos particionar o conjunto
destes cobrimentos segundo a quantidade de quadrados que houver nas primeiras n peças que
forem colocadas no cobrimento, assumindo que estou cobrindo todas as casas de esquerda a
direita.
A0 = {Cobrimentos com k = 0 quadrados nas primeiras n peças}
A1 = {Cobrimentos com k = 1 quadrados nas primeiras n peças}
A2 = {Cobrimentos com k = 2 quadrados nas primeiras n peças}
..
.
An = {Cobrimentos com k = n quadrados nas primeiras n peças}

Por exemplo, |A0 | = 1 pois nesse caso, as primeiras n peças são todas dominós e com isso, o
tabuleiro já está coberto. Por outro lado, |An | = bn pois as primeiras n peças forem quadrados,
restarão n casas para serem cobertas, o que pode ser feito de bn maneiras.
Para calcularmos |Ak |, podemos pensar assim. Se k das primeiras n peças são quadrados,
então as n − k peças restantes são dominós e portanto, com essas n peças teremos coberto
k + 2(n − k) = 2n − k casas � do
� tabuleiro, restando k casas a serem cobertas, o que pode ser
n
feito de bk formas. Temos maneiras de escolher k quadrados entre as primeiras n peças
k
colocadas, portanto, � �
n
|Ak | = bk .
k
Assim, pelo Princı́pio da Adição, a resposta 2 é
�n � � �n � � � � � � � � � �
n n n n n n
bk = Fk+1 = F1 + F2 + F3 + · · · + Fn+1 .
k k 0 1 2 n
k=0 k=0

Igualando as duas respostas, o resultado segue.

Solução 5.5
(a) Usando a fórmula explı́cita para Fn , você conclui que 2100 > F100 .
(b) 298 : Quantidade de subconjuntos de {1, 2, 3, . . . , 98}
F100 : Quantidade de subconjuntos de {1, 2, 3, . . . , 98} que não contém dois inteiros consecutivos.
Portanto,298 > F100 .

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