Você está na página 1de 8

ESTÁGIO BÁSICO EM PSICOLOGIA ESCOLAR: DIAGNÓSTICO

INSTITUCIONAL EM ESCOLA DE NÍVEL TÉCNICO


PROFISSIONALIZANTE NAS MODALIDADES A DISTÂNCIA E
SEMIPRESENCIAL

SILVA, Diego da1 - FACEL

Grupo de Trabalho – Práticas e Estágios nas Licenciaturas


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo a realização do diagnóstico institucional em uma sede
paranaense de instituição de ensino técnico profissionalizante que possui 62 cursos, sendo 46
na modalidade totalmente a distância e 16 cursos semipresenciais. A população atendida
compreende cerca de 450 alunos, com faixa etária entre 18 e 45 anos, de classe econômica
média, residentes na região sul do Brasil. 13 funcionários: uma diretora geral, três auxiliares
administrativos e nove professores com formação nas áreas de Engenharia, Psicologia e
Contabilidade. A pesquisa desenvolveu-se durante o estágio básico em Psicologia Escolar
requisito do sexto período do curso de Psicologia da FACEL. Foram 36 horas no local de
estágio e 36 horas em supervisão. Realizou-se análise institucional a partir do referencial
teórico da Psicologia Escolar Crítica. Foram realizadas observações (espaço físico,
relacionamento interpessoal professores/alunos, trabalho desempenhado pelos funcionários,
ambiente virtual de aprendizagem, didática com que as aulas semipresenciais aconteciam, etc.
Entrevistas (diretora, professores e alunos). Entrevista devolutiva para com a diretora da
instituição. Percebeu-se através da análise institucional que o foco principal do trabalho de um
psicólogo nesta instituição seria criar e desenvolver projetos de responsabilidade social e
acessibilidade juntamente como os professores e estudantes, a fim desta se aproximar da
comunidade; fortalecer as relações e interações entre professores e alunos e propiciar
conhecimento prático, uma vez que os cursos são realizados a distância ou de modo
semipresencial.

Palavras-chave: Psicologia Escolar. Diagnóstico Institucional. Estágio em Psicologia.

1
Graduado em Gestão de Recursos Humanos pelas Faculdades Integradas Camões, no ano de 2008. Graduando
de 10º período em Psicologia pela Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras, na cidade de
Curitiba, Paraná. Possui experiência no atendimento em grupos de crianças, adolescentes, pessoas com
necessidades especiais e adultos. E-mail: diedidiego@gmail.com.
23068

Introdução

O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise institucional em uma sede
paranaense de instituição de ensino técnico profissionalizante que possui 62 cursos, sendo 46
na modalidade totalmente a distância e 16 cursos semipresenciais. A organização possui cerca
de 450 alunos, com faixa etária entre 18 e 45 anos, de classe econômica média, residentes na
região sul do Brasil. A escola possui 13 funcionários: uma diretora geral, três auxiliares
administrativos e nove professores com formação nas áreas de Engenharia, Psicologia e
Contabilidade.
A presente prática se desenvolveu durante um estágio básico em Psicologia Escolar
requisito do sexto período do curso de Psicologia da Faculdade de Administração, Ciências,
Educação e Letras, na cidade de Curitiba – PR. A carga horária total do estágio foi de 72
horas, 36 horas no local de estágio e 36 horas em supervisão. Realizou-se análise institucional
de uma escola de nível técnico profissionalizante que oferece cursos nas modalidades a
distância e semipresencial, a partir do referencial teórico da Psicologia Escolar Crítica.
Foram realizadas observações do espaço físico da instituição, do trabalho
desempenhado pelos funcionários, da didática com que as aulas semipresenciais aconteciam,
do ambiente virtual de aprendizagem, assim como do relacionamento entre professores e
alunos. Tais observações trouxeram subsídios para uma análise institucional mais consistente.
Foram realizadas entrevistas com a diretora, com professores e estudantes. Após a análise dos
dados obtidos, houve uma entrevista devolutiva para com a diretora da instituição, a fim de
sugerir possíveis mudanças e intervenções com o intuito de potencializar o rendimento, a
aprendizagem e o relacionamento interpessoal na escola.

Psicologia Escolar Crítica

O psicólogo escolar/educacional deve atuar no âmbito da educação formal, realizando


pesquisas, diagnóstico e intervenção preventiva e corretiva em grupo ou individualmente.
Envolve, em sua análise e intervenção, todos os segmentos do sistema educacional que
participam do processo de ensino e aprendizagem. (ANDRADA, 2005)
Ainda em Andrada (2005), a autora destaca as seguintes possibilidades de atuação do
psicólogo educacional: a) aplicar conhecimentos psicológicos na escola concernentes ao
processo ensino/aprendizagem, em análises e intervenções psicopedagógicas, referentes ao
23069

desenvolvimento humano, às relações interpessoais e à integração família/comunidade/escola,


para promover o desenvolvimento integral do ser; b) analisar as relações entre os diversos
segmentos do sistema de ensino e sua repercussão no processo de ensino para auxiliar na
elaboração de procedimentos educacionais capazes de atender às necessidades individuais.
Kupfer in Machado e Souza (1997) aponta parâmetros que o psicólogo pode se basear
em seu trabalho. São eles: 1) abrir um espaço para circulação de discursos, naquelas
instituições em que a ausência dessa circulação estiver comprometendo a realização dos
objetivos institucionais; 2) intervir em uma instituição quando estiver criada a transferência;
3) o psicólogo escutará a demanda da escola; 4) o psicólogo se movimentará na intersecção
entre a Pedagogia e a Psicologia; 5) O psicólogo deve ser ético.
Na área específica da Psicologia voltada para as questões escolares a atenção à
estrutura social e à história da educação e da política educacional num país capitalista
depende de uma visão crítica da escola enquanto instituição social que reproduz em seu
interior o estado de coisas em vigor na sociedade que a inclui. Uma Psicologia Social crítica
da escola têm permitido que alguns psicólogos comecem a contribuir para os processos que se
dão na vida diária escolar, em suas relações com as dimensões econômica, política e cultural
da sociedade brasileira. (PATTO, 1997)
Patto (1997) propõe que é necessário rediscutir integradamente os objetivos da escola,
reciclagem do corpo docente em exercício e formação dos futuros professores, mudança no
esquema referencial dos educadores, apontando para uma compreensão mais ampla da
realidade social brasileira em seus aspectos sociais, econômicos, político e culturais.
Valore (2003) propõe os desafios que cabem ao psicólogo institucional vislumbrar,
como por exemplo:
a) o de considerar os dispositivos que constituem a Psicologia como uma instituição
que corrobora os mecanismos de exclusão;
b) o de promover o resgate da relação professor-aluno como lócus privilegiado da
possibilidade de mudança nas práticas educativas;
c) o de propiciar espaços de fala e de escuta, a fim de abrir novos canais de circulação
dos discursos e de possibilitar a emergência de formas alternativas de operacionalização do
fazer cotidiano;
d) o de facilitar o diálogo interdisciplinar;
23070

e) o de contribuir para o resgate do espaço escolar como sendo um lugar de alegria, de


prazer, de abertura para o novo, e em que o ofício de ensinar e de aprender possa ser
vivenciado como algo que vá além do inevitável sacrifício, do mal necessário.
A ética de uma forma geral e na escola refere-se a princípios fundamentais de justiça,
igualdade e solidariedade, e busca a libertação pessoal e social das pessoas e das situações de
injustiça sendo, assim, a própria crítica da moralidade, enquanto conjunto de costumes
vividos em uma sociedade e considerados comuns e necessários para o andamento e
prosseguimento da ordem normal estabelecida. O psicólogo precisa se atentar para o Código
de Ética de sua profissão em todas as áreas da Psicologia, inclusive em trabalhos
desenvolvidos na área educacional e escolar. (CRUCES in MARTÍNEZ, 2007)
Considerando que a atuação profissional começa na graduação, na realização de
estágios, faz – se necessário apontar aspectos do estágio básico em Psicologia Escolar.
Durante o estágio em Psicologia Escolar algumas dificuldades se impõem, como o
desconhecimento da escola sobre papéis e funções do estagiário de Psicologia, o que, limita
formas de atuação mais efetivas; Conflitos vividos pelo próprio estagiário acerca da validade
do trabalho que vem desenvolvendo nas instituições de ensino onde estagia. (AZEVEDO,
2000)
Grande parte das escolas, acredita que a função básica do estagiário de Psicologia
Escolar é clinicar, esperando portanto, que ele através de aplicação de testes, elaboração de
diagnóstico e aconselhamento, possa solucionar o maior número de problemas dos alunos
num curto espaço de tempo. (AZEVEDO, 2000)
A medida que voltarmos nossa atenção, quer como profissionais da área, quer como
pesquisadores, sobre a atuação do estagiário de Psicologia na escola, maior será o
conhecimento dessa área da Psicologia, da escola e de suas necessidades e problemas. Isso
possibilitará um levantamento de subsídios necessários a uma forma de ação efetiva na
disciplina, na supervisão, no estágio, diminuindo a discrepância entre escola e estágio.
(AZEVEDO, 2000)
Os avanços na facilidade de acesso à informação que supõem as novas tecnologias de
informação e comunicação mostram seu verdadeiro alcance se tais tecnologias não apenas
proporcionam múltiplas e variadas informações, como se fossem bases de dados inesgotáveis,
mas também oferecem a possibilidade de pôr em contato, sem nenhum tipo de restrição
espacial ou temporal, uma infinidade de pessoas que compartilham os recursos básicos dessas
23071

comunicações, telefones móveis ou computadores conectados a internet. (MARTÍ in COLL,


MARCHESI E PALACIOS, 2004)
Essas novas tecnologias de informação e comunicação transmitem uma série de
conteúdos e valores suscetíveis de incidir nos conhecimentos e nas atitudes das crianças e dos
jovens e em seu processo de socialização, mas também estão criando novas comunidades de
relações e interesses entre crianças e jovens. Emergem, assim, novas culturas infantis e
juvenis em torno das tecnologias de informação e comunicação, que se constituem de forma
alheia aos contextos de desenvolvimento predominantes, a família e a escola, proporcionando
mais uma forma de aprendizagem. (MARTÍ in COLL, MARCHESI E PALACIOS, 2004)
O papel do psicólogo na sociedade e sua atuação com o compromisso social e
histórico na direção em que a sociedade brasileira, se encontra num estado de urgência social.
Estar presente na demanda de serviços prestados para melhoria de vida das pessoas,
relacionados a questões diárias como desigualdade, desemprego, violência, da educação e na
área da saúde. Em outras palavras o compromisso social, com um olhar para a sociedade em
como a psicologia presente pode reconhecer e contribuir no que é importante. O diálogo mais
presente com o estado para mostrar a importância da psicologia na formulação e execução de
políticas públicas. (GONÇALVES 2008 apud CRP SP, 2008, p.28)
A construção de projetos coletivos da profissão, é de suma importância, estará sendo
trabalhada e desenvolvida em parceria com outras profissões, dos movimentos sociais, fazer
um diálogo presente a presença na intervenção do sistema institucional para o preparo e
atuação nos sistema de saúde, assistência social, educação, jurídico, tendo como prática, essas
referências para o exercício da psicologia, sua representação irá contribuir para a melhoria em
seu espaço de atuação possibilitando enfrentar a realidade como sujeito. (GONÇALVES,
2008 apud CRP SP, 2008, p.28)
O significado do compromisso é a ação que possa acontecer no comprometimento em
assumir novas responsabilidade e suas consequências. Esse novo compromisso envolve uma
análise do desenvolvimento do homem nas condições do contexto, na transformação da
sociedade e a superação da exclusão social, assumir um posicionamento crítico em relação a
essa exclusão, a totalidade histórica e a necessidade da sua transformação. O compromisso
com o homem, a sociedade e a educação de qualidade procura uma avaliação por parte do
psicólogo a realidade como objeto de ação, uma organização consciente, compromisso com a
23072

história, responsabilidade para a prática da psicologia escolar. (MEIRA, 2008 apud CRP SP,
2008, p.29)
A concepção de que seja um problema educacional a base de toda profissão da
psicologia escolar a maneira como compreende a origem dos problemas educacionais
determina toda ação, suas respostas estarão baseadas no indivíduo. Os problemas não são os
alunos, mas a transformação não será o sujeito, mas a compreensão dos processos
psicológicos e pedagógicos. (MEIRA, 2008 apud CRP SP, 2008, p.30)
A subjetividade com os processos educacionais mudará a finalidade do psicólogo em
função a escola em como favorecer processo de humanização e desenvolvimento do
pensamento crítico? O autor Demerval Saviani, afirma que a natureza do trabalho educativo é
o ato de produzir de forma intencional e deliberada em cada indivíduo singular aquilo que a
humanidade produziu coletivamente ao longo da sua história. (MEIRA, 2008 apud CRP SP,
2008, p.30)
Para realidades diferentes necessário plano de intervenção diferente condizente com as
questões que envolvem a construção de uma gestão democrática, uma educação com
qualidade de ensino na forma em que as pessoas envolvidas possam juntas discutir, analisar a
relação social em compromisso com o desenvolvimento nas escolas. (MEIRA, 2008 apud
CRP SP, 2008, p.32)
A socialização do conhecimento histórico foram produzidas, por classes dominantes e
seus interesses. É preciso considerar que atualmente é o pensamento fatores que influenciam
nas decisões construindo políticas públicas de educação comprometidas com as práticas
pedagógicas realmente inclusiva e transformadora com os interesses das classes populares. A
psicologia é capaz de compreender estes processos ensino-aprendizagem, sócio aprendizagem
e usa de articulação com o desenvolvimento na psicologia social (não atuar como clinico -
terapêutico), as determinações sociais com a prática efetiva do educador. (ANTUNES, 2008
apud CRP SP, 2008, p.34 a 36)

Considerações Finais

Percebeu-se através da análise institucional que o foco principal do trabalho de um


psicólogo nesta instituição seria criar e desenvolver projetos de responsabilidade social e
acessibilidade juntamente como os professores e estudantes, a fim desta se aproximar da
comunidade; fortalecer as relações e interações entre professores e alunos e propiciar
23073

conhecimento prático, uma vez que os cursos são realizados a distância ou de modo
semipresencial. De acordo com alunos, funcionários e professores, os cursos a distância são
estratégias de ensino/aprendizagem que colaboram para que as partes envolvidas se
aprimorem profissionalmente levando em consideração o horário, a disponibilidade e o ritmo
de cada um. O ambiente virtual de aprendizagem, os materiais didáticos e o relacionamento
interpessoal são elementos primordiais nesse processo ensino/aprendizagem.
Sendo o curso técnico em Eletrônica semipresencial o de maior procura na instituição,
sugeriu-se à direção que houvesse maior participação em locais que trabalham com
deficientes físicos, para desenvolver pesquisas científicas na elaboração de equipamentos
inteligentes como cadeiras de rodas eletrônicas para tetraplégicos ou bengalas para deficientes
visuais; reparos e construção de elevadores para deficientes físicos; grupos de estudos em que
os alunos mais avançados nos cursos pudessem ajudar os mais recentes em seu processo de
aprendizagem sob supervisão dos professores. A diretora ouviu atentamente as sugestões,
verbalizando interesse em efetivá-las, evidenciando uma perspectiva de melhorias na
instituição.

REFERÊNCIAS

ANDRADA, Edla Grisard Caldeira de. Focos de intervenção em psicologia escolar. Psicol.
Esc. Educ. (Impr.), Campinas, v. 9, n. 1, jun. 2005. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141385572005000100019&lng=pt
&nrm=iso>. acessos em 24 nov. 2011.

ANDRADA, Edla Grisard Caldeira de. Novos paradigmas na prática do psicólogo escolar.
Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 18, n. 2, ago. 2005. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010279722005000200007&lng=pt
&nrm=iso>. acessos em 24 nov. 2011.

AZEVEDO, Antonia Cristina Peluso de. Psicologia Escolar: O Desafio do Estágio. São
Paulo: Unisal, 2000.

CADERNOS TEMÁTICOS CRP SP - Conselho Regional de Psicologia de São Paulo 6ª


Região - Psicologia e educação: contribuições para a atuação profissional – São Paulo: CRP
SP, 2008, p.27 a 41.

COOL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús. Desenvolvimento Psicológico e


Educação: Psicologia da Educação Escolar. 2ª edição. Porto alegre: Artmed, 2004.

MACHADO, Adriana Marcondes; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Psicologia


Escolar: Em Busca de Novos Rumos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.
23074

MARTINEZ, Albertina Mitjáns. Psicologia Escolar e Compromisso Social. 2ª edição. São


Paulo: Alínea. 2007.

PATTO, Maria Helena Souza. Introdução à Psicologia Escolar. 3ª edição. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 1997.

VALORE. Luciana Albanese. O Psicólogo e a Escola: Algumas Contribuições à Luz da


Psicologia Institucional. Psico utp online. n. 02, Curitiba, jul. 2003.

Você também pode gostar