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DOI: 10.1590/1413-81232015209.

08732015 2683

Apontamentos críticos sobre estigma e medicalização

artigo article
à luz da psicologia e da antropologia

Critical notes on stigma and medicalization


according to the psycological and athropological view

Lygia de Sousa Viégas 1


Rui Massato Harayama 2
Marilene Proença Rebello de Souza 3

Abstract This article aims to reflect on ethical Resumo Este artigo objetiva refletir sobre os as-
aspects involved in the social sciences and human- pectos éticos envolvidos nas pesquisas das ciências
ities researches conducted in the educational con- sociais e humanas realizadas no contexto educa-
text. In this debate, which goes beyond the limits cional. Nesse debate, que ultrapassa os limites da
of Resolution 466/2012 and the Plataforma Brasil Resolução 466/2012 e da burocracia envolvida
bureaucracies, we refer to Psychology and Anthro- na Plataforma Brasil, tomamos como referência
pology critical readings in order to emphasize the leituras críticas em Psicologia e Antropologia, a
ethical risks in the medicalized view of education fim de enfatizar os riscos éticos presentes no olhar
and human development, which has contributed medicalizante voltado para a educação e o desen-
to the production of stigmas that reinforces school volvimento humano, que tem contribuído para
exclusion. As central elements of this question- a produção de estigmas que reforçam a exclusão
ing, we highlight: the debate about the illusion escolar. Como elementos centrais desta proble-
that research in humanities and social sciences do matização, destacam-se: a ilusão de que pesqui-
not imply ethical risks and the false dichotomy of sas em ciências humanas e sociais não implicam
biomedical sciences x social and human sciences em riscos éticos e o debate sobre a falsa dicotomia
within the research in psychology and anthro- ciências biomédicas x ciências sociais e humanas
pology in education. Attesting to the importance no âmbito das pesquisas em psicologia e antro-
of such problems we referred to researches of na- pologia na educação. Atestando a importância de
tional and international authors in the field of tais problematizações, são referidas pesquisas de
school /educational psychology and neuroscience. autores nacionais e internacionais no campo da
Through these considerations, the article con- psicologia escolar/educacional e das neurociên-
cludes for the importance of ethical rigor in hu- cias. O artigo conclui pela importância do rigor
manities and social sciences researches, focusing ético nas pesquisas em ciências sociais e humanas,
1
Faculdade de Educação,
Universidade Federal da not only in the construction of the project and the focalizando não apenas a construção do projeto e
Bahia. Av. Reitor Miguel methodological procedures of data collection, but os procedimentos metodológicos de coleta de da-
Calmon s/n, Canela. 40110-
also in the research results interpretations and in dos, mas também as interpretações da pesquisa
100 Salvador BA Brasil.
lyosviegas@gmail.com the publication of reports and scientific articles. e as publicações de relatórios e artigos científicos
2
Fórum sobre Key words Ethics, Social sciences, Human scienc- delas resultantes.
Medicalização da Educação
es, Medicalization Palavras-chave Ética, Ciências sociais, Ciências
e da Sociedade.
3
Instituto de Psicologia, humanas, Medicalização
Universidade de São Paulo.
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Viégas LS et al.

Este artigo objetiva refletir acerca da dimen- mente trabalhada pelo pesquisador, consideran-
são ética nas pesquisas realizadas na escola públi- do, sobretudo, que pesquisas servem de base para
ca brasileira, dando ênfase à crítica às explicações a elaboração e implantação de políticas públicas,
medicalizantes que, ao compreenderem o desen- impactando diretamente na prática de diversos
volvimento humano como eminentemente bio- profissionais.
lógico e maturacional, produzem classificações, Nessa virada de olhar, cumpre-nos proble-
padrões de normalidade e anormalidade e estig- matizar a produção de pesquisas que têm con-
mas que reforçam a exclusão escolar. Nesta análi- tribuído para a justificação do fracasso escolar de
se, adotamos como referência, especialmente, lei- forma individualizante. São pesquisas que, em-
turas críticas em Psicologia, Psicologia Escolar e bora se suponham neutras e objetivas, e mesmo
Antropologia Social que muito contribuem para possuam aceite do CEP ao qual foram submeti-
constituirmos parâmetros explicativos aos desa- das, possuem desenho metodológico, tanto no
fios da escolarização. âmbito do trabalho de campo quanto da análise
O debate em torno da ética na pesquisa em do material, que, ao contrário de contribuir para
Ciências Sociais e Humanas envolvendo seres hu- explicar os problemas educacionais que nos atin-
manos constitui-se em pauta cada vez mais pre- gem historicamente, precisam, elas sim, ser expli-
sente entre pesquisadores, questionando, dentre cadas criticamente, dado seu caráter ideológico6,7.
outros aspectos, a forma como a ética tem sido Tais elementos reforçam a importância da
avaliada pelo sistema Conselhos de Ética em constituição de mecanismos de análise social das
Pesquisa (CEP)/Conselho Nacional de Pesquisa pesquisas no âmbito das ciências humanas e so-
(CONEP), com destaque para a ferramenta em ciais, visando, com isso, a superação de situações
que se insere projetos de pesquisa a serem ava- nas quais contribuem politicamente para a ma-
liados1-5. nutenção das desigualdades sociais, ao desconsi-
Dentre as críticas trazidas pela literatura em derar questões históricas complexas, analisando
Ciências Sociais e Humanas, destaca-se o predo- o fracasso escolar sob a aparência de reflexo justo
mínio da ótica biomédica nos crivos de análise de diferenças supostamente individuais8.
dos CEPs: a necessidade de apresentar um dese- Nesse sentido, se é consenso que a avaliação
nho fechado da pesquisa, com a delimitação ab- dos aspectos éticos envolvidos nas pesquisas em
soluta dos participantes antes do seu início, e a ciências humanas e sociais no chão da escola pre-
obrigatoriedade da assinatura prévia no Termo cisa ser revisada, superando o olhar biomédico
de Consentimento Livre e Esclarecido são exem- entranhado nos critérios de eticidade elencados
plos de aspectos mencionados por pesquisadores, pelo Sistema1,4, essa necessidade não pode ser
sobretudo quem adota metodologias qualitati- interpretada como sinônimo de que pesquisas
vas, caracterizadas por serem abertas e artesanais. nesse campo produzam menos risco ético que
No bojo dessa crítica, comparecem questio- pesquisas biomédicas. Na direção contrária, de-
namentos sobre a pertinência de se apontar os fendemos a necessidade de rigorosa avaliação
riscos da pesquisa, nos quais por vezes surgem ética por pares e interlocutores para garantir que
afirmações de que “a maioria das pesquisas em o conhecimento produzido nas pesquisas educa-
Psicologia não apresenta riscos aos participan- cionais não viole os Direitos Humanos ou o Esta-
tes”3, ou ainda, que a pesquisa social “apresenta tuto da Criança e do Adolescente.
apenas um risco semelhante àquele que existe na Aqui importa pensar a ética na pesquisa edu-
vida cotidiana”5. Sendo assim, uma provocação cacional para além das instâncias tradicionais
se faz urgente: seria a reflexão sobre os riscos im- constituídas ou em processo de constituição. Ou
plicados na pesquisa social no campo da educa- seja, o chamamento é a pensar a ética, sobretudo
ção dispensável? a partir do pressuposto de que o conhecimento
Em tempos em que o debate sobre ética em científico é histórica e socialmente datado e, por
pesquisa tende a ser capturado pela burocracia isso, a ciência é um espaço de discussão e de re-
envolvida na Plataforma Brasil, sendo assunto re- produção de ideologias e de tensões sociais.
metido como aborrecimento por pesquisadores, Antes de prosseguir, uma ressalva atesta a
retomamos elementos que atingem, em cheio, complexidade do debate em questão: segundo
questões éticas nas pesquisas no campo educa- Severino9, é preocupante a crescente ocorrência
cional. Essa reflexão não termina com a aprova- de “fabricação e invenção de dados, falsificação
ção pelo Comitê de Ética em Pesquisa, a liberação de resultados, plágios e autoplágios” na produção
do pesquisador para a coleta de dados, ou a en- de trabalhos e pesquisas acadêmicos, traduzindo
trega do relatório final. Ela é e deve ser constante- um “relaxamento no compromisso do pesquisa-
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dor com a fidedignidade de suas ações propria- sores. Merecem menção Machado10, Machado e
mente científicas”. É nesse cenário tenso que o Souza11, Tanamachi et al.12, Freller13, Viégas e An-
presente artigo se situa, buscando pensar critica- gelucci14, Meira e Facci15, Rocha et al.16, Souza17,
mente a ética na produção de conhecimento no Patto18, Roman19, Souza20, Checchia21, Souza et
âmbito das ciências sociais e humanas no chão al.22, Ribeiro23.
da escola, recuperando seus aspectos profundos. Em comum, tais estudos compreendem a es-
colarização como processo complexo que deve ser
A escola como campo de pesquisa: observado em diversas dimensões: histórica, polí-
tensões no interior da Psicologia tica, econômica, social, institucional, pedagógica,
e das Ciências Sociais e Humanas relacional... Como oriente ético, destaca-se a pre-
ocupação com o risco de contribuir com a cons-
A rede pública de ensino no Brasil estabelece trução social de estigmas no campo da pesquisa
uma relação intrínseca com pesquisas educacio- em educação, aliada ao compromisso de descons-
nais, nas quais é comum encontrar estudos em truir estigmas consolidados socialmente (os quais
psicologia e ciências sociais que têm como foco o contaram com a mão pesada das pesquisas “cien-
contexto escolar, com o intuito de compreender tíficas” despreocupadas com a questão).
questões que constituem o processo de escola- É nesse cenário contraditório que se constitui
rização de crianças e jovens. Também é comum o universo de pesquisas em psicologia escolar e
que tais pesquisas sirvam de base para a constru- educacional no chão das escolas brasileiras: ao
ção ou consolidação de políticas públicas educa- mesmo tempo em que se acumulam investiga-
cionais. ções que prezam pela análise social e do contex-
Análise diligente de Patto7 impõe o reconhe- to escolar para explicar o fracasso e o êxito no
cimento de que pesquisas no campo educacional processo de escolarização, crescem pesquisas
assumem necessariamente um posicionamento que tratam a escola como local privilegiado para
em torno das relações de poder que se materia- corroborar teses organicistas com foco estrito ao
lizam na educação e na escola. O fato é que, de corpo biológico dos alunos24. Estas últimas, em-
maneira hegemônica, a psicologia escolar e edu- bora se insiram na grande área das ciências hu-
cacional brasileira contribuiu com a conservação manas e sociais, operam com a ótica biomédica
das relações de dominação, por exemplo, ao justi- na compreensão do fenômeno, a qual marca as
ficar a forma hierarquizada de organização esco- perguntas feitas, bem como procedimentos de
lar, legitimar a implantação de políticas públicas investigação e de análise do material da pesquisa.
verticalizadas ou culpabilizar alunos, famílias e Nesse sentido, questionamos, junto com
professores pelo fracasso escolar que, não coin- Fonseca25 e Porto26, o sentido da distinção feita
cidentemente, atinge justamente a população pelo antropólogo Oliveira27-29 entre pesquisas
pobre que mais depende da rede pública para ga- com seres humanos (pesquisas no contexto dos
rantir o direito social à educação escolar. sujeitos de pesquisa, pesquisas ‘qualitativas’ e
Dentre os vários elementos passíveis de crí- pesquisas das ciências humanas) e pesquisas em
tica das pesquisas em psicologia no campo da seres humanos (pesquisas com experimentos nos
educação, chama atenção a materialização de um corpos dos sujeitos e pesquisas biomédicas). Se,
importante risco ético: muitas pesquisas de fato por um lado, essa distinção pode ser produtiva
serviram para justificar cientificamente as desi- para pensar o histórico de como as ciências hard
gualdades sociais, apresentando-as como simples foram sendo construídas em detrimento das ci-
reflexo de méritos individuais. A sociedade e a ências softs, por outro, ela pode obliterar o fato
escola, nessas concepções, aparecem naturaliza- histórico de que pesquisadores das ciências hu-
das, sendo apenas o local onde a socialização e a manas não estão livres de infrações éticas. Como
escolarização se dão7. exemplo emblemático, citamos os experimentos
Pode-se considerar que a obra de Patto pro- realizados nos campos de concentração nazistas,
duziu impactos incisivos na produção de conhe- que ocorriam de acordo com a legislação sobre
cimento no campo da psicologia escolar e edu- experimentação científica da Alemanha Hitleris-
cacional a partir dos anos 1990 no Brasil. Como ta; pensando no território brasileiro, lembramos
consequência de sua profundidade, muitos psi- que a coleta de sangue Yanomami na década de
cólogos assumiram o desafio ético de repor a psi- 1960 foi realizada em uma missão científica que
cologia em outras bases, rompendo com o ciclo contou com apoio de antropólogos.
de (re)produção de estigmas e preconceitos em Dentro da escola, essa divisão entre pesqui-
relação aos alunos pobres, suas famílias e profes- sadores das ciências humanas e das ciências bio-
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Viégas LS et al.

médicas é antiga e evidencia as tensões e os peri- se a escola estivesse ao seu serviço e não o contrá-
gos de sua reificação. Essa divisão entre campos rio, fazendo com que muitas escolas se pergun-
de saber, além de artifício argumentativo, pode tem qual é, de fato, o compromisso deles.
gerar duas falsas imagens: a de que as pesquisas Nesse sentido, torna-se essencial a reflexão
nas ciências humanas são ‘frouxas’, nos termos sobre os riscos das pesquisas em ciências huma-
da Soft Sciences; ou, mais perigoso ainda, a de nas e sociais na escola, que implica em analisar a
que tais pesquisas oferecem menos riscos para os própria construção teórico-metodológica da pes-
participantes25,26. Esse ponto é crucial para com- quisa, ampliando o escopo da análise ética, que
preendermos o local da escola na discussão sobre deixa de incidir apenas nos protocolos relativos
ética em pesquisa. à forma de estar no campo, mas passa a focalizar
também a forma de analisar o material construí-
Seriam inofensivas as pesquisas do na pesquisa e de escrever, posteriormente, re-
em Ciências Humanas e Sociais latórios e publicações.
no chão da escola? Acentuamos que a preocupação ética deve
permanecer no pós-coleta de dados, contexto
É da longa tradição das próprias ciências decisivo na construção do conhecimento nas ci-
humanas, sobretudo da antropologia, a reflexão ências humanas e sociais. No entanto, esse é ele-
sobre como as pesquisas das Soft Sciences pro- mento menosprezado nas discussões do tema. O
duzem efeitos nas populações estudadas30,31. No que se observa, de modo recorrente, seguindo os
contexto da Psicologia Escolar pode-se mesmo apontamentos do antropólogo da ciência Bruno
lembrar, seguindo Patto32, da teoria da carência Latour33,37, é um processo de ‘purificação’ dos da-
cultural desenvolvida por “forças-tarefas criadas dos científicos; em outras palavras, um processo
por órgãos estatais que reuniram psicólogos, so- parecido com o que realizam psicólogos, ao ava-
ciólogos, antropólogos, economistas, pedagogos, liarem crianças, adolescentes e adultos por meio
educadores, assistentes sociais, linguistas” com o de laudos classificatórios e centrados em explica-
intuito de criar um discurso oficial e científico ções reducionistas sobre o desenvolvimento hu-
que justificasse a desigualdade social e o racismo mano e a escolarização. Tais documentos produ-
institucional vigente na década de 1970 nos Esta- zidos pelos psicólogos, segundo Patto,
dos Unidos. Dentro dessa teoria, alunos negros e falam, com convicção autoritária, de um sujei-
de periferias teriam menos sucesso escolar, e na to abstrato, reduzido a números e a chavões vin-
vida social, dada a sua ‘carência cultural’, ou seja, cados de arbitrariedade e preconceito; silenciam
deixava-se de afirmar que sua inferioridade bioló- sobre a realidade social, a política educacional, o
gica, reposta, agora, em termos socioambientais. cotidiano escolar e podem, por isso, culpar a víti-
A história da ciência e diversos estudos da an- ma, situando invariavelmente no aluno e em seu
tropologia da ciência mostram como a diferença ambiente familiar tomados em si mesmos a origem
entre o científico e leigo, a ciência hard e soft são das dificuldades escolares32.
convenções associadas a formas de apresentação Ou seja, independente de ser realizada na
dos dados e em que grupos de pesquisas eles es- área de humanas ou na biomédica, as pesquisas
tão associados33-36. científicas, por estarem dentro de um contexto
Nesse sentido, chamamos a atenção para o histórico e social, são passíveis de reproduzir es-
fato de que o pressuposto de que as pesquisas tigmas e preconceitos que, ao contrário de con-
que não intervêm no corpo biológico são menos tribuírem para explicar os desafios da construção
perigosas corrobora com a tradição de pesquisas da escola bem sucedida, reforçam dificuldades.
realizadas no contexto escolar que mostra como Tal situação sobreleva, portanto, a importância
a constituição social de uma classe específica de de se colocar em foco, justamente, a produção
desajustados sociais é historicamente construída científica de estigmas e preconceitos sociais.
e politicamente determinada. E principalmente, Finalmente, entendemos que, seja na entrada
que essas produções e controle de corpos desajus- em campo, seja em sua estadia, ou mesmo após a
tados se dão por meio de artifícios softs. De fato, saída para os gabinetes universitários, pesquisa-
muitos pesquisadores das ciências humanas que dores da educação devem estar atentos para não
estudam a escola o fazem por meio de questioná- (re)produzir históricas relações de autoritarismo
rios e entrevistas aparentemente inofensivos, mas com os atores da escola (alunos, familiares, pro-
muitas vezes aplicados em contextos verticais e fessores etc.), caso contrário podem ser interpre-
nem sempre com os devidos questionamentos e tados como distantes e pouco afinados com os
reflexões. Tais pesquisadores tendem a agir como desafios enfrentados na realização bem sucedida
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do processo de escolarização. Quem quer que medicina e de psiquiatria, mas amplamente vul-
pesquise escolas públicas brasileiras reconhece garizados por meio de questionários e testes que,
a tensão presente na relação pesquisador-pes- apesar de não retirar de fato nenhuma substância
quisado, sendo comum escolas demonstrarem biológica dos participantes da pesquisa, acabam
desconforto com a presença de pesquisadores por inventar estigmas e bioidentidades nos pes-
em seu interior. Defendemos que essa resistência quisados.
deve ser interpretada politicamente, retirando Exemplo paradigmático desta afirmação é o
seu suposto caráter intrapsíquico. O que da nos- questionário para diagnóstico do Transtorno por
sa postura enquanto categoria de pesquisadores Deficit de Atenção e Hiperatividade, conhecido
tem contribuído para a desconfiança em relação como SNAP IV41. O nome do questionário, cons-
à nossa entrada nas escolas? O que podemos e de- truído para ser preenchido por pais, professores e
vemos fazer para superar esse entrave? profissionais, alude, justamente, o Manual Diag-
nóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
Pesquisas das ciências sociais e humanas IV42, este criticado em profundidade, por exem-
x pesquisas biomédicas: plo, em Jerusalinsky e Fendrik43.
intersecções medicalizantes Entretanto, no âmbito da avaliação ética no
sistema CEP/CONEP, tais pesquisas entram no
No cenário atual, a escola e seu contexto são campo das ciências humanas e sociais a depen-
pesquisados por dois grandes paradigmas que der, somente, da filiação do pesquisador, seja por
vêm se confrontando desde a década de 1990: de sua formação ou por sua adesão a grupos de pes-
um lado, pesquisas que, à luz de referencial histó- quisa. A separação asséptica entre ciências huma-
rico-crítico, desvelam que diversas categorias psi- nas e sociais, de um lado, e ciências biomédicas,
cológicas e biológicas têm sido utilizadas como de outro, não se faz real nesse território. O que
forma de reprodução da desigualdade e de pre- vemos, concretamente, é um conjunto significa-
conceitos, com destaque para questões em torno tivo de pesquisas realizadas no contexto escolar
da raça, gênero e classe social; de outro, pesquisas sob a alcunha de “levantamentos epidemiológi-
com forte acento biologicista, as quais, após inú- cos em saúde mental e desenvolvimento huma-
meras críticas à falta de fundamentos em mitos no”, os quais são meras aplicações de questioná-
como desnutrição, problemas oftalmológicos ou rios criados na área biomédica em segmentos das
presença de verminoses, passaram a escrutinar o escolas, geralmente públicas, de grandes centros
cérebro dos alunos, em busca das causas do fra- urbanos. Com isso, urge uma análise profunda
casso escolar38. sobre a avaliação ética dessas pesquisas, a partir
Este último paradigma, dado o vultoso finan- do reconhecimento de que elas transitam entre as
ciamento do governo dos Estados Unidos, bem ciências humanas e sociais e as ciências biomédi-
como das indústrias farmacêuticas, tem sido cas, impondo que se ultrapassem reificações.
definidor da agenda de pesquisas, imprimindo Atesta essa urgência o estudo impactan-
marcas decisivas nas explicações contemporâne- te acerca da história da medição científica da
as acerca dos desafios vividos da construção coti- aprendizagem e do comportamento humanos,
diana da escola, ao ponto de a década de 1990 ser realizado por Gould8, que, partindo da cranio-
anunciada como a década do cérebro39. Autores metria criacionista pré-darwiniana, até atingir a
mais críticos, como a neurocientista Molly Cro- criação de escalas métricas de inteligência, apon-
ckett, diante da avalanche de neuroafirmações, ta as seguintes recorrências: o caráter especulati-
ponderam que esta é a era da “neurobobagem”40. vo, embora supostamente sejam ciência pura; a
Sob enfoque biologicista, tem crescido o nú- declaração de interesse no bem da humanidade;
mero de pesquisas sobre o fracasso escolar no o predomínio do determinismo biológico de ma-
campo das neurociências, o que só se tornou triz no racismo científico. Como decorrência, são
possível com a flexibilização dos parâmetros para estudos que operam com a reificação da inteli-
identificação de transtornos e déficits de aprendi- gência e do comportamento, observados como
zagem, como o Transtorno de Déficit de Atenção entidades separadas, independentes e passiveis
e Hiperatividade, Dislexia, Discalculia, Déficit de de análise abstrata, fora do contexto. A tais ele-
Processamento Auditivo etc. Tais pesquisas ten- mentos soma-se o impacto dos preconceitos nos
dem a tratar a escola como coorte estatístico pri- achados das pesquisas, ou seja, as conclusões são
vilegiado para definir e especificar as diferenças fortemente determinadas pelas expectativas do
no processo de aprendizagem em transtornos e investigador, crivando procedimentos de coleta e
entidades nosológicas descritos em manuais de análise. Segundo Gould8, foi com base em pre-
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conceitos que Lombroso afirmou, em 1887, e em Munidos dessa crença na atemporalidade da


1911, respectivamente: ciência, muitos são os psicólogos e educadores
Somos comandados por leis silenciosas que nun- que tomam o TDAH como fato, pouco pergun-
ca deixam de atuar e que regem a sociedade com tando sobre sua construção histórica. Com essa
mais autoridade que as leis inscritas em nossos có- perspectiva, quando adentram as escolas o fazem
digos. O crime… parece ser um fenômeno natural. em busca de crianças em quem aplicar escalas
O exame antropológico, que aponta o tipo cri- médicas de diagnóstico desse suposto, mas in-
minoso, o desenvolvimento do corpo, a falta de si- questionável, transtorno46-48.
metria, o pequeno tamanho da cabeça e o tamanho Se Gould apresentou, de forma clara e evi-
exagerado do rosto, explica as falhas escolares e dis- dente, a articulação entre pesquisas produtoras
ciplinares das crianças que apresentam esses traços, de estigmas e a produção de políticas públicas de
e permite isolá-las a tempo de seus companheiros extermínio, não podemos nos furtar a reconhe-
melhor dotados, bem como orientá-las para carrei- cer que tal perspectiva prosseguiu com o “avanço
ras mais adequadas ao seu temperamento. científico”, embora abrandando as formas de ca-
Cumpre ressaltar que tais pesquisas, não tiveiro, para usar expressão de Patto44.
raro, serviram de base para a construção de po- É com base nessa constatação que assistimos,
líticas públicas, nas quais Gould destaca a este- assombrados eticamente, à realização do VI Fó-
rilização em massa de mulheres americanas que rum Nacional sobre Medicamentos no Brasil, no
obtiveram resultado abaixo da média na Escala Senado Federal em 2014. Desde o texto de apre-
Stanford-Binet de QI8. O encontro entre a pes- sentação, o evento, patrocinado por inúmeras in-
quisa psicológica e a política de esterilização é dústrias farmacêuticas (a saber: Sanofi, Medley,
sintetizada, pelo autor, na publicização da sen- Astrazeneca, MSD), em parceria com o governo
tença judicial favorável à violência contra uma federal, explicita sua intenção: expandir ainda
mulher em 1927. Afirma o juiz: “Mais uma vez, mais “o mercado de fármacos e medicamentos
vimos que o bem-estar público pode reclamar a no Brasil”, tratado como setor da economia, e
vida dos melhores cidadãos. Seria estranho que não como direito social. Assim, as farmacêuticas
não pudesse pedir um sacrifício menor aos que veem com bons olhos o aumento do poder aqui-
já solapam as forças do Estado... Três gerações de sitivo das classes C e D, uma vez que tal ascen-
imbecis já são suficientes”8. são, aliada à ampliação das políticas de governo,
O que separa as pesquisas de Lombroso ou coloca o Brasil na “rota de potencial investimen-
Binet no final do século XIX e começo do século to de grandes grupos farmacêuticos”. Dentre os
XX, ambas criticadas por Gould, das pesquisas temas debatidos no referido evento, a produção
contemporâneas sobre o TDAH e outros su- de pesquisas visando a ampliação do mercado e
postos transtornos de aprendizagem e compor- do acesso aos medicamentos aparece como tópi-
tamento? E o que as une? Patto44 não nos deixa co essencial49. Seria ingenuidade supor que tais
ser ingênuos, quando, em 2000, afirma: “Tudo pesquisas se restringem à área biomédica. Cum-
indica que, em matéria de avaliação psicológica, pre-nos, pois, questionar os efetivos riscos que a
diagnósticos neuropsíquicos dos excluídos subs- produção de conhecimento do campo das ciên-
tituirão em breve a psicanálise vulgar e o cogniti- cias humanas e sociais têm de contribuir para a
vismo raso dos laudos atuais”. manutenção de uma visão medicalizada da edu-
De fato, conforme aponta Pereira45, em sua cação, embora, aparentemente, opere com outra
Dissertação de Mestrado em História das Ciên- lógica na sua construção.
cias e da Saúde, na versão dominante no campo
psiquiátrico:
O TDAH é um fato biológico e atemporal Considerações Finais
e, se o número de diagnóstico aumenta, é porque
o transtorno estava sendo subdiagnosticado e os Até o momento lançamos reflexões sobre o cam-
portadores privados, portanto, dos benefícios que o po da ética no contexto das pesquisas escolares,
conhecimento sobre o transtorno e seu tratamen- chamando atenção à naturalização da dicotomia
to trariam para suas vidas. [...] Nesta visão, o fato entre ciências humanas e ciências biomédicas.
médico é uma realidade independente, definiti- Posto isso, defendemos a necessidade de articular
va, não condicionada por fatores temporais e tais questionamentos com o funcionamento atu-
sociais; é um evento puramente objetivo e sua al do sistema de regulação da ética em pesquisa,
descoberta resulta do progresso das ciências que apontando desafios que, entendemos, estão colo-
o investigam (grifos nossos). cados para o sistema como um todo.
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As pesquisas da Psicologia Educacional e Es- que muitas vezes são feitas junto com grandes in-
colar e das Ciências Sociais e Humanas demons- tervenções governamentais e raramente tem seu
tram o poder com que a lógica biomédica adentra conteúdo discutido com os grupos pesquisados.
a escola e determina os padrões de normalidade No terreno escolar essa pauta ainda não se faz
dentro da vida escolar e das pesquisas realizadas presente de forma oficial, mas tem sido demanda
na e sobre a escola, o que é definido como me- das escolas, sobretudo no contexto da entrada de
dicalização da educação. É por isso que, apesar pesquisadores em campo, quando gestores, edu-
dos entraves e dificuldades, seja de diálogo com cadores, alunos e familiares questionam a serviço
pesquisadores de outras áreas, seja no preenchi- de que(m) estamos quando pedimos para per-
mento de formulários para a Plataforma Brasil, manecer na instituição com o intuito de realizar
não se deve desconsiderar o real desafio sobre a uma pesquisa.
ética em pesquisa. De fato, considera-se que pouco se tem dis-
Apostamos na importância de se prosseguir cutido sobre a participação social no Sistema
com o debate sobre ética em pesquisa, caminhan- CEP-CONEP. Desde a sua criação, o caráter pe-
do na direção de se diferenciar de fato questões dagógico e educativo sobre ética em pesquisa é
ligadas às burocracias dos comitês de ética em praticamente inexistente, transformando, em
pesquisa, que precisam ser superadas, das ques- grande parte, os CEPs em arenas burocráticas
tões elementares para a consolidação de pesqui- de certificação ao assumirem primordialmente
sas que não percam o diapasão ético-político a tarefa de fornecer atestados de eticidade aos
na sua construção, sobretudo face aos desafios projetos de pesquisa. Nesse cenário, os resultados
impostos contemporaneamente. Essa discussão das pesquisas, aspecto da maior relevância para
deve ser conduzida levando em conta as especi- a sociedade como um todo, permanecem sem a
ficidades dos projetos apresentados e respeitando devida publicização.
os diferentes modos de fazer pesquisa. Sobre esse aspecto, entendemos que houve
No debate sobre o sistema CEP/CONEP, um retrocesso no Sistema CEP-CONEP desde a
interessa-nos que não o desloquemos do que implantação da Plataforma Brasil, em 2012, ten-
realmente interessa, se pretendemos construir do em vista que os dados das pesquisas realizadas
um conhecimento que possa contribuir para deixaram de ser publicizados em sua página, só
enfrentar os desafios historicamente impostos à sendo conhecidos a partir de solicitações basea-
educação escolar. Pautados nessa preocupação, das na Lei de Acesso à informação de 2011.
perguntamos: qual o lugar do pesquisado na pro- A ausência de discussão epistemológica mais
dução do conhecimento científico? Ou, em ou- abrangente sobre os usos e os motivos da ciên-
tros termos, seguindo a retórica em voga desde a cia, em todas as áreas que realizam pesquisas
Promulgação da Constituição Federal de 198850: envolvendo seres humanos, gera a falsa imagem
qual o papel da participação social na pesquisa de neutralidade científica, embora os dados das
científica? pesquisas sirvam de subsídio para a criação ou
Tais questionamentos estão calcados nos consolidação de políticas públicas.
princípios da Reforma Sanitária no contexto da Finalmente, defendemos a necessidade de in-
redemocratização do país, de fundamental im- serir a discussão sobre a regulação ética em pes-
portância na construção do Sistema Único de quisa em outras agências de controle da produção
Saúde e dos processos de participação social na científica, sobretudo a Capes e o CNPq. Como
manutenção de políticas públicas, com destaque ponto chave de discussão, enfatizamos o que na
para os movimentos sociais. Avançando nesse literatura de língua inglesa vem sendo chama-
debate, questionamos: como garantir a partici- da de Audit Cultures (Cultura da Avaliação)52-54,
pação popular na definição e questionamento da que instala o modo de pensamento neoliberal na
agenda científica? Quais mecanismos de partici- academia. Como efeito, contextos complexos são
pação social e popular podem ser criados para substituídos por formulários e números, como
garantir essa condição? no ranking das revistas e programas de pós-gra-
A participação social além de garantida pela duações e nos pareceres emitidos pelo CEP. Há de
Constituição50, é cláusula de diversos documen- se considerar que a lógica produtivista impacta
tos internacionais, como a Convenção dos Povos na qualidade da produção científica.
e Populações Indígenas, a OIT 169 de 199651, e Na retórica neoliberal em que a dialética da
tem sido utilizada como argumento para ques- crise-solução torna-se modelo a ser seguido, não
tionar pesquisadores sobre as razões e usos das propomos nenhum modelo específico de regula-
pesquisas realizadas em populações tradicionais ção da ética em pesquisa, mas a realização de um
2690
Viégas LS et al.

esforço consensual das áreas de conhecimento a Declaração de Helsinque (1964), apenas para
na construção de princípios ético-políticos que citar alguns.
norteiem as práticas em pesquisa e as explicações Entendemos que só quando efetivamente en-
apresentadas pela ciência aos fatos sociais. As ba- frentarmos esse debate com a densidade que ele
ses para tal tarefa se encontram presentes em do- demanda, estaremos dando à discussão sobre éti-
cumentos fundamentais sobre ética na pesquisa ca na pesquisa em ciências humanas e sociais a
cujas raízes estão no sofrimento e na insensatez importância que ela de fato merece, explicitando
daqueles que, ao desumanizar o conhecimento, concepções de homem, de mundo e de sociedade
justificaram práticas de violência, tortura e ter- subjacentes às interpretações e a determinados
ror, como o Código de Nuremberg (1947), a De- formatos que constituem a pesquisa dita científi-
claração Universal de Direitos Humanos (1948), ca e trabalhando pela superação da neutralidade
da ciência.

Colaboradores

LS Viégas, RM Harayama e MPR Souza partici-


param de todas as etapas de construção do artigo.
2691

Ciência & Saúde Coletiva, 20(9):2683-2692, 2015


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Artigo apresentado em 07/04/2015


Aprovado em 26/06/2015
Versão final apresentada em 28/06/2015

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