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A REVOLUÇÃO FINTECH

COMO AS INOVAÇÕES DIGITAIS ESTÃO IMPULSIONANDO O


FINANCIAMENTO ÀS MPME NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

AUTORS
Frank Hoder, Corporação Interamericana de Investimentos
Michael Wagner, Oliver Wyman
Juliana Sguerra, Oliver Wyman
Gabriela Bertol, Oliver Wyman
AGRADECIMENTOS
Este relatório foi produzido por uma equipe multidisciplinar da Corporação Interamericana de Investimentos (CII)
em colaboração com a Oliver Wyman. Os autores principais do relatório foram Frank Hoder, da Divisão de Inovação e
Estratégia da CII, e Michael Wagner, Juliana Sguerra e Gabriela Bertol da Oliver Wyman Financial Services. A Oliver Wyman
conduziu as entrevistas de pesquisa primária, recolhendo informações críticas e sintetizando as perspectivas de mais
de 20 executivos de instituições financeiras, companhias de tecnologia financeira e órgãos públicos. Um agradecimento
especial a Elizabeth Nicoletti da Divisão Administrativa e Gerenciamento SLA (ASM) pela orientação editorial. Susan Kim
da Divisão de Design, Tradução e Apresentação da Oliver Wyman liderou o processo final de produção gráfica
e formatação.

Esta iniciativa foi lançada por Gregory Da Re, ex-chefe da Divisão de Estratégia e Inovação da CII, e Francisco Rojo, da
mesma divisão. A equipe responsável por este relatório é grata pelo apoio contínuo e orientação estratégica de Carlos
Otarola, chefe (a.i.) da Divisão de Estratégia e Inovação da CII desde janeiro de 2016.

SOBRE AS ORGANIZAÇÕES
A Corporação Interamericana de Investimentos (CII), membro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), é um
banco de desenvolvimento multilateral empenhado em apoiar o setor privado na América Latina e no Caribe. A CII financia
empresas sustentáveis para alcançar resultados financeiros que maximizem o desenvolvimento social e ambiental da
região. Com uma carteira de US $7 bilhões sob sua gestão e 330 clientes em 20 países em 2016, a CII trabalha em vários
setores inovadores de prestação de serviços financeiros e de consultoria que atendem às crescentes demandas de seus
clientes. Para mais informações, visite http://www.iic.org.

A Oliver Wyman é líder global em consultoria de gestão. Com escritórios em mais de 50 cidades em 26 países, a
Oliver Wyman combina profundo conhecimento da indústria com especialização em estratégia, operações, gestão de
riscos e transformação de organizações. Os 3.700 profissionais da empresa ajudam os clientes a otimizar seus negócios,
melhorar suas operações e perfil de risco e acelerar o seu desempenho organizacional para aproveitar as oportunidades
mais atrativas. A Oliver Wyman é uma subsidiária integral da Marsh & McLennan Companies [NYSE: MMC].
Para mais informações, visite www.oliverwyman.com.

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CONTEÚDO

AGRADECIMENTOS 1

LISTA DE FIGURAS 3

ABREVIATURAS 3

SUMÁRIO EXECUTIVO 4

1 INTRODUÇÃO 8

2 CENÁRIO 9
2.1 O DÉFICIT NA OFERTA DE FINANCIAMENTO ÀS MPME 9
2.2 DESAFIOS TRADICIONAIS PARA AS MPME 12
2.3 ACELERANDO A MUDANÇA TECNOLÓGICA 15

3 COMO AS FINTECHS ESTÃO RESOLVENDO OS DESAFIOS DO FINANCIAMENTO ÀS MPME 17


3.1 ANÁLISE AVANÇADA DE DADOS ALTERNATIVOS 17
3.2 AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS 19
3.3 SERVIÇOS DE VALOR AGREGADO E FERRAMENTAS DE SUPORTE VIRTUAL 19
3.4 FINANCIAMENTO COLETIVO E EMPRÉSTIMO P2P 21
3.5 PAGAMENTOS 21
3.6 FINANCIAMENTO DE CADEIAS DE VALOR 22
3.7 MAIOR INTELIGÊNCIA DE MERCADO 23

4 O CENÁRIO EMERGENTE DAS FINTECHS NA ALC 24


4.1 PANORAMA DO INVESTIMENTO REGIONAL EM FINTECH 24
4.2 RETRATOS DAS FINTECHS LOCAIS 25
4.3 DESAFIOS PARA EXPANSÃO E PARCERIAS COM FINTECHS NA ALC 27

5 REVOLUCIONANDO AS ESTRATÉGIAS DE FINANCIAMENTO PARA AS MPME 30


5.1 RECOMENDAÇÕES PARA BANCOS 30
5.2 O PERIGO DO STATUS QUO 34

6 FORTALECENDO OS ECOSSISTEMAS FINANCEIROS 36


6.1 REFINANDO AS ESTRATÉGIAS DE ENTRADA NO MERCADO 36
6.2 O PAPEL DO SETOR PÚBLICO 36
6.3 AGREGAÇÃO DE DADOS E PESQUISA DE MERCADO 38

7 CONCLUSÕES 40

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: CONTRIBUIÇÃO DAS MPME PARA O PIB E NÍVEIS DE EMPREGO, PAÍSES 9


SELECIONADOS DA AMÉRICA LATINA E DE REFERÊNCIA

FIGURA 2: DÉFICIT DE FINANCIAMENTO ÀS PME FORMAIS, PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO, 2011 10

FIGURA 3: ACESSO DAS MPME A CRÉDITO, PAÍSES SELECIONADOS DA ALC, 2011 10

FIGURA 4: PERCENTUAL DE MPME COM GRANDES/SEVERAS BARREIRAS AO CRÉDITO, 2011 11

FIGURA 5: PERCENTUAL DE EMPRESAS INFORMAIS, PAÍSES SELECIONADOS DA ALC, 2010 13

FIGURA 6: PENETRAÇÃO DE SMARTPHONES NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE, 2012–2020


e 16

FIGURA 7: DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DO INVESTIMENTO EM FINTECHS POR SEGMENTO 24

FIGURA 8: FINTECHS LATINO-AMERICANAS QUE ESTÃO TRANSFORMANDO OS SERVIÇOS 25


FINANCEIROS PARA AS MPME

FIGURA 9: FINTECHS BRASILEIRAS POR ÁREA DE ATUAÇÃO, SETEMBRO DE 2016 26

ABREVIATURAS

ALC América Latina e Caribe


BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
CII Corporação Interamericana de Investimentos
FOMIN Fundo Multilateral de Investimentos
MOOC Massive Open Online Course
MPME Micro, pequenas e médias empresas
MPOS Point-of-Sale Móvel
P2P Peer-to-peer
TI Tecnologia da Informação

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SUMÁRIO EXECUTIVO

Enquanto as micro, pequenas e médias empresas (MPME) são consideradas de importância estratégica para
as instituições financeiras da América Latina e do Caribe (ALC), a maioria destas enfrenta barreiras substanciais
para servi-las. O resultado é que, hoje, existe uma carência de financiamento para MPME de aproximadamente
US $250 bilhões na América Latina e no Caribe. Esta diferença se deve às graves assimetrias
Hoje, existe uma
de informação, à prevalência de práticas informais de negócios, aos altos custos de
carência de
subscrição em relação às margens disponíveis, à heterogeneidade do mercado, às barreiras
financiamento
para MPME de ao crescimento e produtividade das MPME e às restrições regulatórias. Estas questões têm
aproximadamente impedido o segmento das MPME de obter o capital necessário para crescer e melhorar sua
US$ 250 bilhões na produtividade, afetando diretamente os dois terços da força de trabalho da região que são
América Latina e empregados por este segmento. Tais problemas também têm dissuadido as instituições
no Caribe financeiras de enxergar este mercado como uma fonte de negócios a longo prazo. Até agora.

Hoje, a disseminação de tecnologias digitais está transformando a dinâmica de A disseminação de


financiamento às MPME. Enormes quantidades de dados gerados e processados por estas tecnologias digitais
ferramentas podem ser usadas para entender melhor o mercado das MPME, avaliar sua está transformando
capacidade de crédito e gerenciar seus riscos de forma mais eficaz. O surgimento de novas a dinâmica de
soluções tecnológicas apresenta um conjunto único de oportunidades e desafios para as financiamento
instituições financeiras da região. às MPME

Empresas especializadas em tecnologia financeira, ou “fintechs”, chamaram a atenção nos últimos anos com o
desenvolvimento de soluções para os gargalos nos mecanismos financeiros tradicionais. Plataformas de análises
avançadas estão aproveitando big data retirados de rastros digitais para conduzir avaliações de crédito mais rápidas
e a custos mais baixos do que nunca. Fontes não tradicionais de informação, disponíveis através das tecnologias
digitais, também estão ajudando a criar perfis de risco de crédito mais robustos e a melhorar a nossa compreensão
do complexo mercado das MPME. A automação digital pode agilizar os processos de subscrição, bem como a
tomada de decisão organizacional, reduzindo assim os custos para as instituições financeiras.

As fintechs também estão demonstrando que apoiar a gestão de negócios das MPME pode fortalecer a fidelidade
à marca e criar oportunidades de venda cruzada. A evolução das comunicações virtuais e das ferramentas de
treinamento abriu novas fontes de receita através de serviços avançados de valor agregado. Uma interação mais
forte com clientes MPME melhora a confiança necessária para a concessão de empréstimos e pode ajudar os bancos
a identificarem quais produtos e serviços são mais adequados para cada cliente. Como o uso crescente de soluções
de pagamentos eletrônicos traz mais consumidores e empresas para a vida digital, plataformas online também
podem facilitar o fornecimento de capital de giro com base nos fluxos de caixa esperados e contas a receber.

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A revolução trazida pelas fintechs está alterando rapidamente o cenário global, gerando novas oportunidades para
as MPME acessarem financiamentos com condições que se adequem às suas necessidades. O investimento mundial
em fintechs deve ultrapassar US $30 bilhões em 2016, mais de 30 vezes o valor investido em 2010. Pouco disso fluiu
para a ALC até agora, mas um setor dinâmico, ainda que incipiente, de fintechs está surgindo
na região. Plataformas locais de financiamento coletivo e de concessão de empréstimos
O investimento
mundial em fintechs
P2P, bem como provedores de pagamentos eletrônicos, conseguiram um sucesso notável. A
deve ultrapassar
maioria dos empreendimentos locais de tecnologia financeira opera nas maiores economias
US$ 30 bilhões
da região, a saber, Brasil, México, Colômbia, Argentina e Chile. Empresas internacionais em 2016, mais de
começam a buscar oportunidades na ALC, estabelecendo parcerias e lançando iniciativas- 30 vezes o valor
piloto para testar e refinar suas soluções. Os resultados são, até agora, promissores. investido em 2010

Parcerias locais ou globais têm sido fundamentais para a ampliação do uso de soluções promissoras. Na ALC, no
entanto, a colaboração tem sido mais difícil. Isto se deve, em parte, ao estágio de desenvolvimento desse mercado,
mas também a obstáculos específicos da região. Estes incluem maior rigidez das estruturas de governança em
instituições financeiras, a dificuldade das fintechs em identificar o contato apropriado ou ponto de entrada em
bancos e a complexidade para garantir a compatibilidade de soluções inovadoras com os sistemas de TI existentes.

As mudanças provocadas pela revolução fintech têm implicações importantes para as instituições financeiras.
Este relatório visa a identificar diversos mecanismos que estas instituições podem utilizar para se adaptarem às
mudanças nas condições de mercado e promoverem inovações para melhor servir as necessidades das MPME,
enquanto gerenciam riscos e conduzem seus negócios:

•• Estabelecer equipes de inovação e estruturas de governança flexíveis: Estruturas de governança mais


flexíveis podem aprimorar a capacidade das organizações de adotarem rapidamente novas tecnologias
e gerenciarem parcerias com fintechs promissoras. A definição de equipes dedicadas à inovação permite
a centralização da coordenação e agilidade na tomada de decisão, importante para que as instituições
acompanhem a velocidade das mudanças do mercado.
•• Implantar ferramentas alternativas de análises avançadas: Análises sistemáticas avançadas de dados
(analytics) são essenciais para a gestão de risco, para a eficiência operacional e para a expansão da carteira de
MPME. Fontes alternativas de informação podem contribuir para perfis de risco mais robustos, ao mesmo tempo
em que ajudam os bancos a evitarem garantias pesadas ou taxas de juros proibitivas. A análise sistemática de
dados ajuda a melhorar a precisão das condições de crédito - como volume, preços e prazos de vencimento -
resultando em uma maior cobertura para as MPME.
•• Usar big data para entender melhor as necessidades das MPME: Ferramentas digitais podem sistematizar,
centralizar e difundir conhecimentos e lições relevantes aprendidas com MPME específicas.
•• Alavancar canais online para expandir e melhorar serviços adicionais: A digitalização abriu o caminho para
uma transformação nos serviços oferecidos às MPME. Ferramentas online são essenciais para satisfação e
engajamento das MPME, pois geram informações vitais sobre comportamentos e necessidades dos clientes.
•• Levar cibersegurança a sério: Na esteira de hacks corporativos de grande visibilidade, surgiu a preocupação
com a segurança das informações fornecidas online. As instituições financeiras podem aumentar os esforços
para assegurar que os dados do cliente estejam seguros e fornecer garantias concretas para seus sistemas.
É importante que os clientes saibam que medidas estão sendo tomadas para reforçar a cibersegurança. Incutir
confiança na segurança das informações do cliente é fundamental para aumentar a adoção de ferramentas
bancárias digitais.

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•• Investir em colaboração e experimentação com projetos inovadores: Parcerias com fintechs podem
beneficiar os dois lados. Os bancos fornecem amplo alcance de mercado e podem facilitar o crescimento de
fintechs promissoras, provando a viabilidade de uso em larga escala de uma solução de tecnologia financeira.
As equipes dedicadas à inovação podem procurar as oportunidades de colaboração mais alinhadas à estratégia
de negócio. Grandes bancos também estão apoiando competições entre fintechs para identificarem talentos e
soluções que podem alimentar incubadoras internas e gerar ainda mais sinergias.
•• Tornar-se um inovador ativo: As instituições financeiras na ALC que conseguirem sistematicamente
transformar a sua abordagem em relação a inovações serão as que mais se beneficiarão da revolução fintech.
Inovadores ativos veem o potencial das fintechs para transformar o mundo bancário da mesma maneira que
Airbnb, Amazon e Uber impactaram o setor hoteleiro, o comércio e o transporte, respectivamente. A inovação é
incorporada na estratégia institucional e cultura, com estruturas de apoio construídas para promovê-la em toda
a organização.

Estas recomendações são baseadas em experiências globais em mercados onde a inovação financeira tem evoluído
rapidamente. A mudança tem se materializado mais lentamente na ALC, mas está claramente em andamento. As
condições atuais são favoráveis para as instituições financeiras inovarem e melhor servirem o mercado das MPME.
A vantagem competitiva daquelas que agirem antes é significativa, assim como são os riscos de manter o status quo.

A inovação, no entanto, não vem unicamente de instituições financeiras. O ecossistema financeiro mais amplo
é essencial para promover a inovação nas finanças das MPME. Além das instituições financeiras, as fintechs, as
agências do setor público e o setor acadêmico podem fortalecer esse ambiente de apoio das seguintes maneiras:

Fintechs •• Reconfigurar estratégias para entrar em novos mercados na ALC levando em


consideração não apenas as peculiaridades da região, mas também os incentivos e
motivações de negócio das instituições financeiras locais.
Agências do •• Aumentar o poder de coordenação para fomentar o diálogo entre as diversas partes
setor público interessadas. O acompanhamento da evolução das tecnologias digitais e das implicações
para os mercados financeiros globais pode ajudar as agências públicas a tomarem
decisões mais oportunas e mais bem informadas.
•• Integrar sistemas digitais modernos em órgãos públicos para apoiar a formalização de
negócios, a adoção de tecnologia e o fortalecimento das bases de dados públicas.
•• Melhorar o acesso à informação através de registros de crédito mais robustos para reduzir
os custos dos empréstimos para as MPME. A criação de registros de ativos móveis tem se
mostrado eficaz na expansão do acesso ao crédito para as MPME.
•• Equilibrar as prioridades relacionadas às novas capacidades digitais com aquelas
vinculadas à implantação das normas de Basileia III. Considerar cuidadosamente as
implicações de um melhor acesso a informações com outras questões regulatórias,
incluindo: (i) privacidade do consumidor; (ii) proteção contra fraude; (iii) mecanismo
contra a lavagem de dinheiro; (iv) fluxos de capital transfronteiriços e estabilidade
sistêmica; e (v) cibersegurança.
Mundo acadêmico •• Concentrar os esforços de pesquisa na evolução do mercado das fintechs e em
programas de inovação das instituições financeiras da ALC. Gerar evidências empíricas
sobre o impacto financeiro e econômico de uma maior integração das ferramentas
financeiras digitais, especialmente para o segmento das MPME.

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Com mais e melhores informações, comunicação aperfeiçoada, capacidade acelerada de gestão de dados e
processos simplificados, os bancos que servem as MPME podem gerar lucros e aumentar sua competitividade
global. O mercado de MPME tem potencial para impulsionar o valor comercial de longo prazo das instituições
financeiras na ALC. Se a forma de abordar a inovação for recalibrada, a revolução das fintechs poderá trazer
oportunidades de transformação para os mercados financeiros da região, para as MPME e para a economia como
um todo.

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1. INTRODUÇÃO

A velocidade da mudança tecnológica está afetando toda a economia global. Mais dispositivos estão conectados
à internet do que nunca e pessoas em todos os lugares estão usando ferramentas digitais para gerenciar tarefas
diárias. Falamos com nossos carros para navegar para novos destinos e tocar nossa música favorita. Reservamos
hotéis, voos e transporte com um clique. Transferimos dinheiro para parentes no exterior em um instante. Enviamos
e-mails a mais de 9.000 metros de altura. Nossas vidas estão mudando rapidamente em meio a esta revolução
digital, moldando a maneira como fazemos negócios e nos conectamos uns com os outros. Nossos textos diários,
tweets e mensagens estão criando um rastro de dados que nunca foi aproveitado.

Enquanto o alcance deste fenômeno se estende pelo mundo todo, a indústria de serviços financeiros é considerada
a mais vulnerável a mudanças tecnológicas. A expansão do online banking, sites de câmbio, transferências e
comércio eletrônico está reduzindo o volume de transações em dinheiro vivo a cada dia. Enormes quantidades
de dados provenientes destas plataformas, resultado da mudança de comportamento, estão transformando a
economia e abrindo novas possibilidades para a indústria de serviços financeiros.

Esta mudança de paradigma tornou-se particularmente evidente no impacto sobre o financiamento para as micro,
pequenas e médias empresas (MPME).1 O aumento da utilização das tecnologias digitais entre as MPME e seus
clientes está gerando uma riqueza de dados novos que podem ser usados para entender melhor esse mercado,
avaliar a capacidade de crédito e gerenciar riscos de forma mais eficaz. Um número crescente de empresas de
tecnologia financeira, também conhecidas como “fintechs”, está desenvolvendo ferramentas inovadoras para
fazer precisamente isso. Como resultado, as instituições financeiras tradicionais estão sendo confrontadas com um
desafio único e com uma enorme oportunidade.

Este relatório busca avaliar os efeitos da revolução fintech para a indústria de serviços financeiros na América Latina
e no Caribe (ALC), focando nas implicações para as MPME. Ele analisa como as novas tecnologias estão resolvendo
desafios tradicionais à provisão de serviços financeiros a esse tipo de negócio ao redor do mundo e fornece uma
visão geral do cenário emergente das fintechs na região da ALC. O artigo explora as oportunidades apresentadas
por essa revolução para abrir o mercado das MPME como um segmento de negócio rentável e de valor no longo
prazo para as instituições financeiras e considera por que algumas instituições financeiras da região estão sendo
lentas para se adaptarem às mudanças quando comparadas às de outras regiões. Ademais, propõem-se estratégias
que possam ajudar as instituições financeiras a implantarem soluções de tecnologia financeira de modo a
expandirem suas carteiras de MPME e criarem vantagens competitivas nesse segmento carente. Por fim, o relatório
reconhece as implicações para outros interessados e oferece recomendações destinadas a facilitar a evolução das
inovações dentro do ecossistema financeiro.

O relatório baseia-se tanto em pesquisas primárias e secundárias realizadas pela Oliver Wyman e pela CII. A pesquisa
preliminar consistiu em mais de 20 entrevistas com executivos de instituições financeiras regionais, reguladores
do setor público e MPME, bem como fintechs e investidores internacionais. Uma análise documental profunda foi
utilizada para complementar e verificar os insights recolhidos na pesquisa primária. Esperamos que este relatório
esclareça as implicações da revolução fintech nos serviços financeiros fornecidos às MPME e aja como um ponto de
referência para impulsionar a inovação em toda a indústria de serviços financeiros na ALC.
1 Dada a variabilidade nas definições de MPME nos países, setores e instituições na ALC e no mundo, nós não vamos dar preferência neste relatório a uma definição
sobre a outra. Em vez disso, as MPME serão referidas em um sentido geral e as referências a evidências empíricas relacionadas ao setor podem empregar diferentes
definições técnicas de acordo com a fonte original. A falta de uma definição precisa é assunto para outra discussão; a generalização empregada neste relatório não irá
prejudicar a narrativa. Salvo indicação em contrário, as referências às MPME neste relatório referem-se principalmente ao setor formal.

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2. CENÁRIO

2.1. O DÉFICIT NA OFERTA DE FINANCIAMENTO ÀS MPME


As MPME são um motor vital de crescimento e desenvolvimento econômico. Em todo o mundo, havia cerca de
40 milhões de MPME em 2013, dos quais cerca de 70% em países em desenvolvimento.2 Na América Latina e
no Caribe, as MPME representam cerca de 99% das empresas do
Na América Latina e no Caribe, as MPME
setor privado e empregam 67% da força de trabalho. No entanto, as
representam cerca de 99% das empresas
MPME são seis vezes menos produtivas do que as grandes empresas
do setor privado e empregam 67% da força
e contribuem muito menos para o PIB global em comparação com
de trabalho
os seus pares nos mercados desenvolvidos.3 A Figura 1 mostra que,
enquanto as MPME contribuem fortemente com os níveis de emprego na ALC (de menos de 25% no Equador para
mais de 90% no Peru), a sua contribuição para o PIB é consistentemente baixa em toda a região.

Figura 1: Contribuição das MPME para o PIB e níveis de emprego, países selecionados da América Latina e
de referência
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIB (%)

100
90
80
70
60
50 Reino Unido México
Estados Unidos
40 Argentina Peru

30 Uruguai Colômbia Bolívia

20 Chile Brasil
Equador
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
CONTRIBUIÇÃO PARA OS NÍVEIS DE EMPREGO (%)
Fonte: MSME Country Indicators, IFC; Relatório FOROMIC Uruguai 2010, SEBRAE.

A produtividade e o crescimento potencial são frustrados parcialmente por uma escassez de opções adequadas de
financiamento. Existe um déficit no financiamento às MPME estimado entre US $210 bilhões e US $250 bilhões.4
Conforme apresentado na Figura 2, a ALC tiveram o segundo maior déficit de crédito para as pequenas e médias
empresas (PME) formais em 2011 em todo mundo, atrás apenas do Oriente Médio e Norte da África. Enquanto a
Ásia Oriental e Pacífico tem cerca de 3,5 vezes mais PME formais do que a ALC, eles têm acesso a mais de 10 vezes o
montante de crédito em circulação.5

2 Access to Credit among Micro, Small and Medium Enterprises. Corporação Financeira Internacional (IFC). 2013.
3 2013 Latin American Economic Outlook: SME Policies and Structural Change. OECD Development Centre and the Economic Commission for Latin America and the
Caribbean (ECLAC). 2013.
4 IFC Enterprise Finance Gap Database. 2011.
5 A sigla “PME” usada pelo relatório da OCDE inclui micro, pequenas e médias empresas em sua definição.

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Figura 2: Déficit de financiamento às PME formais, países em desenvolvimento, 2011
NÚMERO DE PME FORMAIS VOLUME DE CRÉDITO CONCEDIDO ÀS PME FORMAIS DÉFICIT DE FINANCIAMENTO
MILHÕES BILHÕES DE DÓLARES BILHÕES DE DÓLARES

Leste Asiático 11.2–13.7 2,000– 150–180


e Pacífico 2,500

Europa e 2.8–3.4 600–700 150–190


Ásia Central
América Latina 3.1–3.7 180–230 210–250
e Caribe

Sul da Ásia 2.1–2.6 95–115 10–20

Oriente Médio e 1.9–2.3 80–100 260–320


Norte da África
África 3.5– 4.3 25–30 70–90
Subsaariana

Total 24.6– 3,000– 900–


30 3,700 1,100

Fonte: Closing the Credit Gap for Formal and Informal Micro, Small, and Medium Enterprises. Corporação Financeira Internacional. Grupo Banco Mundial. 2013.

Além das discrepâncias observadas em comparação com outras regiões em desenvolvimento, as dificuldades que
as MPME enfrentam no acesso ao crédito são igualmente evidentes quando comparadas com os países ricos. Nos
países da OCDE, as MPME recebem 25% do total de crédito, enquanto que na ALC recebem apenas 12%.6

Os diferentes graus de acesso ao crédito ilustram as necessidades do setor com mais precisão. Em média, mais de
50% das MPME não têm acesso a financiamento ou estão subatendidas enquanto que menos de 10% delas são
servidas de forma adequada. Embora essa composição possa variar entre os países selecionados no gráfico abaixo,
a proporção das MPME bem servidas é consistentemente abaixo de 10 por cento, com exceção do Peru, no qual é
apenas ligeiramente superior.

Figura 3: Acesso das MPME a crédito, países selecionados da ALC, 2011


100
90
80
70
60 Bem atendida
50
40 Subatendida

30
Não atendida
20
10 Não necessita
crédito
0
PERU

BRASIL

EQUADOR

MÉXICO

REPÚBLICA
DOMINICANA
AMÉRICA
LATINA

GUATEMALA

COLÔMBIA

BOLÍVIA

PANAMÁ

COSTA RICA

ARGENTINA

MAIOR DIFICULDADE PARA OBTER CRÉDITO


Fonte: IFC Enterprise Finance Gap Database. 2011.

6 2013 Latin American Economic Outlook: SME Policies and Structural Change. OECD Development Centre and the Economic Commission for Latin America and the
Caribbean (ECLAC). 2013.

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Da mesma forma, mais de um terço das MPME na região consideram as barreiras de acesso ao crédito como
grandes ou severas (ver Figura 4). Isso quer dizer que aquelas que não têm acesso ou que têm acesso inadequado
provavelmente não veem alternativas viáveis para fazer crescer seus negócios e/ou não estão cientes de alternativas
que possam fornecer a quantidade ou o tipo de financiamento que elas precisam. Muitas MPME são consideradas
carentes de crédito onde este é tecnicamente disponível, mas condicionado a termos inadequados. As MPME
necessitam de capital de longo prazo, porém elas normalmente têm poucas formas aceitáveis de garantias para
oferecer aos bancos para mitigarem sua exposição ao risco.

Figura 4: Percentual de MPME com grandes/severas barreiras ao crédito, 2011


62%

42% 41%
35% 35% 34%
32% 31% 30%
23%
21% 21% 21%
18% 18%

2%
BRASIL

REPÚBLICA
DOMINICANA

EL SALVADOR

PERU

EQUADOR

GUATEMALA

MÉXICO
COLÔMBIA

COSTA RICA

AMÉRICA
LATINA

ARGENTINA

BOLÍVIA

CHILE

NICARÁGUA

HONDURAS

PANAMÁ
Fonte: IFC Enterprise Finance Gap Database. 2011.

A severidade das barreiras para acessar opções de financiamento adequadas impede o crescimento das MPME,
o aumento do emprego e da produtividade. Além do impacto econômico mais amplo, essas barreiras também
dificultam a expansão dos negócios das próprias instituições financeiras. Onde as MPME recebem apoio financeiro
e não-financeiro para crescer, as suas necessidades de financiamento também crescem, criando uma infinidade de
oportunidades para venda cruzada conforme essas empresas se tornam gradualmente maiores e mais sofisticadas.

O alcance e a profundidade da carência de crédito na região demonstram claramente que as abordagens


tradicionais de financiamento às MPME estão aquém da necessidade. Considerando o tamanho do segmento e o
nível de demanda em toda a região, pode parecer desconcertante que os agentes de mercado já existentes (tais
como instituições financeiras e intermediários financeiros não bancários) não tenham sido capazes de aproveitar
essa aparente oportunidade de negócio. Para entender melhor os motivos, a seção seguinte examina os obstáculos,
principalmente aqueles enfrentados pelos intermediários financeiros, em maior detalhe.

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2.2. DESAFIOS TRADICIONAIS PARA AS MPME
É difícil para as instituições financeiras atenderem às necessidades das MPME; os volumes de empréstimos
individuais são demasiado pequenos e os custos de transação muito altos para criarem valor suficiente. Além disso,
as MPME representam um grupo heterogêneo de empresas em termos de indústria, tamanho e modelo de negócio,
tornando difícil compreender plenamente as suas necessidades e potencial de crescimento. Os modelos de análise
de risco de crédito normalmente utilizados para grandes empresas ou outros segmentos de negócios raramente são
aplicáveis às MPME. De fato, 56% das instituições financeiras reconhecem que têm barreiras internas para atender
esse segmento.7

Como resultado, as MPME muitas vezes são forçadas a depender de lucros retidos escassos, empréstimos familiares
ou de credores informais pouco escrupulosos. Alternativamente, podem simplesmente optar por não fazer os
investimentos necessários para aumentar a eficiência, produtividade e crescimento. Quando as instituições
financeiras oferecem determinados produtos e serviços para as MPME, estes tendem a ter pouca flexibilidade, ser
excessivamente caros, ou fora de alcance de alguma outra maneira. Taxas de juros proibitivamente altas – chegando
ao dobro da taxa aplicada a grandes empresas em alguns países - e garantias que aumentam o custo de um eventual
fracasso empresarial desencorajam muitas MPME a procurar um empréstimo formal.

Há um número de razões para que surjam estes desafios. A fim de elaborar estratégias de inovação eficazes, é
importante entender o que está na raiz desses problemas. A seguir, reunimos as principais barreiras à oferta de
opções de financiamento adequadas às MPME na ALC:

1. Assimetria de informação e informalidade

Grandes empresas e tomadores de empréstimos institucionais tendem a ter estruturas de gestão e processos de
comunicação bem definidos, que padronizam a forma como a informação é recolhida, organizada e revista. Isto
permite que as instituições financeiras conduzam avaliações de crédito precisas para determinar o risco e os termos
correspondentes do empréstimo como tamanho aceitável, preço e prazo. Em contraste, poucas MPME estão
organizadas desta forma. Mesmo aquelas com sistemas formais em vigor podem ser substancialmente diferentes
umas das outras, criando obstáculos que impedem uma análise eficiente da empresa pelas instituições financeiras.
Práticas informais de gestão de negócio e falta de padronização na elaboração de relatórios aumentam ainda mais
os custos de análise utilizando metodologias tradicionais de avaliação de crédito. Estes custos mais elevados para
o banco são finalmente transferidos para o preço do empréstimo, diminuindo a capacidade de pagamento do
tomador de empréstimo.

A informalidade também afeta a capacidade das instituições financeiras de fazerem avaliações confiáveis. Ainda
que na maioria dos países o processo tenha se tornado mais fácil nos últimos anos, os custos associados e o
tempo necessário para formalizar um negócio continuam a ser significativamente maiores do que nos mercados
desenvolvidos.8 Em 2015, o custo médio para iniciar um negócio na ALC era de 31% da renda per capita em
comparação com 3,2% para os países de alta renda da OCDE. Leva-se cerca de 30 dias para iniciar um negócio na
ALC contra oito dias em países da OCDE.9

7 El Missing Middle y los Bancos: Séptima encuesta a bancos en América Latina y el Caribe. FOMIN, CII, BID. 2014.
8 Políticas para la formalización de las micro y pequeñas empresas. FORLAC, Organização Internacional do Trabalho. 2014.
9 Doing Business 2016. World Databank. Grupo Banco Mundial. 2016.

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Figura 5: Percentual de empresas informais, países selecionados da ALC, 2010
85% 84% 82%
78%
76%
72% 71% 71% 69% 67% 64% 62% 61%
52%

41%
GUATEMALA

BRASIL

EL SALVADOR

PERU

MÉXICO

BOLÍVIA
PANAMÁ

COSTA RICA

ARGENTINA

AMÉRICA LATINA
E CARIBE

COLÔMBIA

URUGUAI

CHILE

PARAGUAI

EQUADOR
Fonte: IFC Enterprise Finance Gap Database. 2011.

O alto custo da formalização é um fator que desencoraja muitos a registrarem seus negócios na ALC. Em 2010, 62%
das empresas formais entrevistadas relataram competir contra empresas não registradas ou informais na região.10
Nos principais mercados, como Brasil, Colômbia e México, esse número era cerca de 70%.

A prevalência de informalidade entre as MPME exacerba a assimetria informacional causada por prestação de
contas e relatórios inadequados. Sem declarações financeiras verificáveis, histórico de crédito, declarações fiscais
ou registros bancários, os credores não têm a informação que necessitam para fazer avaliações de crédito confiáveis
utilizando as metodologias tradicionais. Além disso, a execução dos contratos torna-se mais difícil e onerosa em
caso de default do devedor, aumentando o risco e o custo da supervisão da carteira de crédito. Esta última análise
se traduz em maiores taxas de juros, mais garantias ou na negação do crédito. As MPME informais podem até evitar
buscar crédito bancário totalmente por medo de divulgar informações que iriam obrigá-las a se registrar e assumir
os custos e os impostos associados. Assim, cria-se um círculo vicioso em que as empresas informais não podem
adquirir o capital necessário para ganhar a escala que lhes permitiria pagar o alto custo da formalização e produzir as
informações necessárias para que os bancos fornecessem financiamento para seu crescimento.

2. Alto custo dos processos de subscrição e margens relativamente baixas

O processo de subscrição para as MPME é tipicamente complicado, caro e demorado. A maioria dos bancos na
ALC ainda processa pedidos de empréstimo de MPME manualmente. Em muitos casos, isso equivale a semanas
ou mesmo meses antes de ser tomada uma decisão e, durante este tempo, as necessidades de financiamento da
empresa podem mudar consideravelmente.

O rigor das avaliações de crédito manuais, assim como as relações pessoais estabelecidas com os tomadores de
empréstimo, pode ser um importante mitigador de risco para as instituições financeiras. Tal rigor, entretanto,
aumenta o custo das operações. Como os empréstimos tendem a ter valores menores, é compreensivelmente difícil
justificar um processo tão moroso e dispendioso para os empréstimos que geram individualmente receita muito
menor em comparação com as grandes empresas.
10 IFC Enterprise Survey. 2011.

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A baixa automação destes processos é resultado, em parte, de sistemas pré-existentes (na tecnologia da informação
e nos processos organizacionais) predominantes na maioria das instituições financeiras da região. Preencher a
papelada à mão e revisá-la em agências locais ou unidades de negócios isoladas impede os bancos de agregarem
informações importantes que podem ser eventualmente úteis.

As limitações de sistemas obsoletos e a falta de capital humano necessário para realizar análises avançadas de dados
prejudicam a capacidade dos bancos de tomar decisões. Mesmo a informação já disponível nos sistemas e que
tem se provado eficaz na análise de risco das MPME, como dados transacionais de clientes existentes, acrescenta
pouco valor na prática dada a ausência de poder de processamento analítico. Sem a capacidade de obter insights
estratégicos dessas informações, há pouco incentivo para gastar tempo e esforço na expansão das carteiras
de MPME.

3. Complexidade do mercado de MPME e segmentação

As MPME são caracterizadas por sua diversidade; o segmento abrange uma ampla gama de indústrias e possui
diversos modelos de negócios. Algumas pequenas empresas surgem por necessidade e têm pouca estrutura
organizacional ou estratégia. Outras são criadas para explorar oportunidades únicas no mercado e têm como marca
equipes talentosas, operações eficientes e ofertas de produtos e serviços inovadores.

O desafio para muitos bancos é diferenciar onde cada MPME está neste espectro sem um modelo de análise
padronizado para guiá-los. Na ausência de tal modelo, muitos bancos aplicam os mesmos processos de grandes
clientes corporativos para as MPME. Em outras situações, os bancos se aproveitam de produtos de varejo e os
reempacotam ligando-os aos ativos financeiros do proprietário ou a garantias.11 Em qualquer um destes cenários,
as condições de financiamento oferecidas são raramente adequadas às necessidades específicas de cada MPME.

A heterogeneidade desse mercado também limita a capacidade dos bancos para entenderem as necessidades
dos clientes MPME e segmentá-los de forma eficaz. Isto é particularmente desvantajoso em situações em que
a rentabilidade é impulsionada pela penetração no mercado – bancos dependem muito da capacidade de
garantir a lealdade dos clientes MPME e da venda cruzada de uma gama mais ampla de produtos e serviços. Uma
compreensão superficial do mercado muitas vezes aumenta a dificuldade de criar produtos atrativos e serviços para
as MPME, limita a capacidade de venda cruzada e pode enfraquecer a relação com os clientes.

4. Limites para o crescimento e produtividade das MPME

As MPME na ALC têm sido historicamente menos produtivas em relação às grandes empresas do que suas
contrapartes nos mercados mais desenvolvidos.12 Grande parte dessa diferença pode ser explicada por níveis
mais baixos de adoção tecnológica (principalmente na produção e gestão de processos) com baixa automação das
operações e economias de escala limitadas. No entanto, também é resultado de financiamento insuficiente para
que as MPME possam investir em equipamentos, pessoal e operações de negócios necessários para ganhar escala
e melhorar a produtividade e eficiência.

11 Small Business Banking: Challenging Conventional Wisdom to Achieve Outsize Growth and Profitability. Oliver Wyman. 2013.
12 2013 Latin American Economic Outlook: SME Policies and Structural Change. OECD Development Centre and the Economic Commission for Latin America and the
Caribbean (ECLAC). 2013.

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Os níveis mais baixos de educação formal e em negócios entre as MPME também podem ter impacto negativo na
produtividade e na confiança dos credores: 50% dos empregados em grandes empresas têm acesso ao ensino
superior na ALC, em comparação com 27% em médias empresas e apenas 15% em microempresas.13

Dada a complexidade da segmentação do mercado das MPME, estas condições podem criar a percepção de uma
alta exposição ao risco em caso de um choque econômico. Porém, mesmo as empresas com gestão altamente
competente podem ser expostas a tais riscos em caso de choque em um elo fundamental na sua cadeia de valor.
Entender como diferenciar esses riscos através de avaliações da empresa de uma forma rentável continua a ser um
desafio crítico para os provedores de serviços financeiros.

5. Custo de oportunidade e restrições regulatórias

Com custos de avaliação de crédito mais altos em relação a grandes empresas ou outros setores de investimento
preferenciais, as MPME são muitas vezes os clientes menos atrativos no curto prazo. O maior retorno esperado das
transações de alto volume (supondo que haja demanda suficiente) e uma menor taxa de inadimplência constituem
o custo de oportunidade de alocar capital para as MPME. Os requisitos de capital mais elevados associados ao
cumprimento de Basileia III aumentam o escrutínio sobre o uso de recursos financeiros escassos.

Apesar destas dificuldades, a grande maioria dos bancos reconhece a importância estratégica do setor das MPME
para seus negócios. Mais de 90% dos bancos pesquisados na ALC tem uma estratégia ativa
A grande maioria dos para as PME e 75% têm um departamento específico para elas.14 O compromisso com
bancos reconhece
o segmento continua a ganhar impulso; o crescimento do saldo nas carteiras de crédito
a importância
das PME variou entre 10 e 15% no Brasil, Chile, México, Colômbia e Argentina ao longo
estratégica do setor
das MPME para dos últimos quatro anos.15 Os bancos parecem perceber o potencial de lucro e do valor
seus negócios de negócios a longo prazo do mercado das MPME. Para ter sucesso, terão de encontrar
novas maneiras de superar os desafios que têm inibido sua capacidade de fornecer a essas
empresas opções de financiamento adequadas. A atual onda de ruptura tecnológica está abrindo novas portas que
vão mudar a forma como estes desafios são abordados na era digital.

2.3. ACELERANDO A MUDANÇA TECNOLÓGICA


O desenvolvimento de novas tecnologias digitais e a rápida expansão da infraestrutura tecnológica está alterando
o cenário financeiro global. Os países da ALC não são exceção: mais de 344 milhões de pessoas, ou 55% da sua
população, estão agora conectados à internet.16 A ALC também têm mais assinantes de internet de banda larga
fixa do que qualquer outra região do mundo além da Ásia Oriental, a área em desenvolvimento mais populosa do
planeta.17 A expectativa é que estes números continuem crescendo conforme a velocidade da internet aumente
e a infraestrutura melhore na região. A velocidade da mudança tecnológica hoje tornou-se uma das forças mais
disruptivas na história.

13 Small businesses, large gaps: Employment and working conditions in MSMEs in LAC. Organização Internacional do Trabalho. 2015.
14 El Missing Middle y los Bancos: Séptima encuesta a bancos en América Latina y el Caribe. FOMIN, CII, BID. 2014.
15 Financing SMEs and Entrepreneurs 2016: An OECD Scoreboard, OCDE, Paris, 2016; Relatório de Economia Bancária 2014, Banco Central do Brasil, 2014; INDEC e Banco
Central da Argentina.
16 Internet World Stats. Dados de 30 de novembro de 2015.
17 World Development Indicators. World Databank 2016. Grupo Banco Mundial.

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A mudança tecnológica está tendo efeitos profundos sobre a indústria financeira. Conforme as transações
comerciais tornam-se online e as tecnologias digitais ficam cada vez mais acessíveis, bancos e fornecedores
alternativos de financiamento são capazes de desenvolver aplicações múltiplas, com capacidades extraordinárias.
O aumento da utilização de celulares para enviar e receber pagamentos, bem como um envolvimento crescente
nas mídias sociais, criou novas fontes de informação que permitem aos bancos analisarem com eficiência o
comportamento do tomador de empréstimo e, assim, identificarem oportunidades viáveis enquanto mitigam o
risco. O uso de smartphones também está se espalhando rapidamente na ALC, como pode ser visto no gráfico
abaixo. O aumento da penetração de smartphones permite que os bancos atendam melhor as MPME, tornando mais
fácil a conexão e a comunicação com os clientes.

Figura 6: Penetração de smartphones na América Latina e no Caribe, 2012–2020e


160%

140% Chile
Argentina
120%
Brasil
100%

80% Colômbia
Peru
60% México
Outros países
40% da América
Latina e Caribe
20%

0%
2012 2013 2014 2015 2016e 2017e 2018e 2019e 2020e

Fonte: World Cellular Information Service.

Hoje, a onipresença da tecnologia em nossas vidas amplifica drasticamente o impacto econômico dos novos
avanços. Inovações surgem em todo o mundo e se alimentam desses novos recursos e das quantidades imensas
de dados que estão sendo geradas e canalizadas através de dispositivos tecnológicos e aplicativos modernos.
A capacidade de atingir escala através do poder da tecnologia digital é maior do que nunca, resultando em modelos
de negócios inovadores e no surgimento de novos participantes no ecossistema financeiro.

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3. COMO AS FINTECHS ESTÃO RESOLVENDO OS
DESAFIOS DO FINANCIAMENTO ÀS MPME

Fintechs têm desenvolvido aplicações inovadoras para os mercados financeiros e muitas destas têm sido bem
sucedidas em oferecer de forma independente inúmeros serviços tradicionalmente prestados por instituições
financeiras. Ao alavancar as tecnologias digitais, as fintechs encontram maneiras inovadoras de melhorar o serviço
ao cliente, levantar capital, facilitar os pagamentos eletrônicos e analisar grandes volumes de dados.

As fintechs são mais ágeis do que as instituições financeiras tradicionais, adaptando-se mais rapidamente às
necessidades do mercado. Como em sua a maioria são startups em áreas pouco exploradas, ainda não estão
submetidas ao mesmo escrutínio regulatório que bancos. Isso não significa que os operadores tradicionais não
possam atender a essas mudanças na demanda do mercado, mas eles precisam reconhecer as suas diferenças em
relação às fintechs a fim de desenvolver estratégias digitais bem informadas.

Enquanto muitas soluções de tecnologia financeira foram inicialmente focadas em operações bancárias e de
crédito para o consumidor, há uma miríade de outras aplicações
Inovações financeiras estão aprofundando para MPME. A eficiência obtida através do uso inteligente das
nossa compreensão do mercado tecnologias modernas está criando opções de financiamento mais
heterogêneo de MPME, reduzindo custos
atrativas para as MPME em todo o mundo. Inovações financeiras
operacionais, aumentando margens,
estão aprofundando nossa compreensão do mercado heterogêneo
reforçando a capacidade de gestão de
risco e melhorando a visão de negócio e o de MPME, reduzindo custos operacionais, aumentando margens,
potencial de crescimento das MPME reforçando a capacidade de gestão de risco e melhorando a visão de
negócio e o potencial de crescimento das MPME.

Individualmente, essas inovações estão modificando os mercados financeiros de várias maneiras. Juntas, estão
contribuindo para uma evolução ainda maior do mercado. Para as instituições financeiras, fazer o melhor uso
possível das tendências de tecnologia financeira vai depender do quão bem alinhadas elas estão com as suas
próprias capacidades e com a dinâmica do mercado local.

Esta seção analisa as principais áreas de inovação global em financiamento das MPME que abordam os desafios
acima descritos.

3.1. ANÁLISE AVANÇADA DE DADOS ALTERNATIVOS


A disseminação da tecnologia digital criou uma riqueza de informações que pode ser usada para analisar
comportamentos e avaliar riscos de novas maneiras. As fintechs estão utilizando métricas alternativas, incluindo
padrões de uso de telefone celular, impressões de usuários divulgadas em mídias sociais e detalhes contratuais,
contribuindo para a geração de novos insights. O uso de softwares de ponta e algoritmos avançados permite o
rápido processamento e análise de big data, permitindo uma melhor avaliação das necessidades bancárias, da
capacidade de reembolso e da confiabilidade das MPME.

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À medida que a atividade de e-commerce cresce e mais empresas passam a aceitar pagamentos eletrônicos de
clientes, os históricos de transações podem ser usados para medir fluxos de receita das empresas ao longo do
tempo. Dados transacionais fornecem uma imagem mais completa
da capacidade de crédito e da saúde das MPME, já que a maioria Dados transacionais fornecem uma imagem
mais completa da capacidade de crédito
depende mais de fluxos de caixa do que de ativos imobilizados ou
e da saúde das MPME, já que a maioria
investimentos. Credores também podem usar dados transacionais
depende mais de fluxos de caixa do que de
para estimar os fluxos de caixa futuros do negócio. A digitalização ativos imobilizados ou investimentos
dessas informações as torna facilmente disponíveis, rastreáveis e
comparáveis, contribuindo para análises mais oportunas e confiáveis do que o uso isolado de registros financeiros
em papel. Quando combinada com o histórico de crédito limitado ou ativos garantidores de um cliente, esta
informação pode melhorar a gestão de risco para os credores e reduzir o custo dos empréstimos para as MPME.

As plataformas de mídias sociais podem fornecer uma gama de dados que podem ser empregados para avaliar a
solvência dos tomadores de empréstimo. Foram identificados cerca de 200 indicadores de uso de mídias sociais que
podem contribuir para a análise do risco de crédito. Nos EUA, a incorporação destas informações em avaliações de
crédito melhora a precisão dos modelos de early warning e de crédito em até 20%.18

Um exemplo de fintech que está contribuindo para reduzir a assimetria informacional é a First Access Market. Com o
consentimento dos utilizadores, a First Access combina informações demográficas, geográficas, financeiras e sociais
a partir de dados presentes em telefones móveis, contratos de serviços públicos e outras fontes para gerar escores
de risco e recomendações de crédito em tempo real. O modelo tem sido bem sucedido na África, permitindo dar
crédito a populações com pouco ou nenhum acesso bancário e elevando as margens de lucro dos credores em até
10 vezes.

Além de usar essas fontes alternativas de dados, as fintechs estão se aventurando na criação de novos dados.
A Entrepreneurial Finance Lab (EFL), por exemplo, está usando novas técnicas psicométricas para avaliar os riscos
de empréstimos a credores sem histórico formal de crédito. A empresa administra uma ferramenta de avaliação
psicométrica online para determinar a probabilidade de default de uma MPME com base nas características
comportamentais extraídas das respostas fornecidas pelo seu proprietário/gestor. A metodologia de escore de
crédito da EFL permite aos seus clientes reduzir o risco de crédito, aumentar o tamanho da carteira e diminuir custos
e tempo de decisão.

Muitas dessas análises alternativas são complementares às avaliações tradicionais de crédito, já que ajudam a
desenvolver perfis de risco mais robustos por uma fração do que custaria para compilar essas informações
manualmente.

É importante ressaltar que a capacidade de usar big data para avaliar risco de crédito nas MPME também reduz
a dependência em relação a garantias reais. Para uma pequena empresa, é muitas vezes impossível fornecer tal
garantia, o que pode eventualmente levar a uma desconsideração imediata de fornecimento de empréstimo por
parte de uma instituição financeira tradicional. As soluções de tecnologia financeira que facilitam a análise de big
data representam uma oportunidade significativa para expandir carteiras de MPME a um custo mais baixo, sem
afetar consideravelmente o nível de risco.

18 Conforme análise da Oliver Wyman.

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3.2. AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS
As fintechs estão racionalizando a natureza complicada e muitas vezes redundante de processos de subscrição
manuais. Mudar das aplicações complexas de empréstimo baseados em papel para versões simplificadas
disponíveis online pode reduzir drasticamente os custos operacionais associados às MPME.
As fintechs estão Pedidos de empréstimo online podem filtrar imediatamente as informações fornecidas
racionalizando para determinar a elegibilidade e alertar para casos que merecem mais atenção por parte
a natureza dos credores. Em seguida, ferramentas de modelagem estatística ajudam a facilitar as
complicada e muitas
decisões de crédito, analisando as informações fornecidas pelos potenciais tomadores
vezes redundante
de empréstimo. Embora não removam o elemento humano da avaliação de risco, essas
de processos de
subscrição manuais tecnologias aceleram os processos de aprovação e subscrição do empréstimo, sintetizando
os dados sobre o candidato em tempo real.

Algumas empresas de tecnologia financeira fornecem processos de subscrição totalmente automatizados que
dependem do acesso e análise de dados de fontes tanto tradicionais quanto alternativas. Estas plataformas são
projetadas para rapidamente reunir, gerenciar e modelar big data, a fim de reduzir o tempo de processamento e
os custos de subscrição associados. Em comparação com os cronogramas com duração de semanas ou meses
associados aos processos manuais de subscrição, estas soluções reduzem os tempos de decisão de crédito para
poucos minutos ou, até mesmo, segundos. Com capacidade integrada para processar transações, a plataforma
pode então desembolsar os fundos diretamente para a conta do tomador de empréstimo. No mais, estruturas
flexíveis independentes dos rígidos sistemas bancários permitem que essas empresas modifiquem os processos
tecnológicos subjacentes e sua configuração analítica conforme necessário.

A automação e a desintermediação resultante do processo de subscrição dos empréstimos cria oportunidades para
as instituições financeiras melhorarem a provisão de serviços bancários tradicionais às MPME por meio de parcerias
ou upgrades internos do sistema. Ao mesmo tempo, estão abrindo espaço para um tipo único de concorrência
dos credores de pequenos negócios online, tais como Kabbage e OnDeck Capital nos EUA e Funding Circle no
Reino Unido.

3.3. SERVIÇOS DE VALOR AGREGADO E FERRAMENTAS DE


SUPORTE VIRTUAL
MPME com uma visão menos sofisticada de negócio podem se beneficiar de ferramentas de treinamento para
ajudá-las a desenvolver e implantar práticas sólidas de gestão, incluindo normas certificadas de contabilidade,
planejamento financeiro e controles de inventário. A internet oferece canais que permitem MPME acessarem
esses recursos a custos muito mais baixos em comparação a treinamentos presenciais. Também fornece acesso
a informações que as MPME podem usar para analisar as tendências do mercado e aumentar sua produtividade.
Devido à demanda das MPME por ferramentas de suporte online e de educação em negócios na região, essa
conectividade está longe de ser arbitrária.

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As instituições financeiras podem aproveitar o poder da internet para melhorar ferramentas educacionais e serviços
de valor agregado. A prestação deste tipo de suporte virtual pode contribuir para a expansão de carteiras de
MPME com um perfil mais saudável de risco-retorno. Primeiro, pode preparar futuros tomadores de empréstimos
para receber crédito, apoiando o desenvolvimento de planos de negócios, de estratégias de crescimento e de
expectativas de pagamento da dívida. Em segundo lugar, MPME mais instruídas e competitivas são menos
propensas a a dar default em seus empréstimos. Por último, a oferta de suporte virtual fornece oportunidades
adicionais de receita. A implementação de estratégias de multiprodutos, que incluem serviços adicionais, pode
aumentar entre 30% e 50% a receita de um banco que oferece apenas empréstimos.19

Cursos Online Abertos e Massivos (MOOC) são uma forma de fornecer conteúdo selecionado para MPME. Os
MOOC estão crescendo em popularidade devido à sua estrutura modular, programação flexível e ferramentas
de avaliação online. A Connect Americas Academy, uma iniciativa do BID, registrou quase 12.000 empresários e
gerentes de negócios na ALC em seus cursos desde 2014. O conteúdo dos cursos, desenvolvido em conjunto com
especialistas em setor privado do CII, tem como objetivo melhorar as práticas das MPME na gestão de negócios, sua
competitividade e produtividade.

Independente se desenvolvidas internamente ou através de parcerias estratégicas, a provisão de soluções de


conteúdo virtual deste tipo pode ajudar os bancos a capturarem dados relevantes que complementam os perfis dos
atuais e potenciais tomadores de empréstimos, permitindo melhorar os modelos de cobertura ainda mais.

Ferramentas de suporte online criam pontos altamente visíveis e eficazes de interação com as MPME. A
Strands Finance é uma fintech que oferece uma solução genérica de análise e gerenciamento financeiro para MPME.
Ao permitir que as instituições financeiras forneçam aos clientes MPME uma tecnologia valiosa para melhorar as
práticas de gestão financeira, o software da Strands reforça a fidelidade do cliente, gerando dados que podem ser
usados para melhorar a qualidade das avaliações de risco. Da mesma forma, a BCSG, com sede em Londres, oferece
uma ampla gama de ferramentas de apoio às MPME que ajudam os bancos a criarem insights direcionados e a
desenvolverem relacionamentos mais profundos com os clientes em cada fase do ciclo de vida do negócio.

O compromisso online com o cliente também reforça a capacidade de venda cruzada dos bancos. Conforme os
perfis das MPME se tornam mais robustos, incluindo informações relativas ao desempenho da empresa, sua visão
de negócio ou os interesses dos utilizadores, a análise de big data pode identificar os produtos e serviços que
seriam mais atrativos para o cliente em um determinado momento. Isto não só amplia a cobertura e aumenta a
probabilidade de gerar receita adicional, como também aumenta a satisfação do cliente e, em última instância, a sua
retenção. Sendo assim, fornecer suporte virtual para clientes MPME pode fortalecer a fidelidade à marca. Ignorar a
importância dessa lealdade seria miopia; conforme as MPME continuam a aprender e a crescer, também crescem as
suas necessidades de financiamento e o seu valor de negócio a longo prazo.

19 Conforme análise da Oliver Wyman.

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3.4. FINANCIAMENTO COLETIVO E EMPRÉSTIMO P2P
Conscientes das dificuldades que as instituições financeiras enfrentam para atender as necessidades das MPME,
muitas fintechs estão ansiosas para aproveitar as oportunidades de mercado. Por evitarem os requisitos regulatórios
que incidem sobre as grandes instituições financeiras, as fintechs são mais capazes de atender às MPME. As
plataformas online são algo tão recente e podem mudar tão rapidamente, que os marcos regulatórios ainda
precisam se atualizar para acompanhar o ritmo da inovação.

Alguns exemplos de soluções emergentes de financiamento para MPME em nichos de mercado relativamente
desregulamentados incluem o financiamento coletivo e as plataformas de empréstimo peer-to-peer (P2P). Estas
ferramentas facilitam o financiamento das MPME ao centralizar suas “campanhas” (essencialmente uma descrição
das atividades propostas para financiamento) em uma plataforma única e agregar contribuições relativamente
pequenas de um grande número de credores individuais. Há uma série de modelos diferentes sendo usados em
todo o mundo e esforços significativos estão sendo realizados para criar uma legislação que permita sistemas
de crowdfunding mais sofisticados, como o investimento em participações e plataformas de empréstimo. Mas o
conceito é essencialmente o mesmo: democratizar o financiamento e investimento, deixando o público decidir
quais campanhas devem ser financiadas, e abrir canais digitais com o objetivo de facilitar o fluxo de informação e a
tomada de decisão.

3.5. PAGAMENTOS
O aumento da utilização de soluções de pagamentos eletrônicos expande as oportunidades de geração de receita
das MPME ao criar um importante registro financeiro. Transações comerciais sem dinheiro em espécie geram um
demonstrativo do volume de vendas ao longo do tempo e fornecem aos bancos um meio
de verificar os fluxos de receita, contribuindo para a obtenção das informações necessárias A oportunidade é
grande; o mercado
para concessão de crédito. A oportunidade é grande; o mercado global de pagamentos de
global de pagamentos
varejo person-to-business foi de cerca de US$19 trilhões em 2015, dos quais US$2 trilhões
de varejo person-to-
na ALC, onde apenas 28% das transações foram eletrônicas.20 business foi de cerca
de US $19 trilhões
Tecnologias de POS móvel (MPOS) estão levando essa transformação para o segmento das em 2015
MPME. Nos EUA, a startup de tecnologia financeira Square lançou um dispositivo MPOS
compatível com smartphones que pode processar cartões, bem como ferramentas de pagamento via comunicação
por campo de curta distância (NFC), como Apple Pay e Android Pay. No primeiro trimestre de 2016, a Square
declarou um volume bruto de processamento de US$10,3 bilhões.21 A empresa ainda forneceu US $153 milhões
em empréstimos para mais de 23.000 empresas de pequeno porte, usando históricos de transações comerciais
para determinar a elegibilidade dos empréstimos e recuperar fundos diretamente como um percentual das vendas
processadas através de seus MPOS.

20 Innovation in Electronic Payment Adoption: The case of small retailers. World Economic Forum e Grupo Banco Mundial. 2016.
21 Square reports $379 million in revenue for Q1 as gross payment volume spikes 45%. Venture Beat. 2016.

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Conforme os consumidores aumentam o uso de cartões de crédito e débito, essas ferramentas estão se tornando
cada vez mais poderosas. A proporção de adultos na ALC que possuem cartão de débito aumentou de 29% em 2011
para mais de 40% em 2014. No Chile, esse número dobrou no mesmo período para 54%. No Brasil, a penetração
do cartão de débito chegou a quase 60%.22 À medida que mais consumidores adotam cartões de banco como o
principal meio de pagamento e conforme as tecnologias de smartphones se tornam mais acessíveis, as empresas
de varejo vão ficar cada vez mais inclinadas a aceitar pagamentos sem ser em dinheiro. Aplicativos analíticos
complementares, como o da Square, podem então processar os dados gerados por essas transações, a fim de
fornecer informações valiosas para o planejamento financeiro, para a gestão de estoques e para a estratégia de
vendas. Este conhecimento pode ajudar as MPME a melhorarem sua eficiência e a tornarem-se mais competitivas,
consequentemente melhorando suas oportunidades de financiamento externo.

A transição para pagamentos sem dinheiro em espécie também oferece oportunidades para que os bancos
aumentem a lealdade do cliente e suas vendas cruzadas. A Red Zebra, por exemplo, oferece um aplicativo de análise
de clientes que as MPME podem usar para direcionar promoções com base em padrões de gastos. O aplicativo tem
interface com o programa de fidelização do banco, oferecendo recompensas aos clientes que usarem o cartão do
banco para compras em lojas participantes.

3.6. FINANCIAMENTO DE CADEIAS DE VALOR


O impacto da digitalização das transações vai além do consumo de varejo. Plataformas de faturamento eletrônico,
por exemplo, estão fornecendo soluções de financiamento cada vez mais acessíveis para compradores e
fornecedores na cadeia de valor das MPME. Estas plataformas não-bancárias podem agilizar soluções de factoring,
permitindo que as MPME vendam contas a receber para instituições financeiras de forma mais eficiente. Os
créditos são vendidos com um desconto para gerar o capital de giro, um ponto que é frequentemente crítico em
seus negócios, permitindo que cubram despesas de folha de pagamento, paguem fornecedores ou invistam em
estoques sem ter que esperar de 30 a 90 dias ou até mais para receber pagamentos de faturas pendentes. Fintechs
especializadas estão facilitando o mercado online de contas a receber, integrando aplicativos de digitalização de
documentos e coordenando a comunicação entre várias instituições financeiras, monitorando assim a venda de
recebíveis para mitigar o risco. Com sede na Califórnia, a BlueVine oferece, por exemplo, um factoring flexível de
faturas, permitindo que as MPME obtenham dinheiro no mesmo dia.

Da mesma forma, o factoring reverso, que antecipa pagamentos em vez de recebíveis, otimiza o fluxo de caixa,
permitindo que as empresas estendam condições de pagamento a fornecedores e proporcionem aos fornecedores
a opção de receber o pagamento antecipado. O comprador otimiza assim seu capital de giro e o fornecedor
aumenta seu fluxo de caixa, resultando na redução do risco na cadeia de fornecimento. Ambas as soluções de
factoring e factoring reverso fornecem opções de financiamento para as MPME sem as restrições de requisitos de
capital tradicionais.

22 Global Financial Inclusion Database. Banco Mundial. 2016.

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3.7. MAIOR INTELIGÊNCIA DE MERCADO
Além de fornecer dados das MPME para os credores, as fintechs estão desenvolvendo plataformas analíticas que
podem fornecer inteligência de mercado valiosa para as MPME. Estas tecnologias processam big data e fornecem
insights de negócios em tempo real, enquanto que o desenvolvimento interno e independente destas demandaria
um esforço imenso por parte das organizações. A SizeUp, por exemplo, agrega dados de mercado e de clientes
de várias fontes para ajudar a comparar as empresas com seus concorrentes e identificar os melhores locais para
direcionar sua publicidade. A crescente prevalência de soluções como esta pode melhorar a competitividade das
MPME e aumentar seu acesso ao financiamento.

As fintechs também podem ajudar a desenvolver ecossistemas de dados mais robustos, agregando e organizando
grandes quantidades de informações de clientes e do mercado geradas pelos bancos. Estas informações podem
ajudar as instituições financeiras a compreenderem melhor os seus clientes MPME, o que é crucial dada a
heterogeneidade do segmento. Entender as necessidades e idiossincrasias das MPME e dos seus subsegmentos
pode ajudar os bancos a criarem produtos mais atrativos e definirem com mais precisão o público-alvo dessas
ofertas, gerando vendas cruzadas de produtos e serviços complementares ao longo do tempo. É necessária,
portanto, a utilização de sistemas tecnológicos adequados para a coleta e processamento eficiente de informações
relevantes, caso contrário, seria excessivamente oneroso converter e sintetizar dados brutos, transformando-os em
informação relevante.

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4. O CENÁRIO EMERGENTE DAS FINTECHS NA ALC

4.1. PANORAMA DO INVESTIMENTO REGIONAL EM FINTECH


As tecnologias financeiras chegaram a quase todos os cantos do globo. A velocidade de crescimento do mercado
vem acelerando rapidamente nos últimos anos. Mundialmente, o investimento total em fintechs saltou de US$3,2
bilhões em 2012 para US$15 bilhões em 2014 e para mais de US$ 24 bilhões em 2015. Os saltos no investimento total
em 2014 e em 2015 representam aumentos de mais de 200% e 60%, respectivamente. Durante a primeira metade
de 2016, o investimento cresceu cerca de 30% em relação ao segundo semestre de 2015.23 Grande parte focou em
soluções para pagamento digital e empréstimos online, apesar de um montante considerável ter sido destinado
a tecnologias projetadas para dar suporte a MPME. O gráfico a seguir mostra a distribuição mais granular desse
investimento por segmento.
Figura 7: Distribuição mundial do investimento em fintechs por segmento

12% Pagamentos
3,5%
32% Empréstimos online

11,5%
Gestão financeira

Serviços PMEs

14%
Crowdfunding

27% Outros

Fonte: Statista Inc; análise da Oliver Wyman.

O investimento em fintechs vem aumentando significativamente nos EUA e na Europa, mas tem tido menos força
na ALC até agora. Mais de 75% do total de investimentos são realizados nos EUA,24 enquanto que a ALC recebem
menos de 1%.25 A maior parte deste investimento tem sido até agora concentrado em grandes cidades localizadas
nas economias mais desenvolvidas da região (normalmente, aquelas com as maiores populações) e, embora os
dados empíricos sobre os investimentos específicos na ALC sejam escassos, nossas discussões com os participantes
do mercado indicam que Brasil e México mostram a maior presença de fintechs na região, seguidos por Argentina,
Chile e Colômbia. Com exceção do Chile, estes são os únicos países da região com população superior a 40 milhões
(Brasil e México têm uma população combinada de mais de 320 milhões). A presença de fintechs na ALC consiste
em uma mistura de empresas internacionais com presença local em alguns países e empresas locais que atendem a
nichos específicos de mercado e têm um alcance mais limitado.

A evolução para o cenário atual é em grande parte impulsionada pelo tamanho do mercado local, pelo apetite
dos bancos por inovação e pela disponibilidade de grandes talentos na área da tecnologia. O tamanho do
mercado e a penetração tecnológica são atrativos na maioria dos países da região, entretanto as oportunidades
são muitas vezes negligenciadas nos mercados menores. O apetite em prosseguir com iniciativas de inovação entre
as empresas de serviços financeiros tem sido deficiente em relação ao de outros mercados até o momento.
23 CB Insights. 2016.
24 Fintech 2.0. Oliver Wyman. 2015.
25 CB Insights. 2016.

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A qualidade do talento tecnológico local está melhorando, mas não é tão desenvolvido como poderia ser. Espera-se,
porém, que continue progredindo com a evolução de clusters de tecnologia na região e que se torne cada vez menos
uma restrição conforme o trabalho torna-se cada vez mais móvel.

4.2. RETRATOS DAS FINTECHS LOCAIS


Enquanto os investimentos totais são relativamente menores na ALC, uma série de fintechs bem sucedidas está
começando a atrair atenção em vários setores. Aqui vamos apresentar alguns atores regionais promissores com foco
naqueles que operam com as MPME. Não pretendemos dar uma lista exaustiva - a natureza amorfa desse mercado a
tornaria pouco prática – mas sim delinear a forma de um mercado em crescimento.

Figura 8: Fintechs latino-americanas que estão transformando os serviços financeiros para as MPME Não exaustivo
Brasil Colômbia
Pagamentos Empréstimos Pagamentos Empréstimos

Cibersegurança
Gerenciamento

Gerenciamento
P2P

Factoring

Cibersegurança
Soluções integradas
Big Data

Negociação de dívidas

P2P México
Pagamentos Empréstimos

Big Data

Chile Gerenciamento
Pagamentos Soluções integradas

Gerenciamento
Cobrança eletrônica
P2P
Factoring

P2P
Equity crowdfunding
Crowdfunding

Equity crowdfunding Cibersegurança


Factoring

Fonte: Fintech Innovation Radar Chile, Colombia e México, Finnovista, 2016; Relatório Fintechlab: A revolução Fintech já começou! FintechLab Brasil, 2016; Análise Oliver Wyman.

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Várias plataformas, tais como Prestadero e Kubo Financiero no México e Cumplo no Chile, entraram para o negócio
de empréstimos peer-to-peer (P2P) para MPME em 2011-2012. A Afluenta, da Argentina, também se juntou ao
mercado P2P em 2011; inicialmente com foco em empréstimos individuais, a empresa tem constantemente
aumentado o percentual de empréstimos a MPME em sua carteira, expandindo suas operações para Peru, México
e Colômbia. As plataformas P2P têm começado a buscar oportunidades em mercados menos desenvolvidos da
região, incluindo a startup Nexoos no Paraguai. Pelo lado do financiamento coletivo em participações (equity
crowdfunding), a Crowdfunder.mx surgiu no México através de uma parceria com a Crowdfunder, com sede nos
Estados Unidos. Também no México, Vakita Capital fez parceria com a Play Business em uma demonstração de apoio
ao crowdfunding para startups. Esse tipo de financiamento também ganhou espaço no Chile e no Brasil, através de
plataformas como Broota e Startmeup, respectivamente.

O financiamento coletivo tornou-se um negócio popular para as fintechs emergentes na ALC, mas não é o único.
Amparado por uma parceria com a empresa americana Prime Revenue, a eFactor network tornou-se uma das
principais fornecedoras de serviços de factoring eletrônico no México. Através de sua cadeia logística financeira,
compradores da plataforma podem carregar faturas aprovadas (contas a pagar) para pagamento em uma data
futura. Os fornecedores podem, em seguida, exibir esses recebíveis online e negociar recebíveis selecionados
para pagamento antecipado com desconto baseado na classificação de crédito do comprador, enquanto os
intermediários financeiros são capazes de financiar os pedidos de pagamento antecipado.

Fintechs para pagamentos também estão em ascensão. Señor Pago, Billpocket, e Clip desenvolveram tecnologias
POS que estão ganhando força no México. No Brasil, cerca de um terço de todas as empresas do segmento estão
operando em pagamentos digitais e transferências.26 Pagseguro e Guiabolso estão particularmente atraindo
a atenção. A Nubank, com sede em São Paulo, recebeu uma injeção de US$200 milhões em abril de 2016 para
apoiar seu aplicativo de pagamentos para smartphones.27 O aplicativo está conectado aos cartões Nubank,
gerando recibos enviados para os telefones dos clientes em tempo real e aumentando a segurança ao permitir
que os usuários bloqueiem e desbloqueiem o seu cartão diretamente do seu smartphone se ele for extraviado ou
roubado. As soluções de pagamento são de longe o setor de fintech predominante no Brasil, como pode ser visto no
gráfico abaixo.

Figura 9: Fintechs brasileiras por área de atuação, setembro de 2016


42

23
20

13
11
9
7 6

PAGAMENTOS GESTÃO EMPRÉSTIMOS/ FINANCIAMENTO INVESTIMENTOS EFICIÊNCIA SEGUROS BITCOIN


FINANCEIRA RENEGOCIAÇÃO FINANCEIRA

Fonte: Radar FintechLab Brasil. Clay Innovation. Setembro 2016.

26 Report Fintechlab: A revolução Fintech já começou! FintechLab. 2016.


27 Associação Latino-Americana de Private Equity e Venture Capital.

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O tamanho e a conectividade do mercado brasileiro, bem como a capacitação relativamente elevada do capital
humano local, têm levado diversas fintechs a lançar iniciativas em outras áreas. A InToo, por exemplo, é uma
empresa brasileira que fornece uma plataforma online na qual as MPME podem ver ofertas de vários prestadores de
serviços financeiros ao mesmo tempo, permitindo-lhes comparar os termos do empréstimo e escolher os produtos
que atendam melhor às suas necessidades.

Além das startups caseiras, a ALC está começando a ver crescer o interesse de fintechs globais. O PayPal,
por exemplo, fez recentemente uma parceria com a América Móvil do México, um importante provedor de
telecomunicações, para desenvolver uma nova plataforma de carteira móvel que permitirá que os usuários paguem
por itens em lojas locais diretamente de seus smartphones. A parceria permitirá ao PayPal chegar a 140 milhões de
usuários somente no México e no Brasil. 28

A EFL também teve sucesso com testes psicométricos para classificação de crédito no Peru, o que a incentivou
a expandir seu modelo para outros países. Em parceria com a Equifax, a maior empresa de análise de crédito na
região, foi possível combinar a sua metodologia psicométrica de análise de crédito com os dados tradicionais
de bureaus, o que reduziu as taxas de inadimplência das MPME em 50% sem alterar as taxas de aceitação. A EFL
recebeu o apoio inicial do BID que forneceu às instituições financeiras participantes uma garantia de partilha de
risco, uma garantia parcial de crédito ou um empréstimo sênior direto para apoiar a expansão das carteiras de
crédito das MPME.

Apesar dos avanços das fintechs na América Latina e no Caribe, ainda há um enorme potencial de crescimento. Este
potencial é amplamente reconhecido por fintechs com operações fora da região, que estão explorando as melhores
opções para entrar nesse mercado. No entanto, o entusiasmo para um investimento robusto em tecnologia
financeira na região permanece morno.

4.3. DESAFIOS PARA EXPANSÃO E PARCERIAS COM FINTECHS NA ALC


As atuais condições macroeconômicas combinadas com a evolução da tecnologia criaram um ambiente favorável
para as fintechs na ALC. Marcos regulatórios relativamente bem definidos aumentam a atratividade da região e a
viabilidade de soluções de tecnologia financeira. No entanto, o baixo nível de investimento nessa área na região
vem, em grande parte, de uma grande desconexão entre bancos e fintechs, pois parcerias são frequentemente
vistas como a forma mais efetiva de testar, adaptar e prover escala às soluções de tecnologia. Abaixo identificamos
algumas das principais razões que explicam por que a coordenação entre as instituições financeiras e as startups de
tecnologia ainda não decolou.

28 PayPal plans Latin America growth with América Móvil alliance. Banking Technology. 2016.

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•• Estruturas de governança rígidas nas instituições financeiras

O processo de tomada de decisão na maioria das instituições financeiras tende a ser complicado e difícil de
gerenciar. No geral, os bancos estão habituados a executar um conjunto específico de atividades para as quais
essas estruturas são importantes. Processos padronizados ajudam a assegurar a responsabilidade sobre estas
atividades e podem estar profundamente entranhados no DNA organizacional do banco.

Soluções de tecnologia financeira são desenhadas para desafiar os paradigmas existentes. Identificar e
implantar novas soluções requer abertura para mudança e apoio organizacional para desenvolver novas ideias.
Poucas instituições financeiras na região, entretanto, estabeleceram equipes de inovação para identificarem
as soluções que se encaixam em sua estratégia de negócios e prioridades organizacionais. Mesmo onde essas
equipes de inovação existem formalmente, os processos de decisão aplicados à avaliação e adoção de novas
tecnologias ou iniciativas de inovação podem ainda não estar claros. Além disso, há casos em que uma solução
de tecnologia financeira é identificada por alguém de dentro da organização, mas as dificuldades encontradas
até chegar à fase de lançamento acabam sendo desanimadoras.

•• Ponto de entrada: Acesso ao contato correto no banco

O tamanho e a complexidade dos bancos também tornam complicado identificar a porta de entrada para as
fintechs. Muitas se frustram na tentativa de identificar a contrapartida adequada em instituições financeiras
da região com a qual poderiam discutir possibilidades de colaboração. Sem equipes de inovação claramente
estruturadas e identificáveis, encontrar um ponto inicial de contato pode parecer uma tarefa intransponível,
tendo em vista o tamanho de muitas instituições financeiras. Se uma fintech desenvolve uma solução de análise
sistemática usando big data que melhora o escore de crédito das MPME, por exemplo, ela deveria procurar os
gestores das carteiras das MPME, a área de TI, de desenvolvimento de negócios ou de estratégia corporativa?
A resposta varia de banco para banco, impossibilitando as fintechs de prosseguirem com uma estratégia de
divulgação uniforme. A questão se complica ainda mais quando essas equipes ou pontos de contato não têm
poder para tomar ou negociar as decisões, o que pode resultar em meses de atraso até uma solução ser testada,
mesmo que seja uma iniciativa estrategicamente alinhada e de valor óbvio para o banco.

•• Compatibilidade com os sistemas de TI existentes nos bancos

Nos últimos 20 anos, os bancos da ALC focaram em estabelecer infraestruturas de TI estáveis, organizadas e
eficientes. Este é um esforço contínuo que requer constantes atualizações nos sistemas centrais que permitem
ao banco operar de forma eficiente e proteger os dados dos clientes. Tempo e recursos significativos são
investidos no estabelecimento, bem como na manutenção e na atualização desses sistemas. A incorporação de
inovações é, portanto, minuciosamente examinada. Onde o sucesso de uma solução de tecnologia financeira
depende de insumos derivados de sistemas de informação dos bancos, a sua compatibilidade com arquiteturas
de dados existentes é primordial. Novas tecnologias que são incompatíveis ou que exigiriam mudanças
significativas nas infraestruturas de TI existentes podem ser difíceis de vender, apesar de seus benefícios
potenciais, especialmente onde iriam competir por recursos com os sistemas tradicionais.

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•• Requisitos de contratação e histórico limitado

A maioria dos bancos tem processos de contratação muito estruturados e marcados por inúmeras exigências
de potenciais prestadores de serviços, tais como um conjunto completo de referências do fornecedor. Estes
requisitos foram estabelecidos para garantir a qualidade dos produtos e serviços adquiridos pelo banco e para
ajudar a gerenciar riscos potenciais. Consequentemente, os bancos são frequentemente incapazes de colaborar
com uma fintech até que amadureçam e sejam capazes de provar resultados anteriores. Isso força a fintech a
buscar parcerias em outros lugares e abafa a promoção da inovação. Como alternativa, bancos e fintechs são
forçados a encontrar soluções temporárias, resultando em atrasos significativos antes que um projeto piloto
possa ser implantado.

•• Regulação

Reguladores lutam consistentemente para acompanhar o ritmo da inovação. Dado o intenso escrutínio em
que as instituições financeiras operam, estas podem ser reticentes em investir em soluções tecnológicas cuja
regulação ainda não está claramente definida. A possibilidade de se engajar em atividades que poderiam cair em
uma área cinzenta da regulação pode inviabilizar parcerias.

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5. REVOLUCIONANDO AS ESTRATÉGIAS DE
FINANCIAMENTO PARA AS MPME

Apesar das dificuldades em escalar suas soluções, as fintechs oferecem os meios para aproveitar oportunidades
claras no mercado das MPME. O tamanho do déficit de financiamento combinado com o aumento da adoção
de tecnologias digitais entre as MPME demonstram o potencial do segmento para gerar valor. As instituições
financeiras da região reconhecem a importância das MPME para o seu negócio, mas poucas têm desenvolvido
estratégias modernas para oferecerem financiamento que atenda às suas necessidades específicas. Então, como
podem aproveitar o surgimento de tecnologias para melhor servir o segmento?

Levando em consideração as implicações da revolução digital do século 21 e os desafios para a expansão das
tecnologias financeiras na região, exploramos os principais elementos de estratégias de financiamento para
MPME que podem ajudar os bancos a usar inovações para seu benefício. Estratégias de inovação financeira
transformadoras podem resultar em maior cobertura para as MPME, aprimoramento do serviço ao cliente, maiores
taxas de retenção e melhoria da capacidade de venda cruzada. Além disso, implantar tecnologias certas pode ajudar
os bancos a gerirem o risco de forma eficaz, mantendo estruturas de custo rentáveis.

5.1. RECOMENDAÇÕES PARA BANCOS

1. Estabelecer equipes de inovação e estruturas de governança flexíveis

A rigidez das estruturas de governança das instituições financeiras pode retardar processos de tomada de
decisão e inibir a inovação. A fim de facilitar a adoção de novas tecnologias, os bancos podem criar equipes de
inovação responsáveis por buscar e testar soluções promissoras. Projetos bem sucedidos podem ser ampliados
em coordenação com outras áreas do banco para uma gestão a longo prazo. O envolvimento e a aprovação de
gestores de nível sênior são fundamentais para que as unidades atinjam a autonomia necessária para a tomada
de decisão. Bancos com equipes de inovação definidas, com responsabilidades e processos delineados, também
estão ajudando a criar uma cultura de inovação que irá permear a organização. Em ambientes nos quais tal cultura
é disseminada, novas ideias são bem-vindas, os funcionários são mais colaborativos e a criatividade tem espaço
para crescer. Quanto mais a cultura de inovação se incorpora na organização, mais fácil se torna implantar e gerir a
mudança.

Mesmo em instituições financeiras líderes nos mercados desenvolvidos, onde há um ímpeto para a inovação,
a coordenação pode ser desarticulada. Equipes de inovação digital podem ser estabelecidas para buscarem
oportunidades em determinadas áreas, mas as estratégias não são necessariamente alinhadas com as atividades em
outras divisões. Esforços de inovação coordenados são particularmente importantes no contexto das finanças das
MPME. Novas iniciativas – por exemplo, para o desenvolvimento de tecnologias de pagamentos móveis – integradas
com estratégias bancárias para MPME e programas de inovação relacionados trarão resultados muito melhores do
que aquelas que surgem de forma isolada. Garantir a comunicação interna eficaz, bem como o estabelecimento
de equipes multifuncionais com mandatos claros para colaboração, pode contribuir para haver estruturas de
inovação mais coerentes. Naturalmente, a criação de tais equipes requer estratégias de recrutamento adaptadas e
compromisso com o desenvolvimento do capital humano.

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Equipes de inovação dedicadas podem ser um ponto crítico para o aproveitamento das ondas de ruptura digital.
Uma equipe bem definida pode servir como ponto visível e centralizado de contato inicial para fintechs. Essa
clareza reduz a complexidade para a fintech e permite aos bancos coordenarem de forma eficaz as diferentes áreas
funcionais para vetarem ou testarem novas soluções. Além disso, as equipes criam a flexibilidade e a agilidade
necessárias para que os bancos experimentem tecnologias de ponta e tenham autoridade para avançar com ideias
com potencial de retorno. Essa agilidade deve se estender a processos de aquisição correspondentes: prazos
prolongados podem sufocar até mesmo as parcerias mais promissoras.

Estratégias específicas para testar e adotar novas tecnologias (parceria, aquisição, contratos de serviços,
aceleradoras internas, fundos de capital de risco, etc.) irão logicamente variar de acordo com as características e
prioridades de cada instituição financeira, bem como com a natureza da fintech em questão. Independentemente
disso, as equipes de inovação podem garantir que as iniciativas desenvolvidas tenham valor comercial e possam
melhorar a capacidade da organização para satisfazer (ou, de preferência, exceder) as necessidades e expectativas
dos clientes.

2. Dados, dados, dados: Implantar ferramentas avançadas e alternativas de análise

Um dos primeiros lugares que os bancos devem olhar para inovar é a implementação de tecnologias que podem
agregar, organizar e interpretar os dados do cliente e do mercado. O uso crescente de tecnologias digitais fez
desta uma capacidade altamente atingível e, em última análise, fundamental para a gestão de risco, eficiência
operacional e expansão das carteiras de MPME. Fontes alternativas de informação são inicialmente mais valiosas
quando usadas como pontos de dados complementares para a criação de perfis de risco mais robustos. No entanto,
também podem ajudar os bancos a se afastarem de requisitos de garantia pesados ou das taxas de juros proibitivas
que tradicionalmente têm dissuadido as MPME (em particular no setor dos serviços) de adquirir o financiamento
necessário para impulsionar o crescimento e a produtividade. Análises avançadas (analytics) podem aprimorar a
precisão dos volumes aceitáveis de crédito, preços e prazos, resultando em uma maior cobertura para as MPME.

3. Reforçar os esforços para entender as necessidades das MPME

Tecnologias avançadas de análise também podem contribuir para uma compreensão mais profunda dos clientes
MPME. Além de conhecimentos obtidos a partir de novos pontos de dados e sínteses, os processos organizacionais
precisam promover ciclos de feedback constantes que irão dar base às propostas de valor das MPME. Pesquisas
digitais são um meio rápido e eficiente de recolher dados, que podem ser incorporados em um modelo de
engajamento centrado no cliente. A interação direta dos agentes de crédito com as MPME continuará a ser uma
importante fonte de insights, mas insuficiente para o ambiente digital atual. Quando essas informações se limitam
a divisões específicas ou, pior, a agentes de crédito ou de investimento individuais, seu valor potencial não se
concretiza. As instituições financeiras que podem aproveitar as ferramentas digitais para sistematizar, centralizar e
difundir conhecimentos e lições relevantes aprendidas com clientes ou segmentos específicos MPME irão ampliar o
valor criado por toda a organização.

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4. Expandir e aprimorar serviços adicionais

A digitalização da informação e a crescente adoção de ferramentas digitais, particularmente ligadas à Internet,


abriram o caminho para uma transformação nos serviços das MPME. Não são apenas essenciais para a satisfação e
engajamento dessas empresas, mas também podem gerar fontes vitais de informação sobre os comportamentos e
necessidades do cliente, aprofundando ainda mais a compreensão do mercado. Além disso, a crescente penetração
da Internet na região está estendendo o alcance dos produtos de conhecimento fornecidos online. Os bancos
podem criar uma vantagem competitiva, investindo na curadoria, criação e gestão de produtos de conhecimento
online desenvolvidos para melhorar as capacidades de negócios das MPME. Por fim, o sucesso de um cliente
MPME é o sucesso do banco; as empresas que estão em melhores condições para planejar suas operações, seus
cronogramas de produção e suas finanças estão mais bem equipadas para pagar seus empréstimos no tempo certo.

5. Levar a cibersegurança a sério

Embora o uso da internet e a adoção digital continuem a aumentar na ALC, a relutância em fornecer informações
pessoais e financeiras sensíveis continua a ser palpável. Para as MPME em particular, a exposição de informações
sobre seu desempenho financeiro, além das preocupações em torno do acesso à conta, é, compreensivelmente,
preocupante. Ataques de alto nível em empresas dos EUA e de países com sistemas financeiros mais avançados têm
agravado ainda mais essa sensação nos últimos anos. As instituições financeiras podem apoiar o uso de mecanismos
digitais aumentando os esforços para assegurar que a informação do cliente esteja segura. Garantias concretas aos
clientes demonstram maior confiança nos seus sistemas.

Investir em tecnologias e talentos que apoiem a confiança dos bancos em sua capacidade de fazer tais garantias
é um passo paralelo lógico. De fato, algumas das mais promissoras inovações em tecnologia financeira hoje estão
surgindo na cibersegurança. A ING Netherlands implementou recentemente uma solução de análise de big data
fornecida pela israelense ThetaRay para detectar possíveis fraudes de empréstimos às PME, bem como ameaças
relacionadas com a lavagem de dinheiro e ataques cibernéticos.29 Líderes em inovação chegam mesmo a contratar
hackers de alto nível para procurar constantemente pontos fracos e desenvolver correções em tempo real. Embora o
foco aqui seja a prevenção, os bancos também devem ter um plano detalhado pronto para responderem a uma série
de incidentes potenciais.

Por último, quando a infraestrutura de TI com sistemas de segurança cibernética estiver no lugar, deixe que
seus clientes saibam. O valor da cibersegurança vai muito além das finanças das MPME, através de produtos e
segmentos, aumentando o impacto do cross-advertising. Incutir confiança na segurança das informações do cliente
é fundamental para aumentar a adoção de ferramentas digitais bancárias entre as MPME.

29 ING deploys ThetaRay’s analytics solution for fraud detection in SME lending. Banking Technology. 2016.

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6. Investir em colaborações e experimentação

As parcerias são o método preferido para que os bancos se adaptem à revolução digital nos serviços financeiros.
Bancos e fintechs têm fatores únicos para oferecer. Os bancos fornecem amplo alcance de mercado e podem
facilitar o crescimento de fintechs promissoras, provando a viabilidade das soluções tecnológicas em grande escala.
Em troca, as parcerias diminuem a ameaça da concorrência direta das fintechs, permitindo simultaneamente que
os bancos se beneficiem da sua capacidade de operar de forma mais ágil. Além disso, as parcerias podem ajudar os
bancos a aprender com as fintechs sem assumir o mesmo nível de risco. Muitas fintechs são capazes de operar sem
o peso do escrutínio regulador voltado para as instituições financeiras tradicionais, oferecendo oportunidade aos
bancos para co-desenvolver soluções financeiras inovadoras para MPME, que beneficiam tanto os conhecimentos
técnicos do banco e o know-how tecnológico moderno.

A natureza precisa de tais parcerias e suas estratégias relacionadas podem variar de acordo com as idiossincrasias
de diferentes mercados. Como discutido anteriormente, encontrar o ajuste certo na parceria é muitas vezes a tarefa
mais difícil. Em alguns casos, as equipes de inovação podem procurar perspectivas promissoras para colaboração.
Isto requer extensa pesquisa, coordenação com várias unidades de negócios para a identificação de áreas de
oportunidade e a participação em conferências globais para levantamento de soluções correspondentes.

Vários grandes bancos nos mercados desenvolvidos como Cingapura, Alemanha, Reino Unido e países nórdicos
estão apoiando diretamente competições locais e internacionais para atrair e filtrar talentos e soluções tecnológicas
de alto nível.30 Isso permite que os bancos reúnam as melhores ideias de todo o mundo de forma rentável,
oferecendo incentivos aos líderes inovadores nesse espaço. As competições podem ajudar as instituições
financeiras a identificarem tecnologias relevantes que podem gerar valor para clientes MPME e desenvolverem
ainda mais essas soluções com o apoio de especialistas internos.

As parcerias também podem surgir através de incubadoras e aceleradoras de inovação. O InnoVentures, laboratório
do Santander com um fundo de US $100 milhões lançado em 2014, tentou se aproximar da onda de inovação
disruptiva do espaço de tecnologia financeira e transferir o conhecimento e os valores criados através destas
parcerias para clientes da base global do Santander. Alternativamente e, para além do seu próprio fundo de venture,
o BBVA tem ido atrás de uma série de aquisições para ganhar espaço nesse mercado e adquiriu o Holvi, um banco
exclusivamente online para empresários e PME baseado na Finlândia, por cerca de US $100 milhões (o valor real
não foi divulgado, mas a comparação foi feita com aquisição pelo BBVA em 2014 do Simple – outro serviço bancário
online – por US $117 milhões).

Como as experiências do Santander e do BBVA mostram, o compromisso com a inovação pode ter um preço
significativo. Encontrar as parcerias certas exige foco e recursos. Mas também revela o valor do acesso e da
compreensão das novas tecnologias que são propensas a evoluir em um ritmo muito mais rápido do que as
instituições financeiras tradicionais são capazes de gerir. Aplicativos digitais externos podem incorporar designs
elegantes e intuitivos que envolvem usuários e pedem feedback em tempo real, aumentando ainda mais o valor
oferecido aos clientes MPME e facilitando a venda cruzada. Alguns empreendimentos serão bem sucedidos,
outros não, mas uma coisa é certa: aqueles com uma estratégia de inovação tímida com base na redução de custos
imediatos vão assistir ao turbilhão da revolução digital passando, erodindo sua competitividade e suas margens
no longo prazo.

30 Banco Santander, BBVA, UBS e BNY Mellon são apenas alguns exemplos de bancos que realizam competições de inovação.

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7. Tornar-se um inovador ativo

Embora as recomendações anteriores sejam pragmáticas e voltadas à ação, as instituições financeiras na ALC
que transformarem sistematicamente a sua abordagem à inovação irão beneficiar a maioria. Apesar do crescente
reconhecimento das mudanças trazidas pelo mercado de tecnologia financeira, muitas instituições da região
parecem manter uma perspectiva tradicionalista - elas não acreditam que as tecnologias financeiras afetarão
profundamente o negócio no curto prazo e, portanto, estão contentes em manter o status quo. Tradicionalistas
tendem a concentrar os esforços de inovação na modernização de tecnologias que suportam as operações e
processos de negócios já existentes. Outro grupo pode ser considerado como aspirantes a inovadores: estes
geralmente veem a necessidade de inovar e têm iniciativas elaboradas por grupos específicos de funcionários.
No entanto, estes bancos possuem uma capacidade limitada para buscarem novas iniciativas e para envolverem
executivos seniores, bem como estruturas organizacionais inadequadas que impedem ideias inovadoras de
ganharem espaço.

Os inovadores ativos, por outro lado, reconhecem a mudança de paradigma em curso no setor financeiro e
posicionam-se para tirar proveito das inovações emergentes. Esses bancos veem mudanças radicais no horizonte,
semelhantes às observadas na música, no mundo editorial e nas viagens ao longo dos últimos 20 anos. Eles veem
o potencial da tecnologia financeira para transformar o mercado bancário da maneira como o Uber tem impactado
os transportes, a Airbnb tem transformado o setor hoteleiro e a Amazon revolucionado o comércio. A inovação
é incorporada na estratégia e na cultura institucional e estruturas de apoio são construídas para promoverem a
inovação em toda a organização.

Os inovadores ativos têm estratégias de inovação bem definidas que se alinham com as suas prioridades de
negócios. As equipes trabalham em conjunto para identificar oportunidades que reforcem estruturas de apoio à
inovação. Elas também elaboram e coordenam com a administração os planos que vão garantir a continuidade das
oportunidades levantadas. Além das iniciativas de incubação lideradas pelo Santander e pelo BBVA mencionadas
acima, exemplos de instituições financeiras maiores incluem Citi Innovation Lab (e também Citi Ventures) e
Wells Fargo Innovation Lab que ativamente procuram, financiam e cultivam perspectivas de tecnologia financeira.

Bancos na ALC poderiam se beneficiar muito se seguissem o exemplo. No ritmo crescente das mudanças
impulsionadas pela tecnologia nos mercados financeiros, a janela para ganhar uma vantagem competitiva através
de estratégias pioneiras de inovação está desaparecendo rapidamente. Conforme essa janela se desvanece, os
custos de uma abordagem passiva à inovação estão se tornando cada vez mais evidentes.

5.2. O PERIGO DO STATUS QUO


Sem alterações substanciais no negócio central da indústria financeira das últimas décadas e com os lucros
permanecendo relativamente estáveis ao longo do tempo, a manutenção do status quo parece racional para muitos.
As instituições financeiras estão acostumadas a uma posição forte no mercado. As barreiras de entrada são grandes
demais e a concorrência é limitada. Em uma indústria que tem aversão ao risco por natureza, a inclinação para
esperar e ver como os outros se adaptarão à evolução das circunstâncias é grande.

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No meio de uma revolução digital global, os bancos já não podem se dar ao luxo de serem complacentes. Fintechs
recém-chegadas estão provando que podem fornecer em separado produtos que tradicionalmente fazem parte da
carteira dos bancos. Ao se focarem em um subconjunto das ofertas tradicionais, elas podem empregar tecnologias
digitais específicas para maximizar a eficiência, tornando-se altamente especializadas. Individualmente, podem não
parecer ameaçadoras; os volumes atualmente em jogo para cada empresa são facilmente ofuscados pelos trilhões
de dólares administrados por instituições financeiras tradicionais. Coletivamente, no entanto, seu impacto sobre a
indústria financeira está prestes a se tornar significativo.

O espaço das MPME está particularmente maduro para que as fintechs criem um nicho com produtos e serviços
adequados, sem os requisitos onerosos de capital e de rede física como os operadores tradicionais. As pequenas
empresas estão à procura de financiamento que se adapte às suas necessidades; a sua vontade de experimentar
novas maneiras de adquiri-lo continua a crescer junto com o mercado de financiamento alternativo, bem como o seu
próprio uso de ferramentas digitais. A desconfiança generalizada dos operadores na sequência da crise financeira de
2008–2009 agrava a incerteza da lealdade do cliente hoje.

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6. FORTALECENDO OS ECOSSISTEMAS FINANCEIROS

Embora existam inúmeros caminhos que as instituições financeiras podem tomar para se aproveitar das inovações
tecnológicas, outras partes interessadas terão um papel-chave na formação da transformação digital na ALC. Aqui,
vamos rever como as fintechs, organizações do setor público e as universidades podem fortalecer o ecossistema
para cultivar soluções financeiras inovadoras para as MPME.

6.1. REFINANDO AS ESTRATÉGIAS DE ENTRADA NO MERCADO


As fintechs devem trabalhar para compreender profundamente a natureza das operações bancárias das MPME na
ALC. As idiossincrasias dos mercados locais e seus marcos regulatórios podem exigir adaptações significativas para
soluções tecnológicas que tenham sido previamente bem sucedidas em outros lugares. A replicação cega não é
aconselhável. Tanto para as empresas locais quanto para os novos operadores, compreender os determinantes de
negócios e incentivos sob a perspectiva dos bancos ajudará as fintechs a criarem argumentos mais eficazes quando
procurarem parcerias. Recrutamento de gestores de carteiras de MPME ou outros executivos do banco pode ser
uma maneira de melhorar essa compreensão das realidades locais e ajudar as fintechs a refinarem suas propostas
de valor.

Compartilhar resultados comprovados em países com mercados semelhantes diminui a percepção de risco entre os
potenciais clientes. As fintechs devem considerar como reduzir os custos para os pioneiros, pois um projeto inicial
bem sucedido na região tem mais chances de construir essa confiança do que sucessos em outros lugares.

6.2. O PAPEL DO SETOR PÚBLICO


As agências do setor público também têm um papel crítico na melhoria das opções financeiras para as MPME. Elas
podem fomentar o diálogo entre as diversas partes interessadas e servir de disseminadoras do conhecimento. Elas
também têm a capacidade de afetar diretamente as políticas que promovem a produtividade e o acesso das MPME a
financiamento. Considerando a proporção do emprego e a diversidade da atividade econômica representada pelas
MPME na ALC, os governos devem observar benefícios substanciais ao reforçar o apoio para este setor.

Para resolver o problema da assimetria de informação, organizações governamentais devem buscar agregar e
disseminar dados relacionados às MPME. O desenvolvimento de sistemas de informação de crédito mais robustos,
através de registros de crédito, deve ter como objetivo incorporar informações mais detalhadas sobre mais
tomadores de empréstimos, particularmente no setor de MPME. Melhorar o acesso a esta informação é fundamental
para reduzir o custo das operações de MPME, pois permite obter métodos de avaliação mais eficientes e confiáveis.

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O estabelecimento de registros de bens móveis tem se mostrado eficaz na expansão do acesso ao crédito para
as MPME em mercados emergentes, onde muitos bancos restringem as garantias aceitáveis a ativos imobiliários,
tais como propriedades e imóveis. O registro de bens móveis exigiria que as empresas
O estabelecimento declarassem maquinário, contas a receber, inventários e outros ativos não-fixos usados
de registros de
como garantia. Com esta informação disponível, bancos poderiam saber exatamente quais
bens móveis tem
ativos já servem de garantia para dívidas existentes. Quando a Romênia introduziu um
se mostrado eficaz
na expansão do registro eletrônico de ativos móveis em 2000, por exemplo, as empresas em setores com alto
acesso ao crédito uso destes ativos aumentaram a produtividade em 5%, as vendas em 9% e a rentabilidade
para as MPME em 7% nos primeiros cinco anos.31

O setor público também pode aproveitar as tecnologias digitais para apoiar a formalização de negócios. De acordo
com o relatório Doing Business 2016 do Banco Mundial, existe uma forte correlação positiva entre a densidade de
novas firmas e o acesso a plataformas eletrônicas de incorporação de negócios.32 O relatório também reconhece
a Costa Rica como um dos países que mais cresceu no mundo na melhoria do acesso ao crédito através de uma
série de reformas com base digital, incluindo a criação de um sistema de transações seguras e um registro de
garantias expandidas. A Costa Rica também promoveu o uso de sistemas eletrônicos de declaração de impostos
e de pagamentos. O uso de ferramentas online para agilizar os processos formais de registro de empresas pode
reduzir significativamente os custos e o tempo necessários para iniciar um negócio. Combinado com os incentivos
adequados, o uso disseminado dessas ferramentas pode gerar dados valiosos, que podem ser usados para expandir
o acesso das MPME ao financiamento.

O setor público muitas vezes se esforça para acompanhar o ritmo da mudança tecnológica, resultando em políticas
que provavelmente já estão desatualizadas no momento em que entram em vigor. Para acelerar o engajamento
destas agências com as mudanças do mercado, é importante manter um diálogo permanente entre os diversos
interessados, como instituições financeiras, empresas de telecomunicações, grupos de defesa do consumidor,
associações empresariais e tecnológicas, fintechs e outros grupos relevantes. As agências governamentais
geralmente têm o poder para promover discussões produtivas com todas as partes envolvidas e devem mantê-las
transparentes e objetivas. Garantir uma ampla participação em todos os setores é fundamental para promover um
diálogo inclusivo.

Um exemplo interessante de engajamento público-privado é a Associação de Plataformas de Crowdfunding (AFICO)


que foi criada no México para promover transparência e as melhores práticas da indústria. A associação unifica
o discurso e comunica com uma única voz seus interesses ao setor público e outras partes interessadas no
ecossistema financeiro.

As implicações das inovações financeiras devem servir de justificativa para a priorização de ações relacionadas nas
agendas dos órgãos públicos na maioria dos países. As fintechs estão promovendo a formalidade nos negócios,
transparência e educação financeira. As inovações no financiamento às MPME, em particular, geram benefícios
significativos para empresas, consumidores e para a economia em geral. É encorajador ver como as agências
públicas em alguns países da ALC estão começando a reconhecer a sobreposição destes resultados com os seus
próprios objetivos. Além do impacto positivo da expansão financeira das MPME sobre a produtividade, crescimento
e criação de empregos, a digitalização da economia também pode facilitar a cobrança de impostos, a redução de
custos de overhead, o combate à lavagem de dinheiro e ao crime, e a formulação de políticas socioeconômicas.

31 Unlocking the Value of Movable Assets. Chicago Business School. 2014.


32 Doing Business 2016: Measuring Regulatory Quality and Efficiency. Banco Mundial. 2016.

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Neste sentido, alguns reguladores lançaram iniciativas para ampliar as sinergias da crescente adoção digital.
Modelo Perú, por exemplo, foi lançado em outubro de 2015 como uma parceria entre o governo, instituições
financeiras, empresas de telecomunicações e grandes contribuintes e beneficiários para construir uma
infraestrutura compartilhada para pagamentos como parte de um esforço para aumentar a inclusão financeira de
pessoas físicas e jurídicas.

Lidar com as mudanças geradas pelas fintechs irá, naturalmente, esbarrar em prioridades concorrentes, como a
aplicação das normas de Basileia III. A urgência destas reformas é clara, mas as implicações do desenvolvimento do
mercado das fintechs destacam a necessidade de manter um equilíbrio entre essas prioridades. Especificamente, as
implicações das seguintes questões sobre os sistemas financeiros e sobre os marcos regulatórios correspondentes
devem ser seguidas de perto: (i) privacidade do consumidor; (ii) proteção contra fraude; (iii) mecanismos de
combate à lavagem de dinheiro; (iv) fluxos de capital e estabilidade sistêmica; e (v) cibersegurança.

Reguladores que acompanham de perto a evolução do mercado na ALC estarão mais bem preparados para tratar
de questões relacionadas aos novos recursos e atividades digitais. Entretanto, isso não significa que todas as novas
atividades precisarão de regulamentação adicional – muitas inovações têm sido bem sucedidas precisamente por
não estarem sujeitas a certas restrições. Ao invés de simplesmente restringir ou proibir atividades que não são bem
compreendidas, a vigilância contínua deve se concentrar em tomar decisões informadas sobre áreas e meios de
intervenção específicos. Desenvolver a capacidade interna, analisar experiências globais com inovações financeiras
digitais e avaliar como as soluções propostas afetam fintechs, instituições financeiras, consumidores e empresas
nos mercados locais podem contribuir para o desenho de respostas adequadas às mudanças nos mercados locais e
ajudar a fortalecer o ecossistema. Intervenções devem ocorrer apenas quando necessárias para garantir a proteção
dos consumidores, a estabilidade sistêmica e a competição nos mercados.

Por último, há uma oportunidade para que os reguladores se coordenem por toda a região (e, idealmente, pelo
mundo) para garantir que as regras que tratam da digitalização das transações e dos serviços financeiros sejam o
mais simples e harmonizadas possível.

6.3. AGREGAÇÃO DE DADOS E PESQUISA DE MERCADO


Há uma escassez alarmante de dados disponíveis para avaliar as necessidades financeiras e as restrições das MPME
com mais precisão. Quanto mais se souber sobre os mecanismos alternativos de financiamento e seus efeitos, maior
será nossa capacidade de fortalecer o ecossistema de suporte de forma a permitir o surgimento de melhores opções
de financiamento para as MPME. A agregação de dados de prestadores de serviços financeiros de todos os tipos é,
portanto, crucial para dar suporte a decisões nos setores público e privado. Uma coleta de dados consistente pode
afetar a qualidade das decisões tomadas em tempo real. Fornecer incentivos para que as MPME adotem tecnologias
digitais é um bom começo, já que o uso cria dados que contribuem para avaliações mais robustas e confiáveis.

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Há uma oportunidade para ampliar as discussões com o envolvimento mais amplo e profundo da comunidade
acadêmica na América Latina e no Caribe. Análises imparciais podem fomentar discussões substanciais dentro do
ecossistema e orientar estratégias para as instituições financeiras e fintechs. Instituições acadêmicas podem ganhar
reconhecimento ao expandir seus esforços de pesquisa sobre o financiamento alternativo com foco específico na
ALC. Várias universidades já estão implementando esses programas em mercados mais desenvolvidos. Em 2009,
a Haas School of Business da Universidade da Califórnia em Berkeley lançou o Centro de Tecnologias Financeiras
Inovadoras (CIFT), que “visa desenvolver e compartilhar um profundo entendimento de como as novas tecnologias
impactam os mercados eletrônicos globais, estratégias de investimento e a estabilidade da economia global”.33
Da mesma forma, a Universidade de Cambridge estabeleceu o Centro de Finanças Alternativas “para conduzir
pesquisa de ponta, interdisciplinar, rigorosa e crítica sobre todos os aspectos de financiamento alternativo para
ter alto impacto não só sobre lideranças no pensamento acadêmico, mas também na tomada de decisões políticas
e práticas de negócios globalmente.”34 Dada a fase incipiente do mercado de financiamento alternativo na ALC,
ainda há oportunidade para que as instituições acadêmicas locais e regionais estabeleçam posições de liderança de
pensamento neste campo dinâmico e cada vez mais relevante.

33 Haas Launches Center for Innovative Financial Technologies. Haas Business School. 2009.
34 Ver https://www.jbs.cam.ac.uk/faculty-research/centres/alternative-finance/about-us/.

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7. CONCLUSÕES

Novas tecnologias e modelos de negócios podem melhorar a capacidade das instituições financeiras de atenderem
o mercado das MPME. Com mais informação relevante e confiável, maior capacidade de gerenciamento de dados
e processos mais eficientes, atender o mercado das MPME pode gerar lucros ao mesmo tempo em que aumenta
a competitividade dos bancos. Embora as fintechs tenham pouca penetração até o momento, este mercado
largamente inexplorado na ALC apresenta enorme potencial para impulsionar lucros e agregar valor no longo
prazo. Para explorar este potencial, as instituições financeiras precisam, no entanto, recalibrar a forma como lidam
com inovação.

As maiores instituições financeiras da região parecem reconhecer tanto o valor das MPME quanto a necessidade
de desenvolverem inovações que lhes permitam atender este setor de forma mais eficaz. Existe, no entanto, uma
falta de conexão entre o foco sobre as MPME e o foco na inovação financeira. A maioria das tentativas de abordar a
dinâmica mutável da economia digital tem sido esporádica e descoordenada. Reformular as estratégias voltadas às
MPME para um mundo digital vai exigir maior agilidade na colaboração com as fintechs. Estas parcerias são vistas
cada vez mais como a abordagem mais promissora. No entanto, para que as fintechs sejam atraídas, os bancos
precisam otimizar os processos para permitir uma maior experimentação e mais agilidade na implantação de
novas tecnologias.

Compreender a natureza das restrições para atender o segmento das MPME é vital para criar estratégias que
efetivamente alavanquem novas tecnologias. Não há uma solução única que dê conta de todos os desafios para
fornecer soluções de financiamento adequadas às MPME. Algumas tecnologias financeiras ajudam a resolver vários
problemas ao mesmo tempo, enquanto outras têm como alvo restrições mais específicas, que podem dar espaço
para várias oportunidades de negócios. As estratégias de inovação voltadas às MPME devem ser adaptadas para
identificar, testar e dimensionar inovações que ajudem os bancos a entender e servir melhor os clientes deste
segmento. É importante manter um equilíbrio entre redução de custos, gestão de riscos, retenção de clientes e
venda cruzada.

Talvez a implicação mais relevante da revolução das fintechs na ALC seja a transformação do próprio mercado de
financiamento para MPME. As tendências de mercado apresentadas neste relatório mostram a crescente penetração
de tecnologias digitais tanto entre as MPME quanto entre os consumidores. A não saturação do mercado deve ser
vista como uma oportunidade para ganhar espaço através do estabelecimento de confiança com os clientes e da
construção da lealdade à marca.

Melhorar a produtividade e o acesso das MPME ao crédito pode ter um efeito duradouro sobre o desenvolvimento
econômico na ALC. Representando dois terços da força de trabalho e uma vasta gama de setores produtivos,
MPME mais sólidas podem impulsionar o crescimento sustentado pela diversificação da atividade econômica e por
uma maior resistência aos choques econômicos. Além dos benefícios diretos para as MPME, promover a inovação
financeira pode produzir sinergias que afetam outras áreas da economia.

A capacidade e a disponibilidade das tecnologias digitais modernas estão ajudando a resolver os desafios
tradicionais do financiamento às MPME de forma significativa. A evolução dos ecossistemas digitais chegou a um
ponto em que essas opções de financiamento podem ser oferecidas de forma competitiva. Aqueles que puderem
aproveitar a energia da revolução das fintechs vão ganhar uma vantagem decisiva no mundo digital.

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