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PROPOSTA DE ESTUDO (aula 03/04)

A imagem da cidade, de Kevin Lynch

Paisagem urbana, de Gordon Cullen

Princípios da Gestalt
(10) Gestalt - O que é Gestalt? Como funcionam
as leis da Gestalt no design? – YouTube

Estudo de caso: Canary Wharf (Londres)


Norman Foster / FOSTER + PARTNERS
Sir Norman Foster, Barão Foster do Tâmisa OM, RIBA (Stockport (Inglaterra), 1 de junho de 1935)
é um renomado arquiteto inglês, conhecido mundialmente pelo seu estilo ousado de desenhar
prédios importantes, principalmente na Europa e na Ásia, e pela sua preocupação com o meio
ambiente.

Hoje, a Foster and Partners é conhecida mundialmente pelo estilo de arquitetura arrojada e por
concretizar obras e restaurações dos prédios pertencentes aos órgãos do governo de diferentes
países, utilizando sistemas inteligentes de projeto como.

Com 84 anos de idade, Norman Foster já declarou que não pensa em se aposentar, sendo que ele
representa 85% das ações da Foster and Partners com uma fortuna avaliada entre 100 a 200
milhões de libras esterlinas.

Foster foi condecorado com a Ordem do Mérito em 1997 e em 1999 foi feito elevado à condição
de Barão, sendo conhecido atualmente como Barão Foster do Tâmisa. É também o segundo
arquiteto britânico a ganhar o Prémio Stirling duas vezes, sendo a primeira vez pelo Museu Imperial
de Duxford em 1998 e a segunda pelo 30 St Mary Axe em 2004. Em 2009 foi premiado com
o Prémio Príncipe das Astúrias.
Projects / Zayed National Museum Abu Dhabi, United Arab Emirates 2007
Projects / UAE Pavilion Shanghai Expo 2010 Shanghai, China 2008 - 2010
Projects / The Aleph Buenos Aires, Argentina 2006 - 2012
Projects / The Aleph Buenos Aires, Argentina 2006 - 2012
Projects / Aldar Central Market Abu Dhabi, United Arab Emirates 2006
Projects / Reichstag, New German Parliament Berlin, Germany 1992 - 1999
Projects / 30 St Mary Axe London, UK 1997 - 2004
Projects / 30 St Mary Axe London, UK 1997 - 2004
Estudo de caso: Canary Wharf
HISTÓRICO
• Região das Docas Londrinas – começou a se desenvolver a partir do século XVIII e
chegou a ser o maior porto do mundo no século XIX.
• Localiza-se a leste da City (centro financeiro londrino), estendendo-se por 15 km
Tâmisa abaixo abrangendo 2.226 hectares (entre 2 a 4 mil quadras), sendo
dividida em três regiões: a oeste, Surrey Docks, Wapping & Limehouse; ao centro
Isle of Dogs (Ilha dos Cães); a leste Royal Docks.
• Forma urbana diferenciada: ancoradouros, diques, grandes armazéns, sistema
viário desconexo e labiríntico, confinamento do Tâmisa atrás dos muros das
docas, bairros proletários da estiva ao redor.
• A partir de 1960 diminuição da importância até o fechamento total em 80 em função
do processo de conteinerização dos portos, de legislação ambiental restritiva e da
construção do porto de Tilbury 40 km rio abaixo (perda de 100 mil empregos e de 10 a
20% da população local).
• Começo da década de 70 – proposta do governo conservador de revitalização da área
– City New Town: grande complexo multiuso com escritórios, shopping centers,
residências e hotéis (extensão natural da City).
• A partir de 1976, o governo trabalhista propõe novo plano: London Docklands
Strategic Plan – incentivo às indústrias locais e a implantação de habitações de
interesse social.
• Ascenção do governo Thatcher em 1979 causou a reformulação da política urbana
inglesa. Criação das:
• 1) Zonas de Empreendimento (EZs) – áreas urbanas decadentes nas quais existem
incentivos para a instalação de determinados tipos de empreendimento através da
isenção de impostos e da não necessidade de alvará de construção;
• 2) Corporações de Desenvolvimento Urbano – companhias criadas para desapropriar
áreas decadentes, destruir construções existentes, instalar infra-estrutura e vender as
terras a privados.
• Em 1981 foi criada a LDDC – London Docklands Development Corporation – e no ano
seguinte foi estipulada a EZ dentro dos seus limites
• A oeste, nas regiões próximas ao Centro, começa a ocorrer um projeto de renovação
urbana, com armazéns se transformando em lofts.
• A leste, o arquiteto ítalo-inglês Richard Rogers propõe um grande complexo multiuso
high-tech, com centro empresarial, conjuntos residenciais, galeria de arte, marinas etc.
ao redor do novo Aeroporto de Londres.

http://www.fau.usp.br/docentes/depprojeto/e_nobre/docklands.pdf
ILHA DOS CÃES
A Ilha dos Cães é uma península formada pelos meandros do Tâmisa, aonde se
concentra a maior parte da Zona de Empreendimento. No apogeu do porto de
Londres, a ilha era o coração das docas pois concentrava as Companhias das Índias
Ocidentais e Orientais.

Em 1982 a LDDC encomendou um plano para a área para os urbanistas Gordon


Cullen e David Gosling. Cullen, que havia escrito um livro sobre a paisagem urbana
(Townscape, 1961), apresenatava uma prática projetual baseada na análise visual
da paisagem e na criação de elementos focais ao longo dos percursos (visões
seriais).

Após análise visual da região, baseou o seu projeto na existência de um grande eixo
visual que cortava a linha no sentido Sudeste–Noroeste e ligava pontos
importantes, tais como o parque de Greenwich, a Escola Naval e a igreja de St.
Anne em Limehouse.

Além do eixo estruturador, Cullen previa a manutenção e valorização das águas dos
diques como elemento paisagístico e para usos de lazer com ancoradouro para
veleiros e a criação de uma circuito comunitário através da ligação dos principais
nós da ilha através do monotrilho proposto pela LDDC.

Na apresentação final, o plano de Cullen foi engavetado, pois a LDDC não queria
colocar nenhum empecilho aos empreendimentos futuros nas Docklands.
• Em 1987 a maior construtora comercial do mundo, a Olympia & York Properties (O&Y), apresentou uma proposta para
a região de Canary Wharf, no extremo superior da Ilha, com projeto de implantação executado pelo famoso escritório
norte-americano SOM (Skidmore, Owens & Merrill).
• Ocupando 29 hectares do antigo cais, o projeto previa quase um milhão de metros quadrados de escritórios em nove
blocos de 8 pavimentos e uma torre de 50. Baseado em eixos formais, praças internas e arquiretura estilo "Belas Artes"
Americano da década de 20.
O projeto da O&Y ia de encontro aos
pontos definidos por Cullen e Gosling.
Além de criar um obstáculo ao eixo visual
proposto, o empreendimento ocuparia
parte das águas do dique existente, e
além disso os blocos fechavam-se sobre si
mesmos, criando espaços internos,
negando o contexto urbano exterior, e,
principalmente, o potencial paisagístico
das águas.
Principais críticas acerca da Canary Wharf entre as décadas de 1980 e 1990

• O tamanho dos empreendimentos que ocorreram na Ilha dos Cães foi maior que o previsto, fazendo
com que o monotrilho não suportasse a demanda de passageiros e entrasse em colapso, pois a região já
apresentava sérios problemas de acessibilidade a priori. Em 1990 o gasto com melhorias do sistema
viário e extensão da linha Jubilee do metrô foram estimados em £2,4 bilhões (aproximadamente R$ ),
sendo o governo inglês responsável por 80% desse total.
• Os novos empreendimentos agravaram os problemas sociais da população local. Primeiro, aumentaram
o desemprego, pois a maioria dos empregos criados necessitavam de mão-de-obra altamente
qualificada. A porcentagem da população local empregada caiu de 35 para 13%. Segundo, a região
sofreu um processo de especulação imobiliária com expulsão da população pobre. Entre 1984 e 1987
um apartamento de dois dormitórios em Tower Hamlets passou de 40 mil para £200 mil.
• O tamanho da torre central gerou insatisfação entre os ingleses que culturalmente tem rejeição a
arranha-céus. A altura excessiva faz com que ela seja vista 12 km Tâmisa acima.
• Por fim, a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1987 levou a uma redução de 100 mil empregos no setor
financeiro e consequentemente ao esfriamento do mercado imobiliário de escritórios. As taxas de
vacância duplicaram de 10 para 20% do total construído, levando consequentemente à quebra da O&Y.

Fonte: NOBRE, E. A. C. O projeto das London Docklands. [s.d.; s.l; s.n.]. Disponível em:
http://www.fau.usp.br/docentes/depprojeto/e_nobre/docklands.pdf. Acesso em: 10 ago. 2015.
Canary Wharf Underground Station / Foster + Partner
• The Jubilee Line extension is one of the greatest acts of British architectural patronage of recent years,
comprising eleven new stations by as many architects. Canary Wharf Station is by far the largest − when the
development of the area is complete, it will be used by more people at peak times than Oxford Circus,
currently London's busiest Underground destination.
• The 300-metre-long station is built within the hollow of the former West India Dock using cut-and-cover
construction techniques. At ground level, the station roof is laid out as a landscaped park, creating Canary
Wharf's principal recreation space. The only visible station elements are the arcing glass canopies that
cover its three entrances and draw daylight deep into the concourse
• By concentrating natural light dramatically at these points, orientation is enhanced, minimising the need
for directional signage. Twenty banks of escalators move passengers in and out of the station, while
administrative offices, kiosks and other amenities are sited along the flanks of the ticket hall, leaving the
main concourse free and creating a sense of clarity and calm.
• Due to the high volume of station traffic, the guiding principles in the design were durability and ease of
maintenance. The result is a simple palette of hard-wearing materials: fair-faced concrete, stainless steel
and glass. This robust aesthetic is most pronounced at platform level where the concrete tunnel walls are
left exposed.
• In contrast to the simplicity of its materials, the station introduces many complex security and technological
innovations: glazed lifts enhance passenger comfort and deter vandalism; access to the tracks is blocked by
platform-edge screens, which open in alignment with the doors of the trains. Servicing is also enhanced,
with access via maintenance gangways that allow the station to be maintained entirely from behind the
scenes.

Fonte: http://www.fosterandpartners.com/projects/canary-wharf-underground-station/
Os pontos de iluminação proporcionam claro sentido de
orientação e ordem no ambiente subterrâneo, somando
esta característica ao projeto linear e a presença de três
pontos de acesso claros e destacados na paisagem.

É importante que haja legibilidade arquitetônica e que


sejam feitos esforços no sentido da segurança e fluidez no
fluxo de pessoas e apoio técnico.
http://www.homesandproperty.co.uk/property-news/new-homes/crossrail-already-creating-london-property-hotspots
Canary Wharf Crossrail - London, United Kingdom 2008 - 2015

• The practice was commissioned to design a mixed-use scheme above and around the new Canary Wharf Crossrail Station.
Crossrail is the largest infrastructure project in Europe and will connect London from east to west, with nine new stations
and 42 kilometres of new tunnels under the city. Located in the waters of the north dock next to the HSBC tower and
close to the residential neighbourhood of Poplar, the development’s new public spaces are conceived as an accessible,
welcoming bridge between the two areas. The four levels of retail, roof garden, pavilions and station entrances are unified
by a complex timber roof, which wraps around the building like a shell.
• The 310-metre-long roof arches 30 metres over the park and stretches around the shops and entrances below. The roof’s
lattice opens in the centre to draw in light and rain for natural irrigation, and opens along the sides and at either end to
allow views of the water and surrounding streets
• Providing a warm, natural counterpoint to the steel and glass towers of CanaryWharf, the wooden structure evokes the
ships that once sailed into West India Dock. The spruce glulam beams are sustainably sourced and support ETFE (Ethylene
tetrafluoroethylene) cushions, which are filled with air and lighter than glass. Where cushions are removed, the timber is
protected by aluminium flashing. Further developing an approach pioneered in the flowing glass roof the Great Court at
the BritishMuseum and Smithsonian Institution Courtyard, the design of the lattice is a fusion of architecture, engineering
and sophisticated three-dimensional modelling. Remarkably, despite the smooth curve of the enclosure, there are only
four curved timber beams in the whole structure. To seamlessly connect the straight beams, which rotate successively
along the diagonals, the design team developed a system of steel nodes, which resolve the twist.
• The roof garden is accessible from ground level via two connecting bridges, and bounded at each end by pavilions. The
ETFE cushions, which are a highly insulating material, help to create a unique microclimate for the garden below, allowing
the garden to be planted with some of the species that first entered Britain through the docks. When open at night, the
building will glow, drawing visitors to use the public facilities and garden and creating a welcoming civic gateway to
London’s growing commercial district.
Uma das obras mais conhecidas no campo do urbanismo no século XX é o livro A imagem da
Cidade (LYNCH, 2011), publicado originalmente em 1960. O autor busca de maneira
experimental apresentar métodos e caminhos interessantes para entender como é formada a
imagem da cidade. Considerando que entender os mecanismos que formam as imagens
mentais pode ser uma valiosa ferramenta tanto para o projeto urbano quanto para o projeto
arquitetônico, observe as imagens abaixo e responda:
a) qual dos dois atributos, legibilidade ou imaginabilidade,
parece mais evidente na fachada do projeto? b) descreva este
atributo.

O “micro-ondas” do Centro Histórico de Salvador (já reformado)


a) qual dos dois atributos, legibilidade ou imaginabilidade,
parece menos evidente na fachada do projeto? b) descreva
este atributo.

Centro Georges Pompidou, Paris (projeto de Richard


Rogers e Renzo Piano, aberto em 1977)
Proposta de exercício.

1) Cada aluno deve descrever a sua rua de acordo com os elementos de análise urbana
propostos por Kevin Lynch como legibilidade, estrutura e “imageabilidade”.

2) Cada aluno deve escolher um projeto arquitetônico e tentar aplicar a ele os mesmos critérios
de avaliação propostos por Kevin Lynch.

3) Quais princípios da análise da imagem e da Gestalt são evidentes? Como esse saber poderia
auxiliar na análise e no projeto?

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