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O autor é filho do tenente-coronel-aviador Jonas Alves Corrêa que “era o de chefe da Seção de
Operações do CISA em Brasília durante a repressão no Araguaia. A partir de 1968, passou a
organizar as redes de informantes, treinou civis e militares em operações de inteligência. Era
especialista em recrutar militantes das organizações de luta armada, para infiltrar agentes,
principalmente na região Centro-Oeste.” (STUDART, 2018, pp. 628, 629)
Esta tese de doutorado, baseada em relatos dos militares e dos camponeses que serviram de apoio
a estes nas ações de extermínio das guerrilheiras e dos guerrilheiros, é recheada de insinuações
misóginas, ofensivas e caluniosas. As guerrilheiras são apresentadas como mulheres frágeis,
possivelmente delatoras, amantes dos seus algozes e incapazes de pensar criticamente o seu papel
revolucionário no contexto histórico da Guerrilha do Araguaia.
Relatos preconceituosos sobre a vida sexual dos guerrilheiros também estão presentes neste
trabalho, afirma em seu livro que: “... havia um problema naquele grupo revolucionário. Eram
quase sessenta homens jovens para dezoito mulheres, numa relação de três para uma”. (Idem,
p.281)
Outra de suas declarações, cuja comprovação baseia-se apenas nos relatos dos militares, não
identificando os seus verdadeiros nomes, é a de que “(…) todos os guerrilheiros do Araguaia
presos, absolutamente todos, prestaram algum tipo de informação aos militares”. (Idem, p. 463)
O autor afirma, ainda, sem nenhuma comprovação, que sete destes guerrilheiros, desaparecidos
há aproximadamente 45 anos, estão vivos. Teriam se arrependido e mudado de identidade. Este
fato está causando imensa indignação e transtornos emocionais para os familiares que dedicam
toda a sua vida na busca das circunstâncias das mortes e na identificação de seus entes queridos.
Isto representa um novo golpe à memória destes militantes e de seus familiares.
O GTNM-RJ que, desde a sua fundação, em 1985, sempre lutou pela memória, verdade e justiça,
interroga: como uma tese com tantas incongruências encontra acolhida dentro do ambiente
acadêmico? Espanta-nos o fato desta tese ter sido premiada na UnB e ter concorrido ao Prêmio
Capes de Tese de História.
Há tempos denunciamos este autor. Em nosso jornal (05 de agosto de 2009), sob título “FARSA
HISTÓRICA?” já havíamos apontado que “em seu livro A Lei da Selva (Geração Editorial,
2006) – produto de sua dissertação de mestrado defendida, em 2005, também na UnB – deixa
claro o acordo que fez para manter o anonimato dos militares que participaram diretamente dos
crimes cometidos na região do Araguaia contra os guerrilheiros e a população local.
Finalmente, nossa última denúncia refere-se aos agradecimentos contidos nesta tese de doutorado
e reproduzidos no livro, em particular, a Nelson Jobim “que, na condição de ministro da Defesa,
Reafirmamos a nossa luta, de mais de três décadas, pela abertura de todos os arquivos da
ditadura civil-militar, bem como a localização e a identificação dos corpos dos desaparecidos da
Guerrilha do Araguaia e de todos os demais desaparecidos como está determinado na Sentença
da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (2010).
Continuamos a nossa luta contra o esquecimento, contra o sigilo, contra as insanas memórias
construídas com a exclusiva finalidade de destruir a luta daqueles que queriam construir um país
mais justo e igualitário.
http://painelacademico.uol.com.br/painel-academico/10478-precisamos-falar-sobre-o-pai-de-hugo-
studart#
https://www.youtube.com/watch?v=3aCaVjzuqQY&feature=youtu.be
http://painelacademico.uol.com.br/painel-academico/10478-precisamos-falar-sobre-o-pai-de-hugo-
studart#
http://www.nu-sol.org/blog/hypomnemata-204/