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Colégio Nossa Senhora da Assunção

Anadia, Famalicão

Biologia/ Geologia

Ano letivo 2020/2021 Que Processos Catabólicos


Podem Utilizar as Leveduras?

Guilherme Alves Pedreira nº7 10ºA


Maria Vilão Arouca nº17 10ºA
Que processos catabólicos podem utilizar as Leveduras?

Introdução Teórica
No âmbito da disciplina de Biologia-Geologia, realizou-se uma atividade laboratorial intitulada: “Que processos
catabólicos podem utilizar as leveduras?”

As leveduras, seres vivos utilizados como base para a realização desta atividade, são fungos (eucariontes) unicelulares
com grande capacidade de multiplicação perante as condições necessárias, ou seja, meios ricos em açucares e
temperaturas amenas, sendo que esta velocidade de reprodução varia, por exemplo, com a quantidade de substrato
e a quantidade de produto final resultante.

É de entendimento geral que todas as células necessitam de energia para a realização das suas atividades vitais e, para
atingir esse fim, os seres vivos realizam um conjunto de reações químicas designadas por metabolismo.

O metabolismo celular, por sua vez, pode ser dividido em reações anabólicas, nas quais ocorre formação de moléculas
mais complexas a partir de moléculas mais simples, levando, pois, ao consumo de energia. E em reações catabólicas,
as quais iremos explorar mais detalhadamente com a realização deste relatório, e que são caracterizadas pelo facto
de se dar a degradação de compostos orgânicos em moléculas mais simples, libertando, consequentemente, energia.

No entanto, se essa energia fosse libertada de uma só vez, ocorreria um aumento significativo da temperatura,
condição essa que poderia colocar em risco a vida. Daí o catabolismo ser realizado por etapas, acumulando a energia
em compostos intermédios como o ATP, considerado o transportador universal de energia, a nível celular.

Nas vias catabólicas intervêm compostos como o NAD, o qual que transporta protões e eletrões de hidrogénio, desde
o substrato (composto orgânico inicial) até a um acetor final. E, efetivamente, é essa mesma diferenciação no acetor
final que nos permite distinguir os diferentes tipo de catabolismo. Se o acetor final for uma molécula inorgânica, como
o caso do ião nitrato e fosfato, encontramo-nos na presença de respiração anaeróbia. Caso o acetor final seja o
oxigénio, falamos de respiração aeróbia. E, de igual modo, na eventualidade de não existir um acetor final externo,
mas sim um derivado do substrato inicial, como por exemplo o piruvato, o processo será designado por fermentação.
Nesta atividade, os processos que irão assumir uma importância fulcral serão estes dois últimos e, nesse sentido, serão
aqueles que vamos explorar mais concretamente.

No caso da fermentação é de notar que ocorre no hialoplasma das células, na ausência de O2, e se divide em 2 fases.
A primeira, designada por glicólise, é definida por um conjunto de reações que degradam a glicose até ácido pirúvico
e que, por sua vez, pode ser dividida numa fase de ativação e numa fase de rendimento. No geral, a glicólise converte
1 molécula de glicose de seis carbonos em 2 moléculas de piruvato de três carbonos, tendo, igualmente como
produtos, 2 moléculas de ATP (4 produzidas e 2 investidas) e 2 moléculas de NADH. Centrando-nos na segunda etapa,
a redução do piruvato, esta pode ser definida como o conjunto de reações que conduzem à formação dos produtos
de fermentação. Esta faz-se pela ação do NADH, formado anteriormente na glicólise, e pode conduzir à formação de
diferentes produtos, existindo, pois, diversos tipos de fermentação, cujas designações indicam o produto final.
Para o caso concreto das leveduras, a fermentação que interessa abordar é a alcoólica. Nesta, o ácido pirúvico é
descarboxilado, originado aldeído acético. Este composto é, então, reduzido pelo NADH, formando-se etanol (álcool
etílico).

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Que processos catabólicos podem utilizar as Leveduras?

Legenda:

Processos

Compostos orgânicos

Carbono

Fig. I- Representação Esquemática da Fermentação Alcoólica

Focando-nos, agora, na respiração aeróbia, podemos verificar a existência de 4 etapas. A glicólise, etapa comum à
fermentação. A fase de formação de acetil-coenzima A, durante a qual, na presença de oxigénio, o piruvato entra na
mitocôndria, sendo descarboxilado e oxidado, dando-se, igualmente, a redução de NAD+ e formando-se NADH + H+. O
ciclo de Krebs, no qual, através de um conjunto de reações metabólicas se dá a oxidação completa da glicose,
formando-se, por cada molécula degradada, 6 moléculas de NADH, 2 moléculas de FADH2, 2 moléculas de ATP e 4 de
CO2. Por fim, a etapa da cadeia respiratória, na qual os eletrões transportados pelo NADH e FADH2 percorrem uma
série de proteínas, libertando energia utilizada para fosforilar o ADP, até serem captados pelo O2 (acetor final). Este
processo de formação de ATP está associado a fenómenos de oxidação-redução, pelo que é, normalmente, designado
fosforilação oxidativa.

Legenda:
T- molécula
transportador
a (NADH e
FADH2)

Fig. II- Representação Esquemática da Respiração Aeróbia

Posto isto, no seguimento das aprendizagens essenciais propostas para o 10ºano de escolaridade no Domínio da
“Transformação e utilização de energia pelos seres vivos”, surgiu a atividade laboratorial em causa, a qual tem o
objetivo de se fazer a observação de leveduras em condições controladas e compreender quais os processos utilizados
pelas mesmas para a obtenção dessa energia.

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Que processos catabólicos podem utilizar as Leveduras?

Materiais

• Fermento de padeiro
• Solução de glicose a 30%
• 2 Garrafas-termo*
• 2 Rolhas de cortiça*
• 2 Gobelés de 100ml
• 2 Termómetros
• Tubos de vidro em forma de U
• Tubo de vidro direito
• Vareta de Vidro
• Pipetas
• Água de cal
• Água destilada
• Lamina
• Microscópio
• Lamela
Fig. III- Dispositivo Experimental
• Caneta de acetato
*nota: nesta atividade utilizou-se garrafas e rolhas de plástico

Metodologia
• Preparou-se uma suspensão de leveduras a 10%. Para tal, adicionou-se 20g de fermento de padeiro a 200ml
de água destilada e agitou-se com uma vareta de vidro.
• Marcou-se com a caneta de acetato A e B cada uma das garrafas-termo.
• Colocou-se, em cada uma das garrafas, 200ml da solução de glicose a 30%.
• Adicionou-se, a cada garrafa, 100ml da suspensão de leveduras a 10%.
• Com uma pipeta, retirou-se uma porção do conteúdo de cada uma das garrafas-termo.
• Fez-se uma preparação extemporânea e observou-se ao microscópio.
• Colocou-se 100ml de água de cal em 2 gobelés.
• Colocaram-se as rolhas, perfuradas previamente, de modo a montar um dispositivo idêntico ao da fig. III.
• Registou-se, tanto no início como após 28h da experiência, a temperatura em cada uma das garrafas, a
turvação da água de cal em cada gobelé e o odor exalado em cada garrafa
• Retiraram-se as rolhas e, com uma vareta de vidro, agitou-se o conteúdo de cada uma das garrafas.

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Resultados

Temperatura Cheiro do conteúdo Aspeto da água de cal


Garrafas
I II I II I II

Fermento de
A 22,5oC 20oC Álcool Incolor Turva
padeiro

Fermento de Álcool (menos


B 23,5oC 21oC Incolor Muito Turva
padeiro intenso)

Tabela I- Registo de Dados Legenda


I- Início da experiência
II- Fim da experiência

Fig. IV- Leveduras a microscópio eletrónico


(ampliação total: 10 x 100)

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Que processos catabólicos podem utilizar as Leveduras?

Discussão de Resultados

É possível observar, tendo em conta a tabela I, que, no que toca à temperatura no início da experiência, a garrafa A
encontrou-se a 22.5oC enquanto que a garrafa B marcou 23.5oC. Na fase final, em ambas as garrafas, verificou-se uma
diminuição de 2.5oC. Tendo em conta o parâmetro do cheiro do conteúdo, inicialmente, tanto a garrafa A como a B
encontraram-se com cheiro a fermento de padeiro, sendo que, no fim, a A apresentou um aroma alcoólico e a B um
cheiro idêntico, mas menos intenso. Acerca do aspeto da água de cal, observou-se que ambas as garrafas, em primeira
instância incolores, se tornaram turvas.

Posto isto, podem-se confrontar os dados obtidos com aquilo que era o expectável. De facto, ao realizar-se esta
atividade, idealmente, era de esperar que a temperatura não baixasse tanto. De igual modo, em relação ao cheiro do
conteúdo, previa-se que apenas a garrafa A apresentasse cheiro a álcool e que, no que diz respeito à turvação da água
de cal, na garrafa B, esta não fosse tão expressiva como o sucedido. Uma vez que, tal como se aferiu, a atividade
laboratorial que se realizou não foi isenta de erros, é possível, desse modo, arranjar hipóteses explicativas para o
desfasamento entre o expectável e o verificável.
A principal diferença entre o meio da garrafa A e da B, diz respeito à presença de O2. No caso da A, uma vez que possuía
um tubo na sua rolha, possibilitou-se a entrada de oxigénio. Na B, verificou-se que, com a ausência desse tubo, se
impossibilitava a presença desse gás. E, efetivamente, é esse o fator que permite distinguir o processo catabólico
utilizado pelas leveduras de cada garrafa, sendo, no caso A, adotado o processo da fermentação e, no B, a respiração
aeróbia.

Portanto, coloca-se a hipótese da temperatura inicial das garrafas ter divergido na medida em que, aquela que se
colocou primeiro em contacto com a solução de glicose (garrafa B), ser aquela que começou primeiro o processo da
degradação da mesma. Assim, a garrafa B, que previamente começou a libertar energia sob a forma de calor, traduziu
um aumento de temperatura inicial em relação à outra garrafa.
No que respeita à temperatura final, era de esperar que, quando se esgotasse a glicose, ambos os meios sofressem
uma descida de temperatura, visto que já não havia mais energia a ser libertada. No entanto, propõe-se como
justificação ao facto desta descida temperatura ter sido maior do que o antecipado, o facto das garrafas de plástico
utilizadas, ao contrário das garrafas térmicas, serem um meio fechado e não um meio isolado, ou seja, embora não
permitam a troca de matéria com a vizinhança, permitam a troca de energia. Desse modo, segundo a lei da
termodinâmica, o calor que se encontrou concentrado no interior, tendeu a passar para meio externo, que se
encontrava a temperatura mais baixa, de modo a procurar atingir um equilíbrio térmico e acabando, pois, por resultar
numa descida mais acentuada da temperatura por dissipação de energia.

Uma das principais adversidades detetadas na realização desta atividade foi o facto de, na garrafa B, o tubo de oxigénio
e de passagem para a água de cal se terem obstruído com espuma, admitindo-se que tal terá acontecido não só devido
à maior quantidade de CO2 que se produz na respiração aeróbia, mas também pela dimensão da garrafa não se
encontrar ajustada à quantidade de leveduras existentes. Situação esta, conduziu a uma libertação de CO2 (produto

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Que processos catabólicos podem utilizar as Leveduras?

residual dos processos catabólicos) mais abundante do que era suportável pela garrafa, levando, por esse motivo, à
acumulação e posterior entupimento dos tubos com a espuma e bolhas de ar criadas por este gás.
Com efeito, essa obstrução dos tubos da garrafa B originou muitas das irregularidades verificadas ao longo desta
atividade. Relativamente à água de cal, é de conhecimento prévio que esta se turva na presença de C02.Desse modo,
presume-se que, quando a espuma produzida (rica nesse gás) se tornou demasiada para a garrafa conseguir
armazenar, esta acabou por se misturar com a água de cal, contaminando-a, e sendo responsável por uma turvação
mais acentuada do que era suposto.

Por fim, centrando-nos no cheiro do conteúdo da garrafa B, ao contrário do previsto, este alterou-se durante a
realização da atividade. De facto, calcula-se que, com o entupimento do tubo que que permitia a entrada de O2, se
deu o cessamento da respiração aeróbia, já que se deixou de garantir as condições necessárias à mesma. Como, no
final da atividade, o cheiro obtido era, apesar de não muito intenso, a álcool, pode-se aferir que, embora em menor
quantidade do que a garrafa A, a garrafa B também realizou fermentação alcoólica.

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Que processos catabólicos podem utilizar as Leveduras?

Conclusões
Em suma, independentemente de algumas das dificuldades sentidas aquando a execução da atividade, as quais
poderiam ser melhoradas, por exemplo, utilizando-se garrafas térmicas e de maiores dimensões, conseguiu-se atingir
os objetivos propostos no início, ou seja, averiguar-se quais os processos catabólicos usados pelas leveduras na
obtenção de energia.

Conclui-se, então, que as leveduras efetuam, preferencialmente, a respiração aeróbia, no entanto e perante uma
situação de ausência de O2, estes seres vivos são capazes de realizar fermentação como uma via alternativa,
denominando-se, por isso, anaeróbios facultativos.

Pode-se constatar este tal favoritismo da respiração aeróbia em detrimento da fermentação pelo facto da garrafa B,
antes das condições da experiência serem inviabilizadas pela obstrução do tubo, ter começado por realizar a
respiração aeróbia. Justifica-se esta ocorrência pois, enquanto que em condições de anaerobiose, a degradação da
glicose é incompleta, retirando-se apenas 2 moléculas de ATP (correspondentes a 2% da energia química total contida
numa molécula de substrato inicial), em caso de condições de aerobiose, partindo-se de uma molécula de glicose, é
possível obter 38 moléculas de ATP, o equivalente a 40% da energia total existente numa molécula de glicose, o que
se reflete, portanto, num maior saldo energético.

Referências
Matias, O; Martins, P; 2019; Biologia 10; Areal editores; Maia

https://www.slideshare.net/Obiwanhug/8-biologia-e-geologia-10-ano-obteno-de-energia

https://www.notapositiva.com/old/pt/trbestbs/biologia/10_obtencao_energia_parte_leveduras_d.htm

https://pt.khanacademy.org/science/biology/cellular-respiration-and-fermentation/glycolysis/a/glycolysis

Capa- https://slideplayer.com.br/slide/5649052/

Fig. I- http://ruibiogeo.blogspot.com/2013/06/transformacao-e-utilizacao-de-energia.html

Fig II- http://www.netxplica.com/exercicios/bio10/10BIO2.mitocondria.respiracao.htm

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