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IBMEC

Pedro Magalhães (202051158573)


Victor Santiago (202051631961)

Projeto Máquinas Térmicas

Motor à Diesel com sistema FreeValve


Motivação ➔ Com o aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera por
veículos movidos à combustão interna, fez-se necessária a inovação em motores
deste modelo como alternativas sustentáveis, capazes de reduzir o impacto desses
gases no meio ambiente, sem afetar negativamente o desempenho do veículo.

Introdução ➔ A máquina térmica escolhida para este projeto utiliza o Ciclo Diesel
como meio de combustão interna. Este ciclo é caracterizado pela combustão
ocasionada na compressão da mistura ar + combustível. O ar é admitido no primeiro
ciclo (tempo), entrando na câmara. Em seguida, no segundo ciclo, o pistão faz a
compressão deste volume. Ao término da compressão, injeta-se combustível (diesel)
sob pressão na câmara. Com a alta temperatura e grande pressão geradas no interior
do cilindro, ocorre então a explosão da mistura. Na expansão dos gases gerados pela
explosão se origina o terceiro ciclo (tempo motor) e os resíduos da combustão são
liberados pelas válvulas de escape.

O projeto utilizou a combinação do motor movido à óleo diesel e um


revolucionário sistema de comando de válvulas programável, intitulado como
“FreeValve”. Com esse sistema, o eixo de comando é suprimido e cada válvula recebe
um atuador eletro-hidro-pneumático tendo a possibilidade de ser acionado de forma
independente. Este mecanismo foi criado em parceria entre a empresa FreeValve e a
montadora Koenigsseg.

A construção dessa nova maneira de gerenciamento de combustível/gases


utilizou o diesel pois trata-se do combustível com o maior poder de poluição, dentre
os demais de origem fóssil aliado com outros sistemas já aplicados atualmente (ARLA
32 e Válvula EGR).

Objetivo ➔ Esse projeto visa a diminuição da emissão dos gases poluentes na


atmosfera e aumento de rendimento de motores movidos à óleo diesel, por meio de
dispositivos e sistemas tecnológicos.
Metodologia aplicada ➔ Para tornar este projeto possível, pensamos na fusão de
um motor à diesel convencional com nova tecnologia de comando de válvulas
programável, intitulado “FreeValve”. Em termos técnicos, cada válvula presente no
motor do veículo recebe um atuador eletro-hidro-pneumático (produzido com
materiais de alta resistência para suportar altas rotações), ligados à uma placa
eletrônica ligada diretamente na ECU (computador que recebe dados do veículo por
sensores) do veículo. Cada um deles pode ser acionado de forma independente, e
reguladas de acordo com o proposito desejado (como por exemplo regular o quanto
que a válvula vai se abrir, ou por quanto tempo), o que melhora o processo de
combustão, não dependendo da rotação do comando, presente nos veículos
convencionais que possuem um, ou até mesmo dois comandos que ordenam a
abertura e o fechamento das válvulas ligados diretamente ao eixo virabrequim.

Figura 1

O sistema é movido majoritariamente por um sistema hidráulico, utilizando o


próprio óleo do motor, um sistema elétrico, gerenciado pela ECU e um sistema
pneumático que faz uso de ar pressurizado por um compressor (figuras 2 e 3)
exclusivo para manter a pressão correta.
Figura 2 Figura 3 (compressor)

Figura 4

A ativação da válvula é ilustrada na figura acima (figura 4). Ela se dá inicialmente com
um volume de ar altamente pressurizado - para movimentar o atuador que
movimentará, por sua vez, a válvula desejada - além de uma abertura para entrada
de óleo que fará controle da abertura da válvula. A saída de baixa pressão de ar
permanece fechada nessa etapa.
Figura 5 Figura 6

O fechamento da válvula, ilustrado na figura acima (figura 5), ocorre com a


interrupção da entrada de ar altamente pressurizado, a abertura da saída de ar com
pouca pressão e com a liberação da porta para a saída do óleo, além da ação da mola
presente no atuador (figura 6), que a empurra para a posição original.

O termo “FreeValve” tem seu significado explícito no próprio nome, uma vez
que cada válvula é gerenciada individualmente. Este processo permite, por exemplo,
o atraso do fechamento das válvulas de admissão, colocando o motor para trabalhar
em Ciclo Miller, ocasionando uma maior entrada de ar na mistura (aumento do tempo
de compressão do motor).
Ciclo Diesel Ciclo Miller (diagrama pressão x volume)

Em teste executado, pela própria koenigsegg, em um motor movido à gasolina,


do veículo Saab Q9, cujo sistema de comando foi alterado para o FreeValve, foi
observado uma ligeira melhora no rendimento e desempenho. Com o sistema
aplicado, observou-se um aumento de, em média, 30% na potência, 30% no torque e
uma redução em 30% de consumo do combustível, além de 15% menos emissão de
poluentes.

Os motores à diesel podem desempenhar um rendimento de 30-38%, frente


aos 20-25% dos motores à gasolina. Pensando nisso, com as melhorias observadas
no motor citado anteriormente e, observando equações referentes às características
de desempenho de um motor à diesel convencional, podemos concluir que um motor
com um rendimento superior, com esse sistema implantado, pode obter resultados
ainda mais significativos.
Fórmula do Trabalho indicado

Equação: AV= abertura da válvula FV= fechamento da válvula

Com o sistema FreeValve, pode-se definir o período de abertura e fechamento


das válvulas individualmente, alterando assim a quantidade de trabalho exercida pelo
motor.
Abertura da Válvula com x sem FreeValve

Com a ação do novo sistema, todo o circuito é afetado, já que o trabalho


exercido pode ser alterado.

Demonstração do Circuito:

𝑊𝑖 = 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑃𝑚𝑖 = 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑃𝑜𝑡 = 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑛𝑚 = 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑜
𝑎𝑣 = 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 𝑉𝑑 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑅𝑜𝑡 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑇𝑞𝑖 = 𝑡𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜
𝑓𝑣 = 𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 𝑇𝑞𝑒 = 𝑡𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜
𝑃 = 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡â𝑛𝑒𝑎

Tais resultados são possíveis graças ao grande gerenciamento que se pode ter
sobre as válvulas, individualmente, podendo até mesmo desativar um pistão caso
necessário, o que acarreta um consumo ainda menor e menos emissão. Outro ponto
a se destacar é o alívio de peso que essa tecnologia traz para o veículo que, em
comparação aos comandos originais, pode-se obter um alívio de 15 a 20 kg, que
auxilia também no maior desempenho do motor. Juntamente com a redução do eixo
de gravidade do carro, por substituir todo o sistema de comando de válvulas com todas
suas partes, por uma peça de ferro muito mais fina, reduzindo a altura do centro de
gravidade do veículo, gerando assim uma maior estabilidade, temos também a
redução de ruido e atrito justamente pela retirada dessas peças.
Os gráficos abaixo mostram o comparativo entre um motor com a tecnologia
FreeValve e um sem o mecanismo:

Curva Velocidade x Torque Curva Velocidade x Força do Motor

Por questões mercadológicas, a empresa criadora do sistema apresentado não


revelou algum orçamento preciso quanto à fabricação dele.
Sabe-se que, devido à complexidade do projeto apresentado pela Koenigsegg
em parceria com FreeValve, para uma fabricação em larga escala atualmente com a
tecnologia e desenvolvimento disponíveis, seria um orçamento alto. Porém, a longo
prazo, levando em consideração os benefícios e economias trazidas pelo sistema, o
investimento é válido, além de ser possível se instalar em qualquer tipo de motor à
combustão, não somente o movido à diesel, como por exemplo, movidos à gasolina
ou álcool.
A forma de implementação do sistema em um motor a diesel, ocorre da mesma
forma em relação à um motor movido a gasolina. Toda estrutura que compõe o
comando de válvulas convencional (cames, correia dentada, polia) será retirada e
colocada no lugar o sistema FreeValve. Em resumo, em carros com comando de
válvulas embutidos no cabeçote, teria toda a substituição do cabeçote original, pelo
novo comando programável.
Tendo em vista que o motor à diesel demanda um maior orçamento para sua
fabricação, por ser um motor com alta resistência, com materiais pesados preparados
baseados nas condições estabelecidas para ele, a junção dessas peças para países
subdesenvolvidos, como o Brasil, seria mais complicada devido à moeda local e seu
desenvolvimento tecnológico.
Existem sistemas que, combinados com este projeto, podem reduzir ainda mais
a emissão de gases, como por exemplo, ARLA 32, cuja função é promover a redução
dos óxidos de nitrogênio emitidos pelo motor, em nitrogênio e água, ao lançar no
sistema de escape uma solução aquosa de ureia, resultando em até 95% de redução
na emissão de Nox (óxidos de nitrogênio).

Sistema ARLA 32

Um exemplo de aplicação desse sistema na prática para visualização mais


clara seria um motor Volvo que equipa suas SUVs com um motor 2.0 turbodiesel, que
vindo de fábrica possui 235cv de potência, 48,9 kgfm de torque e com um consumo
de 11 km/l na cidade e de 14,3 km/l nas estradas. Com a utilização do novo comando,
teria em média um acréscimo de 30% passando para: 305,5 cv de potência, 63,57
kgfm de torque e passando a ter um consumo de 14,3 km/l nas cidades e 18,6 km//l
nas estradas. Consumos semelhantes e próximos aos de um carro híbrido.

(Dados utilizados acima baseados no teste com motor à gasolina de um Saab Q9,
com um motor a diesel sendo realmente utilizado com um comando programável
FreeValve possivelmente os resultados seriam ainda mais significativos, tendo em
vista o melhor rendimento do mesmo em relação ao anteriormente testado).
Conclusão ➔ Após observar todos os resultados obtidos nos exemplos acima,
podemos concluir que o uso dessa tecnologia pode vir a se tornar uma boa alternativa,
mesmo tendo um custo elevado de produção em larga escala. Trata-se de uma
tecnologia nova e em fase de testes. Porém, se aperfeiçoada, pode desempenhar um
triunfo em meio às alternativas sustentáveis para ser aplicada em motores à
combustão interna, e que se principalmente usado em um ciclo diesel o rendimento
esperado pode ser dos maiores possíveis por se tratar de um motor com o maior
rendimento dentre os demais.

Bibliografia ➔

https://www.youtube.com/watch?v=S3cFfM3r510

https://teamspeed.com/articles/koenigseggs-camless-engine-work/

https://en.wikipedia.org/wiki/Camless_piston_engine#Advantages

http://kth.diva-portal.org/smash/get/diva2:1150545/FULLTEXT01.pdf

https://drivetribe.com/p/freevalve-technology-koenigsegg-
Y3Eke847TVi_pgxPfd56IQ?iid=Y3rHT2yRQEakBDJlVvIAsg

https://educacaoautomotiva.com/2020/10/28/freevalve/,

https://www.cobli.co/blog/o-que-e-arla-32/

https://chiptronic.com.br/blog/valvula-egr-entenda-como-ela-diminui-emissao-
de-poluentes

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_Atkinson

https://www.youtube.com/watch?v=Bch5B23_pu0

https://www.researchgate.net/publication/340115807_Increasing_the_Performa
nce_of_Existing_IC_Engines_by_Free_Valve_Actuation_Technology

http://www.cefet-
rj.br/attachments/article/2943/Análise_Desempenho_Motor_Diesel_Operando_
Misturas_Óleo_Diesel_e_Biodiesel_através_Simulação.pdf

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