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Nuvens sobre a economia

Da Redação

O FMI acha que os emergentes vão desacelerar, o que é um problema para o comércio mundial

Alerta do Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para uma retomada mais difícil neste ano,
com possíveis reviravoltas no mercado financeiro e entraves nos emergentes. Para o FMI, esses
países devem crescer menos por atrasos na vacinação, o que se encaixa perfeitamente na situação
brasileira. Ontem, por exemplo, o Instituto Butantan cobrou do Ministério da Saúde que
encomende 54 milhões de doses da CoronaVac e o governo retrucou que pelo contrato pode
responder apenas em maio. Assim, está clara a despreocupação em acelerar logo a imunização para
que a economia possa avançar sem isolamento social.

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Como reação contra o efeito da pandemia, os governos injetaram US$ 8 trilhões nos mercados,
quase seis vezes o Produto interno Bruto (PIB) brasileiro. No Brasil, auxílio emergencial, crédito
para pequenas empresas e medidas como redução simultânea de jornada e salário e suspensão de
contratos de trabalho, levaram ao deficit de quase R$ 800 bilhões no ano passado, anulando a
economia prevista com a reforma previdenciária para uma década.

Há algumas semanas, analistas começaram a afirmar que os emergentes podem ter um moderado
boom de commodities. Uma subida das cotações de minérios e alimentos, que lideram as
exportações brasileiras, não levaria ao mesmo patamar no Governo Lula, mas seria bem positiva
considerando os tempos atuais. Por outro lado, manteria elevado saldo comercial e contínuo
ingresso de dólares no Brasil, reduzindo a pressão no câmbio. Entretanto, o FMI acha que os
emergentes vão desacelerar, o que é um problema para o comércio mundial - sem a China, estima-
se os emergentes são responsáveis por 40% do crescimento mundial.

Já as injeções de recursos pelos governos geram um excesso de liquidez que barateia o crédito e
irriga as bolsas, o que explica a rápida recuperação da maioria delas. Nos EUA, parte da versão
americana do auxílio emergencial, de US$ 600 (R$ 3.258) foi investido em ações, sustentando, por
exemplo, valorizações exorbitantes das big techs (Apple, Amazon, Google e Facebook). Entretanto,
o FMI e outras instituições já alertavam para que a retirada dos estímulos governamentais fosse
bem coordenada para não abalar os mercados, tanto o financeiro como o da atividade produtiva.

No Brasil, o governo fez aportes importantes na economia, mas com as contas já abaladas, sem
promover muito esforço para melhorar a austeridade com salários e outras despesas públicas.
Agora, para piorar, retardou o processo de vacinação e dá poucos sinais de que se esforçar para
imunizar a população. A própria divisão de cargos para controlar a Câmara compromete a
austeridade, pois esse movimento já comprometeu R$ 3 bilhões em verbas, segundo o Estadão,
para garantir a votação de pautas cobradas pelo bolsonarismo. Neste caso, vacina e reformas não
constam como prioridades.

1 of 1 29/01/2021 20:53

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