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MP-SP

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Direito Civil I
Direito de Família

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL I
Direito de Família
Prof. Dicler Forestieri

SUMÁRIO
Direito de Família .......................................................................................3
1. Introdução..............................................................................................3
2. Usufruto e Administração dos Bens de Filhos Menores...................................3
3. Alimentos...............................................................................................5
4. Bem de Família...................................................................................... 10
Bem de Família Voluntário ou Convencional................................................... 11
Bem de Família Legal................................................................................. 14
5. União Estável........................................................................................ 15
6. Tutela, Curatela e Tomada de Decisão Apoiada........................................... 18
Curatela................................................................................................... 25
Tomada de Decisão Apoiada........................................................................ 28
Questões de concurso................................................................................ 30
Gabarito................................................................................................... 34
Gabarito Comentado.................................................................................. 35

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DIREITO DE FAMÍLIA

1. Introdução

O direito de família é dividido em quatro títulos no Código Civil:

• Título I: Do Direito Pessoal;

• Título II: Do Direito Patrimonial;

• Título III: Da União Estável; e

• Título IV: Da Tutela, da Curatela e da Tomada de Decisão Apoiada.

Na aula de hoje, estudaremos a parte do direito de família relacionada à união

estável, à tutela, à curatela e à tomada de decisão apoiada.

Sendo a assim, veremos os seguintes pontos:

• usufruto e administração dos bens de filhos menores;

• alimentos;

• bem de família;

• união estável;

• tutela;

• curatela; e

• tomada de decisão apoiada.

Trata-se de uma aula bastante extensa que exigirá muito da sua dedicação.

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2. Usufruto e Administração dos Bens de Filhos Menores

O usufruto e a administração dos bens de filhos menores representam o aspecto

patrimonial do poder familiar.

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Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:


I – são usufrutuários dos bens dos filhos;
II – têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.
Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade, re-
presentar os filhos menores de dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem
a maioridade ou serem emancipados.
Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum as questões relativas aos filhos e a seus
bens; havendo divergência, poderá qualquer deles recorrer ao juiz para a solução necessária.

Os atributos na ordem patrimonial dizem respeito à administração e ao direito


de usufruto. Os pais, em igualdade de condições, são os administradores legais dos
bens dos filhos menores sob sua autoridade. Havendo divergência, poderá qual-
quer deles recorrer ao juiz para a solução necessária.

Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos,
nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples admi-
nistração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia auto-
rização do juiz.
Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade dos atos previstos neste artigo:
I – os filhos;
II – os herdeiros;
III – o representante legal.

Os pais não podem praticar atos que ultrapassem os limites da simples admi-
nistração. Para alienar ou gravar de ônus reais os bens imóveis dos filhos menores
precisam obter autorização judicial, mediante a demonstração da necessidade, ou
evidente interesse da prole.
Caso os pais pratiquem os atos aqui citados sem autorização judicial, os filhos, os
herdeiros e o representante legal são legitimados para pleitear a declaração de nulidade.

Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o
do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.

Havendo conflito de interesses entre os pais e o filho, deve ser nomeado um


curador especial que irá representar o filho. Tal solicitação pode ser feita pelo pró-
prio filho ou pelo MP.

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Não se exige, para tanto, prova de que o pai pretende lesar o filho. Basta que

se coloquem em situações cujos interesses são aparentemente antagônicos, como

acontece na venda de ascendente a descendente, que depende do consentimento

dos demais descendentes. Se um destes for menor, ser-lhe-á nomeado curador

especial, para representá-lo na anuência.

Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administração dos pais:


I – os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento;
II – os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade
profissional e os bens com tais recursos adquiridos;
III – os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou
administrados, pelos pais;
IV – os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da
sucessão.

Nem todos os bens dos filhos menores estão incluídos no usufruto e adminis-

tração dos pais. Dessa forma, o art. 1.693 do CC lista os bens que estão excluídos

de tal situação.

3. Alimentos

Alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não

pode provê-las por si. Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou com-

panheiro o necessário à sua subsistência. Quanto ao conteúdo, abrangem o indis-

pensável ao sustento, vestuário, habitação, assistência médica e instrução.

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens sufi-
cientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa,
enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.

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As principais características dos alimentos são:

• Irrenunciabilidade, inacessibilidade e impenhorabilidade: art. 1707 do CC;

Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimen-
tos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.

• Possibilidade de revisão: os alimentos podem ser revistos, ou seja, não

fazem coisa julgada material, podem ser mudados a qualquer tempo;

Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de


quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, con-
forme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.

• Alternatividade: a lei dá ao alimentante a opção de pagar os alimentos ou

dar diretamente hospedagem e sustento ao alimentado. Dependendo das cir-

cunstancias, cabe ao juiz escolher qual será a forma adotada;

Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou


dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua
educação, quando menor.
Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do
cumprimento da prestação.

• Reciprocidade: os alimentos são extensivos aos ascendentes e descenden-

tes. Basta que um possa pagar e outro esteja em estado de necessidade;

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os


alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e
dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de
necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e ex-
tensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau,
uns em falta de outros.

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• Concorrência de devedores (preferência): estabelece uma ordem na responsa-

bilidade de quem paga, mais próximo exclui mais remoto (ex.: pai paga para o filho,

ou avô para o neto, ou bisavô para o bisneto). A responsabilidade pelo pagamento

será concorrente e fracionada, aquele que tiver mais condições irá pagar mais até

aquele que não possuir condições de pagar naquele momento seja isento;

Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada


a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em con-
dições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau ime-
diato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer
na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as
demais ser chamadas a integrar a lide.

• Irrepetibilidade ou Irrestituidade: não cabe devolução do valor pago (art.

100, § 1º, da CF/1988);

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,


vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude
de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos
os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.

• Irretroatividade: do momento em que foi cobrado e fixado por meio da sen-

tença para frente, o pagamento não retroage;

• Atualidade: o valor devido deve ser corrigido pelo salário atual, mais juros e

correção monetária, para atualizar o poder de compra daquele valor vencido;

Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segun-


do índice oficial regularmente estabelecido.

• Periodicidade: os alimentos devem ser pagos mês a mês;

• Solidariedade: não existe sobreposição de um ser devedor do outro, é de

pai para filho, ou de filho para pai etc.;

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• Transmissibilidade: a obrigação alimentícia é transmitida na herança;

Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor,


na forma do art. 1.694.

• Proporcionalidade: na fixação dos alimentos deve haver proporcionalidade

entre as necessidades do alimentando e os recursos econômico financeiros

do alimentante.

Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contri-


buirão na proporção de seus recursos.

Os alimentos podem ser de várias espécies. Vamos ver as principais:

Quanto à natureza, os alimentos podem ser naturais ou civis. Os alimentos

naturais (ou necessários) restringem-se ao indispensável à satisfação das neces-

sidades primárias da vida; os civis (ou côngruos) destinam-se a manter a condição

social, o status da família.

Quanto à causa jurídica, os alimentos dividem-se em legais (legítimos), vo-

luntários e indenizatórios. Os alimentos legais (ou legítimos) são devidos em

virtude de uma obrigação legal, que pode decorrer do parentesco, do casamento

ou do companheirismo (art. 1.694 do CC).

Os alimentos voluntários, que emanam de uma declaração de vontade inter

vivos (obrigação assumida contratualmente por quem não tinha a obrigação legal

de pagar alimentos — pertencem ao direito das obrigações e são chamados tam-

bém de obrigacionais) ou causa mortis (manifestada em testamento, em geral sob

a forma de legado de alimentos, e prevista no art. 1.920 — pertencem ao direito

das sucessões e são também chamados de testamentários).

Os alimentos indenizatórios (ou ressarcitórios), resultantes da prática de um ato

ilícito (constituem forma de indenização do dano e pertencem ao direito das obrigações.

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Somente os alimentos legais ou legítimos pertencem ao direito de família. As-

sim, a prisão civil pelo não pagamento de dívida de alimentos, permitida na Consti-

tuição Federal (art. 5º, LXVII), somente pode ser decretada no caso dos alimentos

que constituem relação de direito de família, sendo inadmissível em caso de não

pagamento dos alimentos indenizatórios (responsabilidade civil) e dos voluntários

(obrigacionais ou testamentários).

Os alimentos voluntários e os alimentos indenizatórios não ensejam a prisão civil

por dívida prevista constitucionalmente.

Quanto à finalidade, os alimentos podem ser definitivos ou provisórios

e provisionais.

Definitivos são os de caráter permanente, estabelecidos pelo juiz na sentença

ou em acordo das partes devidamente homologado, malgrado possam ser revistos

(art. 1699 do CC).

Provisionais ou provisórios são aqueles que precedem ou são concomitantes

a uma demanda de separação judicial, divórcio, nulidade ou anulação de casamen-

to, ou mesmo ação de alimentos (art. 1.706).

Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual.

Finalizando, há os demais artigos do Código Civil que também tratam da obri-

gação de pagar alimentos.

Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e despro-


vido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos
os critérios estabelecidos no art. 1.694.

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Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimen-


tos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não
tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial.
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não
tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge
será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.
Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o ge-
nitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação
se processe em segredo de justiça.
Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o de-
ver de prestar alimentos.
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver
procedimento indigno em relação ao devedor.
Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante
da sentença de divórcio.

4. Bem de Família

O bem de família pode ser conceituado como o imóvel utilizado como residência

da entidade familiar, decorrente de casamento, união estável, entidade monopa-

rental, ou entidade de outra origem, protegido por previsão legal específica.

O ordenamento jurídico brasileiro faz a interpretação extensiva de proteção da

moradia para atingir o imóvel onde reside pessoa solteira, separada ou viúva (Sú-

mula n. 364 do STJ).

Súmula n. 364 do STJ


O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel perten-
cente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

A nossa legislação prevê duas espécies de bem de família:

• bem de família voluntário ou convencional – estudado nos arts. 1.711 a 1.722

do CC; e

• bem de família legal – regulado pela Lei n. 8.009/1990.

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Bem de Família Voluntário ou Convencional

O art. 1711 do CC estipula a forma pela qual o bem de família deve ser instituído

(escritura pública ou testamento), bem como o limite de 1/3 do patrimônio líquido.

Tal limite visa proteger eventual credores que, em decorrência da impenhorabilida-

de do bem de família, podem ficar sem receber suas dívidas.

Dessa forma, se uma pessoa tem o patrimônio de três milhões, somente um

milhão poderá ser constituído como bem de família.

Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou


testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não
ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as
regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento
ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges
beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.

Para que haja a proteção prevista em lei, é necessário que o bem seja imóvel

residencial, rural ou urbano, incluindo a proteção a todos os bens acessórios que o

compõem, caso, inclusive, das pertenças. A proteção poderá abranger valores mobi-

liários, cuja renda seja aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.

Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no
sustento da família.

Apesar dos valores mobiliários também poderem ser instituídos como bem de

família, existe um limite a ser observado nos termos do art. 1713 do CC.

Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antece-


dente, não poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época
de sua instituição.

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§ 1º Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no instrumento de


instituição do bem de família.
§ 2º Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família deverá
constar dos respectivos livros de registro.
§ 3º O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários seja
confiada a instituição financeira, bem como disciplinar a forma de pagamento da res-
pectiva renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos administradores
obedecerá às regras do contrato de depósito.

A instituição do bem de família convencional deve ser efetuada por escrito e re-

gistrada no Cartório de Registro de Imóveis do local em que o mesmo está situado.

Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-
-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis.

Com a instituição do bem de família convencional ou voluntário, o prédio se

toma inalienável e impenhorável, permanecendo isento de execuções por dívidas

posteriores à instituição. Entretanto, tal proteção não prevalecerá nos casos de dí-

vidas com as seguintes origens:

• dívidas anteriores à sua constituição, de qualquer natureza;

• dívidas posteriores, relacionadas com tributos relativos ao prédio, caso do

IPTU (obrigações propter rem ou ambulatórias);

• despesas de condomínio (outra típica obrigação propter rem ou ambulatória),

mesmo posteriores à instituição.

Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição,
salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo exis-
tente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pú-
blica, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução,
a critério do juiz.

A instituição dura até que ambos os cônjuges faleçam, sendo que, se restarem filhos

menores de 18 anos, mesmo falecendo os pais, a instituição perdura até que todos os

filhos atinjam a maioridade. Percebe-se a intenção de proteger a entidade familiar.

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Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um dos
cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade.

A inalienabilidade, como regra geral, está prevista no art. 1. 717 do CC, sen-

do somente possível a alienação do referido bem mediante consentimento dos

interessados (membros da entidade familiar), e de seus representantes, ouvido o

Ministério Público.

Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não


podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consen-
timento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público.

O art. 1.718 do CC determina o que deve ser feito com os bens da entidade

objeto de liquidação.

Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade administradora, a que se refere


o § 3º do art. 1.713, não atingirá os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua
transferência para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no caso de falência, ao
disposto sobre pedido de restituição.

Eventualmente, comprovada a impossibilidade de manutenção do bem de família

convencional, poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autori-

zar a sub-rogação real de bens que o constituem em outros, ouvido o instituidor e o

Ministério Público. Trata-se de uma hipótese de dissolução judicial do bem protegido.

Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas con-


dições em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo
ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o instituidor
e o Ministério Público.

No que concerne à sua administração, salvo previsão em contrário, cabe a am-

bos os cônjuges ou companheiros, sendo possível a intervenção judicial, em caso

de divergência.

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Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem


de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.
Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administração passará ao
filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor.
Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.
Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o
sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.

A dissolução da sociedade conjugal, por divórcio, morte, inexistência, nulidade

ou anulabilidade do casamento, não extingue o bem de família convencional. Dis-

solvida a sociedade conjugal por morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá

pedir a extinção da proteção, se for o único bem do casal.

Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os côn-


juges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.

Finalizando, se extingue o bem de família convencional com a morte de ambos

os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos à curatela.

Bem de Família Legal

A seguir, há os artigos da Lei n. 8.009/1990, que tratam do bem de família legal.

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e


não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de
outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprie-
tários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a
construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos,
inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.
Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e
adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens
móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário,
observado o disposto neste artigo.

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Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,


previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I – (Revogado pela Lei Complementar n. 150, de 2015)
II  – pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do res-
pectivo contrato;
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipó-
teses em que ambos responderão pela dívida; (Redação dada pela Lei n. 13.144 de 2015)
IV – para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em
função do imóvel familiar;
V – para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal
ou pela entidade familiar;
VI – por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII – por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, ad-
quire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se
ou não da moradia antiga.
§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabi-
lidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa
para execução ou concurso, conforme a hipótese.
§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade
restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art.
5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.
Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se re-
sidência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia
permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários
imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor,
salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma
do art. 70 do Código Civil.

5. União Estável

O estudo sobre a união estável deve ser iniciado por meio da Constituição Fe-

deral, que reconhece a união estável entre o homem e a mulher como entidade

familiar, prevendo que a lei deve facilitar a sua conversão em casamento.

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Dessa forma, podemos concluir que:

• a união estável não é igual ao casamento; e

• não há hierarquia entre casamento e união estável.

O assunto é tratado entre os arts. 1.723 a 1.727 do CC.

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a


mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família.

Do conceito de união estável previsto no art. 1723 do CC podemos extrair ele-

mentos caracterizadores essenciais e acidentais.

ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA UNIÃO ESTÁVEL


ESSENCIAIS ACIDENTAIS
Publicidade da união. Tempo.
Continuidade da união. Prole.
Estabilidade da união. Coabitação.
Objetivo de constituição de família.

A lei não exige prazo mínimo para a sua constituição, devendo ser analisadas
as circunstâncias do caso concreto (nesse sentido: TJSP, Apelação com Revisão
570.520.5/4, Acórdão 3543935, São Paulo, 9.ª Câmara de Direito Público, Rel. Des.
Rebouças de Carvalho, j. 04.03.2009, DJESP 30.04.2009).
Não há exigência de prole comum (TJMG,Acórdão 1.0024.02.652700-2/001, Belo
Horizonte, l.” Câmara Cível, Rel. Des. Eduardo Guimarães Andrade, j. 16.08.2005, DJMG
26.08.2005).
Não se exige que os companheiros ou conviventes vivam sob o mesmo teto, o
que consta da remota Súmula 382 do STF, que trata do concubinato e que era aplicada
à união estável. A jurisprudência atual continua aplicando essa súmula (por todos: STJ,
REsp 275.839/SP, 3.” Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andri-
ghi, j. 02.10.2008, DJe 23.10.2008).

§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não


se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
fato ou judicialmente.

Os impedimentos matrimoniais previstos no art. 1.521 do CC também impedem

a caracterização da união estável, havendo, na hipótese, o concubinato citado no

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art. 1.727 do CC. Porém, o CC de 2002 passou a admitir que a pessoa casada, des-

de que separada de fato ou judicialmente, constitua união estável.

§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.

Não confunda! As causas impeditivas matrimoniais impossibilitam a caracteri-

zação da união estável. Por outro lado, as causas suspensivas matrimoniais não

impossibilitam a união estável.

Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de


lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.

Os arts. 1.724 a 1.727 são de simples entendimento.

Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar,


constituem concubinato.

Por fim, existe o conceito de concubinato. Para que tal instituto seja diferencia-

do do casamento, veja a tabela a seguir:

UNIÃO ESTÁVEL CONCUBINATO

É uma entidade familiar. Não é uma entidade familiar, mas sim uma
mera sociedade de fato.

Pode ser constituída por pessoas solteiras, Será constituída entre pessoas casadas não
viúvas, divorciadas ou separadas de fato, judi- separadas, ou havendo impedimento matrimo-
cialmente ou extrajudicialmente. nial decorrente de parentesco ou crime.

As partes são denominadas companheiros ou As partes são chamadas de concubinos.


conviventes.

Há direito à meação patrimonial, direito à ali- Não há direito à meação patrimonial, direito a
mentos e direitos sucessórios. alimentos ou direito sucessório.

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6. Tutela, Curatela e Tomada de Decisão Apoiada

A tutela e a curatela constituem institutos de direito assistencial para a defesa

dos interesses dos incapazes, visando à realização de atos civis em seu nome. A

diferença substancial entre as duas figuras é que a tutela resguarda os interesses

de menores não emancipados, não sujeitos ao poder familiar, com o intuito de

protegê-los. Por seu turno, a curatela é categoria assistencial para a defesa dos

interesses de maiores incapazes, devidamente interditados.

Merece destaque a recente Lei n. 13.146/2015, que instituiu o Estatuto da Pes-

soa com Deficiência e alterou de forma substancial o tratamento relativo aos abso-

luta e relativamente incapazes, previstos nos arts. 3º e 4º do CC.

O objetivo foi a plena inclusão social das pessoas que apresentem algum tipo de

deficiência. Entendeu-se que a pessoa com deficiência é plenamente capaz, espe-

cialmente para atos existenciais de natureza familiar.

Eventualmente, para negócios jurídicos mais complexos, de cunho patrimonial,

a pessoa com deficiência poderá fazer uso da tomada de decisão apoiada, instituto

igualmente incluído pela Lei n. 13.146/2015.

Tutela

Até os 16 anos, os menores são incapazes de praticar atos da vida civil sozinhos

e, por isso, precisam ser representados, em regra, pelos seus pais. Entre 16 e 18

anos a incapacidade se torna absoluta, surgindo a figura da assistência.

Surge a figura do tutor quando os pais não podem mais ser representantes ou

assistentes do menor, quer pelo falecimento, quer pela perda do poder familiar.

Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:


I – com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
II – em caso de os pais decaírem do poder familiar.

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Compete conjuntamente aos pais a nomeação do tutor por testamento ou

por outro documento autentico. Entretanto, ressalta-se que para os pais esco-

lherem um tutor, devem estar em pleno gozo do poder familiar. Caso contrário,

a nomeação será nula.

Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.


Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro docu-
mento autêntico.
Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua
morte, não tinha o poder familiar.
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes con-
sanguíneos do menor, por esta ordem:
I – aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II – aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos,
e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz esco-
lherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.
Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:
I – na falta de tutor testamentário ou legítimo;
II – quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
III – quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.

Quanto à origem, a tutela é dividida em três categorias:

• Tutela testamentária: instituída por ato de última vontade, por testamen-

to, legado ou mesmo por codicilo (art. 1.729, parágrafo único do CC);

• Tutela legítima: concretizada na falta de tutor nomeado pelos pais (art.

1.731 do CC); e

• Tutela dativa: presente na falta de tutela testamentária ou legítima, e pre-

ceituando (art. 1.732 do CC).

Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.


§ 1º No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição testamentária sem indi-
cação de precedência, entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros
lhe sucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou
qualquer outro impedimento.
§ 2º Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe curador especial
para os bens deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o poder familiar, ou tutela.

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Havendo irmãos órfãos, dar-se-á um só tutor comum, o que representa a con-

solidação do princípio da unicidade da tutela.

Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos pais forem desconhecidos, falecidos ou


que tiverem sido suspensos ou destituídos do poder familiar terão tutores nomeados
pelo Juiz ou serão incluídos em programa de colocação familiar, na forma prevista pela
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

O art. 1.734 do CC foi alterado pela Lei n. 12.010/2009, conhecida como Nova

Lei da Adoção.

Não se pode confundir a tutela com a representação e a assistência. A tutela

tem sentido genérico, sendo prevista para a administração geral dos interesses

de menores, sejam eles absolutamente (menores de 16 anos) ou relativamente

incapazes (menores entre 16 e 18 anos). A representação é o instituto que busca

atender aos interesses dos menores de 16 anos em situações específicas, para a

prática de determinados atos da vida civil. Assim também é a assistência, mas em

relação aos menores entre 16 e 18 anos.

O art. 1.735 do CC lista as pessoas incapazes de exercer a tutela. Para exem-

plificar, um toxicômano que está interditado e, por isso, é relativamente incapaz,

não pode ser tutor.

Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:
I – aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II – aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em
obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles
cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
III – os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressa-
mente excluídos da tutela;
IV – os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou
os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V – as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso
em tutorias anteriores;
VI – aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.

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Da mesma forma que a lei impede determinadas pessoas de exercerem a tute-

la, também faculta a escusa, ou seja, possibilita que determinadas não aceitem a

tutela e peçam a sua dispensa.

Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:


I – mulheres casadas;
II – maiores de sessenta anos;
III – aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV – os impossibilitados por enfermidade;
V – aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI – aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
VII – militares em serviço.
Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela,
se houver no lugar parente idôneo, consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la.

Art. 1.738. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subsequentes à designação, sob


pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer
depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele sobrevier.

Art. 1.739. Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o nomeado a tutela, enquanto o


recurso interposto não tiver provimento, e responderá desde logo pelas perdas e danos
que o menor venha a sofrer.

O novo Código de Processo Civil, no art. 760, estabeleceu que “o tutor ou o

curador poderá eximir-se do encargo apresentando escusa ao juiz no prazo de cin-

co dias contado:

• antes de aceitar o encargo, da intimação para prestar compromisso;

• depois de entrar em exercício, do dia em que sobrevier o motivo da escusa.

Além disso, dispõe o § 1º que “não sendo requerida a escusa no prazo estabeleci-

do neste artigo, considerar-se-á renunciado o direito de alegá-la” e o § 2º que “o juiz

decidirá de plano o pedido de escusa, e, não o admitindo, exercerá o nomeado a tu-

tela ou a curatela enquanto não for dispensado por sentença transitada em julgado”.

Dessa forma, entendo que o novo CPC derrogou o art. 1.738 do CC.

O art. 1.740 do CC enumera as tarefas desempenhadas pelo tutor por ocasião

do exercício da tutela.

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Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:


I – dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres
e condição;
II  – reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja
mister correção;
III – adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do
menor, se este já contar doze anos de idade.
Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado,
em proveito deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.
Art. 1.742. Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz nomear um protutor.

O poder do tutor é uno e indivisível, sendo o encargo pessoal. Entretanto, isso

não obsta a cessão da tutela, uma concessão parcial do encargo, o que se denomi-

na tutela parcial ou cotutoria. É possível que os pais de um menor faleçam e deixem

como herança uma grande empresa. Nesse caso, pode ser delegada a administra-

ção da empresa a uma pessoa diferente do tutor.

Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigirem conhecimentos técnicos,


forem complexos, ou realizados em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá este,
mediante aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas ou jurídicas o exercício
parcial da tutela.

A responsabilidade do juiz será direta e pessoal quando não tiver nomeado o

tutor ou não o houver feito oportunamente. Por outra via, essa responsabilidade do

magistrado será subsidiária quando não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o

removido, tanto que se tomou suspeito. Nos dois casos, exige-se apenas culpa do

juiz, e não o dolo.

Art. 1.744. A responsabilidade do juiz será:


I – direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou não o houver feito oportu-
namente;
II – subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tanto
que se tornou suspeito.

Há, ainda, mais alguns artigos que tratam da competência e exercício da tutela pelo tutor.

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Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo especificado


deles e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado.
Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz con-
dicionar o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o
tutor for de reconhecida idoneidade.
Art. 1.746. Se o menor possuir bens, será sustentado e educado a expensas deles,
arbitrando o juiz para tal fim as quantias que lhe pareçam necessárias, considerado o
rendimento da fortuna do pupilo quando o pai ou a mãe não as houver fixado.
Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
I – representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após
essa idade, nos atos em que for parte;
II – receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas;
III – fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de administração,
conservação e melhoramentos de seus bens;
IV – alienar os bens do menor destinados a venda;
V – promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz.
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
I – pagar as dívidas do menor;
II – aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
III – transigir;
IV – vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos casos
em que for permitido;
V – propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências
a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do tutor depende da
aprovação ulterior do juiz.
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
I – adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis
ou imóveis pertencentes ao menor;
II – dispor dos bens do menor a título gratuito;
III – constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.
Art. 1.750. Os imóveis pertencentes aos menores sob tutela somente podem ser vendidos
quando houver manifesta vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovação do juiz.
Art. 1.751. Antes de assumir a tutela, o tutor declarará tudo o que o menor lhe deva,
sob pena de não lhe poder cobrar, enquanto exerça a tutoria, salvo provando que não
conhecia o débito quando a assumiu.
Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao tute-
lado; mas tem direito a ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela,
salvo no caso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional à importância dos
bens administrados.
§ 1º Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica pela fiscalização efetuada.
§ 2º São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as pessoas às quais competia fis-
calizar a atividade do tutor, e as que concorreram para o dano.

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Os arts. 1.753 e 1.754 do CC apresentam regras a respeito dos bens do tutelado.

Art. 1.753. Os tutores não podem conservar em seu poder dinheiro dos tutelados, além
do necessário para as despesas ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a ad-
ministração de seus bens.
§ 1º Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras preciosas e móveis
serão avaliados por pessoa idônea e, após autorização judicial, alienados, e o seu pro-
duto convertido em títulos, obrigações e letras de responsabilidade direta ou indireta
da União ou dos Estados, atendendo-se preferentemente à rentabilidade, e recolhidos
ao estabelecimento bancário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis, conforme for
determinado pelo juiz.
§ 2º O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente terá o dinheiro proveniente de
qualquer outra procedência.
§ 3º Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores acima referidos, pa-
gando os juros legais desde o dia em que deveriam dar esse destino, o que não os exime
da obrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação.
Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento bancário oficial, na forma do
artigo antecedente, não se poderão retirar, senão mediante ordem do juiz, e somente:
I – para as despesas com o sustento e educação do tutelado, ou a administração de
seus bens;
II – para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações ou letras, nas condições pre-
vistas no § 1º do artigo antecedente;
III – para se empregarem em conformidade com o disposto por quem os houver doado,
ou deixado;
IV – para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou, mortos eles,
aos seus herdeiros.

Tendo em vista que os tutores administram bens do tutelado, deve haver uma

prestação de contas que é regulada pelos arts. 1.755 a 1.762 do CC.

Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados, são
obrigados a prestar contas da sua administração.
Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz o ba-
lanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do inventário.
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando, por
qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conve-
niente.
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da audiência dos
interessados, recolhendo o tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os
saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1º
do art. 1.753.

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Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, a quitação do menor não


produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então,
a responsabilidade do tutor.
Art. 1.759. Nos casos de morte, ausência, ou interdição do tutor, as contas serão pres-
tadas por seus herdeiros ou representantes.
Art. 1.760. Serão levadas a crédito do tutor todas as despesas justificadas e reconhe-
cidamente proveitosas ao menor.
Art. 1.761. As despesas com a prestação das contas serão pagas pelo tutelado.
Art. 1.762. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o tutelado, são dívidas de valor
e vencem juros desde o julgamento definitivo das contas.

Finalizando a parte da tutela, os arts. 1.763 a 1.766 do CC tratam do momento

em que o múnus público se encerra.

Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado:


I – com a maioridade ou a emancipação do menor;
II – ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção.
Art. 1.764. Cessam as funções do tutor:
I – ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
II – ao sobrevir escusa legítima;
III – ao ser removido.
Art. 1.765. O tutor é obrigado a servir por espaço de dois anos.
Parágrafo único. Pode o tutor continuar no exercício da tutela, além do prazo previsto
neste artigo, se o quiser e o juiz julgar conveniente ao menor.
Art. 1.766. Será destituído o tutor, quando negligente, prevaricador ou incurso em
incapacidade.

Curatela

Já sabemos o conceito de curatela, então, vejamos o art. 1.767 do CC, que enu-

mera as pessoas sujeitas à curatela.

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:


I – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua von-
tade; (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015)
II – (Revogado);
III – os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015)
IV – (Revogado);
V – os pródigos.

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Da mesma forma que a tutela, a curatela visa suprir a deficiência jurídica do inca-

paz. Sendo assim, diversas regras inerentes à tutela também são aplicáveis à curatela.

Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as modifi-


cações dos artigos seguintes.

Sobre a ordem de nomeação do curador, vejamos o art. 1.775 do CC:

Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de


direito, curador do outro, quando interdito.
§ 1º Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta
destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.

O Estatuto da Pessoa com Deficiência inseriu a regra de que, na nomeação de

curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compar-

tilhada a mais de uma pessoa, conforme já tratava a jurisprudência.

Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá


estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa. (Incluído pela Lei n. 13.146,
de 2015)

Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio neces-
sário para ter preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado
o seu recolhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio. (Redação dada
pela Lei n. 13.146, de 2015)

Esse dispositivo também foi alterado pela Lei n. 13.146/2015, passando a esta-

belecer que as pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 – pessoas que por causa

transitória ou definitiva não puderem exprimir vontade – receberão todo o apoio

necessário para ter preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo

evitado o seu recolhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio.

Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do cura-
telado, observado o art. 5º.

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Por fim, a autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do

curatelado, observados os casos de emancipação previstos no art. 5º do CC.

No art. 1.779 do CC está uma forma de curatela especial.

Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher,


e não tendo o poder familiar.
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro.

A curatela do nascituro é possível se o seu suposto pai falecer, e, estando grávi-

da a mulher, esta não possui o poder familiar. Eventualmente, se a mulher estiver

interditada, seu curador será também o do nascituro

Sobre o exercício da curatela, vejamos os artigos a seguir:

Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com


a restrição do art. 1.772 e as desta Seção.

Tendo em vista que o art. 1.772 do CC foi revogado pela Lei n. 13.105/2015,

podemos afirmar que as regras a respeito do exercício da tutela também se aplicam

à curatela, sem restrições.

Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir,


dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os
atos que não sejam de mera administração.

Os pródigos são aqueles que dissipam de forma desordenada e desregrada os

seus bens ou seu patrimônio, realizando gastos desnecessários e excessivos, sen-

do exemplo típico a pessoa viciada em jogatinas. Dessa forma, a sua interdição

apenas o priva de atos que possam comprometer o seu patrimônio, sendo livres os

atos de mera administração.

Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for


de comunhão universal, não será obrigado à prestação de contas, salvo determi-
nação judicial.

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Por fim, há uma hipótese em que a prestação de contas por parte do curador é

dispensada: cônjuge curador + comunhão parcial de bens.

Tomada de Decisão Apoiada

Também inserida pela Lei n. 13.146/2015, a tomada de decisão apoiada foi a

forma encontrada para não considerar a pessoa com deficiência incapaz e auxiliá-la

na tomada de decisão.

Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com defi-
ciência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e
que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos
da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa
exercer sua capacidade.
§ 1º Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os
apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido
e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito
à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar.
§ 2º O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com
indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo.
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assis-
tido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o
requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.
§ 4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem
restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio acordado.
§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que
os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua fun-
ção em relação ao apoiado.
§ 6º Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo
divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz,
ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão.
§ 7º Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as
obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denún-
cia ao Ministério Público ou ao juiz.
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa
apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para prestação de apoio.
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado em
processo de tomada de decisão apoiada.

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§ 10 O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do processo de


tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento condicionado à manifestação do
juiz sobre a matéria.
§ 11 Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições referentes
à prestação de contas na curatela.

Terminamos a base teórica por aqui! Espero que tenha gostado. Vamos às questões.

Dicler

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QUESTÕES DE CONCURSO

1. (VUNESP/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-RS/2018)

A propósito da conversão da união estável em casamento, assinale a alternativa

correta.

a) A união estável poderá converter-se em casamento mediante pedido dos com-

panheiros ao Juiz Corregedor Permanente, independentemente de prévia habilita-

ção para o casamento.

b) Não se admite, para fins de registro, a conversão de união estável em casamen-

to de pessoas do mesmo sexo.

c) O processo de habilitação se desenvolve sob o mesmo rito previsto para o casa-

mento, devendo constar dos editais que se trata de conversão, seguindo-se a lavra-

tura do respectivo assento independentemente de autorização do Juiz Corregedor

Permanente, prescindindo o registro da celebração do matrimônio.

d) O assento de conversão da união estável em casamento será lavrado imediata-

mente após a celebração do matrimônio, com expressa indicação da data do início

de seu estabelecimento.

2. (VUNESP/PROCURADOR/IPSM/2018) José, funcionário público, casou-se com

Maria em 2015. Entretanto, ambos tinham uma relação tumultuada, razão pela

qual José saiu de casa no mês de dezembro do ano de 2016 e foi morar em outro

imóvel alugado, não tendo se divorciado. O casal não teve filhos. Em janeiro de

2017 José conheceu Paulo e Renata, irmãos, e iniciou, concomitantemente, uma

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relação amorosa com ambos, pública e notória. José faleceu em outubro de 2017

em razão de um infarto fulminante, em sua residência, onde morava sozinho. Nes-

se caso hipotético, a pensão

a) por morte não será paga nem a Maria e nem a Renata e/ou Paulo. Houve a dis-

solução do vínculo conjugal existente entre Maria e José, em razão do abandono

do lar. A união homoafetiva não é reconhecida para fins previdenciários. Como não

havia coabitação, Renata não ostentava a condição de companheira de José.

b) por morte deverá ser paga a Renata e Paulo. Pela atual disciplina constitucional,

havendo a separação de fato, independentemente do prazo, considera-se imediata-

mente extinto o vínculo conjugal. Não há impedimentos legais ao reconhecimento

de uniões estáveis poliafetivas para fins previdenciários.

c) por morte deverá ser paga exclusivamente a Maria, que ostentava a condição

legal de cônjuge de José. Mesmo com o abandono do lar, não houve dissolução do

vínculo conjugal. Renata e Paulo ostentam a condição de concubinos de José, não

tendo, assim direitos previdenciários.

d) somente poderá ser paga a Renata e Paulo. Entretanto, ambos devem, prelimi-

narmente, obter o reconhecimento judicial da existência de uma sociedade de fato

com José, configurada pela confusão patrimonial e rateio de despesas comuns. Tal

ação deverá correr perante a Vara Cível.

e) será paga exclusivamente a Renata. O vínculo conjugal com Maria estava dis-

solvido pelo abandono do lar. A união homoafetiva não é prevista na Constituição

Federal e leis civis, não podendo, assim, ser reconhecida para fins previdenciários.

A inexistência de coabitação não impede o reconhecimento da união estável.

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3. (VUNESP/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RO/2017) Assinale a alternativa correta so-


bre a alienação parental, de acordo com as disposições da Lei n. 12.318/2010.
a) A mudança de Estado, pelo genitor que detém a guarda da criança ou do ado-
lescente, gera presunção juris tantum de alienação parental.
b) A utilização de terceiros, pelo genitor, para praticar ato considerado alienação
parental, não descaracteriza esta, sujeitando o genitor às penalidades legais.
c) A lei apresenta, em rol exaustivo, os atos que são considerados como prática de
alienação parental.
d) Para configurar alienação parental, o ato deve ser praticado pelos genitores ou
avós, não abrangendo atos praticados por pessoas que tenham a criança apenas
sob sua vigilância.
e) A penalidade de inversão da guarda não poderá ser aplicada cumulativamente
com outras penalidades.

4. (VUNESP/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RO/2017) Assinale a alternativa correta so-


bre o direito de alimentos.
a) Sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, a obrigação é, em re-
gra, solidária.
b) Constatado que o suposto genitor não guarda relação de parentesco com aquele
que, de boa-fé, recebeu verbas alimentares, os valores pagos devem ser devolvidos.
c) Havendo incapacidade ou insuficiência financeira do futuro pai, o dever de pres-
tar alimentos gravídicos não pode se estender aos avós paternos.
d) Durante o exercício do poder familiar não corre o prazo prescricional para exigir
o pagamento de verba de natureza alimentar.
e) A legislação traz a presunção juris tantum de que o valor correspondente a 30%
(trinta por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante não traz desfalque ao
sustento deste.

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5. (VUNESP/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJ-SP/2017) Conforme estabelecido no Có-

digo Civil (artigo 1.694), podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir

uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível

com sua condição social, inclusive para atender as necessidades de sua educação.

Proporcionais às necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada,

os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência do primeiro. De acordo

com o artigo 1.696 do Código Civil, o direito à prestação de alimentos é recíproco

entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, sendo que, na falta deles,

a) será cessada qualquer responsabilidade.

b) deve-se recorrer às políticas públicas.

c) recairá a obrigação nos mais próximos em grau.

d) será definido pela livre escolha do juiz.

e) concorrerão entidades beneficentes.

6. (VUNESP/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTRO/TJ-SP/2016) O re-

conhecimento da união estável como entidade familiar, configurada na convivência

pública, contínua e duradoura,

a) pressupõe a inexistência de impedimentos para o casamento e a separação de

fato, se a pessoa for casada, não bastando que a união seja constituída com o ob-

jetivo de constituição de família.

b) pressupõe tão somente que a união seja constituída com o objetivo de consti-

tuição de família, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

c) independe do estado civil e da situação de fato de seus membros.

d) pressupõe a inexistência de impedimentos e de causas suspensivas do casa-

mento, não bastando que a união seja constituída com o objetivo de constituição

de família.

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GABARITO

1. c

2. c

3. c

4. d

5. c

6. a

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GABARITO COMENTADO

1. (VUNESP/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-RS/2018)

A propósito da conversão da união estável em casamento, assinale a alternativa

correta.

a) A união estável poderá converter-se em casamento mediante pedido dos com-

panheiros ao Juiz Corregedor Permanente, independentemente de prévia habilita-

ção para o casamento.

b) Não se admite, para fins de registro, a conversão de união estável em casamen-

to de pessoas do mesmo sexo.

c) O processo de habilitação se desenvolve sob o mesmo rito previsto para o casa-

mento, devendo constar dos editais que se trata de conversão, seguindo-se a lavra-

tura do respectivo assento independentemente de autorização do Juiz Corregedor

Permanente, prescindindo o registro da celebração do matrimônio.

d) O assento de conversão da união estável em casamento será lavrado imediata-

mente após a celebração do matrimônio, com expressa indicação da data do início

de seu estabelecimento.

Letra c.

Segundo as Normas De Serviço Da Corregedoria Geral Da Justiça – Registro Civil –

Minuta De Provimento De Atualização Do Capítulo XVII Do Tomo II, temos que:

Da Conversão da União Estável em Casamento


87. A conversão da união estável em casamento deverá ser requerida pelos companhei-
ros perante o Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais de seu domicílio. Processo
de habilitação sob o mesmo rito previsto para o casamento, devendo constar
dos editais que se trata de conversão de união estável em casamento.

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87.2. Estando em termos o pedido, será lavrado o assento da conversão da união está-
vel em casamento, independentemente de autorização do Juiz Corregedor Per-
manente, prescindindo o ato da celebração do matrimônio.
87.3. O assento da conversão da união estável em casamento será lavrado no Livro B,
exarando-se o determinado no item 80 deste Capítulo, sem a indicação da data da ce-
lebração, do nome do presidente do ato e das assinaturas dos companheiros e das tes-
temunhas, cujos espaços próprios deverão ser inutilizados, anotando-se no respectivo
termo que se trata de conversão de união estável em casamento.
87.4. A conversão da união estável dependerá da superação dos impedimentos legais
para o casamento, sujeitando-se à adoção do regime matrimonial de bens, na forma e
segundo os preceitos da lei civil.
87.5. Não constará do assento de casamento convertido a partir da união estável, em
nenhuma hipótese, a data do início, período ou duração desta. Subseção V Do Casa-
mento ou Conversão da União Estável em Casamento de Pessoas do Mesmo Sexo
88. Aplicar-se-á ao casamento ou a conversão de união estável em casamento de pes-
soas do mesmo sexo as normas disciplinadas nesta Seção.

2. (VUNESP/PROCURADOR/IPSM/2018) José, funcionário público, casou-se com

Maria em 2015. Entretanto, ambos tinham uma relação tumultuada, razão pela

qual José saiu de casa no mês de dezembro do ano de 2016 e foi morar em outro

imóvel alugado, não tendo se divorciado. O casal não teve filhos. Em janeiro de

2017 José conheceu Paulo e Renata, irmãos, e iniciou, concomitantemente, uma

relação amorosa com ambos, pública e notória. José faleceu em outubro de 2017

em razão de um infarto fulminante, em sua residência, onde morava sozinho. Nes-

se caso hipotético, a pensão

a) por morte não será paga nem a Maria e nem a Renata e/ou Paulo. Houve a dis-

solução do vínculo conjugal existente entre Maria e José, em razão do abandono

do lar. A união homoafetiva não é reconhecida para fins previdenciários. Como não

havia coabitação, Renata não ostentava a condição de companheira de José.

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b) por morte deverá ser paga a Renata e Paulo. Pela atual disciplina constitucional,

havendo a separação de fato, independentemente do prazo, considera-se imediata-

mente extinto o vínculo conjugal. Não há impedimentos legais ao reconhecimento

de uniões estáveis poliafetivas para fins previdenciários.

c) por morte deverá ser paga exclusivamente a Maria, que ostentava a condição

legal de cônjuge de José. Mesmo com o abandono do lar, não houve dissolução do

vínculo conjugal. Renata e Paulo ostentam a condição de concubinos de José, não

tendo, assim direitos previdenciários.

d) somente poderá ser paga a Renata e Paulo. Entretanto, ambos devem, prelimi-

narmente, obter o reconhecimento judicial da existência de uma sociedade de fato

com José, configurada pela confusão patrimonial e rateio de despesas comuns. Tal

ação deverá correr perante a Vara Cível.

e) será paga exclusivamente a Renata. O vínculo conjugal com Maria estava dis-

solvido pelo abandono do lar. A união homoafetiva não é prevista na Constituição

Federal e leis civis, não podendo, assim, ser reconhecida para fins previdenciários.

A inexistência de coabitação não impede o reconhecimento da união estável.

Letra c.

A respeito da situação narrada na questão, podemos inferir as seguintes informações:

• a relação pública e notória era entre três pessoas, o que gera certa controvér-

sia jurisprudencial em se tratando do “poliamor”;

• ainda que se admitisse a união estável entre mais de duas pessoas, Paulo e

Renata eram IRMÃOS e esse fato é causa impeditiva de reconhecimento de

união estável, pois a hipótese se encontra dentro das causas de impedimento

previstas no Código Civil.

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Dessa forma, podemos concluir que a relação entre José, Paulo e Renata é de

concubinato e, por isso, a pensão por morte deve ser paga à Maria, pois o vínculo

conjugal ainda existia.

3. (VUNESP/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RO/2017) Assinale a alternativa correta so-

bre a alienação parental, de acordo com as disposições da Lei n. 12.318/2010.

a) A mudança de Estado, pelo genitor que detém a guarda da criança ou do ado-

lescente, gera presunção juris tantum de alienação parental.

b) A utilização de terceiros, pelo genitor, para praticar ato considerado alienação

parental, não descaracteriza esta, sujeitando o genitor às penalidades legais.

c) A lei apresenta, em rol exaustivo, os atos que são considerados como prática de

alienação parental.

d) Para configurar alienação parental, o ato deve ser praticado pelos genitores ou

avós, não abrangendo atos praticados por pessoas que tenham a criança apenas

sob sua vigilância.

e) A penalidade de inversão da guarda não poderá ser aplicada cumulativamente

com outras penalidades.

Letra c.

Análise das alternativas:

a) Errada. Em desacordo com o art. 20, inciso VI, da Lei n. 12.318/2010:

Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da crian-


ça ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos
que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade guarda ou vigilância para
que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vín-
culos com este:

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mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a


convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou
com avós.

b) Errada. Em desacordo com o art. 20, parágrafo único, da Lei n. 12.318/2010:

São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo
juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros.

c) Certa. Conforme art. 20, parágrafo único, da Lei n. 12.318/2010:

São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados
pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros.

d) Errada. Em desacordo com o art. 20, caput, da Lei n. 12.318/2010:

Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da


criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós
ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção
de vínculos com este.

e) Errada. Em desacordo com o art. 60, inciso V, da Lei n. 12.318/2010:

Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a


convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o
juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade
civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou ate-
nuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;

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4. (VUNESP/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RO/2017) Assinale a alternativa correta so-

bre o direito de alimentos.

a) Sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, a obrigação é, em re-

gra, solidária.

b) Constatado que o suposto genitor não guarda relação de parentesco com aquele

que, de boa-fé, recebeu verbas alimentares, os valores pagos devem ser devolvidos.

c) Havendo incapacidade ou insuficiência financeira do futuro pai, o dever de pres-

tar alimentos gravídicos não pode se estender aos avós paternos.

d) Durante o exercício do poder familiar não corre o prazo prescricional para exigir

o pagamento de verba de natureza alimentar.

e) A legislação traz a presunção juris tantum de que o valor correspondente a 30%

(trinta por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante não traz desfalque ao

sustento deste.

Letra d.

Análise das alternativas:

a) Errada. Em desacordo com o art. 1.698, do CC:

Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de supor-
tar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo vá-
rias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção
dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide.

b) Errada. Uma das características dos alimentos é a irrepetibilidade, ou seja,

a impossibilidade de sua restituição, caso sejam posteriormente considerados in-

devidos.

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c) Errada. Em desacordo com a Súmula n. 596 do STJ:

Súmula n. 596 STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e
subsidiária, somente se configurando no caso da impossibilidade total ou parcial de seu
cumprimento pelos pais.

d) Certa. Conforme art. 197, inciso II, do CC:

Art. 197. Não corre a prescrição:


I – entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II – entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III – entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou
curatela.

e) Errada. Não existe determinação legal de percentual ou valor mínimo, embora

diversos Juízes pratiquem o valor de 30% (trinta por cento), não há determinação

legal para tanto.

5. (VUNESP/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJ-SP/2017) Conforme estabelecido no Có-

digo Civil (artigo 1.694), podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir

uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível

com sua condição social, inclusive para atender as necessidades de sua educação.

Proporcionais às necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada,

os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência do primeiro. De acordo

com o artigo 1.696 do Código Civil, o direito à prestação de alimentos é recíproco

entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, sendo que, na falta deles,

a) será cessada qualquer responsabilidade.

b) deve-se recorrer às políticas públicas.

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c) recairá a obrigação nos mais próximos em grau.

d) será definido pela livre escolha do juiz.

e) concorrerão entidades beneficentes.

Letra c.

Vejamos o art. 1.696, do CC:

O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos


os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta
de outros.

6. (VUNESP/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTRO/TJ-SP/2016) O re-

conhecimento da união estável como entidade familiar, configurada na convivência

pública, contínua e duradoura,

a) pressupõe a inexistência de impedimentos para o casamento e a separação de

fato, se a pessoa for casada, não bastando que a união seja constituída com o ob-

jetivo de constituição de família.

b) pressupõe tão somente que a união seja constituída com o objetivo de consti-

tuição de família, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

c) independe do estado civil e da situação de fato de seus membros.

d) pressupõe a inexistência de impedimentos e de causas suspensivas do casa-

mento, não bastando que a união seja constituída com o objetivo de constituição

de família.

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Letra a.

Vejamos o art. 1.723, do CC:

É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, con-
figurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.

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