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Fernando Oliveira
Fase 1 Base literária // Aula 01 – Noções sobre texto literário, suas funções e características.
Função estética
Ênfase no plano da expressão
Predomínio da Linguagem conotativa
Plurissignificativo
Vejamos:
TEXTO 2
– Só depois de muitos anos de trabalho você poderia ter essa resposta. Seria preciso antes
muita dedicação, muito amor para que um dia você mesma saiba…
– Se venci? atalhei-a levantando-me. Quer dizer que só na velhice? Não, muito obrigada, quero
a resposta já. Não suporto a ideia de passar a vida estudando para depois um Goldenberg me
anunciar que não tenho vocação, que devo fazer outra coisa.
Ela pareceu concentrar-se num pensamento doloroso mas distante. Os olhos se apertaram
cheios de uma ácida sabedoria. Mas a expressão não durou mais do que um brevíssimo
segundo e a fisionomia ficou logo serena.
– Que hora?
– Quando chegar você saberá. disse ela baixinho. O sorriso irradiou-se da boca para o olhar.
Você saberá, Raíza.
Voltei-me para a estante e abri ao acaso um livro. Mas senti seu olhar fixo em mim. Ah! como
me irritavam aquelas expressões veladas de sábio do Sião conversando com a formiguinha! A
dama esquiva. Se um pintor fizesse nesse instante o seu retrato, tinha que batizá-lo assim, A
Dama Esquiva.
01. Ficcionalidade
Nesse sentido, percebe-se que muitos textos abusam da fantasia para deixar o leitor mais
cativo ao texto. Um recurso comum nesse aspecto é adoção do chamado “realismo-
fantástico”, em que há fusão de elementos reais e transcendentais, de modo a enriquecer o
texto. Vejamos dois trechos da obra “Macunaíma” em que se percebe a adoção desse recurso:
TEXTO 1
Terminada a função a companheira de Macunaíma toda enfeitada ainda, tirou do colar uma
muiraquitã famosa, deu-a pro companheiro e subiu pro céu por um cipó. É lá que Ci vive agora
nos trinques passeando, liberta das formigas, toda enfeitada ainda, toda enfeitada de luz,
virada numa estrela. É a Beta do Centauro.
No outro dia quando Macunaíma foi visitar o túmulo do filho viu que nascera do corpo uma
plantinha. Trataram dela com muito cuidado e foi o guaraná. Com as frutinhas piladas dessa
planta é que a gente cura muita doença e se refresca durante os calorões de Vei, a Sol.”
TEXTO 2
O Currupira esperou bastante porém curumim não chegava... Pois então o monstro amontou
no viado, que é o cavalo dele, fincou o pé redondo na virilha do corredor e lá se foi gritando:
— Carne de minha perna! carne de minha perna! Lá de dentro da barriga do herói a carne
respondeu:
— Que foi?
Macunaíma apertou o passo e entrou correndo na caatinga porém o Currupira corria mais que
ele e o menino isso vinha que vinha acochado pelo outro.
— Que foi?
Metalinguagem
Em muitas situações, o autor do texto faz referência à sua própria criação textual, utilizando-se
dela mesma. É como se fosse um “making off” da criação do texto, a partir de critérios
estéticos, temáticos, dentre outros. Vejamos:
TEXTO 1
TEXTO 2
A lâmpada abre um círculo mágico sobre o papel onde escrevo. Sinto um ruído como se alguém
houvesse arremessado uma pequenina pedra contra a vidraça, ou talvez seja uma asa perdida
na noite. Espreguiço-me, levanto-me e, cautelosamente, escancaro a janela. Oh! como poderia
ser alguém chamando-me? Como poderia ser um pássaro? Na frente do quarto, acima do
quarto, por baixo do quarto, só havia a solidão estrelada... Quem faz um poema não se
espanta de nada. Volto ao abrigo da lâmpada e recomeço a discussão com aquele adjetivo,
aquele adjetivo que teima em não expressar tudo o que pretendo dele...
Esteticismo e ludismo
Processo em que o aspecto estético chama mais atenção do que aspecto temático. Significa,
muitas vezes, brincar com o visual, ainda que seja para relacionar com a discussão de assuntos.
Em outras situações, também, significa, discutir a beleza das coisas, pois, no conceito de arte
pela arte, “a beleza é a única verdade”.
"Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si
o incitavam a falar exclamava: - Ai! Que preguiça!... e não dizia mais nada. Ficava no canto da
maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros (...)"
Evasão
(...)
Lirismo
Processo de expressão sentimental daquilo que se chama “Eu-lírico” ou a voz do texto poético.
Esse lirismo permite essa tradução sentimental, a partir de perspectivas amorosas,
existenciais, filosóficas, dentre outras. Vejamos duas situações em que isso ocorre:
Engajamento social
Trata-se de uma literatura com forte poder de discutir e influenciar assuntos nos campos
político, social, cultural, dentre outros. Na prosa, especificamente, os personagens
representam as contradições oriundas dos conflitos nesses setores ou mesmo a poesia
também pode demonstrar as mesmas problemáticas. Vejamos:
TEXTO 1
Não há vagas (Ferreira Gullar)
“O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira”
TEXTO 2
QUESTÕES
TEXTO PARA A QUESTÃO 01:
Do cuidado com a forma
Teu verso, barro vil.
No teu casto retiro, amolga, enrija, pule...
Vê depois como brilha, entre os mais, o imbecil,
Arredondado e liso como um bule!
QUINTANA, M. https://books.google.com.br
01. (Cesupa) No poema, Mário Quintana faz uma releitura irônica ao criticar um dos
princípios da poesia parnasiana, ou seja, o(a)
a) cuidado formal, a Arte pela Arte.
b) busca pela musicalidade dos versos.
c) diálogo entre a linguagem verbal e a não verbal.
d) expressão da imaginação e da emoção.
Da humana condição
Muitos casos sucederam nessa viagem por caatingas rios corredeiras, gerais, corgos,
corredores de tabatinga matos-virgens e milagres do sertão. Macunaíma vinha com os dois
manos pra São Paulo. Foi o Araguaia que facilitou-lhes a viagem. Por tantas conquistas e tantos
feitos passados o herói não ajuntara um vintém só mas os tesouros herdados da icamiaba
estrela estavam escondidos nas grunhas do Roraima lá. Desses tesouros Macunaíma apartou
pra viagem nada menos de quarenta vezes quarenta milhões de bagos de cacau, a moeda
tradicional. Calculou com eles um dilúvio de embarcações. E ficou lindo trepando pelo
Araguaia aquele poder de igaras, duma em uma duzentas em ajojo que nem flecha na pele do
rio. Na frente Macunaíma vinha de pé, carrancudo, procurando no longe a cidade. Matutava
matutava roendo os dedos agora cobertos de berrugas de tanto apontarem Ci estrela. Os
manos remavam espantando os mosquitos e cada arranco dos remos repercutindo nas
duzentas igaras ligadas, despejava uma batelada de bagos na pele do rio, deixando uma esteira
de chocolate onde os camuatás pirapitingas dourados piracanjubas uarus-uarás e bacus se
regalavam.
04. (PROF. FERNANDO OLIVEIRA) Qual das frases, entre as opções abaixo, revela um grau
elevado de ficcionalidade?
a) “Macunaíma vinha com os dois manos pra São Paulo”
b) “Calculou com eles um dilúvio de embarcações”
c) “Na frente Macunaíma vinha de pé, carrancudo, procurando no longe a cidade...”
d) “Foi o Araguaia que facilitou-lhes a viagem”
e) “...os tesouros herdados da icamiaba estrela estavam escondidos nas grunhas do
Roraima lá.”
a)“Desculpai-me mas, vou continuar a falar de mim que sou meu desconhecido, e ao escrever
me surpreendo um pouco pois descobri que tenho um destino”.
b)“Pareço conhecer nos menores detalhes essa nordestina, pois se vivo com ela. E com muito
adivinhei a seu respeito, ela se me grudou na pele qual melado pegajoso ou lama negra”.
c)“Com esta história eu vou me sensibilizar, e bem sei que cada dia é um dia roubado da
morte. Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida”.
d)“(Esta história são apenas fatos não trabalhados de matéria-prima e que me atingem direto
antes de eu pensar. Sei muita coisa que não posso dizer. Aliás pensar o quê?)”.
e)“(Escrevo sobre o mínimo parco enfeitando-o com púrpura, joias e esplendor. É assim que
se escreve? Não, não é acumulando e sim desnudando. Mas tenho medo da nudez, pois ela é a
palavra final.)”
O Último Poema
Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
06. (Uema) O poema estabelece pelo título e pela posição que ocupa um valor
metapoético, uma vez que o eu lírico
07. (UEG) Uma tendência marcante na poesia de Mário Quintana pode ser observada na
ambientação onírica, em que o eu-lírico penetra no mundo dos sonhos, do
inconsciente, trazendo para o poema imagens inusitadas, muito recorrentes na
literatura neossimbolista. Marque, a seguir, a alternativa cujos versos expressam essa
tendência.
a)“Não tenho vergonha de dizer que estou triste, / Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em
vez / de se matarem, fazem poemas ...”
b)“Minha vida não foi um romance... / Nunca tive até hoje um segredo./ Se me amas, não
digas, que morro / De surpresa...de encanto... de medo.”
c)“Longe do mundo vão, goza o feliz minuto / Que arrebataste às horas distraídas. Maior
prazer não é roubar um fruto / Mas sim saboreá-lo às escondidas.”
d)“Pé ante pé / Vem vindo / O Cavaleiro do Luar / Na sua fronte de prata / A lua se retrata (...)
/ No seu coração / Dorme um leão com uma rosa na boca”