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Estádios (fases de solicitação do concreto)

Há 3 fases de solicitação do concreto, que podem ser entendidas quando


se considera um carregamento progressivo provocando flexão em uma
viga, por exemplo na situação bi-apoiada. Nesse caso a análise deve ser
feita na região inferior da viga, onde ocorre tração nos materiais.

- Estádio ⅼ -> aço e concreto íntegros

- Estádio ⅼ ⅼ -> aço íntegro e concreto com fissuração

- Estádio ⅼⅼⅼ -> aço com escoamento

Podemos dizer então que os Estádios de solicitação do concreto armado


definem seu comportamento quando submetido a ações.

Estados Limites
ELU e ELS, respectivamente, Estado Limite Último e Estado Limite de
Serviço, são os dois critérios de segurança estabelecidos pela ABNT NBR
6118:2014, Norma Brasileira que se refere aos procedimentos de projeto
de estruturas de concreto.

Mas o que é um estado limite?

Estado limite é o estado que define impropriedade para o uso da


estrutura, por razões de segurança, funcionalidade ou estética,
desempenho fora dos padrões especificados para sua utilização normal
ou interrupção de funcionamento em razão da ruína de um ou mais de
seus componentes.

Em outras palavras, é o estado em que a estrutura deixa de atender os


requisitos para um funcionamento de forma plena e adequada ou até
mesmo quando seu uso é interrompido por razão de um colapso na
estrutura.
Estados Limites Últimos – ELU
Dentre os dois tipos de estados limites apresentados na seção 10
(Seguranças e estados limites) da ABNT NBR 6118:2014, o ELU é o primeiro
deles.
O ELU está relacionado ao estado no qual a estrutura já não pode ser
utilizada por razão de esgotamento da capacidade resistente e risco à
segurança.

Nesse caso, quando a estrutura está submetida ao estado limite ultimo,


são necessários reparos ou até mesmo a substituição da construção para
que a segurança seja assegurada.

Os estados-limites últimos que merecem nossa atenção

Os estados limites últimos a serem verificados para garantir a segurança


de uma estrutura de concreto armado são citados no item 10.3 da NBR
6118:2014. De forma simplificada, são os seguintes:

• Estado-limite último da perda de equilíbrio da estrutura, admitida


como corpo rígido;
• Estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da
estrutura, devido às solicitações normais e tangenciais, admitindo a
redistribuição de esforços internos, desde que seja respeitada a
capacidade de adaptação plástica (1);
• Estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da
estrutura no seu todo ou em partes, considerando os efeitos de
segunda ordem (2);
• Estado-limite último provocado por solicitações dinâmicas;
• Estado-limite último de colapso progressivo;
• Estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da
estrutura no seu todo ou em partes, considerando exposição ao
fogo;
• Estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da
estrutura, considerando ações sísmicas;
• Outros estados-limites últimos devido a casos especiais não
especificados.
Para uma maior compreensão do leitor, abaixo são citados alguns
exemplos de erros que podem levar a estrutura ao estado-limite último e,
consequentemente, a um colapso:
• Um pilar mal dimensionado, como por exemplo, insuficiência de
armadura;
• Utilização de materiais em obra de qualidade diferente à
especificada no projeto.

Estrutura de concreto armado sob esgotamento da capacidade resistente.

Estados Limites de Serviço – ELS


O próximo estado limite da ABNT NBR 6118:2014 que devemos conhecer
é o ELS.
Diferentemente dos primeiros estados limites que acabamos de ser
apresentados, os estados limites de serviço são os critérios de segurança
que estão relacionados ao conforto para os usuários, durabilidade da
estrutura, aparência e boa utilização de um modo geral.

Os estados-limites de serviço que merecem nossa atenção

De acordo com o item 3.2 da ABNT NBR 6118:2014, os estados limites de


serviço que devem ser verificados para a segurança das estruturas de
concreto são classificados em:

• Estado limite de formação de fissuras (ELS-F);


• Estado limite de abertura das fissuras (ELS-W);
• Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF);
• Estado limite de descompressão (ELS-D);
• Estado limite de descompressão parcial (ELS-DP);
• Estado limite de compressão excessiva (ELS-CE);
• Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE).
Entre os exemplos mais comuns do ELS, que provocam desconfortos aos
usuários, perda de durabilidade da estrutura e até risco à segurança,
estão os seguintes:

• Flechas excessivas em lajes ou vigas;


• Fissuração exagerada;
• Forte vibração da estrutura;
• Recalques consideráveis.

Caso de fissuração exagerada em uma estrutura de concreto.

Caso de recalque em uma estrutura de concreto.


Diferença entre ELU e ELS
Conforme prometido, você já deve ter conseguido entender o que cada
estado limite significa, agora vamos solidificar o que aprendemos nesse
post.
A principal diferença entre o Estado Limite Último e o Estado Limite de
Serviço é que o primeiro oferece um risco iminente de ruína da estrutura,
devendo ser reparado imediatamente.

Já o segundo estado limite de desempenho não oferece risco iminente de


ruína, estando apenas fora dos padrões normais de funcionamento mas,
mesmo assim, o ELS não deve ser menosprezado.

Outra diferença é que o ELU é o estado limite mais indesejável para o


engenheiro, pois significa que a estrutura está sob condição última, como,
por exemplo, um pilar que ameaça romper.

Desse modo, a estrutura corre mais perigo de colapso que no ELU que no
ELS, que praticamente está presente no nosso cotidiano, principalmente
sob a forma de fissuras.

A importância do estados limites


Por fim, para que necessitamos tanto conhecer os estados limites?

Porque um bom projeto estrutural deve atender aos requisitos de


segurança presentes na ANBT NBR 6118:2014, pois, quando os estados
limites são alcançados significa que o uso da edificação pode ser
inviabilizado por não garantir a segurança necessária.

Dessa forma, primeiro analisamos a estrutura para o cálculo das


solicitações, depois dimensionamos as armaduras para que possam
funcionar no estado limite último e, por último, verificamos cada um dos
estados limites de serviço.
PARA SEU MAIOR ENTENDIMENTO:

(1) Capacidade de adaptação plástica considera as não linearidades,


admitindo-se materiais de comportamento rígido-plástico perfeito ou
elastoplástico perfeito. Veja mais sobre isso no item 14.5.4 da ABNT NBR
6118:2014.

(2) Entende-se por efeitos de segunda ordem aqueles provocados numa


estrutura devido a uma análise em segunda ordem, ou seja, ao estudo de
equilíbrio de uma estrutura na sua posição deformada. Veja mais sobre isso
no item 15.4 da ABNT NBR 6118:2014.

Nota: Para a verificação do ELU devemos considerar as ações de


cálculo, em geral obtidas pela majoração das chamadas ações
características pelo coeficiente 1,4. Já para o ELS, seriam consideradas as
ações características. Salienta-se que a NBR 6118:2014 estabelece
também combinações de ações para várias situações, como por exemplo
as que consideram a ação do vento nas estruturas.

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