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Artigo Controle Estatístico Do Cep
Artigo Controle Estatístico Do Cep
Resumo: Uma das principais metodologias para avaliar o controle de perdas de água em sistemas
de distribuição é através da análise da vazão mínima noturna. Com o uso desse procedimento, é
possível monitorar o comportamento da distribuição em um setor de estudo, analisando os
consumos mínimos noturnos existentes. Através desta informação, é possível estimar os principais
componentes das perdas existentes. O uso do controle estatístico do processo (CEP) pode auxiliar
na utilização dessa metodologia. Nesse caso, utiliza-se a carta "x". Através dessa ferramenta
estatística, pode-se analisar esta variável física (vazão) da seguinte forma: estabelecendo os limites
de controles de acompanhamento da variável; detectando graficamente se está ocorrendo piora ou
melhora do processo; avaliando e acompanhando o processo da vazão mínima noturna e verificando
padrões gráficos de ocorrência que podem estar associados a anormalidades.
Abstract: One of the main methodologies to evaluate the water's losses control in distribution
systems is through the analysis of the nocturnal minimum flow. With the use of this procedure is
possible to evaluate the behavior of the distribution in a sector’s study analyzing the nocturnal
minimum consumption existings. Through this information is possible to esteem the main
components of the existing losses. The use of the statistical process control (SPC) can assist in the
utilization of this methodology. In this case it uses the X’s letter. Through this statistical tool we can
analyze this physical variable (flow) of the following form: establishing accompaniment controls
limits of the variable; evaluating and accompanying the process of the nocturnal minimum flow;
detecting graphically if it is occurring a worsening or an improvement of the process and verifying
occurrence graphics standards that can be associate to the abnormalities.
Palavras chave: controle estatístico do processo (CEP), vazão mínima noturna, carta x, perdas de
água.
1
Engenheiro civil pela UFG e mestre em engenharia de produção pela UFSC. Trabalha na empresa Saneamento de
Goiás S/A na supervisão de pitometria e macromedição. Filiação: Sadanobu Kurokawa e Keiko Higashitani Kurokawa.
Endereço residencial: rua 236, n.º 375 apto. 703, Ed. Júlio Verne; setor Universitário. CEP 74.610-090 Goiânia – GO
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Telefone residencial: 55 (0xx62) 202-35-47 e telefone comercial: 55 (0xx62) 202-40-60 r.206.
e-mail: edsonkurokawa@uol.com.br e kurokawa@saneago.com.br
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Engenheiro mecânico pela UFPR, mestre e doutor em engenharia de produção pela UFSC. Professor adjunto da
UFSC. Endereço: UFSC- CTC – EPS, Caixa Postal 5192, Trindade. CEP 88.040-970 Florianópolis – SC
Telefone: 55( 0xx 48) 331-71-10 e-mail: cezar@ufsc.com.br
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INTRODUÇÃO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Será feita uma pequena revisão bibliográfica para situar o leitor sobre os seguintes
assuntos: controle estatístico do processo (CEP) e vazão mínima noturna. No primeiro item serão
mostrados os principais conceitos do CEP, suas aplicações em processos industriais e a carta "x".
Através da utilização da carta "x", será proposto a utilização do CEP como ferramenta gerencial de
controle e avaliação.
O segundo item que será revisado é sobre o conceito de vazão mínima noturna e as
aplicações dessa técnica no controle de perdas. Serão mostrados os principais conceitos e aplicações
desta metodologia, através de revisão bibliográfica sobre os principais autores desse assunto.
Vários autores, como Montgomery (1997), Vieira (1999), Kume (1993) e Ramos (1997)
afirmam que todo processo está sujeito à variabilidade. Existem as causas especiais e as causas
comuns que promovem estas variações. Segundo Ramos (1997), são definidos os seguintes
conceitos para as causas de variação nos processos:
• Causas especiais ou aleatórias - as causas especiais, esporádicas ou aleatórias são fatores
geradores de variações que afetam o comportamento do processo de maneira imprevisível, não
sendo possível obter-se um padrão. A causa esporádica diferencia-se da causa comum pelo fato
de produzir resultados totalmente discrepantes em relação aos demais valores. Exemplos de
causas especiais são: desregulagem ocasional da máquina, um lote de matéria-prima com
problema, quebra de uma ferramenta e outras.
• Causas comuns – uma causa comum é definida como uma fonte de variação que afeta a todos os
valores individuais do processo. É resultante de diversas origens, sem que nenhuma tenha
predominância sobre a outra. Um processo é dito sob controle, ou estatisticamente estável,
quando somente causas comuns estiverem presentes.
Gráfico Linear
20,00
18,00 Causa especial
16,00
% de defeitos
14,00
12,00
10,00 Nível Histórico
8,00
Eliminação de causas comuns
6,00
4,00 Novo nível
2,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Dia
% de defeitos
Figura 1 – Causas comuns e causas especiais de variação. Fonte: Ramos (1997, p.191)
3
OWEN, Mal. SPC and Continuous Improvment. 1 ed. USA:IFS Publications, 1989.
4
DEMING, W. Edwards. Qualidade: A Evolução da Administração. 1. edição. Rio de Janeiro:Saraiva, 1990.
4
Conforme Ramos (1997, p.193), para a geração de um gráfico de controle são necessários os
seguintes procedimentos:
“... na prática, como não se conhece nem o valor da média e nem o do desvio padrão da
população, torna-se necessário estimá-los (substituí-los) a partir das estatísticas fornecidas
pelas amostras. No cálculo dos limites de controle e obtenção das amostras, as seguintes
regras devem ser obedecidas:
a) o desvio padrão utilizado deve ser estimado com base na variação dentro da amostra,
não se aceitando nenhum outro tipo de estimador;
b) os gráficos sempre utilizam limites de controle localizados à distância de três desvios
padrão da linha média;
c) os dados devem ser obtidos e organizados em amostras (ou subgrupos) segundo um
critério racional, visando permitir a obtenção das respostas necessárias;
d) O conhecimento obtido através dos gráficos de controle deve ser empregado para
modificar as ações conforme adequado.”
A partir da montagem do gráfico de controle, com as informações gráficas geradas, pode-se
avaliar o comportamento do processo. Procurar tendências é um uso importante dos gráficos de
controle. Se a tendência sugere que o processo está ficando pior, então, valerá a pena investigar o
processo. Se a tendência está constantemente melhorando, ainda pode valer a pena investigar,
tentando identificar o que está fazendo o processo melhorar. Pontos em um gráfico de controle, que
caem fora dos limites de controle, são uma razão óbvia para se acreditar que o processo está fora de
controle. Portanto, deve-se investigar o processo, buscando-se as causas. O gráfico de controle
passa a ser um instrumento de informações para que o gestor acompanhe e monitore o seu processo
(Slack, 1997).
A figura 2 mostra uma carta de controle genérica.
Característica da
qualidade avaliada
+ 3 sigma
+ 2 sigma
+ 1 sigma
Média
- 1 sigma
- 2 sigma
- 3 sigma
Tempo ou nº de amostras
Para a montagem do gráfico x são utilizadas as seguintes equações (1), (2) e (3) – Fonte
(Wadsworth, 1986):
LSC = x + 2,66 ∗ R m
(1)
LC = x
(2)
LIC = x − 2,66 ∗ R m
(3)
O valor da amplitude média ( R m ) é determinado a partir das seguintes equações (4) e (5) – Fonte
(Wadsworth, 1986):
Rmi = xi − xi −1 , i = 2,......, k
(4)
i =k
R m = ∑ Rmi
i =2
(k − 1)
(5)
Lambert (apud Gonçalves, 1998) define vazão mínima noturna como sendo “ a vazão
medida na entrada de um dado setor e tem o seu valor mínimo em um período noturno específico”.
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Esta vazão é determinada através da macromedição na entrada deste setor. Nesse caso, é
necessária a medição em intervalos com períodos constantes e regulares. Estes intervalos de
medição podem ser feitos de acordo com as características e capacidades do aparelho registrador.
Geralmente trabalha-se com períodos de 10 segundos até 1 hora de intervalo. Esta medição de
vazão nos equipamentos macromedidores pode ser armazenada através de equipamentos tipo data
logger ou enviada a uma central de controle via telemetria. Após a aquisição dos dados, eles podem
ser visualizados em micros tipo PC, onde podem ser analisados e interpretados.
Segundo Lambert (apud Gonçalves, 1998), a vazão mínima noturna ocorre diariamente no
horário entre 01:00 e 05:00 horas. No intervalo deste horário é quando ocorrem as maiores perdas e
existem maiores facilidades de determinar o que ocasiona estas perdas. As perdas noturnas são
maiores que as perdas de mesmas causas ocorridas durante o período do dia. Isto é em decorrência
da pressão noturna da rede de distribuição de um setor ser maior que a pressão diurna.
Para este mesmo autor, a vazão mínima noturna (VMN) possui dois principais componentes,
que também podem ser divididos em sub-itens, conforme descritos a seguir:
• Vazão noturna de abastecimento (VNA) – é a vazão consumida pela população do setor no
período em que a vazão mínima noturna é medida. A VNA é composta da vazão noturna líquida
(VNL) e do consumo noturno excepcional.
• Perda na distribuição na vazão noturna (PDVN) – consiste na diferença entre a vazão mínima
noturna e a vazão noturna de abastecimento. As causas da PDVN podem ser: vazamentos,
extravasamentos de reservatórios, perdas nas ligações prediais, perdas na rede principal e
perdas devido às ligações clandestinas.
A figura 3 mostra um gráfico representando a vazão mínima noturna e os principais
componentes existentes.
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Perdas noturnas em
reservatórios
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (horas)
Para Gonçalves (1998), a vazão mínima noturna pode variar diariamente de forma
sistemática ou de forma aleatória. Determinadas regiões podem possuir padrões de utilização para
uso da água em atividades domésticas que afetam os valores da VNA. A ocorrência de vazamentos
também pode produzir variações no valor do VNA. Nesse caso, isso pode acontecer devido às
causas de forma aleatória.
A figura 4 mostra uma representação de um gráfico (vazão X tempo) de um setor de
distribuição em estudo. Em vermelho, estão assinalados os períodos diários que ocorre a vazão
mínima noturna.
8
V azão (l/s)
T e mpo
Os pontos assinalados em vermelho na figura 4 são os períodos nos quais ocorre a mínima
vazão de distribuição diária. Estes períodos ocorrem durante a madrugada. Pela curva de vazão,
verifica-se que, geralmente, após às 18:00 horas, começa a haver um decréscimo constante no
consumo de água tratada da população do setor em estudo. Após às 0:00, tende a haver uma
estabilização do consumo. Em torno de 05:00 às 06:00 horas da manhã, começa novamente um
ciclo de crescimento com um aumento do consumo diário.
Neste item será mostrada a proposta do artigo de utilização do CEP para acompanhamento
da vazão mínima noturna. O enfoque deste artigo é metodológico, pois não foi aplicada
experimentalmente a proposta. Porém, parte dos gráficos mostrados foram gerados a partir de dados
reais de uma empresa de saneamento denominada "A". Estes dados foram fornecidos pela empresa
"B" que vende os equipamentos armazenadores de dados tipo data logger. Estes dados foram
levantados junto a outra companhia de saneamento porque na organização onde trabalha o autor da
proposta, não existem estes dados e nem condições técnicas necessárias para o levantamento dessas
informações na condição para a apresentação da proposta.
Através desta técnica é possível acompanhar estas variáveis (vazão mínima noturna ou o
volume distribuído no período de vazão mínima). Neste caso, serão mostradas as possíveis
propostas e utilizações, porém de forma didática e ilustrativa. Também serão mostrados possíveis
padrões de anormalidades associadas à teoria do CEP e à teoria da vazão mínima noturna.
Conforme mostrado no referencial teórico, Lambert (apud Gonçalves, 1998) propõe utilizar
o período de 01:00 às 05:00 horas como o período de VMN diária. Neste caso, o período de tempo
avaliado será de 4 horas por dia. Este período estabelecido foi proposto após estudos realizados em
9
países europeus. Nesse caso, representa a vazão mínima noturna influenciada pelas condições
sócia, econômica e culturais das cidades deste continente. No caso do Brasil, este horário pode ser
estabelecido e adaptado levando em consideração as características locais de cada região em estudo.
Cada localidade ou região do país pode possuir hábitos e costumes diferentes, o que influenciaria no
período da vazão mínima noturna de acordo com as características locais.
Vazão (l/s)
Tempo
Média da
vazão
mínima
noturna
+ 3 sigma
Média
- 3 sigma
Tempo (diário)
Figura 5 - Fluxograma com as etapas de implantação do CEP para análise da vazão mínima noturna.
A média da vazão mínima distribuída diariamente no setor é representada pelo valor médio
das várias vazões registradas no período em intervalos regulares. O volume distribuído no setor é
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representado pela área abaixo da curva no intervalo pré estabelecido, conforme figura 6. Nesse
caso, o intervalo é da 01:00 às 05:00 horas, diariamente. As leituras são realizadas em intervalos pré
programados, de acordo com as características do sistema utilizado (data logger ou via telemetria) e
da necessidade do gestor do sistema. Esta vazão média diária é calculada pela seguinte equação (6):
i =k
(∑ Q(i ))
Qm = i =1
(k )
(6)
V az ão m édia
no intervalo
V olum e
Distribuído
no intervalo
07:00:00
07:45:00
08:30:00
09:15:00
10:00:00
10:45:00
11:30:00
12:15:00
13:00:00
13:45:00
14:30:00
15:15:00
16:00:00
16:45:00
17:30:00
18:15:00
19:00:00
19:45:00
20:30:00
21:15:00
22:00:00
22:45:00
23:30:00
00:15:00
01:00:00
01:45:00
02:30:00
03:15:00
04:00:00
04:45:00
05:30:00
06:15:00
07:00:00
07:45:00
08:30:00
09:15:00
10:00:00
10:45:00
T em p o 11:30:00
Após a determinação da vazão média desse intervalo, são calculadas as demais vazões
médias durante um certo período de dias. A figura 7 mostra uma representação gráfica da
determinação da média de vários dias da vazão mínima diária.
V az ão (l/s)
Qm(2) Qm(n)
Qm(1) Qm(3) Qm(......)
Interv alo
Interv alo Interv alo Interv alo Interv alo
01:00 às
01:00 às 01:00 às 01:00 às 01:00 às
05:00
05:00 05:00 05:00 05:00
T em p o
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∑ Q m( j )
Qm = j =1
n
(7)
onde: Q m - Média da média das vazões mínimas diárias durante um período de dias n.
Q m - Vazão média no período da vazão mínima diária.
n – quantidade de dias no período
Rmi = Q m i − Q m i −1 , i = 2,......, n
(8)
i =n
R m = ∑ Rmi
i =2
(n − 1)
(9)
LSC = Q m + 2,66 ∗ R m
(10)
LC = Q m
LIC = Q m − 2,66 ∗ R m
(11)
Com estas variáveis é montada a carta "x" para acompanhamento e controle da vazão mínima
noturna. A partir da determinação dos limites de controle, continua-se o processo com o
acompanhamento, cálculo das médias diárias e plotagem dos pontos. A carta passa a ser um
instrumento de acompanhamento e gestão do processo.
A carta "x" pode ser montada utilizando softwares tipo planilhas eletrônicas ou através de
representação gráfica em papel milimetrado. No caso da montagem da carta com utilização de
softwares de planilhas eletrônicas, utiliza-se gráficos tipo linha. Mais importante do que a forma
para montagem da carta de controle é a adequada utilização dela no processo de gestão,
acompanhamento e controle.
A interpretação e análise das cartas de controle das vazões mínimas noturnas é a etapa mais
importante do processo. Nessa etapa, é possível, através do acompanhamento do gráfico, avaliar
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indicações de padrões que podem sinalizar que o processo está fora de controle e que podem estar
associadas a problemas. Outras finalidades de interpretação da carta, segundo Ramos (1997), são:
verificar se o processo está estatisticamente estável e/ou permitir o aprimoramento contínuo do
processo através da redução da variabilidade.
São mostradas a seguir, possíveis situações de padrões, conforme a teoria do CEP, e que
podem estar associadas às causas de anormalidades no processo de acompanhamento da vazão
mínima noturna de um setor.
Ponto fora do limite superior de controle - A figura 8 mostra a situação que ocorre na carta de
controle, com um ponto ou mais fora do limite superior de controle. Nesse caso, essa situação
anormal pode estar associada aos seguintes problemas mostrados na teoria da vazão mínima
noturna:
• Uso noturno excepcional – um aumento de consumo aleatório e excepcional da população
que habita este setor;
• Quebra de tubulações – um rompimento noturno de tubulação e vazamento com
desperdício de água tratada;
• Desregulagem de VRP no setor – a válvula redutora de pressão do setor pode desregular e
ocasionar as seguintes situações: quebras na rede de distribuição, vazamentos nas
residências, aumento da vazão do setor, aumento do consumo das residências e/ou outras
situações;
• Consumo clandestino - o ponto superior fora do limite de controle pode ser ocasionado
por um grande consumo clandestino, que alterou o padrão de consumo do setor.
Ponto fora do
Vazão
limite superior de
m ínim a
controle
noturna
+ 3 sigma
M édia
- 3 sigma
Tem po
Ponto fora do
Vazão limite inferior de
m ínim a controle
noturna
+ 3 sigma
M édia
- 3 sigma
Tem po
Vazão
m ínim a Valores crescentes da
noturna vazão mínima noturna
+ 3 sigma
M édia
- 3 sigma
Tem po
Pontos com tendência crescente e com ação corretiva – Neste caso, conforme figura 11, é
mostrada uma possível situação onde detectou-se um problema e houve a correção. Depois houve o
retorno dos valores aos níveis dos valores médios verificados antes do início do problema. São
mostradas possíveis situações para estes casos:
• Um vazamento não visível que foi detectado e corrigido;
• Mudanças climáticas (aumento da temperatura média e diminuição da umidade do ar)
acarretando mudanças no comportamento de consumo da população do setor;
• Consumos excepcionais noturnos e
• Consumos clandestinos detectados e corrigidos.
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Valores crescentes da
Vazão vazão mínima noturna Ação corretiva na anormalidade
m ínim a detectada e volta para
noturna patamares anteriores de controle
+ 3 sigma
M édia
- 3 sigma
Tem po
Pontos com tendência decrescente – A figura 12 mostra uma carta de controle com uma
diminuição gradativa da vazão mínima noturna. Esta é uma situação na qual pode estar havendo
uma melhora do processo, pois vários dos componentes que formam este indicador podem estar
diminuindo os valores. Nesta situação, é interessante investigar para tentar verificar o que pode
estar ocasionando esta situação. A seguir, são colocadas algumas possibilidades que podem
ocasionar esta situação:
• Mudança no comportamento de consumo da população do setor;
• Diminuição dos consumos excepcionais;
• Diminuição da quantidade de vazamentos do setor;
• Troca de hidrômetros danificados (submedição) no setor, diminuindo os consumos dos clientes;
• Diminuição de perdas residenciais e outros.
Vazão
m ínim a
Valores decrescentes da
noturna
vazão mínima noturna
+ 3 sigma
M édia
- 3 sigma
Tem po
Mudança da média –A figura 13 mostra esta situação. Neste caso, ocorreu uma mudança
repentina nos valores da média diária da vazão mínima noturna. São mostradas algumas
possibilidades para esta situação:
• Vazamento não visível - neste caso pode ocorrer um vazamento não visível na rede do setor.
Nessa situação a água não aflora à superfície mostrando o local do rompimento. Ela pode estar
infiltrando no solo ou descarregando em galerias pluviais.
• Mudança no comportamento de consumo da população do setor – várias situações podem gerar
esta situação, tais como: aumento da população flutuante, mudança de hábitos de consumo e
outras.
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Média diária
da vazão
mínima
noturna
+ 3 sigma
Média
- 3 sigma
Tempo (diário)
Mudança de limites de controle – Neste caso, conforme figura 13, existe uma mudança nos
limites de controle (lc, LSC e LIC). Esta mudança pode estar associada à correção de causas
comuns. A seguir, são colocadas possíveis causas comuns que podem ocasionar esta mudança:
• Controle de pressão no setor com instalação de VRP – a alta pressão é uma causa comum que
pode acarretar altos consumos e perdas no setor de controle. A correção deste problema é
através da instalação de uma válvula reguladora de pressão (VRP). Com a instalação deste
equipamento, há a possibilidade de uma diminuição de vazamentos não visíveis, vazamentos em
juntas, diminuição de rompimentos de tubulações, diminuição das perdas noturnas nas
residências dos consumidores e diminuição do desperdício devido à alta vazão devido a pressão.
• Controle de vazamentos não visíveis – Os vazamentos de tubulação não visíveis podem ser
causas comuns. Com um programa de detecção de vazamentos não visíveis e correção deles,
pode-se diminuir as vazões mínimas noturnas e possibilitar uma mudança de limites de controle.
• Correção de submedição – setores com grande quantidade de hidrômetros danificados ou com
problemas levam à submedição e podem gerar perdas nas residências. A substituição de
hidrômetros danificados no setor podem diminuir os desperdícios nestas residências. Desta
forma, é possível haver uma mudança nos limites de controle do setor.
• Automatização e sinalização de reservatórios – outra possível causa de perdas noturnas na
distribuição são as perdas por extravazamentos em reservatórios. A correção desta causa comum
através de sinalização ou automatização dos reservatórios elimina este problema. Dessa forma,
pode haver esta mudança nos limites de controle.
Vazão Correção de Nova média e
m ínim a causa comum no novos limites de
noturna setor de controle controle
estabelecidos
+ 3 sigma
M édia
- 3 sigma
+ 3 sigma
M édia
- 3 sigma
Tem po
A partir de dados reais da empresa "A", foi montada uma carta de controle de
acompanhamento da média diária da vazão mínima noturna de um setor. Nessa região, foi instalada
uma VRP, corrigindo uma causa comum (pressão alta) que afeta e gera perdas no setor. A figura 14
mostra a carta de controle na situação de antes e depois da ação de melhoria do processo.
C a rta d e co n tro le d a M é d ia d a V a z ã o M ín im a N o tu rn a d iá ria
V az ão M é d ia d u r an te p e r ío d o
Ins talaç ão
da V RP
inferior de c ontrole
Figura 14 – Carta de controle x de um setor com atuação em uma causa comum (pressão
alta).
Nesse artigo, o CEP foi utilizado para acompanhar somente um determinado período do dia,
quando ocorre a vazão mínima noturna. A vazão diária pode ser decomposta em vários períodos,
como por exemplo das 05:00 às 10:00 horas ou das 14:00 às 18:00 horas. Dessa forma, a carta de
controle pode ser montada com os dados de vários períodos distintos do dia. Nessa situação, pode-
se acompanhar, através da carta, as várias vazões médias que existem nos vários períodos que
compõe o dia. Cada período tem suas características próprias de consumo por parte da população
do setor. Assim, é possível, através da carta, comparar, monitorar e avaliar períodos iguais e em
dias diferentes.
CONCLUSÃO
Nesse artigo, utilizou-se a variável física vazão (Q) como exemplo. Devido às limitações do
n.º de páginas do trabalho, não foi mostrada outra variável que poderia ser utilizada no processo.
Nesse caso, é a variável volume distribuído (V) no setor no intervalo da vazão mínima noturna.
Através desta variável é possível acompanhar o volume consumido pela população do setor durante
o período da VMN. A utilização desta variável pode ser um assunto de outro trabalho e estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS