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UMA PERCEPÇÃO DOCENTE A RESPEITO DAS RELAÇÕES ENTRE OS

JOVENS DE ENSINO MÉDIO E SUAS FAMÍLIAS1


Cassiano Quinino de Medeiros Figueirêdo2

RESUMO

O presente artigo relaciona-se às práticas de docente da disciplina de Sociologia no


Ensino Médio Regular de uma escola pública do município de Juazeirinho - PB, com o
aprendizado decorrente da vivência acadêmica na primeira turma do Mestrado Profissional em
Sociologia (Profsocio) da Universidade Federal de Campina Grande.
A fim de melhor conhecer sobre os alunos do 3º ano “A” da referida escola, o docente
aplicou logo no primeiro dia de aula uma pesquisa exploratória. A partir dela pôde ampliar a
visão sobre o mundo ao qual os jovens estavam inseridos e, assim, intermediar melhor os
processos inerentes à prática educacional, conforme defendido por Freire (1996, 2016). Afinal,
compreende que como sujeito integrante de um processo é preciso que, no mínimo, o docente
conheça sobre o universo que adentrará, consequentemente, que saiba um pouco sobre as
objetividades e subjetividades dos alunos. Assim, o artigo abordará sobre a percepção do
docente-pesquisador a respeito das relações entre os jovens de ensino médio e suas famílias.
Para discorrer sobre os ‘jovens e as juventudes’ foi tomado como texto norteador a
tese de Maria de Assunção L. de Paulo (2011), com título “Juventude Rural: suas construções
identitárias”. Todavia, outros autores, incluindo clássicos, também serviram para fundamentar
os posicionamentos adotados. Assim, Paulo (2011) para falar das juventudes percorre um
caminho que vai desde Ariès, passando por Pierre Bourdieu, Karl Mannheim até os
contemporâneos Anthony Giddens e José Machado Pais.

1
Artigo para ser apresentado no GT 15 - JUVENTUDE, EDUCAÇÃO E ESCOLA. Coordenadores: Maria de
Assunção Lima de Paulo(assuncaolp@yahoo.com.br) e Valdonilson Barbosa da Silva.
2
Especialista em Ensino de Sociologia no Ensino Médio e discente do Mestrado Profissional em Sociologia
(Profsocio) da Universidade Federal de Campina Grande.
1
A outra categoria estudada a fim de melhor compreender o objeto deste estudo, foi a
família. Para tanto foram apresentadas as contribuições dadas por Ariès (2017), assim como
Bourdieu (2003, 2017) e Lahire (1997).
Com a aplicação da pesquisa exploratória e sua tabulação seguida de observações
diretas pôde-se analisar e traçar o perfil dos jovens estudados. Constatou-se, dentre várias
informações, que os jovens dão grande importância ao tema da família. Assim, tem-se como
certo a contribuição gerada pelo presente artigo, afinal identificou-se com base na análise dos
dados da pesquisa a possibilidade de aplicabilidade das teorias estudadas no Profsocio. A partir
daí o pesquisador pôde escrever sobre as suas percepções a respeito da relação entre os jovens
de ensino médio e suas famílias.
Como resultado identificou que a prática docente deve estar atrelada à realização de
pesquisas exploratórias, ou mesmo de observações diretas como as que foram desenvolvidas
no momento posterior à aplicação do questionário e que serviram para auxiliar na análise das
respostas. Neste caso, possibilitou reconhecer algumas distorções que existem entre os anseios
dos jovens e a realidade vivenciada por eles e pelas suas famílias. Da mesma forma ficou
perceptível que o fato de conhecer um pouco sobre as objetividades e subjetividades inerentes
às vidas dos jovens possibilita que se possa trabalhar o conteúdo por meio de temas que estejam
mais próximos das realidades vivenciadas pelo alunado, quer seja na escola, em casa ou na
comunidade.

REFERÊNCIAS

ARIÈS, Philippe. A família. In: História social da criança e da família. Rio de


Janeiro: LTC, 2017. pp.131-196.

BOURDIEU, Pierre. A “juventude” é apenas uma palavra. In: Questões de sociologia.


Lisboa: Fim de século, 2003.

______. O espírito da família. In: Razões práticas: sobre a teoria da razão. Campinas:
Papirus editora, 2017. pp. 124-135.

2
FREIRE, Paulo. Não há docência sem discência. In: Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996. pp. 12-21.

______. A dialogicidade: essência da educação como prática da liberdade. In: Pedagogia do


oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2016. pp.133-194.

LAHIRE, Bernard. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São
Paulo: Editora Ática, 1997. pp. 334-359.

PAULO, Maria de Assunção Lima de. Juventude Rural: suas construções identitárias.
Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2011, pp. 58-72; 118-137.

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