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JOÃO PESSOA
2018
VITÓRIA SOUSA CIRAULO DE OLIVEIRA LIMA
((
Orientador(a): Profª Me. Vitor Emanuel Granito Pontes
JOÃO PESSOA - PB
2018
L732e Lima, Vitória Sousa Ciraulo de Oliveira.
Estudo de Viabilidade Técnica/Econômica do Uso de Geossintéticos
Como Solução Para Reforço de Talude de Aterro/
Vitória Sousa Ciraulo de Oliveira Lima. - João Pessoa, 2018.
72f.
((
BANCA EXAMINADORA
O aumento populacional trouxe consigo diversos problemas urbanos e ambientais, entre eles
está a habitação em zonas de riscos, como os taludes. Geralmente essas encostas não estão
estabilizadas e acabam acontecendo deslizamentos de terra, podendo causar prejuízos materiais
e até perdas de vida. Para evitar acidentes como esses, foram desenvolvidas diversas técnicas
para estabilização de solo, como é o caso das obras de contenção, que são amplamente usadas
nas obras de contenção de taludes naturais e de aterro, construção de viadutos, edifícios,
subsolos, etc. O projeto e dimensionamento dessas estruturas deve garantir a sua estabilidade
externa e interna, e além de trabalhar com fatores a favor da segurança, o fator financeiro
também é de extrema importância. Com o intuito de apresentar a melhor escolha para uma
estrutura de contenção de aterro, este trabalho apresenta uma análise técnica-econômica de 3
soluções de contenção, são elas: muro de gabião, muro de flexão e geossintético. Após a análise,
pôde-se constatar que a solução de reforço de solo com uso de geossintéticos atende todos os
requisitos de segurança e foi a menos onerosa, além de apresentar outras vantagens como
rapidez e simplicidade nas metodologias construtivas.
The population increase has brought with it several urban and environmental problems, among
them is housing in risk zones, such as slopes. Generally, these slopes are not stabilized and
landslides eventually occur, and can cause material damage and even loss of life. In order to
avoid accidents such as these, several soil stabilization techniques have been developed, such
as retaining walls, which are widely used in natural embankment and landfill containment,
construction of viaducts, buildings, underground, etc. The design and dimensioning of these
structures should ensure their external and internal stability, and in addition to working with
safety factors, the financial factor is also extremely important. In order to present the best choice
for a retaining walls, this paper presents a technical-economical analysis of 3 containment
solutions: gabion wall, flexural wall and geosynthetics. After the analysis, it was possible to
verify that the solution of soil reinforcement with use of geosynthetics meets all the safety
requirements and was less expensive, besides presenting other advantages such as speed and
simplicity in the constructive methodologies.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS............................................................................................................ 16
2.1 Geral ...................................................................................................................... 16
2.2 Específico .............................................................................................................. 16
3 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 17
3.1 Taludes .................................................................................................................. 17
3.1.1 Talude Natural .................................................................................................... 18
3.1.2 Talude Artificial .................................................................................................. 18
3.1.3 Parâmetros de Resistência.................................................................................... 18
3.1.3.1 Ângulo de Atrito...................................................................................... 20
3.1.3.2 Coesão..................................................................................................... 20
3.1.4 Fatores de Instabilidade em Taludes.................................................................... 21
3.2 Contenção de Taludes........................................................................................... 22
3.2.1 Muro de Arrimo ................................................................................................. 23
3.2.1.1 Gabiões.................................................................................................... 24
3.2.1.2 Muro de Flexão........................................................................................ 25
3.3 Geossintéticos em Reforço de Solo....................................................................... 26
3.3.1 Características dos Geossintéticos....................................................................... 30
3.3.2 Estabilidade de Maciços Reforçados com Geossintéticos ................................... 33
3.3.3 Interação Solo-Reforço........................................................................................ 35
3.3.4 Detalhes Construtivos.......................................................................................... 36
3.3.5 Danos na Fase de Instalação................................................................................. 37
3.3.6 Resistência à Degradação Ambiental................................................................... 38
3.3.7 Fatores de Redução.............................................................................................. 38
3.3.7.1 Fator de Redução Parcial.......................................................................... 38
3.3.7.2 Fator de Redução Total............................................................................ 39
3.4 Dimensionamento do Geossintético..................................................................... 39
4 METODOLOGIA ................................................................................................... 44
4.1 Objeto de Pesquisa................................................................................................ 44
4.2 Instrumentos de coleta de dados.......................................................................... 44
4.2.1 GEO 5.................................................................................................................. 45
4.2.2 GawacWin........................................................................................................... 45
4.3 Procedimento de coleta de dados......................................................................... 45
4.4 Análise dos dados.................................................................................................. 46
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................... 47
5.1 Dimensionamento................................................................................................. 47
5.1.1 Muro de Gabião................................................................................................... 47
5.1.2 Muro à Flexão...................................................................................................... 49
5.1.3 Muro Reforço com Geossintético........................................................................ 54
5.2 Orçamento e Viabilidade Técnica........................................................................ 60
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 63
REFERENCIAS ........................................................................................................ 64
14
1 INTRODUÇÃO
blocos. As obras com estruturas de contenção compreende os muros de arrimo, contenção com
terra armada, placa pré-moldada de concreto com ancoragem metálica ou geossintéticos. As
contenções de massas movimentadas podem ser realizadas por barreira vegetal ou muro de
espera.
A escolha do tipo de contenção a ser utilizada, conforme Barros (2011) deve levar em
consideração três fatores básicos: fator físico, fator geotécnico e fator econômico. O fator físico
compreende, de forma resumida, a altura da estrutura de contenção e o espaço disponível para
a execução da mesma. Já o fator geotécnico leva em consideração o tipo de solo a conter e a
capacidade de suporte do solo da base, além da presença de lençol freático. Por fim, o fator
econômico está relacionado à disponibilidade de mão-de-obra qualificada e materiais, tempo
de execução e custo final da estrutura.
De acordo com Cunha (1991), os muros de arrimo ou de gravidade são obras de
contenção que têm a finalidade de restabelecer o equilíbrio da encosta, através de seu peso
próprio, suportando os empuxos do maciço. Durante muitos anos as estruturas de contenção
eram, quase exclusivamente, feitas de concreto e eram projetadas como muros de gravidade, os
quais são essencialmente estruturas rígidas que não podem acomodar assentamentos
diferenciais muito elevados. Com o aumento da altura do solo a ser retido e más condições do
solo de fundação, o custo dos muros de contenção reforçados com concreto aumenta
rapidamente.
Estruturas de contenção em solo reforçado têm sido uma solução muito eficiente
para resolver situações na engenharia que envolvem a estabilização de estruturas civis e de
taludes. A incorporação de elementos de reforço, tais como os geossintéticos, é cada vez mais
popular, uma vez que os mesmos oferecem rápida e fácil instalação, redução de custos,
diferentes geometrias e maior segurança, devido ao controle tecnológico industrial que estes
materiais passam.
16
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
2.2 Específicos
Dimensionar algumas contenções, são elas: muro de gabião, muro de flexão e solo
reforçado com geossintético;
Realizar um orçamento para cada contenção;
Promover uma análise comparativa entre os custos dessas soluções a fim de
determinar a solução com melhor custo;
17
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Taludes
Os maciços sob o aspecto genético podem ser agrupados em duas categorias: naturais e
artificiais. Estes exibem uma homogeneidade mais acentuada que os maciços naturais e, por
isto, adequam-se melhor às teorias desenvolvidas para as análises de estabilidade
(MARANGON, 2008).
18
Carrasco (2014) define os taludes naturais como já existentes, pouco homogêneos e com
possíveis variações geológicas e estruturais. Os acidentes e incidentes observados nestes taludes
mostram que é possível classificar o tipo de instabilidade em três grandes conjuntos:
Deslizamentos em taludes com superfície de cisalhamento bem definidas no interior,
ditos taludes infinitos e taludes finitos;
Escorregamentos argilosos visco-plásticos ou fluídos (mudflow);
Escorregamentos por perda de coesão, liquefação.
O atrito está vinculado à tensão normal aplicada ao solo. Há duas leis básicas sobre o atrito que
seguem abaixo:
A resistência ao cisalhamento entre dois corpos é proporcional à força normal entre
esses dois corpos;
A resistência ao cisalhamento entre dois corpos é independente das dimensões desses
dois corpos.
A tensão cisalhante (τ), necessária para provocar deslizamento, aumenta com o aumento da
tensão normal (σ). A inclinação da linha que relaciona as duas tensões, normal e cisalhante,
define o (𝜃). Caso a descontinuidade for selada, ou rugosa, quando a tensão normal for igual a
zero, será necessário um determinado valor da tensão cisalhante para provocar movimentação.
Este valor inicial da tensão de cisalhamento define a coesão no plano de descontinuidade
(ALMEIDA, 2016).
Contudo não é sempre que se pode fazer um ensaio em laboratório de um solo, materiais
com uma maior granulometria (areia, pedregulhos, etc.) tornam-se um pouco mais dificultosos
de se levar uma amostra inalterada para o laboratório. Marangon (2006) aponta outros métodos
de obtenção do 𝜃 e da c, todos por meio de correlações empíricas com o SPT (Standard
Penetration Test).
A seguir será abordado as principais características do ângulo de atrito e da coesão do
solo.
3.1.3.2 Coesão
se fosse uma pressão externa. A segunda, é devida às forças eletroquímicas de atração das
partículas de argila.
Tabela 1 - Tipos de problemas relacionados aos taludes, formas de sua ocorrência e as principais causas
responsáveis pelo ocorrido.
TIPO DE
FORMA DE OCORRÊNCIA PRINCIPAIS CAUSAS
PROBLEMA
Em talude de corte e aterro (em Deficiência de drenagem;
sulcos e diferenciada); Deficiência de proteção
Longitudinal ao longo da superficial;
plataforma; Concentração de água
Erosão Localizada e associada a obras superficial e/ou intercepção do
de drenagem (ravinas e lençol freático;
boçorocas); Deficiência ou inexistência de
Interna em aterros (piping). drenagem interna.
22
De acordo com Wolle (1972), estas estruturas podem ser divididas em três grupos, são
eles:
Obras de contenção passiva: que são introduzidas no talude visando oferecer reação contra
tendências de movimentação do mesmo, ex.: muros de arrimo em geral, cortinas cravadas,
etc.;
Obras de contenção ativa: introduzem compressão no terreno visando aumentar sua
resistência por atrito além de oferecer reações à tendência de movimentação do talude, ex.:
cortinas atirantadas, tirantes isolados, etc.
Obras de reforço do terreno: são construções em que um ou mais elementos são
introduzidos no solo com a finalidade de aumentar sua resistência para que possa suportar
as tensões geradas por um desnível abrupto, ex.: reforço de solo com geossintéticos, terra
armada, solo grampeado, jet-grouting, etc.
Neste trabalho será abordado as soluções mais usuais para contenção de talude de aterro,
são elas: muro de arrimo, com enfoque em muro de gabião e muro de flexão, que são exemplos
de obras de contenção passiva, terra armada e terra reforçada com geossintéticos, que são
exemplos de obras de reforço do terreno.
pode ser feito antes da total conclusão da estrutura, ex.: muro a flexão, concreto ciclópico,
pedras argamassadas, etc.
Estruturas flexíveis: são aquelas formadas por materiais deformáveis e que podem, dentro
de limites aceitáveis, adaptar-se a acomodações e movimentos do terreno, sem perder sua
estabilidade e eficiência, ex.: gabiões, blocos articulados, etc.
3.2.1.1 Gabiões
São estruturas de arrimo, com seção transversal em forma de “L” ou “T” invertido que
resistem aos empuxos por flexão, utilizando parte do peso próprio do maciço, que se apoia sobre
a base para manter-se em equilíbrio. Em geral, são construídos em concreto armado, tornando-
se anti-econômicos para alturas acima de 5 a 7m. A laje de base em geral apresenta largura
entre 50 e 70% da altura do muro. A face trabalha à flexão sendo necessário empregar vigas de
enrijecimento, no caso de alturas maiores (LIMA, 2016).
Para muros com alturas superiores a cerca de 5 m, é conveniente a utilização de
contrafortes, para aumentar a estabilidade contra o tombamento. Tratando-se de laje de base
interna, ou seja, sob o retroaterro, os contrafortes devem ser adequadamente armados para
resistir a esforços de tração. No caso de laje externa ao retroaterro, os contrafortes trabalham à
compressão. Esta configuração é menos usual, pois acarreta perda de espaço útil a jusante da
estrutura de contenção. Os contrafortes são em geral espaçados de cerca de 70% da altura do
muro (GERSCOVICH, 2010).
26
Figura 6 - Exemplos de aplicações de geossintéticos como reforço de solos: a) estrutura de contenção de solo
reforçado; b) talude reforçado; c) recuperação de escorregamento; d) aterro sobre solo mole.
Figura 7- Zigurate
As tensões cisalhantes na interface são absorvidas pelo reforço, que é então tracionado,
causando uma redistribuição das tensões no solo. Essa redistribuição de tensões gera uma
parcela de confinamento interno, adicional ao confinamento externo já existente. Um solo não
reforçado atinge a ruptura quando a tensão cisalhante excede a resistência ao cisalhamento do
solo em um determinado plano. Porém, quando a massa de solo está reforçada, há um aumento
do confinamento. Os geossintéticos absorvem e redistribuem os esforços da matriz de solo,
limitando as deformações laterais das estruturas reforçadas. A transferência favorável de
tensões é controlada por dois fatores básicos: a resistência à tração do geossintético sob
condições confinadas e a resistência ao arrancamento do geossintético da massa de solo
(SIEIRA, 2003).
30
laminetes (fitas). Esse processo pode ser feito segundo direções preferenciais, denominadas
trama (sentido transversal) e urdume (sentido longitudinal) (PERALTA, 2007).
Os geotêxteis não tecidos também são estruturas planas, mas são caracterizados por ter
serem constituídos por filamentos ou fibras distribuídas aleatoriamente. A união entre
filamentos ou fibras pode ser realizada por entrelaçamento mecânico com agulhas (agulhado),
por fusão parcial (termoligado), com o uso de produtos químicos (resinado) (BENJAMIN,
2006).
Segundo Abramento et al. (1998), as geogrelhas são mais rígidas que os geotêxteis e,
portanto, são utilizadas basicamente como reforço, embora possam ser utilizadas em casos
específicos como elemento de separação. Entre seus principais tipos podem ser citadas: as
geogrelhas unidirecionais, que apresentam elevada resistência à tração apenas em uma direção;
e as geogrelhas bidirecionais, que apresentam elevada resistência à tração nas duas direções
principais.
Os polímeros mais utilizados na confecção de geogrelhas são o polietileno de alta
densidade (PEAD), o poliéster (PET) e o acetato de polivinila (PVA). Tais polímeros são
caracterizados pela baixa deformabilidade e pela elevada resistência à tração. Entre as
principais vantagens no uso de geogrelhas como elementos de reforço estão: o bom
intertravamento com o solo, a fácil manipulação, as baixas deformações na hora de instalação
e as elevadas resistência e rigidez à tração (BARREIRA, 2016).
33
Figura 12- Mecanismos de ruptura externa: a) deslizamento ao longo da base; b) tombamento em torno do pé da
estrutura; c) capacidade de carga, e; d) ruptura global por uma superfície envolvendo todo o maciço reforçado
De acordo com Bergado et al. (1994), ainda é difícil estimar a parcela de resistência que
cabe a cada um dos mecanismos. Porém se sabe que quanto maior for a área sólida em planta
da geogrelha, maior será a parcela de resistência oriunda do cisalhamento das interfaces. Para
o caso de geogrelhas com tiras finas, em torno de 10% da resistência mobilizada corresponde à
parcela de cisalhamento. Para os estudos dos mecanismos de interação solo-geogrelha
normalmente são empregados os ensaios de cisalhamento da interface ou de arrancamento.
Ao posicionar o reforço no local definitivo, deve-se assegurar que este esteja com sua
direção de maior resistência (geralmente longitudinal), totalmente paralela ao eixo de
solicitação.
Antes de lançar o aterro, inspecionar os reforços afim de evitar-se a existência de rugas,
ondulações e dobras nos mesmos, as quais poderiam criar pontos de fraqueza na
estrutura.
Durante a operação de lançamento e compactação do solo de aterro, deve-se evitar que
as rodas dos equipamentos mecânicos estejam em contato direto com os reforços, pois
isso certamente os danificará.
O aterro não deve ser lançado em camadas superiores a 0,30m e sua compactação
mínima de 95% de Proctor Normal é recomendada.
Ao finalizar a obra não esquecer de executar sistemas de drenagem superficiais e anti-
erosivos, fundamentais para garantir a vida útil da estrutura.
Os danos que ocorrem durante a fase de instalação do reforço são ocasionados pelo
manuseio, lançamento, espalhamento e compactação do material de aterro em contato com o
mesmo, e provocam uma perda da resistência do geossintético, Figura 14. Em geral, será mais
suscetível a danos de instalação o geossintético de reforço, quanto menor for a sua gramatura.
Um projeto de solo reforçado deve levar em conta a redução de resistência por meio de fatores
de redução (𝐹𝑅𝑑𝑚) aplicados à resistência de referência do reforço (GEOSOLUÇÕES, 2015)
Para o elemento de reforço manter-se íntegro durante a vida de serviço da obra, este
deve ser fabricado com polímero resistente às condições encontradas no solo. No caso de haver
substâncias agressivas em contato com o reforço, é recomendável a realização de ensaio de
durabilidade, para a avaliação do comportamento do reforço (GEOSOLUÇÕES, 2015).
Embora a experiência tenha mostrado que o efeito da degradação do reforço tem sido
mínimo (Palmeira, 2001) e, em alguns casos, a expectativa de durabilidade dos geossintéticos
supere algumas centenas de anos (Koerner, 1998), é recomendada a utilização de fatores de
redução para levar em consideração o efeito da degradação ambiental (𝐹𝑅𝑎𝑚𝑏), na resistência
do geossintético, principalmente no caso de obras com longa vida de serviço.
redução parcial, como, por exemplo, além dos danos de instalação, as solicitações do tipo físico-
químicas de temperatura e química dos meios adjacentes, as emendas, as solicitações mecânicas
e hidráulicas e os processos de degradação inerentes ao meio ambiente, associados à
durabilidade do geossintético, como o tempo de exposição a raios UV. Para os geossintéticos
de reforço, os fatores de redução parciais usuais são: por fluência à tração de instalação (𝐹𝑅𝑃𝑓),
por danos de instalação (𝐹𝑅𝑃𝑑𝑖), pela condição ambiente/durabilidade da instalação (𝐹𝑅𝑃𝑑 ),
por ataque químico (𝐹𝑅𝑃𝑎𝑞). O projeto executivo deve adotar fatores de redução parciais para
o geossintético fornecidos pelos fabricantes ou obtidos através de ensaios pelo projetista ou
proprietário da obra (IGSBR 03, 2014).
O fator de redução total (𝐹𝑅𝑇) é o fator de redução aplicado à propriedade índice para
estimar a propriedade funcional do geossintético, estabelecido com base nas condições
específicas de determinado projeto, e que considera todas as condições que podem implicar em
redução da propriedade do geossintético, que é necessária para desempenhar a função
pretendida no projeto. O (𝐹𝑅𝑇) é o resultado do produto dos (𝐹𝑅𝑃), Equação 1, definidos por
função e tipo de aplicação, multiplicado por um fator de segurança associado às incertezas do
processo de fabricação, da sinergia entre fatores e dos ensaios para a determinação dos fatores
de redução parciais (IGSBR 03, 2014).
Já para o cálculo do valor máximo de tração do reforço para cada nível, Equação 3, é
necessário multiplicar a tensão horizontal por um espaçamento vertical constante, 𝑆𝑣, 𝑖:
Para verificação da estabilidade interna de cada nível de reforço em relação à rotura por
falta de resistência a tração, é feita uma comparação entre a máxima tração do reforço e a tração
por unidade de comprimento.
𝑇𝑚á𝑥, 𝑖 ≤ 𝑇𝑑, 𝑖 𝐸𝑞. 4
Sabendo que,
𝑇𝑑, 𝑖 : Tração por unidade de comprimento de reforço (fornecido pelo fabricante do
geossintético)
2
𝑇𝑚á𝑥, 𝑖 ≤ 𝐹 ∗ . 𝛾𝑧, 𝑖 . 𝑙𝑎, 𝑖 𝐸𝑞. 5
𝐹𝑆𝑎
Onde,
𝐹𝑆𝑎: Coeficiente de segurança em relação à rotura por arranque, sendo sugerido pela
FHWA um valor igual ou maior a 1,5;
𝐹 ∗ : Coeficiente de resistência de arranque, que, caso não existam resultados de ensaios,
pode, para o caso de geossintéticos, tornar-se igual a 2/3 tg 𝜃;
𝑙𝑎, 𝑖: Comprimento do reforço na zona resistente, como está representado na Figura 15;
𝜃
𝑙𝑎𝑐, 𝑖 = (𝐻 − 𝑧, 𝑖). tan (45° − ) 𝐸𝑞. 7
2
Onde,
43
𝐻: Altura do muro;
𝑧, 𝑖: Espessura da camada;
4 METODOLOGIA
A partir do dimensionamento das soluções acima e dos materiais referentes a cada uma das
opções será realizado o orçamento para a execução de 1 metro linear de contenção. Com isso,
será utilizado para o orçamento, os centros de custos SICRO2, SINAPI e base de custos da
SUPLAN.
resultados a lista de materiais a serem usados para a execução. A seguir nos itens subsequentes
virá disposto um panorama a respeito dos dois softwares.
4.2.1 GEO5®
4.2.1 GAWACWIN®
2. Com base no que foi abordado no referencial teórico, foi realizado um pré-
dimensionamento das estruturas, de acordo com a altura do talude e do tipo de
contenção;
3. Foram lançados nos programas de cálculo, todos os parâmetros geotécnicos e
geométricos de casa solução, seguidos da análise computacional dos parâmetros para a
aprovação ou não;
4. Foram verificados os pré-dimensionamentos, nas verificações que não foram satisfeitas
os coeficientes de segurança, foram realizadas os incrementos na geometria para que a
segurança fosse satisfeita;
5. A partir das verificações foram retirados do programa todas as informações necessárias
para o orçamento.
Após a obtenção dos quantitativos para orçamento, foi usada a base de custos do SICRO2
para obtenção dos preços unitários de cada serviço de execução para cada tipo de muro.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Dimensionamento
Fonte: Adaptado do relatório de análises do gabião, software GAWACWIN 2003 MACCAFERRI (2018).
49
alguns parâmetros e procedimentos que são utilizados na análise do muro. Todos os fatores de
segurança (FS) utilizados nas verificações, posteriormente expostas, a seguir possuem o valor
de 1,5. Na Tabela 7 encontra-se as resistências dos materiais usados na construção do muro.
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).
56
Tabela 25 – Comparação do FS
Muro de Gabião Muro à Flexão Geossintético
FS Tombamento 3,35 5,59 11,01
FS Deslizamento 4,62 6,01 10,8
FS Ruptura Global 2,16 2,72 1,63
FS Fundação 63,10 114,44 82,62
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).
R$ 25.000,00
R$ 20.465,21
R$ 20.000,00
R$ 15.000,00
R$ 10.000,00
R$ 5.165,16
R$ 3.994,13
R$ 5.000,00
R$ -
MURO À FLEXÃO MURO DE GABIÃO MURO REFORÇADO
COM GEOSSINTÉTICO
Possui uma execução rápida, considerando que a execução do aterro já está incluída na
execução do muro e não necessita de tempo de espera para “cura”;
Pode ser utilizado o próprio solo do local na execução;
Todos os elementos são industrializados e possuem uma boa mobilidade.
Além dos custos de produção existem outros fatores que implicam na escolha de uma
das opções, a exemplo disso é a disponibilidade de material, necessidade por mão-de-obra
qualificada, entre outros, tendo em vista uma análise mais precisa, segue um quadro
comparativo entre as soluções da presente pesquisa, apontando aspectos técnico e executivo.
TIPOS DE MURO
MURO DE SOLO
MURO DE REFORÇADO
MURO À FLEXÃO
GABIÃO COM
GEOSSINTÉTICO
NECESSIDADE POR
MÃO-DE-OBRA Sim Não Não
QUALIFICADA
USO DE MATERIAIS
Baixo Médio Alto
INDUSTRIALIZADOS
DISPONIBILIDADE
PARÂMETROS
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho teve como principal objetivo comparar técnicas de contenções usuais, para
taludes de aterro, com o uso de geossintéticos. Os principais aspectos a serem analisados quando
é necessário executar uma obra de contenção são os parâmetros do solo, a disponibilidade de
materiais e de mão-de-obra especializada, rapidez na execução, entre outros fatores. Porém, o
principal fator levado em consideração pela a maioria dos engenheiros é o custo da obra.
O geossintético apresenta várias vantagens são elas a rapidez e facilidade na execução;
dispensa do uso de mão-de-obra especializada; execução em qualquer geometria e inclinação;
a face do talude pode ser revestida por grama (permitindo uma harmonia com o ambiente), pré-
moldados de concreto e blocos de pedra; por ser um material industrializado, apresenta um
rigoroso controle técnico fazendo com que seja uma solução muito segura; pode utilizar o
próprio solo disponível no local da obra, evitando assim gastos excessivos com os
deslocamentos dos materiais. Além das vantagens técnicas ele apresenta ainda uma diferença
de custo considerável quando comparada ao muro à flexão e ao muro de gabião.
A partir dos dimensionamentos foi possível realizar os orçamentos de cada estrutura de
contenção. O muro mais oneroso foi o muro de flexão, que obteve um custo de R$ 21.480,62,
mostrando assim que não é uma boa solução, o muro de gabião teve um custo de R$ 5.165,16,
que ficou um pouco mais caro que o muro de solo reforçado com geossintético, que teve um
custo final de R$ 3.994,13, sendo assim a solução mais barata e mais eficaz.
Com isso, pode-se concluir que esse estudo é de suma importância para demonstrar que
o geossintético é uma solução altamente viável, tanto técnica como economicamente,
incentivando assim para que essa tecnologia seja cada dia mais disseminada entre os
engenheiros.
64
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PINTO, C.S. “Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas”. 2.ed., São Paulo, Oficina de
textos, 2002.
SANTOS, A. dos. “Estruturas de contenção em solo reforçado com geogrelha”. Itatiba- SP,
2004.
APÊNDICE 1
MURO À FLEXÃO (H = 6,0m): ORÇAMENTO PARA 1 METRO LINEAR DE MURO
PREÇO
ITEM REFERÊNCIA CÓDIGO DESCRIÇÃO DO SERVIÇO UN. QUAN. TOTAL
UNIT.
1.0 SERVIÇOS PRELIMINARES
LIMPEZA MECANIZADA DE TERRENO COM REMOCAO DE CAMADA
1.1 SINAPI 73822/2 M² 4,25 0,58 R$ 2,47
VEGETAL, UTILIZANDO MOTONIVELADORA
2.0 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA
ESCAVACAO MANUAL DE VALA EM SOLO MATERIAL DE QUALQUER R$
2.1 SUPLAN/SINAPI (JAN/2018)* M³ 3,19 43,44
CATEGORIA EXCETO ROCHA COM PROFUNDIDADE ATE 1,50M 138,47
3.0 INFRAESTRUTURA
CONCRETO MAGRO PARA LASTRO, TRAÇO 1:4,5:4,5 (CIMENTO/ AREIA R$
3.1 SINAPI 94962 M³ 4,25 270,96
MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. 1.151,58
4.0 ESTRUTURA
CONCRETO FCK = 25MPA, TRAÇO 1:2,3:2,7 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ R$
4.1 SINAPI 94965 M³ 7,69 336,88
BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. 2.589,74
R$
4.2 SINAPI 74157/4 LANCAMENTO/APLICACAO MANUAL DE CONCRETO EM FUNDACOES M³ 7,69 96,93
745,15
CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 12,5 MM, UTILIZADO EM R$
4.3 SINAPI 92795 Kg 1.227,83 6,10
ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. 7.489,73
CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 8,0 MM, UTILIZADO EM R$
4.3 SINAPI 92793 Kg 604,35 7,82
ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. 4.726,02
LANÇAMENTO COM USO DE BALDES, ADENSAMENTO E ACABAMENTO R$
4.4 SINAPI 92873 M² 17,00 150,74
DE CONCRETO EM ESTRUTURAS. AF_12/2015 2.562,58
FORMA DE COMPENSADO RESINADO 10MM- USO GERAL- UTILIZAÇÃO R$
4.5 SINAPI 3107997 M² 17,00 59,73
DE 3 VEZES- CONFECÇÃO, INSTALAÇÃO E RETIRADA 1015,41
5.0 ATERRO E REATERRO
ATERRO DO CAIXAO COM AQUISICAO DO MATERIAL /AREIA /ARGILA R$
5.1 SUPLAN/SINAPI (JAN./2018) M³ 12,00 88,29
PARA ATERRO, APILOADO EM CAMADAS DE 0,20M 1.059,48
R$
TOTAL
21.480,62
71
APÊNDICE 2
TOTAL R$ 5.165,16
72
APÊNDICE 3
MURO REFORÇADO COM GEOSSINTÉTICO (H = 6,0m): ORÇAMENTO PARA 1 METRO LINEAR DE MURO
PREÇO
ITEM REFERÊNCIA CÓDIGO DESCRIÇÃO DO SERVIÇO UND. QUANT. TOTAL
UM.
1.0 SERVIÇOS PRELIMINARES
1.1 SINAPI 73822/2 LIMPEZA MECANIZADA DE TERRENO COM REMOCAO DE m² 4,20 0,58 R$ 2,44
CAMADA VEGETAL, UTILIZANDO MOTONIVELADORA
2.0 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA
ESCAVACAO MANUAL DE VALA EM SOLO MATERIAL DE
2.1 SUPLAN/SINAPI (JAN/2018)* QUALQUER CATEGORIA EXCETO ROCHA COM m³ 1,68 43,44 R$ 72,98
PROFUNDIDADE ATE 1,50M
3.0 ESTRUTURA
GEOGRELHA BIDIRECIONAL COM RESISTÊNCIA A
3.1 SICRO2 4011562 TRAÇÃO DE 30 KN/M - DEFORMAÇÃO < 5% - MALHA DE m² 29,40 26,58 R$ 781,45
36 X 34 MM - PARA REFORÇO DE BASE GRANULAR
ATERRO DO CAIXAO COM AQUISICAO DO
3.2 SUPLAN/SINAPI (JAN./2018) MATERIAL/AREIA/ARGILA PARA ATERRO, APILOADO m³ 26,88 88,29 R$ 2.373,24
EM CAMADAS DE 0,20M
MURO EM BLOCOS SEGMENTAIS DE FACE PRÉ-
3.3 SICRO2 1505847 MOLDADOS 40 X 40 X 20 CM COM ALTURA DE 4 A 6 M - m² 6,40 119,38 R$ 764,03
CONFECÇÃO E ASSENTAMENTO
R$
TOTAL
3.994,13