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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA ( UNIPÊ)

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA ( PROAC)


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

VITÓRIA SOUSA CIRAULO DE OLIVEIRA LIMA

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA/ECONÔMICA DO USO DE


GEOSSINTÉTICOS COMO SOLUÇÃO PARA REFORÇO DE TALUDE DE
ATERRO

JOÃO PESSOA
2018
VITÓRIA SOUSA CIRAULO DE OLIVEIRA LIMA

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA/ECONÔMICA DO USO DE GEOSSINTÉTICOS


COMO SOLUÇÃO PARA REFORÇO DE TALUDE DE ATERRO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado


ao Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ,
como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

((
Orientador(a): Profª Me. Vitor Emanuel Granito Pontes

JOÃO PESSOA - PB
2018
L732e Lima, Vitória Sousa Ciraulo de Oliveira.
Estudo de Viabilidade Técnica/Econômica do Uso de Geossintéticos
Como Solução Para Reforço de Talude de Aterro/
Vitória Sousa Ciraulo de Oliveira Lima. - João Pessoa, 2018.
72f.

Orientador (a): Prof. Me. Vitor Emanuel Granito Pontes


Monografia (Curso de Engenharia Civil) –
Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

1. Viabilidade. 2.Geossintéticos. I. Título.

UNIPÊ / BC CDU – 624:001


VITÓRIA SOUSA CIRAULO DE OLIVEIRA LIMA

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA/ECONÔMICA DO USO DE


GEOSSINTÉTICOS COMO SOLUÇÃO PARA REFORÇO DE TALUDE DE
ATERRO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado


ao Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ,
como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

((
BANCA EXAMINADORA

Prof°. Me. Vitor Emanuel Granito Pontes


Orientador – UNIPÊ

Prof° D. Sc. Wilson Cartaxo Soares


Examinador – UNIPÊ

Profª D. Sc. Wanessa Cartaxo Soares


Examinadora – UNIPÊ
Dedico este trabalho à minha mãe e ao meu pai,
pois graças à eles pude realizar esse sonho.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente à Deus e Nossa Senhora, que me ajudaram a ter


perseverança para concluir esse curso.
Aos meus pais, Sérgio e Verônica, que sempre me incentivaram nos meus estudos, e me
deram toda condição possível para tornar esse sonho realidade.
Ao meu namorado Célio, que me ajuda diariamente, tanto no curso (sempre me
incentivando a dar o meu melhor e sempre acreditando no meu potencial), quanto na vida
pessoal, na qual quero sempre fazer parte. Sem você eu não teria chegado até aqui.
Queria agradecer ao meu orientador, Vitor Emanuel Granito Pontes que é um exemplo
de pessoa e profissional, muito obrigada por todos os ensinamentos durante o curso. Ao meu
professor e examinador, Wilson Cartaxo que é um exemplo na área da Geotecnia, a qual criei
um grande interesse para ser minha área de atuação, obrigada por todos os ensinamentos
pessoais e profissionais.
À toda minha família, em especial Tia Veruska, que me ajudou a descobrir o meu
interesse pela engenharia civil.
À meu avô Everaldo, que teria se orgulhado de mim, vendo eu concluir o curso que ele
queria ter feito. À minha avó Alda, que me ajudou bastante para realização desse sonho. À
minha avó Terezinha e meu avô José Vigó, que eu amo muito.
Aos meus amigos de Araruna, Heloísa, Daniel, Mariana, Nilo, Jeferson, Caison,
Nathália, Kássia e em especial à Alanne, que fizeram parte de momentos que nunca esquecerei
e que independente da distância sempre se fizeram presentes na minha vida.
Aos meus amigos do Unipê, Safyra, Bianca, Flávia, Adriano, Wesley, Matheus, Helcius
e Lívia, que se tornaram grandes amigos e que me ajudaram nessa jornada.
RESUMO

O aumento populacional trouxe consigo diversos problemas urbanos e ambientais, entre eles
está a habitação em zonas de riscos, como os taludes. Geralmente essas encostas não estão
estabilizadas e acabam acontecendo deslizamentos de terra, podendo causar prejuízos materiais
e até perdas de vida. Para evitar acidentes como esses, foram desenvolvidas diversas técnicas
para estabilização de solo, como é o caso das obras de contenção, que são amplamente usadas
nas obras de contenção de taludes naturais e de aterro, construção de viadutos, edifícios,
subsolos, etc. O projeto e dimensionamento dessas estruturas deve garantir a sua estabilidade
externa e interna, e além de trabalhar com fatores a favor da segurança, o fator financeiro
também é de extrema importância. Com o intuito de apresentar a melhor escolha para uma
estrutura de contenção de aterro, este trabalho apresenta uma análise técnica-econômica de 3
soluções de contenção, são elas: muro de gabião, muro de flexão e geossintético. Após a análise,
pôde-se constatar que a solução de reforço de solo com uso de geossintéticos atende todos os
requisitos de segurança e foi a menos onerosa, além de apresentar outras vantagens como
rapidez e simplicidade nas metodologias construtivas.

Palavras-chave: Taludes. Obras de contenção. Análise Técnica-Econômica. Geossintético.


ABSTRACT

The population increase has brought with it several urban and environmental problems, among
them is housing in risk zones, such as slopes. Generally, these slopes are not stabilized and
landslides eventually occur, and can cause material damage and even loss of life. In order to
avoid accidents such as these, several soil stabilization techniques have been developed, such
as retaining walls, which are widely used in natural embankment and landfill containment,
construction of viaducts, buildings, underground, etc. The design and dimensioning of these
structures should ensure their external and internal stability, and in addition to working with
safety factors, the financial factor is also extremely important. In order to present the best choice
for a retaining walls, this paper presents a technical-economical analysis of 3 containment
solutions: gabion wall, flexural wall and geosynthetics. After the analysis, it was possible to
verify that the solution of soil reinforcement with use of geosynthetics meets all the safety
requirements and was less expensive, besides presenting other advantages such as speed and
simplicity in the constructive methodologies.

Key-words: Slopes. Containment works. Technical-Economic Analysis. Geosynthetics.


Retaining walls
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Talude e suas terminologias.............................................................................. 17


Figura 2 - Correlação entre a tensão cisalhamento e a tensão normal............................... 19
Figura 3 - Muro de gabiões com degraus externos e internos........................................... 25
Figura 4 - Terminologia muro de flexão............................................................................ 26
Figura 5 - Esquema de um muro de terra armada.............................................................. 26
Figura 6 - Exemplos de aplicações de geossintéticos como reforço de solos: a) Estrutura
de contenção de solo reforçado; b) talude reforçado; c) recuperação de escorregamento;
d) aterro sobre solo mole.................................................................................................... 27
Figura 7 - Zigurate............................................................................................................. 28
Figura 8 - Elementos de solo com e sem reforço............................................................... 29
Figura 9 - Geossintéticos utilizados em obras geotécnicas................................................ 30
Figura 10 - Primeiro muro reforçado com geotêxtil no Brasil........................................... 32
Figura 11 - Execução de muro reforçado com geogrelhas................................................ 33
Figura 12 - Mecanismos de ruptura externa a) deslizamento ao longo da base; b)
tombamento em torno do pé da estrutura; c) capacidade de carga, e; d) ruptura global
por uma superfície envolvendo todo o maciço reforçado ............................................................. 34
Figura 13 - Mecanismo de interação solo-geogrelha......................................................... 36
Figura 14 - Compactador danificando a geogrelha............................................................ 37
Figura 15- Superfície Potencial de Ruptura: a) Mecanismo do reforço; b) Tração 41
mobilizada no reforço........................................................................................................
Figura 16 - Comprimento do reforço na zona ativa e resistente........................................ 43
Figura 17 - Dimensões padrões dos gabiões tipo caixa..................................................... 48
Figura 18 - Representação do muro de gabião .................................................................. 48
Figura 19 - Dimensões do muro à flexão........................................................................... 50
Figura 20 - Muro à flexão, perspectiva 3D........................................................................ 50
Figura 21 - Demonstração da interface do programa na verificação da estabilidade do
muro à flexão .................................................................................................................... 54
Figura 22 – Dimensões do muro de solo reforçado com geossintético............................. 55
Figura 23 - Muro de solo reforçado, perspectiva 3D........................................................ 55
Figura 24 - Verificação da estabilidade de talude pelo programa..................................... 60
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tipos de problemas relacionados aos taludes, formas de sua ocorrência e as


principais causas responsáveis pelo ocorrido..................................................................... 21
Tabela 2 - Pré-dimensionamento do gabião...................................................................... 48
Tabela 3 - Análise da estabilidade externa do gabião....................................................... 49
Tabela 4 - Tensões atuantes na fundação.......................................................................... 49
Tabela 5 - Estabilidade interna do gabião......................................................................... 49
Tabela 6 - Análise de muro............................................................................................... 51
Tabela 7 - Material da estrutura........................................................................................ 51
Tabela 8 - Sobrecarga superficial...................................................................................... 51
Tabela 9 - Coeficiente de empuxo ativo............................................................................ 52
Tabela 10 - Verificação para estabilidade de tombamento................................................ 52
Tabela 11 - Verificação para deslizamento....................................................................... 52
Tabela 12 - Verificação total da carga do solo de fundação.............................................. 53
Tabela 13 - Verificação das armaduras do muro............................................................... 53
Tabela 14 - Verificação da estabilidade do talude............................................................ 54
Tabela 15 - Detalhe do reforço......................................................................................... 55
Tabela 16 - Análise de muro............................................................................................. 56
Tabela 17 - Tipo de reforço............................................................................................... 56
Tabela 18 - Sobrecarga superficial.................................................................................... 57
Tabela 19 - Verificação para estabilidade de tombamento................................................ 57
Tabela 20 - Verificação para deslizamento....................................................................... 57
Tabela 21 - Verificação total da carga do solo de fundação.............................................. 58
Tabela 22 - Verificação para deslizamento no geo-reforço............................................... 58
Tabela 23 - Cálculo da estabilidade interna....................................................................... 59
Tabela 24 - Verificação da estabilidade do talude............................................................. 59
Tabela 25 - Comparação do FS......................................................................................... 60
Tabela 26 - Comparação técnica executiva dos muros...................................................... 62
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Comparativo de custos para construção de 1m linear de muro.......................... 61

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABGE - Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental


EPDM - Elastômero de Dieno-Propileno-Etileno
FHWA - Federal Highway Administration
FRamb - Fator de Redução Para Degradação Ambiental
FRdm - Fator de Redução Para Resistência do Reforço
FRP - Fator de Redução Parcial
FRPaq - Fator de Redução Parcial por Ataque Químico
FRPd - Fator de Redução Parcial pela Condição Ambiente/Durabilidade da Instalação
FRPdi - Fator de Redução Parcial por Danos de Instalação
FRPf - Fator de Redução Parcial por Fluência à Tração de Instalação
FRT - Fator de Redução Total
FSa - Fator de Segurança contra o arranque
FSinc - Fator de Segurança para Incertezas
IGSBR - Associação Brasileira de Geossintéticos
PA - Poliamida
PE - Polietileno
PEAD - Polietileno de Alta Densidade
PET - Poliéster
PP - Polipropileno
PS - Poliestireno
PVA - Acetato de Polivanila
PVC - Policloreto de Vinila
SICRO2 - Sistema de Custos Referenciais de Obras 2
SINAPI - Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
SPT - Standard Penetration Test
SUPLAN - Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado
UV - Ultravioleta
𝐹 ∗ - Coeficiente de Resistência de Arranque
c - Coesão
Ka - Coeficiente de Empuxo Ativo
Tmáx - Força de Tração Máxima
τ - Tensão Cisalhante
τ adm - Tensão Cisalhante Admissível
τ máx - Tensão Cisalhante Máxima
𝐻 - Altura do Muro
𝐿𝑖 - Comprimento Total do Reforço
𝑆𝑣, 𝑖 - Espaçamento Vertical Constante
𝑇𝑑, 𝑖 - Tração por Unidade de Comprimento de Reforço
𝑙𝑎, 𝑖 - Comprimento do Reforço na Zona Resistente
𝑞 - Eventuais Cargas Uniformemente Distribuídas
𝑧, 𝑖 - Espessura da Camada
𝛾𝑧, 𝑖 -Tensão Vertical ao Nível do Reforço
𝛿ℎ, 𝑖 - Tensão Horizontal
𝜃 - Ângulo de Atrito
𝜎 𝑎𝑑𝑚 - Tensão Vertical Admissível
𝜎 𝑚á𝑥 - Tensão Vertical Máxima
Ea - Empuxo Ativo
N - Força Normal
M - Momento
Fck – Resistência característica do Concreto
Fyd – Resistência ao Escoamento do Aço
Mpa – Mega Pascal
m - Metro
mm - Milímetro
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS............................................................................................................ 16
2.1 Geral ...................................................................................................................... 16
2.2 Específico .............................................................................................................. 16
3 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 17
3.1 Taludes .................................................................................................................. 17
3.1.1 Talude Natural .................................................................................................... 18
3.1.2 Talude Artificial .................................................................................................. 18
3.1.3 Parâmetros de Resistência.................................................................................... 18
3.1.3.1 Ângulo de Atrito...................................................................................... 20
3.1.3.2 Coesão..................................................................................................... 20
3.1.4 Fatores de Instabilidade em Taludes.................................................................... 21
3.2 Contenção de Taludes........................................................................................... 22
3.2.1 Muro de Arrimo ................................................................................................. 23
3.2.1.1 Gabiões.................................................................................................... 24
3.2.1.2 Muro de Flexão........................................................................................ 25
3.3 Geossintéticos em Reforço de Solo....................................................................... 26
3.3.1 Características dos Geossintéticos....................................................................... 30
3.3.2 Estabilidade de Maciços Reforçados com Geossintéticos ................................... 33
3.3.3 Interação Solo-Reforço........................................................................................ 35
3.3.4 Detalhes Construtivos.......................................................................................... 36
3.3.5 Danos na Fase de Instalação................................................................................. 37
3.3.6 Resistência à Degradação Ambiental................................................................... 38
3.3.7 Fatores de Redução.............................................................................................. 38
3.3.7.1 Fator de Redução Parcial.......................................................................... 38
3.3.7.2 Fator de Redução Total............................................................................ 39
3.4 Dimensionamento do Geossintético..................................................................... 39
4 METODOLOGIA ................................................................................................... 44
4.1 Objeto de Pesquisa................................................................................................ 44
4.2 Instrumentos de coleta de dados.......................................................................... 44
4.2.1 GEO 5.................................................................................................................. 45
4.2.2 GawacWin........................................................................................................... 45
4.3 Procedimento de coleta de dados......................................................................... 45
4.4 Análise dos dados.................................................................................................. 46
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................... 47
5.1 Dimensionamento................................................................................................. 47
5.1.1 Muro de Gabião................................................................................................... 47
5.1.2 Muro à Flexão...................................................................................................... 49
5.1.3 Muro Reforço com Geossintético........................................................................ 54
5.2 Orçamento e Viabilidade Técnica........................................................................ 60
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 63
REFERENCIAS ........................................................................................................ 64
14

1 INTRODUÇÃO

O cenário atual da maioria das metrópoles brasileiras vem sendo impactado


desde a metade do século XX por um grande processo de urbanização, devido ao êxodo rural
que trouxe milhares de pessoas para os grandes centros urbanos. Segundo Silva (1993) e Lima
(1998), o maior problema detectado para as cidades brasileiras não é apenas o seu crescimento
desordenado, mas a concentração da população.
O desenho das cidades, bem como a formação da paisagem urbana é decorrente, dentre
outros fatores, da interação das atividades sociais e o meio ambiente. Podendo-se considerar
então a forma urbana como produto das ações do homem sobre o meio natural, tornando-se
necessário estabelecer uma relação harmônica entre este meio e os objetos construídos
(MELLO, 2002). Porém, as cidades na maioria das vezes não estão preparadas para receber um
aumento populacional, fazendo com que esse crescimento desordenado acarrete uma série de
problemas sociais e ambientais. Essa população em sua maioria por não encontrar condições
em se realocar em bairros com uma mínima infraestrutura, geralmente são destinados a habitar
zonas consideradas de risco, como por exemplo os taludes.
Segundo Dyminski (1997), talude pode ser definido como uma superfície inclinada que
delimita um maciço terroso ou rochoso. Ao habitar nessas áreas, os moradores colocam em
risco a própria vida e das pessoas que moram próximas, pois aumentam a instabilidade do talude
com a sobrecarga gerada pelas residências e também ao retirarem a vegetação, que protege o
superfície da encosta para a água não penetrar na mesma.
O deslizamento é um processo natural de ordem geológica e climatológica,
caracterizado por quaisquer deslocamentos de rochas ou solo, sob o efeito da gravidade quase
sempre potencializado pelo aumento das taxas de precipitação, aumento da urbanização e
desenvolvimento de áreas sujeitas a escorregamentos e desflorestamento contínuo destas áreas.
Quando os deslizamentos ocorrem em zonas habitadas podem destruir as moradias
deixando muitas famílias desabrigadas e como em alguns casos gerando até vítimas fatais, como
cita Haidar e Santos (2018), 14 pessoas morreram em deslizamento de terra em Niterói- RJ.
Para estabilizar os taludes e evitar os deslizamentos causados pelo próprio peso e/ou de
carregamentos externos, é necessário a execução de contenções, que são responsáveis por
oferecer resistência à movimentação ou à ruptura destes. A estabilização pode ser realizada sem
ou com estruturas de contenção e também por proteção de movimentos de massa. Obras sem
estruturas de contenção compreende o retaludamento, proteção superficial e estabilização de
15

blocos. As obras com estruturas de contenção compreende os muros de arrimo, contenção com
terra armada, placa pré-moldada de concreto com ancoragem metálica ou geossintéticos. As
contenções de massas movimentadas podem ser realizadas por barreira vegetal ou muro de
espera.
A escolha do tipo de contenção a ser utilizada, conforme Barros (2011) deve levar em
consideração três fatores básicos: fator físico, fator geotécnico e fator econômico. O fator físico
compreende, de forma resumida, a altura da estrutura de contenção e o espaço disponível para
a execução da mesma. Já o fator geotécnico leva em consideração o tipo de solo a conter e a
capacidade de suporte do solo da base, além da presença de lençol freático. Por fim, o fator
econômico está relacionado à disponibilidade de mão-de-obra qualificada e materiais, tempo
de execução e custo final da estrutura.
De acordo com Cunha (1991), os muros de arrimo ou de gravidade são obras de
contenção que têm a finalidade de restabelecer o equilíbrio da encosta, através de seu peso
próprio, suportando os empuxos do maciço. Durante muitos anos as estruturas de contenção
eram, quase exclusivamente, feitas de concreto e eram projetadas como muros de gravidade, os
quais são essencialmente estruturas rígidas que não podem acomodar assentamentos
diferenciais muito elevados. Com o aumento da altura do solo a ser retido e más condições do
solo de fundação, o custo dos muros de contenção reforçados com concreto aumenta
rapidamente.
Estruturas de contenção em solo reforçado têm sido uma solução muito eficiente
para resolver situações na engenharia que envolvem a estabilização de estruturas civis e de
taludes. A incorporação de elementos de reforço, tais como os geossintéticos, é cada vez mais
popular, uma vez que os mesmos oferecem rápida e fácil instalação, redução de custos,
diferentes geometrias e maior segurança, devido ao controle tecnológico industrial que estes
materiais passam.
16

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Análise de viabilidade técnica-econômica entre técnicas usuais para contenção de aterro


e o uso de geossintéticos.

2.2 Específicos

 Dimensionar algumas contenções, são elas: muro de gabião, muro de flexão e solo
reforçado com geossintético;
 Realizar um orçamento para cada contenção;
 Promover uma análise comparativa entre os custos dessas soluções a fim de
determinar a solução com melhor custo;
17

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo será apresentado alguns conteúdos de fundamental importância para o


desenvolvimento deste trabalho. Será realizado um estudo, com o auxílio de literaturas,
referente a taludes, seus parâmetros de resistência, contenção, técnicas usuais para contenção
de aterros, solo reforçado com geossintético e todas as informações pertinentes para seu uso.

3.1 Taludes

Compreende-se por taludes quaisquer superfícies inclinadas que limitem um maciço de


terra, rocha ou terra e rocha. Estes por sua vez podem ser naturais (encostas), ou artificiais,
como é o caso dos taludes de corte e aterros (CAPUTO, 1988).
Os taludes podem ser definidos de acordo com o seu modo de formação, os taludes ou
encostas naturais são definidos com superfícies inclinadas de maciços terrosos, rochosos ou
mistos, originados por processos geológicos, geomorfológicos e ações antrópicas. Talude de
corte é entendido como um talude originado de escavações antrópicas diversas. Talude artificial
se refere ao declive de aterros construídos a partir de materiais de diferentes granulometrias e
origens incluindo rejeitos industriais, urbanos ou de mineração (PIMENTA, 2005).

Figura 1- Talude e suas terminologias.

Fonte: CAPUTO (1988).

Os maciços sob o aspecto genético podem ser agrupados em duas categorias: naturais e
artificiais. Estes exibem uma homogeneidade mais acentuada que os maciços naturais e, por
isto, adequam-se melhor às teorias desenvolvidas para as análises de estabilidade
(MARANGON, 2008).
18

3.1.1 Talude Natural

Carrasco (2014) define os taludes naturais como já existentes, pouco homogêneos e com
possíveis variações geológicas e estruturais. Os acidentes e incidentes observados nestes taludes
mostram que é possível classificar o tipo de instabilidade em três grandes conjuntos:
 Deslizamentos em taludes com superfície de cisalhamento bem definidas no interior,
ditos taludes infinitos e taludes finitos;
 Escorregamentos argilosos visco-plásticos ou fluídos (mudflow);
 Escorregamentos por perda de coesão, liquefação.

3.1.2 Talude Artificial

Passos et al (2010) descreve os taludes artificiais como sendo os declives de aterros


diversos construídos pelo homem, onde as ações humanas alteram as paisagens primeiras,
atuando sobre os fatores ambientais, modificando a vegetação, alterando topografias, podendo
inclusive alterar o clima da região.
Por se tratar de uma ação do homem, o material usado pode ser determinado afim de um
melhor desempenho estrutural, e é exatamente o que acontece. De acordo com Pereira (2013),
exibem uma homogeneidade mais acentuada que os maciços naturais e, por isto, adequam-se
melhor às teorias desenvolvidas para as análises de estabilidade.
Para Carrasco (2014) os taludes artificiais são essencialmente afetados por
escorregamentos e fenômenos de fluência. Podem ser subdivididos em:
 Taludes de escavação;
 Taludes de aterro;
 Taludes mistos (de escavação e aterro).

3.1.3 Parâmetros de resistência dos solos

A resistência ao cisalhamento de um solo pode ser definida como a máxima tensão de


cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou a tensão de cisalhamento do solo
no plano em que a ruptura estiver ocorrendo (PINTO, 2002).
Teles (2013) aponta que quando se utiliza o critério de resistência de Mohr-Coulomb, a
resistência dos solos é definida pelos parâmetros ângulo de atrito (𝜃) e intercepto de coesão (c).
19

O atrito está vinculado à tensão normal aplicada ao solo. Há duas leis básicas sobre o atrito que
seguem abaixo:
 A resistência ao cisalhamento entre dois corpos é proporcional à força normal entre
esses dois corpos;
 A resistência ao cisalhamento entre dois corpos é independente das dimensões desses
dois corpos.
A tensão cisalhante (τ), necessária para provocar deslizamento, aumenta com o aumento da
tensão normal (σ). A inclinação da linha que relaciona as duas tensões, normal e cisalhante,
define o (𝜃). Caso a descontinuidade for selada, ou rugosa, quando a tensão normal for igual a
zero, será necessário um determinado valor da tensão cisalhante para provocar movimentação.
Este valor inicial da tensão de cisalhamento define a coesão no plano de descontinuidade
(ALMEIDA, 2016).

Figura 2- Correlação entre a tensão de cisalhamento e a tensão normal.

Fonte: ALMEIDA (2016).

A forma de determinação desses dois parâmetros depende sempre dos recursos


disponíveis, isto é, para um resultado preciso o ideal é fazer ensaios em laboratórios com
amostras inalteradas de solo.
“O ensaio de cisalhamento direto é o mais antigo e comum procedimento para a
determinação da resistência ao cisalhamento de solos e se baseia diretamente no
critério de ruptura de Mohr-Coulomb, ele sempre é conduzido na condição adensado
e drenado. Consiste em ensaiar uma amostra de um determinado solo dentro de uma
caixa bipartida com o plano de ruptura definido. O ensaio relaciona diretamente
tensões normais e tensões cisalhantes para a determinação da envoltória de resistência,
20

obtendo-se os parâmetros 𝜃 e c da amostra ensaiada, responsáveis pela resistência ao


cisalhamento do solo.” (DADALTO e DALMONECH, 2015)

Contudo não é sempre que se pode fazer um ensaio em laboratório de um solo, materiais
com uma maior granulometria (areia, pedregulhos, etc.) tornam-se um pouco mais dificultosos
de se levar uma amostra inalterada para o laboratório. Marangon (2006) aponta outros métodos
de obtenção do 𝜃 e da c, todos por meio de correlações empíricas com o SPT (Standard
Penetration Test).
A seguir será abordado as principais características do ângulo de atrito e da coesão do
solo.

3.1.3.1 Ângulo de atrito

O contato entre as partículas, a partir da “Teoria Adesiva do Atrito” de TERZAGHI, se


dá apenas nas protuberâncias mais salientes. Sendo assim, as tensões transmitidas nos contatos
entre as partículas de solo são de valor muito elevado, sendo razoável admitir que haja
plastificação do material na área dos contatos entre as partículas. Deste modo, caso haja
acréscimos de carregamento no solo, a área de contato entre as suas partículas (zona
plastificada), tende a aumentar proporcionalmente ao acréscimo de carregamento, resultando
em uma maior resistência por atrito do solo (MACHADO, 1997).
O ângulo de atrito se traduz, segundo Pinto (2002), como sendo o ângulo máximo que
a força transmitida pelo corpo à sua superfície pode fazer com a normal ao plano de contato
sem que ocorra deslizamento. Diz ainda que se atingido este ângulo, a componente tangencial
é maior do que a resistência ao deslizamento, que depende da componente normal.
Almeida (2016) estabelece que o fenômeno de atrito nos solos se diferencia do
fenômeno de atrito entre dois corpos porque o deslocamento se faz envolvendo um grande
número de grãos, podendo eles deslizar entre si ou rolarem uns sobre os outros, acomodando-
se em vazios que encontrem no percurso.

3.1.3.2 Coesão

Segundo Machado (1997), a coesão consiste na parcela de resistência de um solo que


existe independentemente de quaisquer tensões aplicadas e que se mantém, ainda que não
necessariamente em longo prazo, se todas as tensões aplicadas ao solo forem removidas.
De acordo com Caputo (1988), existe dois tipos de coesão, a coesão aparente e a coesão
verdadeira. A primeira, é resultante da pressão capilar da água contida nos solos, e age como
21

se fosse uma pressão externa. A segunda, é devida às forças eletroquímicas de atração das
partículas de argila.

3.1.4 Fatores de Instabilidade em Taludes

Para o ABGE (2015) as causas de instabilidade de taludes podem ser externas


(modificações da geometria da encosta, retirada de proteção superficial vegetal ou de solo mais
resistente, condições climáticas e solicitações sísmicas) e internas (diminuição da resistência
do terreno, variação do nível d'água, erosão interna e liquefação espontânea). As ações de
estabilização de encosta são a mudança em sua geometria, construção de sistemas de drenagem,
e/ou reforço do maciço com obras de contenção.
Todas essas solicitações provocam uma série de possíveis desestabilizações do talude,
tornando necessário algumas medidas pra retomar a segurança do maciço. Segundo Bassaneli
et al. (2015) as medidas de estabilização devem ser adotadas de acordo com condições
existentes, para tal a realização de estudos geotécnicos e geológicos irá permitir a definição das
características geotécnicas dos materiais existentes bem como a definição dos possíveis
mecanismos de ruptura. A estabilidade de um talude pode ser alcançada de duas formas,
diminuindo as forças instabilizadoras ou aumentando as forças estabilizadoras.

Tabela 1 - Tipos de problemas relacionados aos taludes, formas de sua ocorrência e as principais causas
responsáveis pelo ocorrido.

TIPO DE
FORMA DE OCORRÊNCIA PRINCIPAIS CAUSAS
PROBLEMA
 Em talude de corte e aterro (em  Deficiência de drenagem;
sulcos e diferenciada);  Deficiência de proteção
 Longitudinal ao longo da superficial;
plataforma;  Concentração de água
Erosão  Localizada e associada a obras superficial e/ou intercepção do
de drenagem (ravinas e lençol freático;
boçorocas);  Deficiência ou inexistência de
 Interna em aterros (piping). drenagem interna.
22

 Empastilhamento superficial em  Secagem ou umedecimento do


taludes de corte; material;
 Superficial;  Presença de argilo-mineral
 Profundo; expansivo ou desconfinamento
Desagregação
superficial  Formas e dimensões variadas. do material;
 Inclinação acentuada do talude;
 Relevo energético;
 Descontinuidades do solo e
rocha.
 Superficial em corte ou encostas  Saturação do solo;
naturais;  Evolução por erosão;
 Profundo em cortes;  Corte de corpo de tálus;
 Formas de dimensões variadas;  Alteração por drenagem;
Escorregamento
 Movimentação de grandes  Compactação inadequada da
em corte
dimensões e generalizadas em borda.
corpo de tálus;
 Atingindo a borda do aterro;
 Atingindo o corpo do aterro.
 Atingindo o corpo do aterro.  Deficiência de fundação;
 Deficiência de drenagem;
 Deficiência de proteção
Escorregamento
superficial;
em aterro
 Má qualidade do material;
 Compactação inadequada;
 Inclinação inadequada do talude.
 Deformação vertical da  Deficiência de fundação;
Recalque em plataforma.  Deficiência de drenagem;
aterro  Rompimento do bueiro;
 Compactação inadequada.
 Geralmente em queda livre.  Ação da água e de raízes na
Queda de
blocos
descontinuidade do maciço
rochoso.
 Movimento do bloco por  Descalçamento da base por
Rolamento de
blocos
rolamento em cortes ou encostas erosão.
naturais.
Fonte: MARANGON (2008).

3.2 Contenção de Taludes

Contenção é todo elemento ou estrutura destinado a contrapor-se a empuxos ou tensões


geradas em maciço cuja condição de equilíbrio foi alterada por algum tipo de escavação, corte
ou aterro (RANZINI e NEGRO JR., 1998).
De acordo com Júnior (2018) elas são implantadas nos taludes, naturais ou não, a fim
de garantir a sua estabilidade, seja oferecendo resistência à movimentação ou à ruptura, ou
ainda reforçando o maciço de modo a resistir a solicitações que possam levar a instabilidade.
23

De acordo com Wolle (1972), estas estruturas podem ser divididas em três grupos, são
eles:
 Obras de contenção passiva: que são introduzidas no talude visando oferecer reação contra
tendências de movimentação do mesmo, ex.: muros de arrimo em geral, cortinas cravadas,
etc.;
 Obras de contenção ativa: introduzem compressão no terreno visando aumentar sua
resistência por atrito além de oferecer reações à tendência de movimentação do talude, ex.:
cortinas atirantadas, tirantes isolados, etc.
 Obras de reforço do terreno: são construções em que um ou mais elementos são
introduzidos no solo com a finalidade de aumentar sua resistência para que possa suportar
as tensões geradas por um desnível abrupto, ex.: reforço de solo com geossintéticos, terra
armada, solo grampeado, jet-grouting, etc.
Neste trabalho será abordado as soluções mais usuais para contenção de talude de aterro,
são elas: muro de arrimo, com enfoque em muro de gabião e muro de flexão, que são exemplos
de obras de contenção passiva, terra armada e terra reforçada com geossintéticos, que são
exemplos de obras de reforço do terreno.

3.2.1 Muro de Arrimo

De acordo com Cunha (1991), os muros de arrimo também chamado de muro à


gravidade, são obras de contenção passiva, no qual o equilíbrio da encosta se dá através de seu
próprio peso, suportando os empuxos do maciço.
Segundo Santana (2006), o atrito de sua base contra o solo deve ser suficiente para
assegurar a estabilidade em relação a translação do muro, e a geometria trapezoidal destina-se
a evitar o tombamento por rotação em torno da aresta externa da base.
São indicados em situações de solicitações reduzidas já que, para tender a esforços
elevados, passam a demandar maior espaço para a implantação da base e podem se tornar
economicamente inviáveis pelo alto custo de execução.
Em função do tipo de material utilizado para a sua construção, estas estruturas podem
ser subdivididas em:
 Estruturas rígidas: são muito utilizadas, entretanto apresentam algumas limitações técnicas
e de aplicação pois exigem um bom terreno de fundação já que não aceitam recalques ou
assentamentos; necessitam de um eficiente sistema de drenagem e em geral o aterro não
24

pode ser feito antes da total conclusão da estrutura, ex.: muro a flexão, concreto ciclópico,
pedras argamassadas, etc.
 Estruturas flexíveis: são aquelas formadas por materiais deformáveis e que podem, dentro
de limites aceitáveis, adaptar-se a acomodações e movimentos do terreno, sem perder sua
estabilidade e eficiência, ex.: gabiões, blocos articulados, etc.

3.2.1.1 Gabiões

Os gabiões que vem do italiano gabbioni, “gaiolões”, é um tipo de muro de arrimo


flexível, e são constituídos pela superposição de gaiolas ou cestos de malhas de arame
galvanizado cheios com pedras cujos diâmetros mínimos devem ser superiores à abertura da
malha das gaiolas (RANZINI e NEGRO JR., 1998).
As principais características dos muros de gabiões são: a flexibilidade, que permite que
a estrutura se acomode aos recalques diferenciais; homogeneidade do bloco, permitindo que a
resistência seja a mesma em qualquer ponto da estrutura; os arames que a compõem, apresentam
dupla torção impedindo o desfiamento e também não corroem já que recebem revestimentos
especiais garantindo assim uma maior durabilidade; e são permeáveis (BARROS, 2005).
Esta solução é encontrada no mercado brasileiro em diferentes tipos e configurações. Os
principais tipos são: colchão reno, saco e caixa. Os gabiões tipo caixa são os mais indicados
para a construção de muro de contenção e são fornecidos em diversas dimensões. É uma peça
com formato de paralelepípedo, constituída de telas em malha hexagonal de dupla torção que
formam a base, as paredes verticais e a tampa. As paredes verticais laterais são presas à tela de
base e às demais paredes por processo mecânico de torção ou por um fio em espiral contínua,
o que garante perfeita união e articulação entre as telas. (BELGO BEKAERT ARAMES, 2014)
25

Figura 3- Muro de gabiões com degraus externos e internos

Fonte: BARROS (2009).

3.2.1.2 Muros de Flexão

São estruturas de arrimo, com seção transversal em forma de “L” ou “T” invertido que
resistem aos empuxos por flexão, utilizando parte do peso próprio do maciço, que se apoia sobre
a base para manter-se em equilíbrio. Em geral, são construídos em concreto armado, tornando-
se anti-econômicos para alturas acima de 5 a 7m. A laje de base em geral apresenta largura
entre 50 e 70% da altura do muro. A face trabalha à flexão sendo necessário empregar vigas de
enrijecimento, no caso de alturas maiores (LIMA, 2016).
Para muros com alturas superiores a cerca de 5 m, é conveniente a utilização de
contrafortes, para aumentar a estabilidade contra o tombamento. Tratando-se de laje de base
interna, ou seja, sob o retroaterro, os contrafortes devem ser adequadamente armados para
resistir a esforços de tração. No caso de laje externa ao retroaterro, os contrafortes trabalham à
compressão. Esta configuração é menos usual, pois acarreta perda de espaço útil a jusante da
estrutura de contenção. Os contrafortes são em geral espaçados de cerca de 70% da altura do
muro (GERSCOVICH, 2010).
26

Figura 4- Terminologia muro de flexão

Fonte: GERSCOVICH, 2010.

3.3 Geossintéticos em Reforço de Solo

Um dos modos de melhorar as características de um maciço terroso consiste na


introdução de elementos resistentes convenientemente orientados, os quais, pelas suas
características, aumentam a resistência e diminuem a deformabilidade do maciço. Neste
método, designado por reforço de solos, o comportamento global do maciço é melhorado à
custa da transferência de esforços para os elementos resistentes (SIEIRA, 2003).
O solo, que apresenta boa resistência à compressão e baixa resistência à tração, é
reforçado com elementos geossintéticos, já que estes possuem boa resistência à tração,
melhorando a resistência e reduzindo as deformações de obras como taludes íngremes,
estruturas de contenção, aterros sobre solos moles, aterros sobre estacas, aterros sobre terrenos
suscetíveis a subsidência, etc. (PALMEIRA, 2001).
27

Figura 6 - Exemplos de aplicações de geossintéticos como reforço de solos: a) estrutura de contenção de solo
reforçado; b) talude reforçado; c) recuperação de escorregamento; d) aterro sobre solo mole.

Fonte: JEWELL (1996).

Segundo Palmeira (2009), os geossintéticos são produtos poliméricos (sintéticos ou


naturais), cujas propriedades contribuem para melhoria de obras geotécnicas, nas quais eles
desempenham, principalmente, funções de reforço, filtração, drenagem, proteção, separação,
impermeabilização e controle de erosão superficial.
De acordo com Benjamin (2006), os principais componentes de maciços de solo
reforçado são o solo de aterro, os elementos de reforço e os elementos da face. No entanto, os
elementos de face não possuem função estrutural importante, sendo empregados com objetivo
estético e para evitar a ocorrência de instabilidades locais ou processos erosivos na face do
muro.
Barrantes (2013), afirma que essa técnica vem sendo usada desde os tempos mais
remotos, podendo ser observada, por exemplo, no caso do zigurate construído pelos
mesopotâmicos há cerca de 5 mil anos, utilizando solo reforçado com fibras vegetais, Figura 7.
28

Figura 7- Zigurate

Fonte: BEZERRA (2017).

BARRANTES (2016), dentro das principais vantagens técnicas associadas ao emprego


de solos reforçados, podem ser citadas as seguintes: os métodos simplificados de cálculo e a
fácil adaptação a diferentes tipos de taludes e de condições de solo; a não exigência de mão de
obra especializada e de equipamentos de alto valor; a flexibilidade das estruturas, permitindo
construções sobre solos relativamente moles ou deformáveis; geometria mais ousada e a
existência de diversas possibilidades para o acabamento das faces.
Porém, o que mais tem despertado a atenção de projetistas e de construtores são as
vantagens econômicas deste tipo de solução em comparação com outras formas de contenção.
Em geral, muros e taludes realizados com solos reforçados custam de 30% a 50% menos que
as soluções convencionais (BENJAMIN, 2006).
Quando uma massa de solo é carregada verticalmente, ela sofre deformações verticais
de compressão e deformações laterais de tração. Contudo, se a massa de solo estiver reforçada,
os movimentos laterais são limitados pela reduzida deformabilidade do reforço. Esta restrição
de deformações é obtida graças ao desenvolvimento de esforços de tração no elemento de
reforço. Neste caso, o solo tende a mover-se em relação ao reforço gerando tensões cisalhantes
na interface solo-reforço (SILVA, 2005).
29

Figura 8 - Elementos de solo com e sem reforço

Fonte: ABRAMENTO (1998).

As tensões cisalhantes na interface são absorvidas pelo reforço, que é então tracionado,
causando uma redistribuição das tensões no solo. Essa redistribuição de tensões gera uma
parcela de confinamento interno, adicional ao confinamento externo já existente. Um solo não
reforçado atinge a ruptura quando a tensão cisalhante excede a resistência ao cisalhamento do
solo em um determinado plano. Porém, quando a massa de solo está reforçada, há um aumento
do confinamento. Os geossintéticos absorvem e redistribuem os esforços da matriz de solo,
limitando as deformações laterais das estruturas reforçadas. A transferência favorável de
tensões é controlada por dois fatores básicos: a resistência à tração do geossintético sob
condições confinadas e a resistência ao arrancamento do geossintético da massa de solo
(SIEIRA, 2003).
30

3.3.1 Características dos Geossintéticos

Os geossintéticos são materiais confeccionados a partir de polímeros, os quais são


usados em combinação com solos, rochas ou outros materiais, como parte integrante de um
projeto, estrutura ou sistema geotécnico (SIEIRA, 2003).
Segundo Palmeira (2011), os polímeros mais empregados na confecção de
geossintéticos são os seguintes: polietileno (PE), poliéster (PET), polipropileno (PP),
policloreto de vinila (PVC), poliamida (PA), poliestireno (PS), elastômero de dieno-propileno-
etileno (EPDM) e polietileno cloro-sulfonado (CSPE).
Entre os tipos de geossintéticos comumente empregados na engenharia civil podem ser
citados os seguintes: geotêxteis (tecidos e não tecidos), geogrelhas, geocélulas, geomantas,
geodrenos, geospaçadores, geoexpandidos, geotiras, geofibras, geomembranas e geocompostos
(PALMEIRA, 2014).
Figura 9 - Geossintéticos utilizados em obras geotécnicas

Fonte: PALMEIRA (2014).


31

A seleção desses materiais para atender as exigências técnicas estabelecidas em projeto


deve-se basear em suas propriedades. Essas propriedades são determinadas a partir de ensaios
de campo, ou, ensaios de laboratório, os quais para serem realistas, precisam reproduzir os
aspectos importantes da interação do geossintético com o meio em que está inserido. Além
disso, esses materiais devem apresentar vida útil compatível com as das obras que são
empregados. (VERTEMATTI, 2004).
Segundo Sieira (2003), as propriedades relevantes dos geossintéticos para fins de
engenharia são:
 Propriedades Físicas: Dentre as geogrelhas as principais propriedades físicas são a massa
por unidade de área, a espessura e a densidade relativa dos polímeros que os compõem.
 Propriedades Mecânicas: Durante a fase de instalação, as principais propriedades associadas
às solicitações mecânicas são resistência à tração, resistência à penetração e à perfuração,
resistência a danos de instalação e resistência à abrasão. Já durante a vida útil da obra são a
resistência à tração, resistência à penetração e à perfuração, resistência ao deslizamento na
interface, resistência ao arrancamento e resistência à fluência.
 Propriedades Hidráulicas: Dentre os geotêxteis é necessário que se conheçam a
permeabilidade normal à manta, permeabilidade ao longo do plano da manta e porometria.
Existem alguns requisitos básicos para que o geossintético cumpra com a sua função de
elemento de reforço, entre as quais podem ser citadas:
 Resistência e rigidez à tração compatíveis com os requisitos do projeto;
 Comportamento aceitável em relação à fluência;
 Resistência aceitável contra danos de instalação;
 Grau de interação adequado com o solo circundante;
 Durabilidade compatível com o tempo de vida e com as características do projeto.
Palmeira (2001) afirma que os geotêxteis e as geogrelhas são os materiais mais
utilizados como reforço em estruturas de contenção e em taludes íngremes. Os geotêxteis são
considerados geossintéticos muito versáteis, uma vez que, além de cumprir com a função de
reforço de solos, também podem ser utilizados com a função de drenagem, de filtração e de
separação. Os geotêxteis podem ser divididos em dois grupos: tecidos e não tecidos,
classificados em função do arranjo estrutural de suas fibras.
Os geotêxteis tecidos são fabricados segundo processos de tecelagem, formando
estruturas planas por meio da ligação ordenada dos filamentos em duas dimensões. O processo
de fabricação pode ocorrer por meio do entrelaçamento de fios, de monofilamentos ou de
32

laminetes (fitas). Esse processo pode ser feito segundo direções preferenciais, denominadas
trama (sentido transversal) e urdume (sentido longitudinal) (PERALTA, 2007).
Os geotêxteis não tecidos também são estruturas planas, mas são caracterizados por ter
serem constituídos por filamentos ou fibras distribuídas aleatoriamente. A união entre
filamentos ou fibras pode ser realizada por entrelaçamento mecânico com agulhas (agulhado),
por fusão parcial (termoligado), com o uso de produtos químicos (resinado) (BENJAMIN,
2006).

Figura 10 - Primeiro muro reforçado com geotêxtil no Brasil

Fonte: CARVALHO et al., 1986.

Segundo Abramento et al. (1998), as geogrelhas são mais rígidas que os geotêxteis e,
portanto, são utilizadas basicamente como reforço, embora possam ser utilizadas em casos
específicos como elemento de separação. Entre seus principais tipos podem ser citadas: as
geogrelhas unidirecionais, que apresentam elevada resistência à tração apenas em uma direção;
e as geogrelhas bidirecionais, que apresentam elevada resistência à tração nas duas direções
principais.
Os polímeros mais utilizados na confecção de geogrelhas são o polietileno de alta
densidade (PEAD), o poliéster (PET) e o acetato de polivinila (PVA). Tais polímeros são
caracterizados pela baixa deformabilidade e pela elevada resistência à tração. Entre as
principais vantagens no uso de geogrelhas como elementos de reforço estão: o bom
intertravamento com o solo, a fácil manipulação, as baixas deformações na hora de instalação
e as elevadas resistência e rigidez à tração (BARREIRA, 2016).
33

Figura 11- Execução de muro reforçado com geogrelhas

Fonte: INGEOSOLUM (2018).

3.3.2 Estabilidade de Taludes Reforçados com Geossintéticos

As inclusões de geossintéticos reduzem as deformações no interior da massa reforçada,


conferindo ao solo um efeito similar ao do aumento do confinamento. Este confinamento faz
com que o material reforçado apresente um melhor comportamento mecânico. A zona
reforçada, como um todo, atua similarmente a um muro de peso convencional. O colapso de
um sistema solo reforço pode ocorrer interna ou externamente à zona reforçada. (SIEIRA,
2003).
O dimensionamento de estruturas de solo reforçado é geralmente dividido em duas
etapas de análise: estabilidade externa e estabilidade interna do sistema. A estabilidade externa
é avaliada assumindo-se que a massa de solo se comporta como um corpo rígido. A avaliação
dos mecanismos de ruptura tradicionalmente leva em conta as seguintes verificações, Figura
12: a) deslizamento ao longo da base; b) tombamento em torno do pé da estrutura; c) capacidade
de carga, e; d) ruptura global por uma superfície envolvendo todo o maciço reforçado
(PERALTA, 2007).
34

Figura 12- Mecanismos de ruptura externa: a) deslizamento ao longo da base; b) tombamento em torno do pé da
estrutura; c) capacidade de carga, e; d) ruptura global por uma superfície envolvendo todo o maciço reforçado

Fonte: PERALTA (2007).

Na análise da estabilidade interna, o maciço reforçado pode ser dividido em duas


regiões, denominadas zona ativa e zona resistente, as quais são definidas por superfícies
potenciais de ruptura. Na zona ativa considera-se a porção do solo que tende ao escorregamento
e encontra-se instável. Por outro lado, a zona resistente é a região na qual a massa do solo está
estável. Por esse motivo, a colocação do reforço é feita de maneira que atravesse a zona ativa
com uma ancoragem adequada na zona resistente. Na zona ativa as tensões de cisalhamento
atuantes no reforço são direcionadas para a face do talude, enquanto que na zona resistente o
sentido das tensões ocorre de forma oposta (BARRANTES, 2016).
Duas condições devem ser verificadas: a ruptura do reforço e o arrancamento do reforço.
No primeiro caso, a inclusão rompe por falta de resistência à tração. No primeiro caso, a ruptura
pode ser catastrófica, pois a força anteriormente suportada pelo reforço em ruptura é transferida
para os outros reforços, o que pode dar origem ao desenvolvimento de uma ruptura progressiva
(LOPES, 1992).
No segundo caso, a ruptura ocorre por falta de aderência entre o solo e o reforço e
quando o comprimento de ancoragem do reforço na zona resistente é insuficiente, podendo
provocar deformações excessivas na massa reforçada (SIEIRA, 2003).
35

3.3.3 Interação Solo-Reforço

Segundo Palmeira (2014), na maioria dos solos de boa qualidade, o comprimento de


ancoragem é relativamente pequeno, o comprimento adotado afetará não somente a
estabilidade, como as deformações e o custo das estruturas de solo reforçado. Portanto, o
conhecimento da interação solo-reforço é muito importante para a melhoria dos critérios de
projeto e redução dos custos.
A interação entre o solo e o geossintético depende de uma série de fatores, entre os quais
podem ser citados: tipo e características do reforço; propriedades de resistência e de
deformabilidade do solo; geometria, resistência e rigidez do geossintético; e as condições de
contorno (BARRANTES, 2016).
O mecanismo de interação solo-reforço apresentado pelas geogrelhas difere daquele
apresentado por outros tipos de reforços como, por exemplo, os geotêxteis e as geotiras. Nestes
elementos, a transferência de tensões ocorre em função do atrito que os mesmos desenvolvem
com o solo, em razão do seu formato. Por outro lado, as geogrelhas apresentam como uma de
suas principais características a existência de regiões vazadas, nas quais o solo pode penetrar,
fazendo com que a interação entre os elementos de geogrelha e o solo ocorra por cisalhamento
nas interfaces e por resistência passiva ao longo dos elementos transversais (EHRLICH &
BECKER, 2014).
Segundo Mitchell e Villet (1987), os mecanismos de transferência de tensões entre o
solo e os elementos de reforço dependem do atrito entre os mesmos, e, no caso de geogrelhas,
da resistência passiva. A transferência de tensões por atrito se origina no contato do solo com a
área da superfície plana do geossintético, sendo também função da rugosidade do mesmo, do
grau de confinamento do elemento de reforço e das condições da interface. Por outro lado, a
transferência de tensões por resistência passiva deve-se à resistência por ancoragem dos
elementos transversais da geogrelha no maciço, Figura 13.
36

Figura 13- Mecanismos de interação solo-geogrelha

Fonte: PALMEIRA (2001).

De acordo com Bergado et al. (1994), ainda é difícil estimar a parcela de resistência que
cabe a cada um dos mecanismos. Porém se sabe que quanto maior for a área sólida em planta
da geogrelha, maior será a parcela de resistência oriunda do cisalhamento das interfaces. Para
o caso de geogrelhas com tiras finas, em torno de 10% da resistência mobilizada corresponde à
parcela de cisalhamento. Para os estudos dos mecanismos de interação solo-geogrelha
normalmente são empregados os ensaios de cisalhamento da interface ou de arrancamento.

3.3.4 Detalhes Construtivos

De acordo com Santos (2004), os principais procedimento e recomendações que devem


ser seguidas para assegurar uma boa qualidade de execução em uma obra de reforço de talude
com uso de geossintético, são os seguintes:
 Armazenamento em local apropriado afim de evitar danos por intempéries ou
vandalismo.
 A superfície que irá receber os reforços deve estar preparada, nivelada e livre de
entulhos, tocos, pedras ou qualquer tipo de objeto que possa danificar os reforços
durante sua instalação, evitando atrasos desnecessários e perdas consideráveis de
material.
37

 Ao posicionar o reforço no local definitivo, deve-se assegurar que este esteja com sua
direção de maior resistência (geralmente longitudinal), totalmente paralela ao eixo de
solicitação.
 Antes de lançar o aterro, inspecionar os reforços afim de evitar-se a existência de rugas,
ondulações e dobras nos mesmos, as quais poderiam criar pontos de fraqueza na
estrutura.
 Durante a operação de lançamento e compactação do solo de aterro, deve-se evitar que
as rodas dos equipamentos mecânicos estejam em contato direto com os reforços, pois
isso certamente os danificará.
 O aterro não deve ser lançado em camadas superiores a 0,30m e sua compactação
mínima de 95% de Proctor Normal é recomendada.
 Ao finalizar a obra não esquecer de executar sistemas de drenagem superficiais e anti-
erosivos, fundamentais para garantir a vida útil da estrutura.

3.3.5 Danos na Fase de Instalação

Os danos que ocorrem durante a fase de instalação do reforço são ocasionados pelo
manuseio, lançamento, espalhamento e compactação do material de aterro em contato com o
mesmo, e provocam uma perda da resistência do geossintético, Figura 14. Em geral, será mais
suscetível a danos de instalação o geossintético de reforço, quanto menor for a sua gramatura.
Um projeto de solo reforçado deve levar em conta a redução de resistência por meio de fatores
de redução (𝐹𝑅𝑑𝑚) aplicados à resistência de referência do reforço (GEOSOLUÇÕES, 2015)

Figura 14- Compactador danificando a geogrelha

Fonte: GEOSOLUÇÕES, (2015).


38

3.3.6 Resistência à Degradação Ambiental

Para o elemento de reforço manter-se íntegro durante a vida de serviço da obra, este
deve ser fabricado com polímero resistente às condições encontradas no solo. No caso de haver
substâncias agressivas em contato com o reforço, é recomendável a realização de ensaio de
durabilidade, para a avaliação do comportamento do reforço (GEOSOLUÇÕES, 2015).
Embora a experiência tenha mostrado que o efeito da degradação do reforço tem sido
mínimo (Palmeira, 2001) e, em alguns casos, a expectativa de durabilidade dos geossintéticos
supere algumas centenas de anos (Koerner, 1998), é recomendada a utilização de fatores de
redução para levar em consideração o efeito da degradação ambiental (𝐹𝑅𝑎𝑚𝑏), na resistência
do geossintético, principalmente no caso de obras com longa vida de serviço.

3.3.7 Fatores de Redução

O fator de redução indica a relação entre a propriedade índice e a propriedade funcional


do geossintético sob uma condição específica de utilização. A propriedade índice é a
propriedade inerente ao geossintético, independente das condições de utilização. Essa
propriedade é obtida em laboratório, através de métodos de ensaio estabelecidos em norma, os
quais determinam as características básicas do produto, sem levar em conta sua interação com
o meio no qual está inserido e as cargas solicitantes impostas. Por outro lado, a propriedade
funcional é a propriedade que o geossintético apresenta nas circunstâncias da utilização,
considerando as condições, o tipo e a duração das solicitações, às quais será submetido durante
o tempo de vida de serviço requerido no projeto (IGSBR 03, 2014).

3.3.7.1 Fator de Redução Parcial

Os fatores de redução parciais podem ser determinados através de ensaios de campo ou


de laboratório, realizados para as condições específicas de duração e intensidade de solicitação.
Podem também ser estimados por ensaios com materiais-padrão, que estejam associados às
condições de campo, ou através da experiência acumulada. Denomina-se fator de redução
parcial (𝐹𝑅𝑃), a relação entre a resistência à tração de um geossintético recém-fabricado
(propriedade índice) e a resistência à tração após um tipo de solicitação; por exemplo: os danos
de instalação ocorridos no processo construtivo. Para cada condição de solicitação que pode
resultar uma redução da propriedade índice do geossintético, deve-se avaliar um fator de
39

redução parcial, como, por exemplo, além dos danos de instalação, as solicitações do tipo físico-
químicas de temperatura e química dos meios adjacentes, as emendas, as solicitações mecânicas
e hidráulicas e os processos de degradação inerentes ao meio ambiente, associados à
durabilidade do geossintético, como o tempo de exposição a raios UV. Para os geossintéticos
de reforço, os fatores de redução parciais usuais são: por fluência à tração de instalação (𝐹𝑅𝑃𝑓),
por danos de instalação (𝐹𝑅𝑃𝑑𝑖), pela condição ambiente/durabilidade da instalação (𝐹𝑅𝑃𝑑 ),
por ataque químico (𝐹𝑅𝑃𝑎𝑞). O projeto executivo deve adotar fatores de redução parciais para
o geossintético fornecidos pelos fabricantes ou obtidos através de ensaios pelo projetista ou
proprietário da obra (IGSBR 03, 2014).

3.3.7.2 Fator de Redução Total

O fator de redução total (𝐹𝑅𝑇) é o fator de redução aplicado à propriedade índice para
estimar a propriedade funcional do geossintético, estabelecido com base nas condições
específicas de determinado projeto, e que considera todas as condições que podem implicar em
redução da propriedade do geossintético, que é necessária para desempenhar a função
pretendida no projeto. O (𝐹𝑅𝑇) é o resultado do produto dos (𝐹𝑅𝑃), Equação 1, definidos por
função e tipo de aplicação, multiplicado por um fator de segurança associado às incertezas do
processo de fabricação, da sinergia entre fatores e dos ensaios para a determinação dos fatores
de redução parciais (IGSBR 03, 2014).

𝐹𝑅𝑇 = 𝐹𝑅𝑃𝑓 . 𝐹𝑅𝑃𝑑𝑖 . 𝐹𝑅𝑃𝑑 . 𝐹𝑅𝑃𝑎𝑞 . 𝐹𝑆𝑖𝑛𝑐 𝐸𝑞. 1


Onde:
 𝐹𝑆𝑖𝑛𝑐: é o fator de segurança para incertezas.

3.4 Dimensionamento do Geossintético

De acordo com Ferreira (2010), desde o aparecimento e implementação dos muros de


solo reforçado, têm sido propostos diversos métodos de dimensionamento. Porém, a prática
corrente de dimensionamento deste tipo de estruturas consiste na determinação da geometria e
das características resistentes dos reforços, que assegurem a estabilidade interna e externa,
utilizando métodos de equilíbrio limite.
40

Na análise de estabilidade externa dos muros de solo reforçado, a estrutura é considerada


como um material homogêneo (solo e reforços), sendo a análise efetuada considerando os
modos de rotura das estruturas de suporte tipo gravidade. As diferenças em relação a estas
estruturas surgem na análise de estabilidade interna que, na qual é definida as características do
reforço necessário à estabilidade (VIEIRA, 2008).
Baseado na Federal Highway Administration (FHWA, 2001), o dimensionamento
interno é efetuado após o externo, porém é possível fazer um dimensionamento preliminar que
inclua a definição do tipo, quantidade, espaçamento vertical, embutimento, resistência e
comprimento dos reforços, para assim limitar as deformações da contenção e conferir níveis de
segurança adequados à estrutura.
A FHWA (2001), sugere que o comprimento dos reforços seja maior ou igual a 70% da
altura da estrutura, com um mínimo de 2,40 metros e deve-se adotar um comprimento uniforme
para todos os níveis de reforço, salvo nas situações em que sejam apresentadas evidências que
a redução do comprimento dos reforços não altera o seu bom desempenho.
As estruturas de contenção em solo reforçado devem ter um embutimento do pé de no
mínimo 5% da altura, sendo o menor valor aceito igual à 0,45 metros, a menos que estejam
apoiadas em rocha ou em base estrutural como baldrames, radier ou pavimentos antigos.
Quando o solo de fundação tem baixa resistência, deve ser considerado um embutimento maior
(BS 8006 ,1995).
Em relação à análise de estabilidade interna, o método proposto pela FHWA assume
que a superfície potencial de rotura crítica coincide com a linha que passa pelos pontos onde se
mobilizam as forças de tração máximas, isto é, a localização do valor máximo da força de
tração, Tmáx, em cada nível de reforço, Figura 15 b).
41

Figura 15 – Superfície Potencial de Ruptura: a) Mecanismo do reforço; b) Tração mobilizada no reforço

Fonte: FURTADO (2005).


A tensão horizontal, Equação 2, ao longo da superfície potencial de rotura é igual ao
produto entre o coeficiente de empuxo, Ka (determinado recorrendo a Teoria de Coulomb,
assumindo que o ângulo de atrito na interface é nulo e a crista é horizontal) e a tensão vertical.

𝛿ℎ, 𝑖 = 𝐾𝑎(𝛾𝑧, 𝑖 + 𝑞) 𝐸𝑞. 2


Onde,
 𝛿ℎ, 𝑖: Tensão horizontal
 𝐾𝑎: Coeficiente de empuxo ativo
 𝛾𝑧, 𝑖: Tensão vertical ao nível do reforço;
 𝑞: Sobrecarga

Já para o cálculo do valor máximo de tração do reforço para cada nível, Equação 3, é
necessário multiplicar a tensão horizontal por um espaçamento vertical constante, 𝑆𝑣, 𝑖:

𝑇𝑚á𝑥, 𝑖 = 𝛿ℎ, 𝑖 . 𝑆𝑣, 𝑖 𝐸𝑞. 3


Sendo,
 𝑇𝑚á𝑥, 𝑖: Máxima tração do reforço
 𝑆𝑣, 𝑖: Espaçamento vertical constante
42

Para verificação da estabilidade interna de cada nível de reforço em relação à rotura por
falta de resistência a tração, é feita uma comparação entre a máxima tração do reforço e a tração
por unidade de comprimento.
𝑇𝑚á𝑥, 𝑖 ≤ 𝑇𝑑, 𝑖 𝐸𝑞. 4

Sabendo que,
 𝑇𝑑, 𝑖 : Tração por unidade de comprimento de reforço (fornecido pelo fabricante do
geossintético)

Já em relação à rotura por arranque do reforço, a verificação da estabilidade interna se


dá através da Equação 5, descrita a seguir:

2
𝑇𝑚á𝑥, 𝑖 ≤ 𝐹 ∗ . 𝛾𝑧, 𝑖 . 𝑙𝑎, 𝑖 𝐸𝑞. 5
𝐹𝑆𝑎

Onde,
 𝐹𝑆𝑎: Coeficiente de segurança em relação à rotura por arranque, sendo sugerido pela
FHWA um valor igual ou maior a 1,5;
 𝐹 ∗ : Coeficiente de resistência de arranque, que, caso não existam resultados de ensaios,
pode, para o caso de geossintéticos, tornar-se igual a 2/3 tg 𝜃;
 𝑙𝑎, 𝑖: Comprimento do reforço na zona resistente, como está representado na Figura 15;

A inequação anterior permite quantificar o comprimento de arranque do reforço (𝑙𝑎, 𝑖),


que deve ser igual ou superior a 1 m. Para que a estabilidade interna seja assegurada, o
comprimento total do reforço, Equação 6, será igual a:

𝐿𝑖 = 𝑙𝑎𝑐 ,𝑖 + 𝑙𝑎,𝑖 Eq. 6


Sendo,
 𝑙𝑎𝑐 ,𝑖: Comprimento do reforço na zona ativa, Equação 7;
 𝐿𝑖: Comprimento total do reforço

𝜃
𝑙𝑎𝑐, 𝑖 = (𝐻 − 𝑧, 𝑖). tan (45° − ) 𝐸𝑞. 7
2
Onde,
43

 𝐻: Altura do muro;
 𝑧, 𝑖: Espessura da camada;

Figura 16 - Comprimento do reforço na zona ativa e resistente

Fonte: FHWA (2001).


44

4 METODOLOGIA

O presente capítulo tem o propósito de expor todos os métodos necessários para a


exatidão dos resultados, com isso serão apontadas além dos métodos, todas as premissas
utilizadas nos dimensionamentos e nos orçamentos. Para um melhor esclarecimento da
metodologia que será aplicada, este capítulo será dividido em três perspectivas: instrumentos
de coleta de dados, procedimento de coleta de dados e análise dos dados.
O objetivo desse estudo é promover um comparativo de custo/benefício entre o uso de
geossintético e as soluções usuais de contenção de aterros, para isso foram adotados valores de
parâmetros fictícios do solo para realizar o dimensionamento.

4.1 Objeto de Pesquisa

Visando realizar um comparativo de custo/benefício, a pesquisa aponta o dimensionamento


de 3 soluções de contenção. As soluções a serem dimensionadas são:
 Muro de solo reforçado com geossintético tipo geogrelha, Green Terra Mesh. Incluindo
elemento de face de 20 cm de espessura;
 Muro de arrimo à Flexão;
 Muro de gabião, incluindo calcário como material de enchimento.

A partir do dimensionamento das soluções acima e dos materiais referentes a cada uma das
opções será realizado o orçamento para a execução de 1 metro linear de contenção. Com isso,
será utilizado para o orçamento, os centros de custos SICRO2, SINAPI e base de custos da
SUPLAN.

4.2 Instrumentos de coleta de dados

Os resultados da pesquisa serão alcançados a partir de duas etapas, a primeira é o


dimensionamento das estruturas e a segunda é a estimativa de custos para cada uma das
soluções. A elaboração do orçamento será realizada a partir das concepções verificadas e o
lançamento dos quantitativos em planilhas orçamentárias.
As verificações externas e internas das estruturas de contenção acontecerão através de
ferramentas computacionais, o GEO5® e o GAWACWIN 2003®, ambos apresentam além dos
45

resultados a lista de materiais a serem usados para a execução. A seguir nos itens subsequentes
virá disposto um panorama a respeito dos dois softwares.

4.2.1 GEO5®

O sistema desenvolvido pela Fine Software®, engloba um conjunto de programas para


análise geotécnica, onde se inclui aplicativos individuais utilizados para a solução de problemas
específicos. A ferramenta executa os cálculos através da comparação de duas soluções
independentes, os Métodos Analíticos de Computação e os Métodos de Elementos Finitos.
Apesar de o Software ser de origem europeia, possui um amplo suporte as normas de
vários países, porém, apesar de não possuir a norma brasileira como um de seus suportes, o
programa dispõe de uma forma simples de inserção dos parâmetros normativos.
Com o auxílio desse programa será realizado as verificações e dimensionamento para o
Muro de Solo Reforçado com Geossintético e o Muro de Arrimo à Flexão.

4.2.1 GAWACWIN®

O programa foi desenvolvido em parceria da MACCAFERRI® e a GCP


ENGENHARIA®, sendo concebido e utilizado até o momento apenas para muros de gabião.
O software se usa do método de “Equilíbrio Limite” para cálculos, tendo como base as teorias
de Rankine, Coulomb, Meyerhof, Hansen e Bishop, para a verificação de estabilidade global
da estrutura.
O presente programa, considera todas as características mecânicas do gabião, e todos os
parâmetros de resistência dos produtos da MACCAFERRI®. Com o GAWACWIN 2003 será
verificada a solução do muro de gabião.

4.3 Procedimento de coleta de dados

O procedimento para obtenção dos dados se deu primeiramente por um levantamento


bibliográfico sobre todos os assuntos de geotecnia necessários para o dimensionamento dos
muros de contenção. Após a busca deste entendimento serão realizados os dimensionamentos
com uso dos programas de cálculo, a etapa de dimensionamento seguiu as seguintes etapas:
1. Serão tomados valores fictícios como parâmetro do solo;
46

2. Com base no que foi abordado no referencial teórico, foi realizado um pré-
dimensionamento das estruturas, de acordo com a altura do talude e do tipo de
contenção;
3. Foram lançados nos programas de cálculo, todos os parâmetros geotécnicos e
geométricos de casa solução, seguidos da análise computacional dos parâmetros para a
aprovação ou não;
4. Foram verificados os pré-dimensionamentos, nas verificações que não foram satisfeitas
os coeficientes de segurança, foram realizadas os incrementos na geometria para que a
segurança fosse satisfeita;
5. A partir das verificações foram retirados do programa todas as informações necessárias
para o orçamento.
Após a obtenção dos quantitativos para orçamento, foi usada a base de custos do SICRO2
para obtenção dos preços unitários de cada serviço de execução para cada tipo de muro.

4.4 Análise dos dados

Foram comparados os resultados dos orçamentos, de forma a apontar se o uso de


geossintéticos como estruturas de contenção de aterro é uma opção viável. Estes dados foram
analisados por meio de orçamentos e gráficos, mostrando de forma clara os resultados de cada
opção.
47

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Primeiramente, será realizado o dimensionamento de cada contenção, certificando assim


se os pré-dimensionamentos serão aceitos pelos coeficientes de segurança. Após isso, será
realizando um orçamento no qual apresentará todos os insumos e seus respectivos custos
necessários para execução de cada contenção. Posteriormente, ocorrerá uma análise de
viabilidade técnica-econômica, para assim concluir qual a solução mais vantajosa.

5.1 Dimensionamento

Foram realizados dimensionamentos para três estruturas de contenção: Muro de Gabião,


Muro à Flexão e Geossintéticos. Os parâmetros do muro e do solo, para todas as estruturas
foram:
 Altura do muro (𝐻) = 6 metros
 Sobrecarga uniformemente distribuída (𝑞) = 20 𝐾𝑁/𝑚2
 Ângulo de atrito do solo (𝜃) = 45°
 Coesão (𝑐) = 0
 Peso Específico (𝛾) = 20 𝐾𝑁/𝑚3

5.1.1 Muro de Gabião

Para o dimensionamento foi utilizando, como mencionado anteriormente, o programa


GAWACWIN 2003 da empresa MACCAFERRI. No pré-dimensionamento do muro, foi
necessário escolher as alturas e os comprimentos de cada camada do gabião. A empresa
determina algumas dimensões para os gabiões tipo caixa, Figura 17.
48

Figura 17- Dimensões padrões dos gabiões tipo caixa

Fonte: MACCAFERRI (2015).

Os valores escolhidos para os comprimentos e as alturas das camadas encontram-se na,


Tabela 2 e o muro analisado está representado na Figura 18.

Tabela 2- Pré-dimensionamento do gabião


Camada Comprimento (m) Altura (m)
1 3,00 1,00
2 2,50 1,00
3 2,00 1,00
4 1,50 1,00
5 1,50 1,00
6 1,50 1,00
Fonte: Adaptado do relatório de análises do gabião, software GAWACWIN 2003 MACCAFERRI (2018).

Figura 18 – Representação do muro de gabião

Fonte: Adaptado do relatório de análises do gabião, software GAWACWIN 2003 MACCAFERRI (2018).
49

Os resultados das análises da estabilidade externa do muro estão representados na


Tabela 3 e 4.
Tabela 3- Análise da estabilidade externa do gabião
Empuxo Ativo – Ea (Kpa) 151,02
Segurança Contra Tombamento (>1,5) 3,35
Segurança Contra Deslizamento (>1,5) 4,62
Segurança Contra à Ruptura Global (>1,5) 2,16
Fonte: Adaptado do relatório de análises do gabião, software GAWACWIN 2003 MACCAFERRI (2018).

Tabela 4- Tensões atuantes na fundação


Excentricidade 0,36 𝑚
Tensão Normal na Borda Externa 206,01 𝐾𝑁/𝑚2
Tensão Normal na Borda Interna 33,41 𝐾𝑁/𝑚2
Tensão Máx. Admissível na Fundação 13580,00 𝐾𝑁/𝑚2
Fonte: Adaptado do relatório de análises do gabião, software GAWACWIN 2003 MACCAFERRI (2018).

Os resultados das análises da estabilidade interna do muro estão representados na Tabela


5.
Tabela 5 – Estabilidade interna do gabião
M
H N T 𝝉 máx 𝝉 adm 𝝈 máx 𝝈 adm
Camada 𝒌𝒏
(𝒎) (𝒌𝒏/𝒎) (𝒌/𝒎) ( 𝒙 𝒎) (𝒌𝒏/𝒎𝟐 ) (𝒌𝒏/𝒎𝟐 ) (𝒌𝒏/𝒎𝟐 ) (𝒌𝒏/𝒎𝟐 )
𝒎
1 5,00 252,29 54,79 243,61 21,92 86,26 130,64
2 4,00 164,27 35,15 131,84 17,58 73,89 102,34 556,29
3 3,00 95,26 18,71 63,03 12,47 61,62 71,98
4 2,00 61,01 9,98 44,93 6,65 46,59 41,42
5 1,00 29,26 3,74 23,09 2,49 32,65 18,54
Fonte: Adaptado do relatório de análises do gabião, software GAWACWIN 2003 MACCAFERRI (2018).

5.1.2 Muro à Flexão

Segundo as considerações iniciais necessárias para o pré-dimensionamento do muro à


flexão, a geometria e as dimensões escolhidas estão representadas na Figura 19.
50

Figura 19 – Dimensões do muro à flexão

Fonte: Software GEO 5 – FINE civil engineering software, 2018.

Figura 20 – Muro à flexão, perspectiva 3D.

Fonte: Software GEO 5 – FINE civil engineering software, 2018.

A partir das dimensões mostradas na figura acima e utilizando o software GEO 5


disponibilizado pela empresa FINE civil engineering software, foram realizadas as verificações
necessárias de estabilidade de interna e externa da estrutura de solo reforçado. A Tabela 6, relata
51

alguns parâmetros e procedimentos que são utilizados na análise do muro. Todos os fatores de
segurança (FS) utilizados nas verificações, posteriormente expostas, a seguir possuem o valor
de 1,5. Na Tabela 7 encontra-se as resistências dos materiais usados na construção do muro.

Tabela 6 – Análise de muro


Cálculo do empuxo de terra ativo Coulomb
Cálculo do empuxo de terra passivo Caquot-Kerisel
Análise sísmica Mononobe-Okabe
Forma de cunha da terra Calcular como inclinação
Excentricidade permitida 0,33
Metodologia de verificação Fatores de segurança
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).

Tabela 7 – Material da estrutura


Material da estrutura
Concreto (fck) 20,00 Mpa
Aço (fyk) 500 Mpa
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).

Foi levada em consideração uma sobrecarga, Tabela 8, no valor de 𝑞 = 20 𝑘𝑁/𝑚2


localizada na superfície do terreno a jusante, de ação permanente.

Tabela 8 – Sobrecarga superficial


Sobrecarga
Ação Magnitude Profundidade
Pemanente 20 kN/m² No terreno
Fonte: Autor, (2018).

Com relação ao 𝐾𝑎, Tabela 9, a estrutura e com relação a sobrecarga:


52

Tabela 9 – Coeficiente de empuxo ativo


Camada Espessura (m) 𝜶 (°) Ka
1 1,17 0 0,177
2 4,83 22,5 0,488
3 0,75 0 0,177
4 0,15 0 0,177
Fonte: Relatório de análise do muro à flexão, software GEO 5 – FINE civil engineering software, (2018).

Após feito todos os cálculos necessários, deu-se início de fato as verificações de


estabilidade ao tombamento (Tabela 10), deslizamento (Tabela 11), quanto a capacidade de
carga da fundação (Tabela 12), a verificação das armaduras (Tabela 13) e a verificação da
estabilidade do talude (Tabela 14).

Tabela 10 – Verificação para estabilidade de tombamento


Resistencia de momento 1348,39 kNm/m
Momento de tombamento 241,37 kNm/m
Fator de Segurança 5,59 > 1,5
PAREDE PARA TOMBAMENTO É SATISFATÓRIA
Fonte: Relatório de análise do muro à flexão, software GEO 5 – FINE civil engineering software, (2018).

Tabela 11 – Verificação para deslizamento


Reação horizontal 483,07 kN/m
Força horizontal ativa 80,39 kN/m
Fator de Segurança 6,01 > 1,5
PAREDE PARA DESLIZAMENTO É SATISFATÓRIA
Fonte: Relatório de análise do muro à flexão, software GEO 5 – FINE civil engineering software, (2018).
53

Tabela 12– Verificação total da carga do solo de fundação


Forças atuantes no centro da base da sapata
Força de
Momento Força normal Excentricidade Tensão
cisalha.
(kNm/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m)
(kN/m)
-79,86 483,07 80,28 0,00 113,59
Cargas de serviço atuantes no centro da base da sapata
Momento (kNm/m) Força normal (kN/m) Força de cisalha. (kN/m)
-79,86 483,07 80,28
Verificação do solo de fundação
Tensão na base da fundação Retangular
Máxima excentricidade da força normal (e) 0,00
Excentricidade máxima (e max) 0,333
EXCENTRICIDADE DA FORÇA NORMAL É SATISFATÓRIA
Verificação da cap. De carga da sapata
Max. Tensão na sapata 113,59 kPa
Cap. De carga do solo de fundação 13000,00 kPa
Fator de segurança 114,44 > 1,5
CAPACIDADE DE CARGA DO SOLO DA FUNDAÇÃO É SATISFATÓRIA
Fonte: Relatório de análise do muro à flexão, software GEO 5 – FINE civil engineering software, (2018).

Tabela 13 – Verificação das armaduras do muro


Quantidade Bitola Cobrimento
Armadura Traseira 5 20 mm 30 mm
Avanço 5 20 mm 30 mm
Dente 5 20 mm 30 mm
A SEÇÃO TRANSVERSAL É SATISFATÓRIA
Fonte: Relatório de análise do muro à flexão, software GEO 5 – FINE civil engineering software, (2018).
54

Tabela 14 – Verificação da estabilidade do talude


Soma das forças ativas 486,03 kN/m
Soma das forças passivas 1323,20 kN/m
Momento de deslizamento 4685,35 kN/m
Momento de resistência 12755,61 kN/m
Fator de segurança 2,72 > 1,5
ESTABILIADADE DE TALUDE VERIFICADA
Fonte: Relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software, (2018).

Figura 21 – Demonstração da interface do programa na verificação da estabilidade do muro à flexão

Fonte: Software GEO 5 – FINE civil engineering software, (2018).

5.1.3 Muro Reforçado com Geossintético

Após as considerações iniciais, necessárias para o pré-dimensionamento dos reforços de


geossintéticos, chegou-se ao valor de 6 reforços, espaçados verticalmente entre eles a cada 0,80
m mostrados na Tabela 15 e demonstrados na Figuras 22 e 23 seguintes:
55

Tabela 15 – Detalhe do reforço


Reforço L(m) Altura Comprimento
1 4,00 0,80 4,20
2 4,00 1,60 4,20
3 4,00 2,40 4,20
4 4,00 3,20 4,20
5 4,00 4,00 4,20
6 4,00 4,80 4,20
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).

Figura 22 – Dimensões do muro de solo reforçado com geossintético

Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).

Figura 23 – Muro de solo reforçado, perspectiva 3D.

Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).
56

A partir das dimensões mostradas na Figura 22 e utilizando o software GEO 5


disponibilizado pela empresa FINE civil engineering software, foram realizadas as verificações
necessárias de estabilidade de interna e externa da estrutura de solo reforçado. A Tabela 16
relata alguns parâmetros e procedimentos que são utilizados na análise do muro. Todos os
fatores de segurança (FS) utilizados nas verificações, posteriormente expostas, a seguir
possuem o valor de 1,5.
Tabela 16 – Análise de muro
Cálculo do empuxo de terra ativo Coulomb
Cálculo do empuxo de terra passivo Caquot-Kerisel
Análise sísmica Mononobe-Okabe
Forma de cunha da terra Calcular como inclinação
Excentricidade permitida 0,33
Estabilidade interna Standard-super. De desliz. Continua
Metodologia de verificação Fatores de segurança
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).

O tipo de reforço utilizado foi o Green Terramesh com características descritas na


Tabela 17 a seguir:
Tabela 17 – Tipo de reforço
Nome Tipo de Tipo de Força do reforço Coeficiente
Reforço linha
Green Green _________ Tult (kN/m) Rult (kN/m) Cds Ci
Terramesh Terramesh 50,00 43,61 0,60 0,70
Coeficientes de redução calculados
Durabilidade 120 anos
Fator de redução da influência 1,04
Química Ph 3,0 – 13,0
Influência do ambiente 1,05
Danificação do geo-reforço por compactação 1,05
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering
software, (2018).

Foi levada em consideração uma sobrecarga, Tabela 18, no valor de 𝑞 = 20 𝑘𝑁/𝑚2


localizada na superfície do terreno a jusante, de ação permanente.
57

Tabela 18 – Sobrecarga superficial


Sobrecarga
Ação Magnitude Profundidade
Pemanente 20 kN/m² No terreno
Fonte: Autor, (2018).

Com relação ao 𝐾𝑎 para todas as camadas o valor foi de 0,17.


Após feito todos os cálculos necessários, deu-se início de fato as verificações de
estabilidade ao tombamento (Tabela 19), deslizamento (Tabela 20), quanto a capacidade de
carga da fundação (Tabela 21), deslizamento ao longo do geossintético (Tabela 22), resistência
a tração e ao arrancamento (Tabela 23) e por fim uma análise global da estabilidade de talude
(Tabela 24), como mostrados a seguir.

Tabela 19 – Verificação para estabilidade de tombamento


Resistencia de momento 1486,79 kNm/m
Momento de tombamento 134,99 k kNm/m
Fator de Segurança 11,01 > 1,5
PAREDE PARA TOMBAMENTO É SATISFATÓRIA
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering
software, (2018).

Tabela 20 – Verificação para deslizamento


Reação horizontal 648 kN/m
Força horizontal ativa 60 k kN/m
Fator de Segurança 10,8 > 1,5
PAREDE PARA DESLIZAMENTO É SATISFATÓRIA
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering
software, (2018).
58

Tabela 21 – Verificação total da carga do solo de fundação


Forças atuantes no centro da base da sapata
Momento Força normal Força de cisalha. Excentricidade Tensão
(kNm/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m)
9,00 648,00 60,00 0,003 156,31
Cargas de serviço atuantes no centro da base da sapata
Momento (kNm/m) Força normal (kN/m) Força de cisalha. (kN/m)
9,00 648,00 60,00
Verificação do solo de fundação
Tensão na base da fundação Trapezoidal
Máxima excentricidade da forma normal(e) 0,003
Excentricidade máxima (e max) 0,333
EXCENTRICIDADE DA FORÇA NORMAL É SATISFATÓRIA
Verificação da cap. De carga da sapata
Max. Tensão na sapata 157,35 kPa
Cap. De carga do solo de fundação 13000,00 kPa
Fator de segurança 82,62 > 1,5
CAPACIDADE DE CARGA DO SOLO DA FUNDAÇÃO É SATISFATÓRIA
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering
software, (2018).

Tabela 22 – Verificação para deslizamento no geo-reforço


Força horizontal resistindo 354,60 kN/m
Força horizontal ativa 70,20 kN/m
Fator de Segurança 5,05 > 1,5
DESLIZAMENTO AO LONGO DO GEOSSINTÉTICO
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering
software, (2018).
59

Tabela 23 – Cálculo da estabilidade interna


Verificação da resistência a tração
Resistencia à tensão 43,61 kN/m
Força na armadura 18,91 kN/m
Fator de segurança 2,31 > 1,5
ARAMADURA PARA A RESISTÊNCIA À TRAÇÃO É SATISFATÓRIA
Verificação da resistência ao arrancamento
Resistencia ao arrancamento 656,65 kN/m
Força na armadura 18,91
Fator de segurança 29,97 > 1,5
ARAMADURA PARA A RESISTÊNCIA AO ARRANCAMENTO É SATISFATÓRIA
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering
software, (2018).

Tabela 24 – Verificação da estabilidade do talude


Soma das forças ativas 197,87 kN/m
Soma das forças passivas 323,30 kN/m
Momento de deslizamento 1857,99 kN/m
Momento de resistência 3035,78 kN/m
Fator de segurança 1,63 > 1,5
ESTABILIADADE DE TALUDE VERIFICADA
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering
software, (2018).
60

Figura 24 - Demonstração da interface do programa na verificação da estabilidade do geossintético

Fonte: Software GEO 5 – FINE civil engineering software, (2018).

Como demonstrado nos dimensionamento acima, podemos verificar que os coeficientes


dos fatores de segurança quanto ao tombamento, deslizamento, ruptura global e capacidade de
carga de fundação variam com relação ao tipo de estrutura de contenção adotada, Tabela 25.

Tabela 25 – Comparação do FS
Muro de Gabião Muro à Flexão Geossintético
FS Tombamento 3,35 5,59 11,01
FS Deslizamento 4,62 6,01 10,8
FS Ruptura Global 2,16 2,72 1,63
FS Fundação 63,10 114,44 82,62
Fonte: Adaptado do relatório de análise de solo reforçado, software GEO 5 – FINE civil engineering software,
(2018).

5.2 Orçamento e Viabilidade Técnica

Os resultados segundo às perspectivas orçamentárias serão divididos em dois


momentos, primeiramente será apontado os valores da estimativa de custo de cada muro, após
isso se discutirá sobre os indícios de cada orçamento para apresentar as constatações referentes
aos resultados.
61

Gráfico 1 – Comparativo de custos para construção de 1m linear de muro

R$ 25.000,00

R$ 20.465,21
R$ 20.000,00

R$ 15.000,00

R$ 10.000,00
R$ 5.165,16
R$ 3.994,13
R$ 5.000,00

R$ -
MURO À FLEXÃO MURO DE GABIÃO MURO REFORÇADO
COM GEOSSINTÉTICO

Fonte: Autor, (2018).

Segundo o Gráfico 1, o muro à flexão possui um custo expressivamente maior que as


demais soluções, em seguida com um custo mais aproximado encontram-se o muro de gabião
e geossintético. Os orçamentos detalhado dos muros à flexão, gabião e de solo reforçado com
geossintético estão disponibilizados nos Apêndices 1, 2 e 3 respectivamente.
O muro à flexão segundo o orçamento realizado resultou em um valor de R$20.465,21,
a partir dos itens relacionados aos métodos construtivos foi possível perceber que:
 Exige mão de obra qualificada, sua metodologia construtiva deve contar com equipes
de ferragem e carpintaria;
 Custos adicionais com materiais que não possuem nos outros muros, ex.: fôrmas,
ferragem.
O muro de gabião se mostrou uma solução atrativa comparada ao muro à flexão, porém
seu custo ainda ficou um pouco superior ao muro reforçado com geossintético, no caso do
estudo, essa diferença existiu por:
 Apesar de usar materiais mais baratos do que o muro à flexão, a execução desse tipo de
construção e demorada, haja visto que deve-se colocar cada pedra de formar individual;
 Um outro aspecto que encarece o sistema é o fato de que o transporte das pedras, em
algumas situações, é inviável pela localidade das obras;
O muro de solo reforçado com geossintético apontou um orçamento mais vantajoso no
aspecto financeiro, segue abaixo algumas justificativa que apontaram esse resultado:
62

 Possui uma execução rápida, considerando que a execução do aterro já está incluída na
execução do muro e não necessita de tempo de espera para “cura”;
 Pode ser utilizado o próprio solo do local na execução;
 Todos os elementos são industrializados e possuem uma boa mobilidade.
Além dos custos de produção existem outros fatores que implicam na escolha de uma
das opções, a exemplo disso é a disponibilidade de material, necessidade por mão-de-obra
qualificada, entre outros, tendo em vista uma análise mais precisa, segue um quadro
comparativo entre as soluções da presente pesquisa, apontando aspectos técnico e executivo.

Tabela 26 – Comparação técnica executiva dos muros.

TIPOS DE MURO
MURO DE SOLO
MURO DE REFORÇADO
MURO À FLEXÃO
GABIÃO COM
GEOSSINTÉTICO
NECESSIDADE POR
MÃO-DE-OBRA Sim Não Não
QUALIFICADA
USO DE MATERIAIS
Baixo Médio Alto
INDUSTRIALIZADOS
DISPONIBILIDADE
PARÂMETROS

Baixa Baixo Alto


DE MATERIAIS
POSSIBILIDADE DE
GEOMETRIAS Baixa Média Alta
VARIÁVEIS
NECESSIDADE DE
PREPARAÇÃO DO Alta Média Baixa
SUBSTRATO
HARMONIA COM O
Baixa Alta Alta
MEIO AMBIENTE
Fonte: Autor, (2018).
63

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho teve como principal objetivo comparar técnicas de contenções usuais, para
taludes de aterro, com o uso de geossintéticos. Os principais aspectos a serem analisados quando
é necessário executar uma obra de contenção são os parâmetros do solo, a disponibilidade de
materiais e de mão-de-obra especializada, rapidez na execução, entre outros fatores. Porém, o
principal fator levado em consideração pela a maioria dos engenheiros é o custo da obra.
O geossintético apresenta várias vantagens são elas a rapidez e facilidade na execução;
dispensa do uso de mão-de-obra especializada; execução em qualquer geometria e inclinação;
a face do talude pode ser revestida por grama (permitindo uma harmonia com o ambiente), pré-
moldados de concreto e blocos de pedra; por ser um material industrializado, apresenta um
rigoroso controle técnico fazendo com que seja uma solução muito segura; pode utilizar o
próprio solo disponível no local da obra, evitando assim gastos excessivos com os
deslocamentos dos materiais. Além das vantagens técnicas ele apresenta ainda uma diferença
de custo considerável quando comparada ao muro à flexão e ao muro de gabião.
A partir dos dimensionamentos foi possível realizar os orçamentos de cada estrutura de
contenção. O muro mais oneroso foi o muro de flexão, que obteve um custo de R$ 21.480,62,
mostrando assim que não é uma boa solução, o muro de gabião teve um custo de R$ 5.165,16,
que ficou um pouco mais caro que o muro de solo reforçado com geossintético, que teve um
custo final de R$ 3.994,13, sendo assim a solução mais barata e mais eficaz.
Com isso, pode-se concluir que esse estudo é de suma importância para demonstrar que
o geossintético é uma solução altamente viável, tanto técnica como economicamente,
incentivando assim para que essa tecnologia seja cada dia mais disseminada entre os
engenheiros.
64

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70

APÊNDICE 1
MURO À FLEXÃO (H = 6,0m): ORÇAMENTO PARA 1 METRO LINEAR DE MURO
PREÇO
ITEM REFERÊNCIA CÓDIGO DESCRIÇÃO DO SERVIÇO UN. QUAN. TOTAL
UNIT.
1.0 SERVIÇOS PRELIMINARES
LIMPEZA MECANIZADA DE TERRENO COM REMOCAO DE CAMADA
1.1 SINAPI 73822/2 M² 4,25 0,58 R$ 2,47
VEGETAL, UTILIZANDO MOTONIVELADORA
2.0 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA
ESCAVACAO MANUAL DE VALA EM SOLO MATERIAL DE QUALQUER R$
2.1 SUPLAN/SINAPI (JAN/2018)* M³ 3,19 43,44
CATEGORIA EXCETO ROCHA COM PROFUNDIDADE ATE 1,50M 138,47
3.0 INFRAESTRUTURA
CONCRETO MAGRO PARA LASTRO, TRAÇO 1:4,5:4,5 (CIMENTO/ AREIA R$
3.1 SINAPI 94962 M³ 4,25 270,96
MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. 1.151,58
4.0 ESTRUTURA
CONCRETO FCK = 25MPA, TRAÇO 1:2,3:2,7 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ R$
4.1 SINAPI 94965 M³ 7,69 336,88
BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. 2.589,74
R$
4.2 SINAPI 74157/4 LANCAMENTO/APLICACAO MANUAL DE CONCRETO EM FUNDACOES M³ 7,69 96,93
745,15
CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 12,5 MM, UTILIZADO EM R$
4.3 SINAPI 92795 Kg 1.227,83 6,10
ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. 7.489,73
CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 8,0 MM, UTILIZADO EM R$
4.3 SINAPI 92793 Kg 604,35 7,82
ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. 4.726,02
LANÇAMENTO COM USO DE BALDES, ADENSAMENTO E ACABAMENTO R$
4.4 SINAPI 92873 M² 17,00 150,74
DE CONCRETO EM ESTRUTURAS. AF_12/2015 2.562,58
FORMA DE COMPENSADO RESINADO 10MM- USO GERAL- UTILIZAÇÃO R$
4.5 SINAPI 3107997 M² 17,00 59,73
DE 3 VEZES- CONFECÇÃO, INSTALAÇÃO E RETIRADA 1015,41
5.0 ATERRO E REATERRO
ATERRO DO CAIXAO COM AQUISICAO DO MATERIAL /AREIA /ARGILA R$
5.1 SUPLAN/SINAPI (JAN./2018) M³ 12,00 88,29
PARA ATERRO, APILOADO EM CAMADAS DE 0,20M 1.059,48
R$
TOTAL
21.480,62
71

APÊNDICE 2

MURO DE GABIÃO (H = 6,0m): ORÇAMENTO PARA 1 METRO LINEAR DE MURO


ITEM REFERÊNCIA CÓDIGO DESCRIÇÃO DO SERVIÇO UND. QUANT. PREÇO UN. TOTAL
1.0 SERVIÇOS PRELIMINARES
LIMPEZA MECANIZADA DE TERRENO COM REMOCAO
1.1 SINAPI 73822/2 DE CAMADA VEGETAL, UTILIZANDO m² 3,00 0,58 R$ 1,74
MOTONIVELADORA
2.0 ESTRUTURA
GABIÃO CAIXA 2 X 1 X 1,00 M - ZN/AL + PVC - D = 2,4
2.1 SICRO2 3205866 MM - PEDRA DE MÃO COMERCIAL - FORNECIMENTO E m³ 12,00 386,14 R$ 4.633,68
ASSENTAMENTO
3.0 ATERRO E REATERRO
ATERRO DO CAIXAO COM AQUISICAO DO
3.1 SUPLAN/SINAPI (JAN./2018) MATERIAL/AREIA/ARGILA PARA ATERRO, APILOADO m³ 6,00 88,29 R$ 529,74
EM CAMADAS DE 0,20M

TOTAL R$ 5.165,16
72

APÊNDICE 3

MURO REFORÇADO COM GEOSSINTÉTICO (H = 6,0m): ORÇAMENTO PARA 1 METRO LINEAR DE MURO
PREÇO
ITEM REFERÊNCIA CÓDIGO DESCRIÇÃO DO SERVIÇO UND. QUANT. TOTAL
UM.
1.0 SERVIÇOS PRELIMINARES
1.1 SINAPI 73822/2 LIMPEZA MECANIZADA DE TERRENO COM REMOCAO DE m² 4,20 0,58 R$ 2,44
CAMADA VEGETAL, UTILIZANDO MOTONIVELADORA
2.0 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA
ESCAVACAO MANUAL DE VALA EM SOLO MATERIAL DE
2.1 SUPLAN/SINAPI (JAN/2018)* QUALQUER CATEGORIA EXCETO ROCHA COM m³ 1,68 43,44 R$ 72,98
PROFUNDIDADE ATE 1,50M
3.0 ESTRUTURA
GEOGRELHA BIDIRECIONAL COM RESISTÊNCIA A
3.1 SICRO2 4011562 TRAÇÃO DE 30 KN/M - DEFORMAÇÃO < 5% - MALHA DE m² 29,40 26,58 R$ 781,45
36 X 34 MM - PARA REFORÇO DE BASE GRANULAR
ATERRO DO CAIXAO COM AQUISICAO DO
3.2 SUPLAN/SINAPI (JAN./2018) MATERIAL/AREIA/ARGILA PARA ATERRO, APILOADO m³ 26,88 88,29 R$ 2.373,24
EM CAMADAS DE 0,20M
MURO EM BLOCOS SEGMENTAIS DE FACE PRÉ-
3.3 SICRO2 1505847 MOLDADOS 40 X 40 X 20 CM COM ALTURA DE 4 A 6 M - m² 6,40 119,38 R$ 764,03
CONFECÇÃO E ASSENTAMENTO
R$
TOTAL
3.994,13

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