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Planejamento

Estratégico Financeiro
Material Teórico
As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e
estruturação da estratégia empresarial e financeira

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Carlos Alberto Guimarães Divino

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
As cinco etapas do Planejamento Estratégico
(PE): conceituação e estruturação da estratégia
empresarial e financeira

• Estratégia, planejamento e planos financeiros

• Os planejadores

• O fator ‘Tempo’

• Os prazos no tempo

• Planejamento Estratégico (PE), planos


financeiros e orçamentos (Budgets)

Abordaremos os conceitos e as características do Planejamento


Estratégico e Financeiro.
Vale ressaltar que a Gestão Estratégica dá uma direção à visão
da empresa, enquanto é a Gestão Financeira que faz dessa
visão algo realizável no mundo real, emprestando consistência,
substância e alvo aos desígnios da organização. Por isso,
nosso objetivo principal será compreender que ambas estão
fortemente relacionadas.
Além disso, perceberemos o Planejamento Estratégico (PE)
como uma importante ferramenta na gestão empresarial,
auxiliando os gestores financeiros na redução dos riscos durante
o processo de tomada de decisões sob condições de incerteza.

Nesta Unidade, será fundamental o entendimento de que o Planejamento Estratégico (PE) é uma
importante ferramenta para o sucesso dos profissionais de Gestão Financeira, uma vez que auxilia e
racionaliza os processos de tomada de decisões.
Acesse o link “Materiais Didáticos”, onde encontrará o conteúdo e as atividades propostas para
esta Unidade.
Em caso de dúvidas, coloque-as no fórum de discussão “Sanando Dúvidas”, estarei em contato
permanente com você por meio do ambiente de aprendizagem virtual Blackboard.

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Unidade: As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e estruturação da estratégia empresarial e financeira

Contextualização

Vamos iniciar esta Unidade, refletindo sobre como o Planejamento Estratégico e os


Demonstrativos Financeiros tratam a questão dos ‘Futuros’.

Os ‘Futuros’ e o CPC - COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS

Capítulo 4 - Estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações


contábeis: texto remanescente

Continuidade
4.1. As demonstrações contábeis normalmente são elaboradas tendo como premissa que a
entidade está em atividade (going concern assumption) e irá manter-se em operação por um
futuro previsível. Desse modo, parte-se do pressuposto de que a entidade não tem a intenção,
nem tampouco a necessidade, de entrar em processo de liquidação ou de reduzir materialmente
a escala de suas operações.
Por outro lado, se essa intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis podem ter que
ser elaboradas em bases diferentes e, nesse caso, a base de elaboração utilizada deve ser divulgada.

Posição patrimonial e financeira


4.4. Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da posição patrimonial e
financeira são os ativos, os passivos e o patrimônio líquido. Estes são definidos como segue:
(a) ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se
espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade;
(b) passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação
se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos;
(c) patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os
seus passivos.

Probabilidade de futuros benefícios econômicos


4.40. O conceito de probabilidade deve ser adotado nos critérios de reconhecimento para determinar
o grau de incerteza com que os benefícios econômicos futuros referentes ao item venham a fluir para
a entidade ou a fluir da entidade. O conceito está em conformidade com a incerteza que caracteriza
o ambiente no qual a entidade opera. As avaliações acerca do grau de incerteza atrelado ao fluxo
de benefícios econômicos futuros devem ser feitas com base na evidência disponível quando as
demonstrações contábeis são elaboradas. Por exemplo, quando for provável que uma conta a receber
devida à entidade será paga pelo devedor, é então justificável, na ausência de qualquer evidência
em contrário, reconhecer a conta a receber como ativo. Para uma ampla população de contas a
receber, entretanto, algum grau de inadimplência é normalmente considerado provável; dessa forma,
reconhece-se como despesa a esperada redução nos benefícios econômicos.
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf

Fonte: CPC 00 (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Data Aprovação: 02/12/2011;
Data Divulgação: 15/12/2011. PRONUNCIAMENTO CONCEITUAL BÁSICO (R1). Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de
Relatório Contábil-Financeiro Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – The Conceptual Framework for Financial Reporting
(IASB - BV 2011 Blue Book). http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf

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Estratégia, planejamento e planos financeiros

“As Organizações são como seres vivos”. É possível que você já tenha ouvido essa afirmação
mais de uma vez. De fato, organizações - Empresas, ONGs, Sociedade Civil, Governo,
Redes (Networks), p.e (por exemplo) - apresentam padrões de comportamento que muito se
assemelham àqueles de um indivíduo, tais como, o funcionamento sistêmico de seus elementos
componentes, as suas curvas de experiência, a idade da organização bem como seu sucesso em
sobreviver às contingências do mercado, dentre outros fatores mais.
Nessas circunstâncias, essa de ‘Sobrevivência Organizacional’ (Miles e Snow, 1988), incertezas
e riscos precisam sempre ser considerados e avaliados antes das decisões gerenciais, não apenas
em aspectos referentes ao monitoramento ambiental, como também pela necessidade de se
efetuar a quantificação financeira das alternativas disponíveis de forma mais acurada possível.
Desse modo, Previsões são inevitáveis e até vitais na Gestão Estratégica de Negócios, sendo
sua determinação em termos financeiros um imperativo para a sobrevivência e uma lógica do
sucesso organizacional.
Segundo o dicionário Aurélio, Estratégia significa “a arte militar de escolher onde, quando e
com que travar um combate ou uma batalha”. Ainda, a define como “a arte de aplicar os meios
disponíveis com vista à consecução de objetivos específicos e de explorar condições favoráveis
com o fim de alcançar objetivos específicos”.
Em termos de Estratégia Empresarial, Maximiano (2000) cita Chandler (1962) o qual a define
como sendo “o processo de estabelecer metas e objetivos de longo prazo para a empresa, e de
adotar cursos de ação e alocar recursos para atingi-los”; ao passo que Hampton (1986) a vê
como “um plano que relaciona as vantagens da empresa com os desafios do ambiente”, sendo
o ‘desafio da estratégia’ “adaptar a organização com sucesso a seu ambiente”.
Conforme o mesmo dicionário, Planejamento significa o “trabalho de preparação para
qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados; Planificação. Trata-se da
“elaboração com bases técnicas, por etapas, de planos e programas com objetivos definidos”.
Tendo em vista tais parâmetros, um sofisticado modelo preditivo utilizado pelas empresas na
busca por sua Sobrevivência, Sucesso e Excelência é o chamado “Planejamento Estratégico”
(PE), o qual estabelece uma orientação, diretrizes estratégicas e objetivo organizacional, sendo
ele financeiramente apresentado sob a forma de metas quantificáveis. Aliás, deve-se ressaltar
que o PE possibilita não apenas o planejamento mas, também, a coordenação e o controle
sistemático das ações e operações da Firma.
De acordo com Chiavenato, um Sistema é “um conjunto de elementos (Sub-sistemas) que
estão diretamente inter-relacionados, desenvolvendo uma atividade ou função para atingir um
ou mais objetivos ou propósitos”.
O mecanismo padrão de um Sistema em funcionamento é representado na Figura 1, a seguir:

Figura 1: Caracterização de um “Sistema”.

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Unidade: As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e estruturação da estratégia empresarial e financeira

Com efeito, Sistemas Organizacionais são estruturas dinâmicas nas quais Valor, Informação
e Poder fluem processualmente como elementos intercambiantes, e cujo controle gerencial
sistêmico se dá através da Retroalimentação - os chamados ‘Laços de Feedback’ -, conforme
pôde-se observar na Figura 1 acima.
Por sua vez, segundo o dicionário Cambridge, o conceito de ‘Processos’ pode ser definido
como uma “série de ações ou eventos que são partes de um sistema, ou, um desenvolvimento
contínuo, ou, uma série de ações que são feitas para se atingir um resultado particular”.
O Processo de Planejamento Estratégico, conforme visto na Figura 2 abaixo, corresponde à
essência da estratégia empresarial e é matéria-prima da Gestão Estratégica.

Figura 2: Processo de Planejamento Estratégico e as 5 fases do PE: uma visão sistêmica

Por sua vez, em termos de Planejamento Estratégico Financeiro, tem-se que através dele é sinalizada,
tendo em vista todos os recursos do empreendimento, uma orientação e um alvo que norteará os
esforços organizacionais e virá a resultar em projeções quantitativas construídas pela Gestão Financeira.
Essas estimativas financeiras, materializadas sob a forma de ‘Peças Orçamentárias’ - os famosos
‘Budgets’ -, acabam se constituindo num processo que é a expressão modelar do relacionamento
entre os fatores-chave da empresa: ‘tempo - sucesso - excelência’.

Os planejadores
Tendo os conceitos apresentados na Introdução em mente, vamos agora considerar, então, o
caso de uma pessoa que esteja prestes a sair em seu automóvel numa viagem de férias.
Originalmente, ao se levar em conta o lapso de tempo que antecede esse evento, é possível a ele(a)
assumir duas atitudes distintas frente à sua jornada futura: uma, chamada ‘naïve’ – ingênua; ou ainda,
por outro lado, ele(a) pode decidir-se em favor a uma ação de desenho e execução ‘Estratégica’.
Aquela primeira opção custaria à essa pessoa, apenas e simplesmente, o trabalho de entrar
no carro e partir rumo àquilo que o destino venha lhe reservar.
Já a segunda, a ‘Visão Estratégica’ implica numa sequência de reflexões, preparativos, análises,
avaliações, planejamento e planos.
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Inicialmente, essa ‘atitude antecipatória’ acontece naquele período que decorre anterior à
efetiva viagem, numa condição temporal denominada ‘ex-ante’, ou seja, anterior à ocorrência
da viagem de fato.
Contudo, em que pese ao(à) motorista esse momento de reflexão ocorrer antes da viagem,
o seu interesse mesmo está em projetar uma situação que avance no Tempo, buscando estimar,
técnica e racionalmente, os ‘Futuros’ Possíveis (Futures) ou, mais especificamente, aquele Objetivo
de Destino, o alvo a ser atingido.
Tal fator, o ‘Tempo’, pode ser representado pelo desenho de uma linha que flui entre o passado
e o futuro, enquanto o presente - aquele instante da ‘Ação Real’ -, avança sobre essa trilha.
Na Figura 3, abaixo, é apresentada uma noção dessa viagem:

Figura 3: Uma viagem.

Fonte: ThinkStock/Getty images

Uma vez na estrada, ao longo do percurso real e estando na condução do automóvel, o(a)
motorista previdente sentirá necessidade de, em determinados momentos, estabelecer uma
comparação entre o que esperava ter atingido até então e aquilo que de fato esteja ocorrendo,
ou seja, confrontar o Planejado versus o Realizado.
Nessa situação, se o(a) viajante perceber determinada disparidade entre a meta que traçou
e aquilo que estiver diagnosticando durante o transcurso da viagem, faz-se mister a ele(a),
vivenciando o Presente, executar a atividade ‘ex-post’ de analisar o Passado para, novamente,
desenhar ações para os Futuros Possíveis, implementando eventuais medidas corretivas que
apresentem a perspectiva de uma melhor direção, dados os objetivos gerais assumidos.
Para tanto, deve esse(a) condutor(a) organizar controles e verificações sistemáticas tendo em
conta os resultados que venham sendo observados durante a viagem.
Isso significa construir um ‘Sistema de Indicadores Selecionados’ (ver documento “Mapa
Mental”) definidos a partir de algumas ‘variáveis-chave’, como por exemplo: a velocidade média
do carro, certas cidades e pontos geográficos intermediários em horários predeterminados, as
expectativas e a previsão do clima e das condições da estrada, além de outras tantas inevitáveis
exposições às contingências e circunstâncias que envolvam risco ao seu objetivo geral.

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Unidade: As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e estruturação da estratégia empresarial e financeira

O fator ‘Tempo’

Tal Mapa Mental acima descrito - metáfora de uma única e terminativa viagem pessoal -
assemelha-se em muito ao trajeto de qualquer ‘Organização de Negócios’ através dos tempos.
Porém, uma importante diferença pode ser observada ao se proceder tal comparação:
a variável ‘Longevidade’ - o tempo de Sobrevivência da organização. De fato, no caso das
empresas, espera-se que elas operem futuro afora, sem qualquer data prévia para expiração de
suas atividades, justamente compatível com o “Princípio Contábil da Continuidade”.
Certamente, a perpetuidade constitui-se num fenômeno que difere radicalmente as duas
experiências contrapostas nesse modelo mental da viagem: o indivíduo e a organização.
No mais, guardadas as devidas proporções, uma empresa também ‘cai na estrada’, lança-se
numa viagem ao longo de anos, décadas, séculos e, talvez até, durante Milênios (ver documento
referente à ‘Atividade Reflexiva’ no ‘Fórum de Discussão’ desta Unidade).

Os prazos no tempo

Na viagem desse(a) motorista, o percurso a ser transcorrido - o trajeto da viagem - acontece


numa dimensão geográfica, com o carro movendo-se sobre as estradas do caminho.

“- A mesma água não passará duas vezes pelo mesmo ponto do rio:
será sempre uma outra água em um outro instante”. Heráclito de Éfeso,
filósofo grego pré-Socrático (500 AC).
Ou ainda, um poema: “Já é passado o momento em que vos falo...”
Mais recentemente, uma música: “O tempo não para, nem pode esperar”.

Já, em termos de Negócios e Empresas, essa jornada é basicamente ‘Temporal’ e não


geográfica. Projetando uma Visão de Futuro, a estrada a ser percorrida é como um tapete tecido
de tempos que se estende ao longo dos infinitos ‘Futuros Possíveis’.
Numa outra visualização, apresenta-se abaixo, na Figura 4, o fator ‘Tempo’ como uma linha
que flui entre o passado e o que virá, enquanto o Presente - a efetiva Ação Real - avança sobre
essa linha em direção aos possíveis Futuros.

Figura 4: Linha do Tempo, Funções gerenciais e perspectivas para análise.

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Tecnicamente, para efeito de análise nas organizações e também no Processo de Planejamento
Estratégico, essa dimensão temporal do percurso é subdividida em três extensões de Prazo:
Curto (CP), Médio (MP) e Longo (LP), o que pode ser visualizado na Figura 5:

Figura 5: A Linha do Tempo e os Prazos

Com efeito, no próprio conjunto de Demonstrativos Financeiros de uma empresa essa


classificação temporal também está expressa:
No Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE), podem ser observadas, ex-post, as
atividades operacionais da empresa num passado recente (curto prazo, um ano decorrido).
Já no Balanço Patrimonial (BP), temos as posições financeiras em ‘momento zero’ ou ‘tempo
zero’ - a data de fechamento do Balanço.
Este relatório, por sua vez, apresenta os grupos de contas - Ativos, Passivos e Patrimônio
Líquido - divididos de acordo com seus prazos futuros de maturação e vencimento: no Curto
Prazo - até um ano após a data de fechamento do BP - encontram-se as contas chamadas
‘Correntes’, sendo todas as demais - aquelas que apresentam prazos mais longos do que um
ano em sua maturação – chamadas de ‘Não Correntes’.
A Figura 5, acima, apresentada sob a forma de uma linha, também pode ser caracterizada em
termos contábeis através da estrutura de um Balanço Patrimonial (BP), conforme a Figura 6 abaixo:

Figura 6: Desenho Estrutura do BP e linha do tempo

Como apresentado na Figura 6, a classificação básica dos prazos no Balanço se dá entre


curto e longo, sendo, nesse caso, o limite final do prazo curto aquele período de tempo que
avance pelo futuro até um ano do momento zero; a partir daí, a classificação da conta já será
como de longo prazo.
Devemos ainda observar que os intervalos de tempo entre os prazos podem ser diferentes
quando em situações e análises distintas. Sendo assim, não há explicitamente a figura do médio
prazo na abordagem contábil enquanto nas áreas de Finanças e de Estratégia a divisão de
prazos mais eficaz inclui o médio prazo.

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Unidade: As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e estruturação da estratégia empresarial e financeira

Desse modo, no campo das Finanças e dos Negócios, quando se analisam os fundamentos da
Gestão Estratégica e Financeira faz-se mister a sua divisão entre os três Níveis da empresa - Institucional,
Gerencial e Operacional -, sendo, portanto, necessário delimitar um termo de médio prazo.
De fato, em termos de estratégia, dividem-se os prazos de acordo com os três níveis de formulação
do planejamento, os níveis Operacional (curto), Tático (médio) e Estratégico (longo prazo).
Por fim, ainda se faz necessária uma observação final sobre os prazos no tempo: a distinção
entre os fenômenos da Conjuntura e da Estrutura.
Para tanto, vamos lançar mão da definição clássica de Custos Empresariais: Custos Variáveis
são aqueles que se modificam no Curto e no Médio prazo; enquanto os Custos Fixos são
constantes nesse segmento de tempo. A caracterização do longo prazo se dá quando mesmo os
custos fixos tornam-se também variáveis.
Assim, o conceito de Estrutura está vinculado ao longo prazo ao passo que o curto e o médio
prazo estão relacionados à Conjuntura cíclica e/ou errática.

Planejamento Estratégico (PE), Planos Financeiros e Orçamentos (Budgets)

Seja para o caso de um(a) viajante ou de uma organização, as 5 Etapas do PE dão sentido
estratégico às ações além de permitir um nível possível de controle sobre as mesmas.
A seguir, como corolário à metáfora da viagem, apresentam-se os cinco passos essenciais do PE -
tanto para um(a) motorista previdente como para uma organização com propósitos, respectivamente:

Passo 1- As Condições Geográficas, Climáticas e operacionais da estrada e sua conservação:


“Análise do Ambiente Externo”.

Passo 2- Estado Geral do Automóvel e do Motorista: “Análise dos Recursos Disponíveis”.

Passo 3- Planejando a estratégia de viagem e o alinhamento geral do veículo: “Formulação da Estratégia”.

Passo 4- Começa a jornada. Caindo na estrada: “Implementação do PE”.

Passo 5- Há de se verificar o Velocímetro, a Quilometragem e os tempos de Parada: “Controle Estratégico”.

Conforme descrito acima, o processo de gestão estratégica pode ser pensado como uma
viagem pessoal e, assim, inserir-se num contexto de planejamento estratégico.

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Quando aplicada no campo da Gestão Estratégica empresarial, essa metodologia do PE
envolve conteúdos e técnicas de diferentes áreas de conhecimento, tais como do Planejamento
Empresarial, da Estratégia de Negócios, dos Demonstrativos Contábil-Financeiros e Métodos
Quantitativos para avaliação, organização e controle.
De fato, conforme já exposto, uma vez se tratando de Gestão Estratégica e de PE, costuma-se
dividir a empresa em três Níveis de planejamento: 1) o Institucional ou Estratégico (de longo prazo);
2) o Gerencial ou Tático (de médio prazo); 3) o Técnico ou Operacional (de curto e curtíssimo prazo).
Para qualquer desses três níveis de planos integrados, os ‘Planos Financeiros’ e seus processos
de Orçamentação (Budgeting) buscarão sempre traduzir as diretrizes e os objetivos organizacionais
em termos de viabilidade financeira, tornando as metas quantificáveis e registrando um valor
às intenções do planejamento.
Com efeito, tendo em vista analisar a inserção dos ‘Planos Financeiros’ e ‘Peças Orçamentárias’
no processo de PE, vamos tomar a ‘equação básica’ do Balanço Patrimonial como referência de
análise: o Ativo Total (AT) deve sempre ser exatamente igual à soma do Passivo Total (PT) com
o Patrimônio Líquido (PL). Ou seja: AT = PT + PL.
Em outras palavras, os recursos totais necessários a fim de suprir as atividades de investimento
em ativos (AT) da firma devem ter exata correspondência com aqueles captados pela atividade
de financiamento (PT + PL).
Revendo a Figura 2, vamos imaginar por um instante que essa equação acima também pode
se mover através do tempo como aquele automóvel e, assim o fazendo, permite-nos a construção
de expectativas, ‘estimativas’, de valores projetados ou ‘esperados’. Essas expectativas de valores
são formadas tanto para prever saldos futuros de contas de ativo como, também, aqueles saldos
referentes às fontes de financiamentos e às atividades operacionais.

Figura 7: As 5 etapas do Planejamento Estratégico (PE)

Uma observação: é usual na literatura apresentar-se a notação ‘E( )’ quando se está


tratando de variáveis (contas e rubricas dos demonstrativos contábeis, p.e.) que sejam
projeções de valores futuros. Assim sendo, apenas para efeito de menção, o valor
do Ativo Total ‘projetado para o futuro’ por uma empresa poderia ser representado
através da notação ‘E(AT)’, ao passo que ‘E(PT)’ e ‘E(PL)’ significariam, em termos
orçamentários, os valores estimados para o passivo total e o patrimônio líquido,
respectivamente. Desse modo, nossa equação orçamentária também poderia ser
escrita como: E(AT) = E(PT) + E(PL).

A seguir, veremos cinco EXEMPLOS contendo cálculos orçamentários:

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Unidade: As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e estruturação da estratégia empresarial e financeira

EXEMPLO 1.1: E(PT) - Valor esperado para o Passivo Total ou


‘Passivo Total Projetado’
Como exemplo, vamos supor que o processo de tomada de decisão da empresa ABC
Industrial S/A esteja se encerrando e que será necessária a palavra final sobre empreender-se
ou não um ‘Projeto de Investimento’ que envolve a imediata compra de uma unidade fabril e a
exploração de suas atividades durante os próximos 20 anos – quando, então, o total investido
estará completamente amortizado e devolvido.
Observe-se que essa é, de fato, uma ‘decisão de investimento’ - usos, destinos de recursos,
ou, em outros termos: onde aplicá-los?” - que envolve os prazos curto e longo.
Por outro lado, ‘a decisão de financiamento’ desse projeto - fontes de recursos; “de onde
buscar os recursos?” - deverá ser tomada a partir da escolha proporcional entre as duas formas
de captação desses recursos: próprios e/ou de terceiros.
O valor total estimado para o investimento em ativos operacionais a fim de levar avante esse
projeto prevê-se hoje, à valor presente, seja de E(R$ 260 mi) – lê-se “valor esperado de 260
milhões de reais”.
Tem-se que uma assembleia de acionistas da ABC deliberou pela emissão e integralização de
R$ 104 milhões em novas ações, objetivando financiar parte do projeto.
Portanto, a incógnita ou variável de interesse, que deverá ser estimada por nós nesse exemplo,
é o volume de captação de recursos financeiros, o qual é necessário se obter junto a terceiros
para que a ABC possa concretizar esse projeto de investimentos.
Uma vez que trabalharemos com resoluções empíricas (fórmulas), passaremos a utilizar ‘Notações’
(abreviações) para facilitar nossa tarefa. Assim, temos que: AT = R$ 260 mi e PL = R$ 104 mi.
Prosseguindo, no intuito de estimar, planejar, prever os recursos financeiros de terceiros
necessários para essa operação, vejamos qual seria o valor a ser arrecadado através da emissão
de Títulos de Dívida de Longo Prazo (Debêntures, p.e.) à fim de ‘viabilizar’ o projeto.
Em outras palavras, quanto seria o capital não-próprio que se deveria tomar emprestado para
se fazer frente à essa desejada composição proporcional da Estrutura de Capital da empresa
entre Recursos Próprios e de Terceiros? Ou, ainda, de outro modo, qual o valor da Necessidade
de Financiamento da empresa para esse tipo de capital exigível?

Resolução
Se temos a equação dos valores orçamentários AT = PT + PL, ou, E(AT) = E(PT) + E(PL),
e desejamos estimar o valor do passivo total esperado, devemos reformular a expressão acima,
deixando o Passivo Total isolado num dos lados do sinal de igualdade, ficando a fórmula,
portanto, igual a:
PT = AT - PL.
Logo, PT = R$ 260 - R$ 104
E(PT) = R$ 156

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Resposta: Para complementar o capital total necessário que financie o projeto da nova fábrica, a
empresa ABC deverá tomar emprestado de terceiros o valor de R$ 156 milhões.

EXEMPLO 1.2: E(AC) - Valor esperado para o Ativo Circulante


ou ‘Ativo Circulante Projetado’
Agora, avançando em nossa análise orçamentária sobre as expectativas para os próximos vinte
anos e sobre a estrutura patrimonial da empresa, desejamos saber como se divide esse Ativo Total
estimado (o valor do Investimento Total no Projeto) entre suas porções de curto e de longo prazo:
Sabe-se que o Ativo Total é igual à soma do ‘Ativo Corrente’ (AC) (de curto prazo) e do ‘Ativo
Não Circulante’ (ANC) (de longo e médio prazos), sendo sua fórmula: AT = AC + ANC.
Ressalte-se que, como se trata de valores estimados, a equação também pode ser escrita
como: E(AT) = E(AC) + E(ANC).
Em relação aos ANCs - Ativos Não Circulantes -, tecnicamente são considerados Recursos
Fixos devido à sua longa maturidade (e baixa liquidez). Desse modo, são também chamados na
literatura financeira de Ativo Fixo (AF), e considerados apenas em sua dimensão operacional.
Para o nosso caso da empresa ABC S/A, sendo que o valor do ANC foi orçado em R$ 195
milhões. Qual deverá ser o valor dos Ativos Correntes (AC) do projeto de investimento da
ABC Industrial?

Resolução:
Se AT = AC + ANC, pode ser verificado que AC = AT - ANC.
Assim, AC = 260 - 195
E(AC) = 65

Resposta: o valor previsto para o Ativo Circulante (de curto prazo), definido de acordo com o nível
operacional desejado pela ABC, deverá ser de R$ 65 milhões.

EXEMPLO 1.3: E(PC) - Valor esperado para o Passivo Circulante


ou ‘PC Projetado’
Da mesma forma que o as contas do ativo são divididas entre o curto e longo prazo, também
com as contas referentes às atividades de financiamento da empresa ocorre o mesmo.
Desse modo, obedecendo a ordem de liquidez e maturidade das rubricas, as de mais longa
maturidade e baixa liquidez serão aquelas referentes ao Patrimônio Líquido, seguida pelas de
Passivo de longo prazo - Passivo Não Circulante (PNC) - e, finalmente, o financiamento através
de capital de terceiros de curto prazo - o Passivo Circulante (PC).

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Unidade: As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e estruturação da estratégia empresarial e financeira

Resolução:
Poderemos encontrar o valor da estimativa para o PC através da seguinte fórmula: PT = PC
+ PNC.
Sabendo que o valor estimado do passivo circulante no projeto é:
PC = PT – PNC.
PC = 156 - 117

Resposta: o valor previsto para o Passivo Circulante (de curto prazo), definido de acordo com o
nível operacional desejado pela ABC, deverá ser de R$ 39 milhões.

EXEMPLO 1.4: E(CCL) - Valor esperado para o Capital


Circulante Líquido ou ‘CCL Projetado’
Em termos de Planos Financeiros e Orçamentação, um indicador financeiro é crucial: o
Capital Circulante Líquido representa o ‘saldo’ de capital necessário para ‘bancar’ as operações
de curto e curtíssimo prazo da firma.
Sua fórmula é: CCL = AC – PC

Resolução:
CCL = 65 - 39

Resposta: o valor previsto para o Capital Circulante Líquido, também definido a partir do nível
operacional desejado pela firma ABC, deverá ser de R$ 26 milhões.

EXEMPLO 1.5: E(IT) - Valor esperado para o Investimento Total


ou ‘IT Projetado’
Lembrando que o Ativo Fixo (AF) é a expressão financeira para o ativo de longo prazo
(ANC), o valor do Investimento Total (IT), em termos de caixa, deverá ser:
IT = CCL + AF
Resolução:
IT = 26 + 195

Resposta: em termos de Caixa, o valor previsto para o Investimento Total nesse projeto da firma
ABC, deverá ser de R$ 221 milhões.

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Conclusão
Seguem algumas observações sobre o conteúdo desta unidade.
‘Para fixação’: ‘AT (Ativo Total), PT (Passivo Total), PL (Patrimônio Líquido), AC (Ativo
Circulante), ANC (Ativo Não Circulante), PC (Passivo Circulante), PNC (Passivo Não Circulante),
CCL (Capital Circulante Líquido), AF (Ativo Fixo), IT (Investimento Total).

‘O que vimos’: Gestão Estratégica; Planejamento Estratégico (PE); Planos Financeiros e


Orçamentos (Budgets).

‘O que veremos’: nas próximas unidades estudaremos cada uma das 5 Etapas do
Planejamento Estratégico Organizacional em separado, sendo que na Unidade 2 estudaremos
mais detidamente o primeiro passo do PE: a Análise do Ambiente Externo.

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Unidade: As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e estruturação da estratégia empresarial e financeira

Material Complementar

DICAS/LINKS: Ampliando Conhecimentos:

Algo INTERESSANTE sobre ‘os Futuros’:


O “Futures®” - um renomado ‘journal’ acadêmico internacional - afirma, na apresentação de
sua linha editorial, ser “The journal of policy, planning and futures studies”, “o jornal de Política,
Planejamento e Futuros”. (http://www.journals.elsevier.com/futures)
O periódico se declara como “um jornal internacional, referenciado, multidisciplinar e preocupado
com os Futuros de Médio e Longo Prazo de culturas e sociedades, Ciência e Tecnologia (C&T),
Economia e Política, meio ambiente, planeta, indivíduos e humanidade.”
Ainda, “cobrindo métodos e práticas dos ‘Estudos Futuros’, o journal busca examinar ‘Futuros
possíveis e alternativos’ de todos os empreendimentos humanos.”
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, reflita sobre qualquer situação que
envolva uma Previsão de ‘Futuros’.

Sites de Interesse:

ABRASCA - Associação Brasileira das Companhias Abertas


http://www.abrasca.org.br
I- Missão e Objetivos
http://www.abrasca.org.br/Abrasca/Missao-Objetivos

I.1- O PAPEL E A FUNÇÃO DA ABRASCA


Atuação conjunta, um canal permanente para a defesa das posições das empresas
A principal Missão da Associação Brasileira das Companhias Abertas - ABRASCA - associação civil
sem fins lucrativos criada em 21 de dezembro de 1971 - é a defesa, em sua atuação conjunta, das
posições da companhia aberta, como a face moderna da economia brasileira, junto aos centros de
decisão e à opinião pública.
Além disso, a ABRASCA está empenhada no desenvolvimento dos mecanismos do mercado de
capitais e na disseminação de informações sobre os seus principais títulos, como as ações, as
debêntures e os “comercial papers”.
Pela condição de módulo vital da economia de mercado, a empresa moderna deve assumir a
responsabilidade de aperfeiçoar e manter postulados de comportamento empresarial consistentes
com o mercado em constante evolução.
A ABRASCA entende que a sociedade brasileira não pode prescindir, principalmente em sua fase
atual de desenvolvimento, da participação ativa de todos os seus segmentos.
Por essas razões, além das companhias abertas, podem associar-se à ABRASCA companhias
fechadas e outras pessoas jurídicas que captam recursos de terceiros sob qualquer forma que não
exclusivamente empréstimos bancários, que prestam consultoria voltada para a emissão ou colocação
de valores mobiliários, ou que invistam no capital social de outras empresas.

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Referências

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Unidade: As cinco etapas do Planejamento Estratégico (PE): conceituação e estruturação da estratégia empresarial e financeira

Anotações

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