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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS - Introdução à Algebra Linear

1. No exemplo 11.7 (pag. 137) foi visto que o conjunto de vetores


{u, v, w} ∈ R3 onde
u = (1, 2, 0), v = (3, 0, 1), w = (2, −2, 1)
é linearmente dependente.
Determinar se o conjunto {u, v, w}, onde
u = (1, 2, 0), v = (3, 0, 2), w = (2, −2, 1)
é linearmente independente.
Solução
O conjunto de vetores {u, v, w} será linearmente independente, se a
única solução da equação
a1 u + a2 v + a3 w = (0, 0, 0)
for a solução nula: a1 = a2 = a3 = 0.
A equação
a1 (1, 2, 0) + a2 (3, 0, 2) + a3 (2, −2, 1) = (0, 0, 0) (1)
e equivalente ao sistema,
a1 + 3a2 + 2a3 = 0
2a1 − 2a3 = 0
2a2 + a3 = 0
Escalonando a matriz associada ao sistema obtemos,
   
1 3 2 1 0 0
 2 0 −2  →  0 1 0 
0 2 1 0 0 1
(Verifique!)
Desta forma,
a1 = 0
a2 = 0
a3 = 0
Sendo a solução nula, a única solução da equação (1) concluimos que o
conjunto {u, v, w} é linearmente independente.

1
2. Sejam as matrizes
     
2 1 1 −2 7 m
A= ; B= ; C=
−1 3 2 −1 4 n

(a) Determinar os valores de m e n de modo que A, B e C


sejam linearmente dependentes.
(b) Estabelecer a relação de dependência entre A, B e C.

Solução

(a) Procuramos números reais a, b e c, não todos nulos, tais que

aA + bB + cC = 0

(onde o zero no lado direito da igualdade, representa a matriz nula


de ordem 2)
Tem-se que,
       
2a a b −2b 7c mc 0 0
aA+bB+cC = + + =
−a 3a 2b −b 4c nc 0 0

Equivalentemente,
   
2a + b + 7c a − 2b + mc 0 0
=
−a + 2b + 4c 3a − b + nc 0 0

Ou ainda,

2a + b + 7c = 0
−a + 2b + 4c = 0
a − 2b + mc = 0
3a − b + nc = 0

Das duas primeiras equações obtemos por escalonamento,


   
2 1 7 1 0 2

−1 2 4 0 1 3

2
(verifique!)
Desta forma,

a + 2c = 0
b + 3c = 0

e assim a = −2c, b = −3c para qualquer c ∈ R.


Substituindo estes valores de a e b na terceira e quarta equaçoes
do sistema,

(−2c) − 2(−3c) + mc = 0 ⇒ (4 + m)c = 0 (1)

3(−2c) − (−3c) + nc = 0 ⇒ (−3 + n)c = 0 (2)


Considerando que os números a, b e c não podem ser todos nulos
segue das expressões para a, b e das equações (1) e (2) que c 6= 0.
Assim, de (1) e (2), para que o conjunto {A, B, C} seja linearmente
dependente devemos ter que

m = −4 e n = 3

(b) Substituindo os valores encontrados m = −4 e n = 3 resulta que,


 
7 −4
C=
4 3

A relação de dependencia procurada é da forma,

aA + bB + cC = 0 (3)

ou seja, devemos determinar a, b e c tais que


       
2a a b −2b 7c −4c 0 0
+ + =
−a 3a 2b −b 4c 3c 0 0

De modo analogo ao utilizado no item (a) obtemos,

a = −2c
b = −3c
c 6= 0

3
Substituindo em (3),

(−2c)A + (−3c)B + c C = 0, c 6= 0

Equivalentemente, dividindo por −c 6= 0,

2A + 3B − C = 0

a qual é a relação de dependência entre as matrizes A, B e C.


Observemos que desta relação de dependência podemos escrever
uma das matrizes como combinação linear das outras duas:
Por exemplo,
3 1
A=− B+ C
2 2
3. Dados os vetores

u = (1, 2); v = (3, 4) ∈ R2

(a) Verificar que o conjunto B = {u, v} é uma base de R2 .


(b) Determinar as coordenadas do vetor w = (5, −5) nesta
base, isto é, determinar [w]B .

Solução

(a) Para o conjunto B ser uma base de R2 devemos verificar que


• Dado um vetor z = (α, β) qualquer em R2 , devem existir
constantes a e b tais que,

z = (α, β) = au + bv (significa que B gera R2 )

No exemplo 11 da lista de exercı́cios resolvidos (tutoria ante-


rior) vimos que
   
3β β
z = (α, β) = − 2α (1, 2) + α − (3, 4) (?)
2 2

Desta forma o conjunto B gera R2 .

4
• O conjunto B deve ser linearmente independente.
Para tal a única solução da equação,

au + bv = (0, 0)

deve ser a = b = 0.
Tomando α = β = 0 em (?) teremos,

3β β
a= − 2α = 0 e b = α − = 0
2 2
Desta forma o conjunto B é linearmente independente.
Sendo satisfeitas as condições acima vem que o conjunto B é uma
base do espaço R2 .
(b) Para determinar as coordenadas do vetor w = (5, −5) na base
B = {(1, 2), (3, 4)} utilizaremos (?).
Tomando α = 5 e β = −5 em (?) teremos:
   
3(−5) −5 35 15
(5, −5) = −2(5) (1, 2)+ 5− (3, 4) = − (1, 2)+ (3, 4)
2 2 2 2

Desta forma,
− 35
 
[w]B = 2
15
2

4. Verificar se o conjunto B = {1, t − 1, (t − 1)2 } é uma base para


o espaço vetorial P2 (R).
Caso a resposta for afirmativa, determinar as coordenadas de
p(t) = 1 + t2 nessa base.
Solução

(a) O conjunto B será uma base para P2 (R) se são satisfeitas duas
condições: B gera P2 (R) e B é linearmente independente.
• (B gera P2 (R))
Seja a+bt+ct2 um elemento qualquer de P2 (R). Para B gerar
o espaço P2 (R) devemos determinar constantes α1 , α2 , α3 tais
que

5
a + bt + ct2 = α1 · 1 + α2 · (t − 1) + α3 · (t − 1)2 (1)

Equivalentemente,

a + bt + ct2 = (α1 − α2 + α3 ) + (α2 − 2α3 )t + α3 t2

Comparando ambos lados desta igualdade resulta o sistema


linear,

α1 − α2 + α3 = a
α2 − 2α3 = b
α3 = c

cuja solução é

α1 = a + b + c
α2 = b + 2c
α3 = c

Considerando estes valores para α1 , α2 , α3 na equação (1):

a+bt+ct2 = (a+b+c)·1+(b+2c)(t−1)+c(t−1)2 (2)

Esta igualdade nos diz que o conjunto B gera o espaço P2 (R).


• (B é linearmente independente)
Para determinar se o conjunto B é linearmente independente
resolvemos para α1 , α2 , α3 a equação

0 + 0t + 0t2 = α1 · 1 + α2 · (t − 1) + α3 · (t − 1)2

Pela equação (2), tomando a = b = c = 0 obtemos

α1 = α2 = α3 = 0

Desta forma, B é linearmente independente.

Concluimos que B é uma base para o espaço P2 (R).

6
(b) Considerando o polinômio p(t) = 1 + t2 temos que a = 1, b = 0 e
c = 1. Segue da equação (2) que,

p(t) = 1 + t2 = (1 + 0 + 1)1 + (0 + 2 · 1)(t − 1) + 1 · (t − 1)2

ou seja,

p(t) = 1 + t2 = 2 · 1 + 2 · (t − 1) + 1 · (t − 1)2

Os escalares 2, 2 e 1 são as coordenadas do polinômio p(t) na base


B, isto é,  
2
[p(t)]B = 2 

1
5. Para cada subespaço H, determine uma base e sua dimensão:

(a) H = {(a, b, c, d); a − 3b + c = 0}; (b) H = {(x, y, x); x, y ∈ R}

Solução

(a) Da condição a − 3b + c = 0 temos que a = 3b − c. Desta forma,

(a, b, c, d) = (3b−c, b, c, d) = b(3, 1, 0, 0)+c(−1, 0, 1, 0)+d(0, 0, 0, 1)

Assim,
H = [(3, 1, 0, 0), (−1, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)]
(H é gerado pelo conjunto B = {(3, 1, 0, 0), (−1, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)})
Vejamos agora se o conjunto B é lineamente independente.
Consideremos a equação:

r(3, 1, 0, 0) + s(−1, 0, 1, 0) + t(0, 0, 0, 1) = (0, 0, 0, 0)

Equivalentemente, temos o sistema

3r − s = 0
r= 0
s= 0
t= 0

7
Segue dai que r = s = t = 0 e assim B é linearmente indepen-
dente.
Sendo B conjunto gerador de H e linearmente independente con-
cluimos que o conjunto

B = {(3, 1, 0, 0), (−1, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)}

é uma base para H.


Como o número de vetores desta base é três, temos que a dimensão
de H é três, isto é,
dim H = 3
.
(b) Observemos que,

(x, y, x) = x(1, 0, 1) + y(0, 1, 0)

Assim o conjunto B = {(1, , 0, 1), (0, 1, 0)} é um gerador do sube-


spaço H.
Vejamos se B é linearmente independente.
Consideremos a equação

a(1, 0, 1) + b(0, 1, 0) = (0, 0, 0)

Dai a = b = 0 e assim B é linearmente independente.


Sendo B gerador de H e conjunto linearmente independente con-
cluimos que
B = {(1, 0, 1), (0, 1, 0)}
é uma base para o subespaço H.
Como o número de vetores desta base é dois, temos que a dimensão
de H é dois, isto é,
dim H = 2
.

8
6. O conjunto das soluções de um sistema linear homogêneo
Ax = 0, onde A é uma matriz de tamanho m × n, formam
um subespaço vetorial do espaço Rn .
Determinar uma base e a dimensão do subespaço S das soluções
do sistema linear homogêneo,

x1 − x2 = 0
5x1 + 2x3 + 2x4 = 0
3x1 − 2x2 + x3 + x4 = 0

Solução
A matriz associada a este sistema linear homogêneo é
 
1 −1 0 0
 5 0 2 2 
3 −2 1 1

Utilizando operações elementares obtemos sua forma escalonada re-


duzida,    
1 −1 0 0 1 0 0 0
 5 0 2 2 → 0 1 0 0 
3 −2 1 1 0 0 1 1
(verifique!)
Esta última matriz, representa o sistema linear

x1 = 0
x2 = 0
x3 + x4 = 0

O conjunto solução deste sistema linear é,

S = {(x1 , x2 , x3 , x4 ) : x1 = x2 = 0, x3 = −x4 }

Equivalentemente,

S = {(0, 0, −x4 , x4 ) : x4 ∈ R}

9
Ou ainda,
S = {(0, 0, −1, 1)x4 , x4 ∈ R}
Assim, B = {(0, 0, −1, 1)} é uma base para o subespaço S das soluções
do sistema linear.
Como há um único vetor nesta base segue que

dim S = 1

7. Determinar uma base e a dimensão do subespaço de R3 ,

W = {(x, y, z) ∈ R3 : x + 2y + 3z = 0}

Solução
Da equação x + 2y + 3z = 0 obtemos que x = −2y − 3z.
Assim, se (x, y, z) ∈ W podemos escrever

(x, y, z) = (−2y − 3z, y, z) = y(−2, 1, 0) + z(−3, 0, 1)

Esta equação nos diz que o conjunto

B = {(−2, 1, 0), (−3, 0, 1)}

é um conjunto gerador para o subespaço W .


Para verificar a independência linear, consideramos a equação,

a(−2, 1, 0) + b(−3, 0, 1) = (0, 0, 0)

ou, equivalentemente,

−2a − 3b = 0
a= 0
b= 0

ou seja a = b = 0 e assim B é linearmente independente.


Sendo B conjunto gerador de W e linearmente independente concluimos
que B é uma base de W .
Como o número de elementos de B = {(−2, 1, 0), (−3, 0, 1)} é dois
temos que
dim W = 2

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8. Uma matriz triangular superior de ordem dois é uma matriz
quadrada da forma  
a b
M=
0 c

(a) É o conjunto W das matrizes triangulares de ordem dois


um subespaço vetorial de M2×2 (R)?
(b) No caso afirmativo, determine uma base e a dimensão
desse subespaço.

Solução

(a) Consideramos
  
a b
W = : a, b, c ∈ R
0 c

Tem-se que,

0 0
• W 6= φ já que a matriz nula pertence a W .
0 0
• Consideremos em W as matrizes
   
a b d e
A= eB =
0 c 0 f

Resulta que,
 
a+d b+e
A+B = ∈W
0 c+f
 
a b
• Seja A = ∈ W e α ∈ R. Tem-se que
0 c
 
αa αb
αA = ∈W
0 αc

Satisfeitas as três condições acima, concluimos que W é um sube-


spaço vetorial de M2×2 (R).

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(b) Observemos que
       
a b 1 0 0 1 0 0
=a +b +c
0 c 0 0 0 0 0 1

Isto nos diz que o conjunto de matrizes,


     
1 0 0 1 0 0
B= , ,
0 0 0 0 0 1

é um conjunto gerador do subespaço W .


Este conjunto B também é linearmente independente pois se con-
siderarmos a equação,
       
1 0 0 1 0 0 0 0
a +b +c =
0 0 0 0 0 1 0 0

resulta a = b = c = 0.
Sendo B gerador de W e linearmente independente, concluimos
que é uma base para o subespaço W .
Como o número de vetores da base B é três vem que

dim W = 3
 
2 0
9. Seja A = . Determinar uma base e a dimensão para o
0 3
subespaço
W = {X ∈ M2×2 (R) : AX = XA}
Solução
Determinemos inicialmente a forma geral de uma matriz X pertencente
a W.
Seja  
a b
X=
c d
Devemos ter que
AX = XA
isto é,      
2 0 a b a b 2 0
=
0 3 c d c d 0 3

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Desenvolvendo os produtos de matrizes, devemos ter que,
   
2a 2b 2a 3b
=
3c 3d 2c 3d

Pela igualdade de matrizes,

2b = 3b
3c = 2c

segue dai que b = c = 0. Desta forma, X ∈ W se


 
a 0
X=
0 d

Ou equivalentemente,
  
a 0
W = : a, d ∈ R
0 d

Sendo      
a 0 1 0 0 0
=a +d
0 d 0 0 0 1
temos que o conjunto
   
1 0 0 0
B= ,
0 0 0 1

é um conjunto gerador do subespaço W .


B é linearmente independente já que a equação
     
1 0 0 0 0 0
α +β =
0 0 0 1 0 0

admite apenas a solução nula α = β = 0.


Sendo B gerador de W e conjunto linearmente independente concluimos
que B é uma base para W .
Como tal base B de W possui dois elementos, concluimos que

dim W = 2

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10. Sejam V = P2 (R) e q ∈ V . Foi visto na questão 4 desta lista
que
B = {1, t − 1, (t − 1)2 }
é uma base para V .  
3
Sabendo que [q(t)]B =  5  determinar q(t).
7
Solução
Sabendo que a representação de q(t) na base B de P2 (R) é dada pela
matriz  
3
 5 
7
temos que,
q(t) = 3 · 1 + 5 · (t − 1) + 7 · (t − 1)2
ou seja,
q(t) = 3 + 5t − 5 + 7t2 − 14t + 7
ou ainda,
q(t) = 5 − 9t + 7t2

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