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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA


CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Caroline Visentin. João Vitor Mazutti, Paula Zanchetta e Rubens


Rogério Scottá Junior

Projeto de ampliação de Aterro Sanitário para a Empresa


COOPERCICLA da cidade de Santa Cecília do Sul/RS

Passo Fundo, 2012.


1

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização dos municípios no Estado, os quais, a empresa COOPERCICLA


atende. Fonte: IBGE Adaptado. ......................................................................................... 10
Figura 2: Economia do município de Água Santa. Fonte: IBGE (2010). ................................. 11
Figura 3: Economia do município de Charrua.Fonte: IBGE (2010). ....................................... 12
Figura 4: Economia do município de Ciríaco. Fonte: IBGE (2010). ....................................... 14
Figura 5: Economia do município de Floriano Peixoto. Fonte IBGE (2010). ......................... 15
Figura 6: Economia do município de Ibiaçá. Fonte IBGE (2010)............................................ 17
Figura 7: Economia do município de Santa Cecília do Sul. Fonte: IBGE (2010). .................. 18
Figura 8: Economia do município de Tapejara. Fonte: IBGE (2010). ..................................... 20
Figura 9: Economia do município de Vila-Lângaro. Fonte: IBGE (2010). .............................. 21
Figura 10: Evolução populacional do município de Água Santa. Adaptado IBGE. ................ 22
Figura 11: Evolução populacional do município de Charrua. Adaptado IBGE. ...................... 23
Figura 12: Evolução populacional do município de Ciríaco. Adaptado IBGE. ....................... 23
Figura 13: Evolução populacional do município de Floriano Peixoto. Adaptado IBGE. ........ 24
Figura 14: Evolução populacional município de Ibiaçá. Adaptado IBGE. .............................. 25
Figura 15: Evolução populacional do município de Santa Cecília do Sul. Adaptado IBGE. .. 25
Figura 16: Evolução Populacional do município de Tapejara. Adaptado IBGE. ..................... 26
Figura 17: Evolução populacional do município de Vila Lângaro. Adaptado IBGE. .............. 27
Figura 18: Localização do aterro em relação aos municípios atendidos. Fonte: Google Earth.
........................................................................................................................................... 32
Figura 19: Mapa de localização da COOPERCICLA e dos municípios atendidos. Fonte:...... 32
Figura 20: Esquema das unidades que compõe o aterro. Fonte: Google Earth. ....................... 34
Figura 21: Localização da nova célula do aterro. Fonte: Google Earth. .................................. 35
Figura 22: Mapa dos compartimentos de relevo presentes no Brasil. Fonte: IBGE (2006). .... 37
Figura 23: Compactação dos solos na energia do ensaio Proctor normal, considerando-se
granulometrias na faixa das argilas aos pedregulhos (Modificado de PINTO, 2000). ...... 39
Figura 24: Mapa das províncias hidrogeológicas do Brasil. Fonte: Adaptado de
(DNPMCPRM, 1983), apud (MMA, 2003). ..................................................................... 41
Figura 25: Distribuição dos aquíferos no Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: IBGE. .......... 42
Figura 26: Atividades Industriais de uso dos recursos hídricos do município de Santa Cecília
cadastradas na FEPAM. ..................................................................................................... 43
Figura 27: Esquema com dimensões das células. ..................................................................... 44
Figura 28: Detalhe dos sistemas de controle das águas run-on e run-off. ................................ 52
Figura 29: Detalhe do dreno de captação de gases. .................................................................. 54
Figura 30: Layout do aterro sanitário da Empresa COOPERCICLA. ...................................... 63
Figura 31:Exemplificação da relação feita para obtenção da geometria da célula. .................. 76
Figura 32: Estimativa da geração de lixiviado para cada célula............................................... 93
Figura 33: Taxa de produção de gás na decomposição rápida e lenta. ..................................... 98
Figura 34: Taxa de produção de gás. ........................................................................................ 98
2

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: População dos municípios. ....................................................................................... 21


Tabela 2: Projeção Populacional dos Municípios de Água Santa, Tapejara, Charrua, Ciríaco,
Floriano Peixoto, Ibiaçá, Santa Cecília do Sul e Vila Lângaro. ........................................ 27
Tabela 3: Projeção da geração de resíduos per capita, triagem, reciclável, quantidade aterrada
e a quantidade total para 20 anos. ...................................................................................... 29
Tabela 4: Composição Gravimétrica do lixo no Brasil e nos municípios. ............................... 30
Tabela 5: Distância dos municípios em relação ao aterro. ....................................................... 31
Tabela 6: Principais Parâmetros Medidos em lixiviados ......................................................... 72
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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... 2


1 Apresentação ........................................................................................................................ 5
1.1 Considerações Iniciais e Justificativa .......................................................................... 7
1.2 Objetivo ....................................................................................................................... 7
1.3 Concepção .................................................................................................................... 8
2 Memorial Descritivo ............................................................................................................ 9
2.1 Informações Cadastrais ................................................................................................ 9
2.1.1 Entidade responsável pelo aterro sanitário ........................................................... 9
2.1.2 Profissionais responsáveis pelo projeto ................................................................ 9
2.2 Informações Gerais dos Municípios ............................................................................ 9
2.2.1 Água Santa .......................................................................................................... 10
2.2.2 Charrua ............................................................................................................... 11
2.2.3 Ciríaco ................................................................................................................ 13
2.2.4 Floriano Peixoto ................................................................................................. 14
2.2.5 Ibiaçá .................................................................................................................. 16
2.2.6 Santa Cecília do Sul............................................................................................ 17
2.2.7 Tapejara .............................................................................................................. 18
2.2.8 Vila Lângaro ....................................................................................................... 20
2.2.9 População ........................................................................................................... 21
2.2.10 Evolução Populacional ....................................................................................... 22
2.2.11 Crescimento Populacional .................................................................................. 27
2.3 Informações Sobre Resíduos Sólidos a Serem Dispostos .......................................... 28
2.3.1 Composição Gravimétrica dos Resíduos ............................................................ 30
2.3.2 Peso Específico ................................................................................................... 30
2.4 Caracterização do Local Destinado do Aterro ........................................................... 31
2.4.1 Localização e Informações da Área.................................................................... 33
2.4.2 Caracterização Topográfica ................................................................................ 35
2.4.3 Caracterização Geomorfológica e geológica ...................................................... 35
2.4.4 Caracterização Pedológica .................................................................................. 37
2.4.5 Caracterização Geotécnica ................................................................................. 38
2.4.6 Caracterização Climatológica ............................................................................. 39
2.4.7 Caracterização Hidrológica e Hidrogeológica .................................................... 40
2.5 Descrição dos Elementos do Projeto ......................................................................... 43
2.5.1 Célula de Disposição .......................................................................................... 43
2.5.2 Sistema de Impermeabilização de Fundo e das Laterais .................................... 45
2.5.3 Sistema de Cobertura Superficial ....................................................................... 46
2.5.4 Sistema de Drenagem de Lixiviado e de Águas Superficiais ............................. 49
2.5.5 Sistema de Drenagem de Gás ............................................................................. 53
2.5.6 Sistema de Tratamento de Lixiviado .................................................................. 55
2.6 Análises de Estabilidade ............................................................................................ 55
2.7 Plano e Atividades de Implantação ............................................................................ 57
2.7.1 Preparo e Isolamento da Área do Aterro ............................................................ 57
2.7.2 Vias de Acessos Externas e Internas .................................................................. 58
2.7.3 Sistemas e Equipamentos Utilizados na Fase de Implantação ........................... 59
2.7.4 Preparo de Local de Disposição ......................................................................... 59
2.8 Plano e Atividades de Operação ................................................................................ 60
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2.8.1 Atividades de Caráter Administrativo e Técnico ............................................... 61


2.8.2 Layout da Área do Aterro ................................................................................... 62
2.8.3 Ocupação da Área ............................................................................................... 64
2.8.4 Transporte e Disposição dos Resíduos Sólidos .................................................. 64
2.8.5 Tratamento, Espalhamento e Compactação dos Resíduos Sólidos .................... 65
2.8.6 Material de Empréstimo ..................................................................................... 66
2.8.7 Plano de Controle da Área e Equipamentos ....................................................... 66
2.8.8 Medidas de Segurança na Implantação e Operação ........................................... 68
2.9 Plano de Encerramento do Aterro e Cuidados Posteriores ........................................ 68
2.10 Sugestão de Recuperação da Área ............................................................................. 69
2.11 Plano de Monitoramento ............................................................................................ 70
2.11.1 Monitoramento na Fase de Implantação ............................................................. 70
2.11.2 Monitoramento na Fase de Operação ................................................................. 70
3 Memorial Técnico .............................................................................................................. 75
3.1 Célula de disposição .................................................................................................. 75
3.2 Sistema de Impermeabilização de Fundo e Laterais .................................................. 78
3.2.1 Revestimento Mineral ........................................................................................ 78
3.2.2 Revestimento Geossintético ............................................................................... 81
3.2.3 Revestimento Geotêxtil ...................................................................................... 84
3.3 Sistema de Cobertura Superficial .............................................................................. 85
3.3.1 Sistema de Cobertura Diária ............................................................................... 85
3.3.2 Sistema de cobertura final .................................................................................. 89
3.3.3 Verificação da necessidade de um sistema de drenagem no sistema de cobertura
final 90
3.4 Sistema de Drenagem de Lixiviado ........................................................................... 92
3.5 Sistema de Drenagem de Gás .................................................................................... 97
3.6 Sistema de Drenagem Superficial ............................................................................ 100
3.7 Análises de Estabilidade .......................................................................................... 102
3.7.1 Estabilidade do Sistema de Cobertura .............................................................. 102
3.7.2 Estabilidade do Sistema de Impermeabilização ............................................... 106
4 Estimativa de Custos ........................................................................................................ 110
5 Cronograma ..................................................................................................................... 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 112
ANEXO A - Mapa Morfoestrutural e Mapa Morfoclimático do Brasil ................................. 116
ANEXO B - Resistência a Impactos Ambientais do Solo da Região ..................................... 117
ANEXO C - Planta Topográfica da área ................................................................................ 120
ANEXO D - Mapa da Bacia Hidrográfica do Apuaê/Inhandava ........................................... 121
ANEXO E - Planta Hidrográfica da área................................................................................ 122
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1 Apresentação

O aumento populacional trouxe consigo um crescente aumento nas atividades


industriais e das tecnologias, assim como, um padrão de consumismo ainda mais exagerado,
que tende a crescer cada vez mais. Dentro dessa questão, entra a problemática dos resíduos
gerados tanto nos processos industriais, quanto nas atividades humanas domiciliares e
públicas.
A quantidade de lixo produzida mundialmente, todos os dias, é absurda e pouco tem se
pensado sobre isso, pela maioria das pessoas e empresas. Além da quantidade produzida,
deve-se pensar para onde vai todo esse resíduo. O panorama da disposição final dos resíduos
por todo o mundo mostra que boa parte, e em alguns locais, a maioria dos resíduos sólidos
gerados são dispostos inadequadamente - seja em lixões a céu aberto sem nenhum tipo de
triagem ou tratamento, aterros controlados, incineração mal executada, etc.
Assim, a questão da gestão dos resíduos sólidos urbanos e industriais, analisando todas
as questões envolvidas e relacionadas ao lixo, desde sua produção e coleta, até sua disposição
final. Atualmente, essa gestão tem-se tornando um desafio, visto que, muitas vezes faltam
incentivos financeiros e conscientização de prefeituras municipais quanto às questões
ambientais do problema do lixo, principalmente, quanto ao seu tratamento (compostagem,
possibilidade de reutilização e reciclagem...) e disposição final.
Sabe-se que no Brasil, cerca de 43% dos resíduos são dispostos inadequadamente, o
que evidencia uma situação bastante preocupante, conhecendo-se os impactos negativos.
Dentre esses impactos têm-se: poluição do solo, poluição dos recursos hídricos, poluição
atmosférica, proliferação de vetores de doenças, aparecimento de animais, etc., que, dessa
forma, geram prejuízos ambientais e sociais.
Portanto, não são tão comuns cidades que disponham de uma política de resíduos
completa, ou seja, a maioria delas apresenta uma coleta seletiva bastante irregular,
reaproveitam ou reciclam muito pouco de seu lixo e dispõem esses resíduos irregularmente
em vulgos "lixões".
Por causa dos problemas já relatados, dentre outros, faz-se necessário um
planejamento correto para a coleta, destinação e posterior disposição final dos resíduos.
A coleta seletiva é o primeiro passo para que esse planejamento correto funcione
efetivamente, e sem dúvida deve estar aliada à conscientzação das pessoas e das indústrias em
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separar corretamente seu lixo. A coleta, assim sendo, deve ser realizada de uma maneira
sistemática e organizada, com horários pré-definidos, sendo um horário para a coleta do lixo
reciclável e outro horário para coletar o lixo não-reciclável. Esse procedimento, se realizado
de maneira correta, irá facilitar muito os processos de tratamento dos resíduos sólidos (caso
no plano de gestão exista uma empresa especializada em tratar resíduos) no que diz respeito à
triagem, à compostagem e à reciclagem dos mesmos.
Os resíduos que podem ser reutilizados ou recicláveis deveriam ser encaminhados à
empresas que realizam a sua triagem, compostagem ou reciclagem (o que muito pouco
acontece). Através desses processos, é possível a obtenção de muitos benefícios, tais como: a
geração de emprego, a reutilização de um material que caso não houvesse esse processamento
seria "jogado fora" (havendo um consequente aumento da vida útil do aterro de disposição
final), benefícios ambientais diversos.
Para o contexto da disposição, hoje em dia, a alternativa mais utilizada e viável, tem
sido a implantação de aterros sanitários, cujo os quais, utilizam-se de técnicas de engenharia e
de características diversas sobre certa cidade, sobre a população da mesma e sobre os resíduos
lá gerados para serem projetados. Estas informações são baseadas em diversos fatores, para
que se possa desempenhar o projeto da forma mais propícia a atender as exigências do
município em relação aos seus detritos.
Atualmente, o lixo urbano gerado pelos municípios – Água Santa, Charrua, Ciríaco,
Floriano Peixoto, Ibiaçá, Santa Cecília do Sul, Tapejara e Vila Lângaro - são coletados pela
empresa COOPERCICLA, a qual é composta por uma cooperativa de recicladores de resíduos
orgânicos e inorgânicos. Todo o resíduo gerado é coletado, sendo deste feito a descarga dos
mesmos na localidade, além da triagem, enfardamento e acúmulo de orgânicos para o pátio de
compostagem. Nesta localidade, são realizados os procedimentos com o resíduo, conforme
dito, até a destinação final ao aterro local.
De acordo com a NBR 8419 (ABNT, 1983), aterro sanitário de resíduos sólidos
urbanos é uma técnica de destinação de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à
saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza
princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los
ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada
jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário. Em vista disso, a proposta em si
visa um melhor e mais correto acondicionamento dos resíduos sólidos gerados pelos
municípios abrangidos pela COOPERCICLA, favorecendo assim a população e o meio
ambiente local.
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1.1 Considerações Iniciais e Justificativa

Tendo em vista a grave problemática quanto à gestão dos resíduos sólidos urbanos,
desde sua produção, coleta, e disposição final, torna-se um desafio à maneira de gerir todo
esse resíduo gerado. Não basta apenas ter boa vontade dos governantes, como também, de
entidades treinadas se não há conscientização da população. Este é um dos principais fatores e
desafios que devem ser levados em conta, visto que interferem diretamente na quantidade de
resíduos destinados a aterros. Por exemplo, se o lixo doméstico não é separado corretamente,
forma-se assim maior quantidade de resíduos, por não haver a possível reciclagem e
reaproveitamento do mesmo.
Para a elaboração de um projeto de aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos, todas
estas e outras informações devem ser adquiridas, para projetar com a determinada vida útil,
atendendo as condicionantes da gestão realizada.
Levando em conta, que a vida útil do aterro para onde os resíduos gerados nos
municípios são levados hoje é de 16 anos, sendo que para cada célula é de aproximadamente 4
anos, e este excede sua capacidade de armazenamento no ano de 2013, propõe-se a elaboração
do seguinte projeto que possa vir a atender as futuras necessidades de disposição, quando o
aterro atual entrar em estado de encerramento.

1.2 Objetivo

De acordo com a Constituição Federal Brasileira, cabe aos municípios darem uma
destinação final aos resíduos gerados. Torna-se como objetivo principal, propor uma
destinação correta aos resíduos urbanos gerados nos municípios de Tapejara, Água Santa,
Charrua, Ciríaco, Floriano Peixoto, Ibiaçá, Santa Cecília do Sul e Vila Lângaro, uma vez que
todo o lixo gerado é encaminhado a Cooperativa dos Recicladores de Resíduos Orgânicos e
Inorgânicos de Santa Cecília do Sul (COOPERCICLA), a qual já possui um aterro sendo
utilizado e este, termina sua vida útil no ano de 2013. A proposta em si, visa projetar uma
ampliação do aterro já existente da empresa, as proximidades do aterro atual, visando atender
todos os requerimentos exigidos pela legislação, sendo esta a norma NBR 8419 (ABNT,
1992).
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1.3 Concepção

O projeto do aterro sanitário para os municípios abrangidos pela COOPERCICLA é de


suma importância para a prefeitura, uma vez que, segundo a Política Nacional de Resíduos
Sólidos – lei n° 12.305/2010 – deve ser realizado um gerenciamento de resíduos sólidos, bem
como a disponibilização de uma área para aterro sanitário. Sendo assim, a necessidade de
escolha da área estaria concluída.
A realização desse consórcio com os municípios proporciona uma alternativa viável e
extremamente atrativa para as prefeituras em questão, em virtude de que grande parte dos
municípios não possui estudos aprofundados em relação a possíveis áreas de implantação de
aterro, embora seja compromisso delas. Entre outros fatores, esse consórcio torna-se
importante, na medida em que assim, diminui-se também a quantidade de aterros em
operação, e vários outros problemas indesejáveis, tais como gastos extras, possíveis
problemas ambientais e sociais.
Para a população em geral, o conhecimento da destinação adequada de seus resíduos
segundo as normas, gera uma concepção de dever cumprido com o meio ambiente.
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2 Memorial Descritivo

2.1 Informações Cadastrais

2.1.1 Entidade responsável pelo aterro sanitário

A empresa responsável pelo projeto do aterro sanitário é a ÔMMEGA


ENGENHARIA e Consultoria Ambiental.
O serviço de coleta e disposição dos resíduos é terceirizado, a empresa realizadora
desse trabalho é a Cooperativa dos Recicladores de Resíduos Orgânicos e Inorgânicos de
Santa Cecília do Sul Ltda, (COOPERCICLA), a qual possui sua sede na própria cidade,
Estrada Geral, km 9 da RS - 430, no interior no município.

2.1.2 Profissionais responsáveis pelo projeto

Engenheira Ambiental Caroline Visentin, CREA/RS


Engenheiro Ambiental João Vitor Mazutti, CREA/RS
Engenheira Ambiental Paula Zanchetta, CREA/RS
Engenheiro Ambiental Rubens Rogério Scottá Júnior, CREA/RS

2.2 Informações Gerais dos Municípios

A localização dos municípios no Estado do Rio Grande do Sul pode ser verificada na
Figura 1, abaixo. As informações gerais de cada município estão descritas nos itens 2.2.1;
2.2.2; 2.2.3; 2.2.4. 2.2.5; 2.2.6; 2.2.7; 2.2.8; e 2.2.9.
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Figura 1: Localização dos municípios no Estado, os quais, a empresa COOPERCICLA


atende. Fonte: IBGE Adaptado.

2.2.1 Água Santa

Localizada na região nordeste do Rio Grande do Sul, a uma latitude de 28º10'37'' e


longitude 52º02'02" oeste, está a uma altitude de 650 metros. A cidade de Água Santa teve sua
primeira tentativa de emancipação em 1965, mas foi só em 1987 que a mesma se concretizou.
O município abrange uma área de 292 km² (IBGE, 2010), pertencente à mesorregião
Noroeste Rio-Grandense e à microrregião Passo Fundo. De acordo com dados do FEE (2011),
a população é de 3.726 habitantes. A sua densidade demográfica é de 12,76 hab/km².
11

O município faz limite com Tapejara, Vila Lângaro, Gentil, Ciríaco, Mato Castelhano
e Santa Cecília do Sul, estando a 320 km da capital Porto Alegre.
Sua economia é voltada principalmente a agricultura, estando ela ligada diretamente
ao cultivo de milho, soja, erva-mate, trigo e cevada, além da criação de suínos e aves. A
Figura 2 apresenta dados referentes à economia do município de Água Santa.

Figura 2: Economia do município de Água Santa. Fonte: IBGE (2010).

2.2.2 Charrua

O município de Charrua tem seu nome originário do Tupi-Guarani, em vista de possuir


descentes indígenas, que hoje somam uma população elevada e autônoma. Localiza-se a 25
km de Sananduva e Getúlio Vargas, sendo que seu município de origem fica a 13 km
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deTapejara. Encontra-se na Região do Planalto Rio Grandense pertencendo a Micro Região de


Erechim.De acordo com o Censo de 2010 (IBGE), sua população gira em torno de 3.471
habitantes. A sua área territorial é de 199 km², sendo sua densidade demográfica de 17,52
hab/km².
O município teve seu primeiro nome originário primeiramente, no dia em que recebeu
seus primeiros colonizadores. Sendo chamada de Sete de setembro, ou Vila Sete de setembro,
foi distrito de Passo Fundo inicialmente, após de Getúlio Vargas e por fim Tapejara. Contudo,
sua emancipação acabou ocorrendo em 20 de março de 1992, porém a administração foi
instalada no município somente no dia 1º de janeiro de 1993.
Sua economia é voltada a agricultura, dentro destas, incentivo a criação de gado, bacias
leiteiras e reflorestamentos. A Figura 3 apresenta dados referentes à economia de Charrua.

Figura 3: Economia do município de Charrua.Fonte: IBGE (2010).


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2.2.3 Ciríaco

O município de Ciríaco possui tal nome, em decorrência do primeiro morador que se


instalou na cidade. Sendo criado pela Lei Estadual n° 5.195, de 28 de dezembro de 1965,
instalou-se oficialmente em 19 de maio de 1966.
Ciríaco está situada a uma latitude de 28°20’37”, longitude 51°52’35” e a uma altitude
de 753 metros acima do nível do mar, no divisor de águas das Bacias Hidrográficas do
Uruguai e Guaíba. Faz limites com as cidades David Canabarro, Mulitermo, Caseiros, São
Domingos do Sul, Vanini, Gentil e Água Santa. O município é cortado por duas rodovias
asfaltadas: BR 285, cortando de leste a oeste, e a RS 434, que corta de norte e sul.
Possui uma área de 274 km² (IBGE, 2010), representando 0,1019% do
estado, 0,0486% da região e 0,0032%de todo o território brasileiro. Sua densidade
demográfica é de 17,97 hab/km²,pertencente à microrregião de Passo Fundo, mesorregião
noroeste Rio-Grandense.
Sua economia é baseada na agropecuária e serviços, e em pequena quantidade na
indústria, conforme Figura 4. Na pecuária destacam-se criações de bovinos e suínos, as
principais indústrias presentes são de transformação.
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Figura 4: Economia do município de Ciríaco. Fonte: IBGE (2010).

2.2.4 Floriano Peixoto

Distrito criado com a denominação de Floriano Peixoto, pela Lei Municipal n.º 92, de
22 de outubro de 1949, subordinado ao município de Getúlio Vargas. Em uma divisão
territorial datada de 01 de julho de 1950, o distrito de Floriano Peixoto ainda permanece no
município de Getúlio Vargas.
Elevou-se, então, à categoria de município com a denominação de Floriano Peixoto,
pela Lei Estadual n.º 10.636, de 28 de dezembro de 1995, desmembrado-se de Getúlio
Vargas. As cidades limítrofes são: Getúlio Vargas, Charrua, Centenário e Sananduva. Está a
aproximadamente 350 km da capital Porto Alegre.
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Floriano Peixoto localiza-se na latitude de 27°86’, na longitude de 52°08’ e a uma


altitude de 675 m. Com uma área de 168 km², sua população é de cerca de 2.018 habitantes,
apresentando densidade demográfica de 11,98 hab/km² (IBGE, 2010). Pertence ao bioma da
mata atlântica e seu clima é o subtropical.Possui um IDESE de 0,636 (ordem 402º).
A maior parte da economia do município vem de serviços gerais e da agropecuária
(criação de aves e suínos, culturas não irrigáveis) e uma pequena parte é provinda da indústria
(conservas, etc), conforme Figura 5.

Figura 5: Economia do município de Floriano Peixoto. Fonte IBGE (2010).


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2.2.5 Ibiaçá

No dia 5 de maio de 1948, pelo decreto da Lei 59/48 a Vila Nova Fiume, assim
chamada primeiramente, passou a ser o 12º Distrito de Lagoa Vermelha. Seu nome foi
alterado passando a chamar-se Ibiaçá, a qual significa Fonte de Águas Cristalinas, segundo
indígenas.
O município de Ibiaçá localiza-se a uma latitude sul de 28 º 03' 30'' e a uma longitude
oeste de 51 º 50' 25'', estando a 382 km da capital Porto Alegre, possui uma área territorial de
351 km². Pertencente à mesorregião noroeste rio-grandense e a microrregião de Sananduva, o
município situa-se a 620 metros de altitude. As cidades limítrofes são Sananduva, Lagoa
Vermelha, Caseiros, Santa Cecília do Sul e Tapejara.
Sua economia é baseada na agricultura e pecuária, além da prestação de serviços. A
Figura 6 apresenta dados referentes à economia de Ibiaçá.
17

Figura 6: Economia do município de Ibiaçá. Fonte IBGE (2010).

2.2.6 Santa Cecília do Sul

Distrito criado com a denominação de Santa Cecília (ex-povoado), pela Lei Municipal
n.º 68, de 11 de novembro de 1957, subordinado ao município de Tapejara. Elevado à
categoria de município com a denominação de Santa Cecília do Sul, pela Lei Estadual n.º
10.763, de 16 de abril de 1996, desmembrado de Tapejara.
O município de Santa Cecília do Sul localiza-se na latitude 28°16’ e longitude 51°92’,
possuindo uma área territorial de 199,396 km², e uma população total de 1.655 habitantes.
Localizado a 60 km de Passo Fundo. Pertencente à mesorregião do Noroeste Rio Grandense e
microrregião de Passo Fundo.
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Tem sua economia baseada principalmente no setor de agricultura e pecuária, e na


prestação de serviços. A Figura 7 mostra dados da economia Ceciliense.

Figura 7: Economia do município de Santa Cecília do Sul. Fonte: IBGE (2010).

2.2.7 Tapejara

É o município com maior contribuição de resíduos para o aterro em virtude de ser o


maior dentre todos abrangidos pela empresa. Localizado ao sul do Brasil e a noroeste no
Estado do Rio Grande do Sul, na zona de relevo do planalto médio, pertencente à mesorregião
nordeste do Rio Grande do Sul e microrregião geográfica de Passo Fundo (segundo IBGE),
distante 332 km de Porto Alegre, e 50 km de Passo Fundo. Faz divisa ao Norte com Charrua,
19

ao Sul com Água Santa e Santa Cecília do Sul, a Leste com Ibiaçá e a Oeste com Vila
Lângaro e Sertão. Estando a uma latitude de 28° 04′05″ e longitude de 52°00′50″, e a 658
metros acima do nível do mar.
As principais vias de acesso ao município são as rodovias RS 463, RS 430 e RS 467,
sendo a primeira o acesso a RS 135 Coxilha e Passo Fundo/RS, a segunda a Charrua/RS e a
terceira a Ibiaçá/RS.
A emancipação do município de Tapejara/RS ocorreu em 10 de julho de 1955.
Abrange uma área de 240,6 km², sendo dessa 226,16 km² rural (94%) e 14,44 km² urbana
(6%). Sua população fica em torno de 19.501 habitantes (FEE, 2011), sendo que a urbana é de
17.081 e a rural de 2.169 habitantes. A densidade demográfica é de 81 hab/km² (FEE, 2011).
O município pertence à região Hidrográfica do Uruguai e a Bacia dos Rios
Apuaê/Inhandava. Passam pela cidade arroios e rios dentre eles: rio Tapejara, Rio do Erval e
Rio Ligeiro – divisa com Ibiaçá/RS.
Tapejara é conhecida como Terra do Empreendedorismo, de acordo com dados da
Secretária Municipal da Fazenda, a cidade possui 167 indústrias; 1.161 estabelecimentos de
comércio e prestação de serviços. Sua economia é estabelecida pelas atividades industriais,
agropecuária e serviços. Segundo dados do IBGE (2010) a indústria e os serviços são os
setores que mais contribuem na participação do PIB municipal, seguida pela agropecuária
com menor contribuição. Apresentado na Figura 8, gráficos da economia do município. O
município possui grandes empresas instaladas, dentre destas voltadas à agricultura,
frigoríficos, laticínios, alimentos em geral, comércio, entre outras. A arrecadação de ICMS
pelo município em 2011 foi de R$ 10.229.658,37 milhões (Prefeitura Municipal, 2011). O
PIB per capita em 2009 (FEE) foi de 24.102. As exportações totais em 2010 (FEE) U$ FOB
5.401.432.
20

Figura 8: Economia do município de Tapejara. Fonte: IBGE (2010).

2.2.8 Vila Lângaro

Vila Lângaro é um município localizado no nordeste gaúcho. Possui uma área de


152,17 Km² e está localizada a uma altitude em relação ao nível do mar de 643 metros, em
latitude de 28° 06‘ 26‘‘ e longitude de 52° 08‘ 39‘‘.
Pertence à microrregião Geográfica de Passo Fundo e mesorregião Geográfica do
Noroeste Rio Grandense, estando cerca de 327km da capital do estado, Porto Alegre.
Vila Lângaro tem um total de 2.152 habitantes, tendo sua economia sendo favorecida
primeiramente pela pecuária e agricultura, e em seguida pela prestação de serviços, como
mostra a Figura 9.
21

Figura 9: Economia do município de Vila-Lângaro. Fonte: IBGE (2010).

2.2.9 População

A população de cada município bem como a fonte utilizada para pesquisa apresentam-
se na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1: População dos municípios.


Municípios População (habitantes) Fonte
Tapejara 19.501 FEE (2011)
Água Santa 3.726 FEE (2011)
Charrua 3.471 IBGE (2010)
Ciríaco 4.922 IBGE (2010)
Floriano Peixoto 2.018 IBGE (2010)
22

Tabela 1: População dos municípios (continuação).


Santa Cecília do Sul 1.655 IBGE (2010)
Vila Lângaro 2.152 IBGE (2010)

2.2.10 Evolução Populacional

2.2.10.1 Água Santa

Dados do IBGE apontam um decrescimento populacional de 9,53% para 20 anos,


conforme dados da Figura 10 abaixo, para um ano, a taxa de crescimento populacional é de
0,081%.

Água Santa
4.300 4.187
4.200 4.127
População (habitantes)

4.082
4.100
4.000
3.900
3.800 3.724
3.727
3.700
3.565
3.600
3.500
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Anos

Figura 10: Evolução populacional do município de Água Santa. Adaptado IBGE.

2.2.10.2 Charrua

A evolução populacional do município demonstra um decréscimo da população devido


à migração para as grandes cidades. Sendo assim, a taxa de decrescimento populacional de 15
23

anos é de 9,80%, conforme estatísticas do IBGE, para um ano a taxa de crescimento


populacional aproximada é de -1,33%, segundo Figura 11.

Charrua
3.900 3.848
3.850
3.783
População (habitantes)

3.800
3.750
3.700
3.650
3.581
3.600
3.550 3.517
3.471
3.500
3.450
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012
Anos

Figura 11: Evolução populacional do município de Charrua. Adaptado IBGE.

2.2.10.3 Ciríaco

Como os demais municípios, ocorreu um decréscimo populacional em 19 anos de


32%. A partir de 2007, a população começou a apresentar aumento populacional, assim, a
taxa de crescimento populacional de 2009 a 2010 foi de 0,77%, demonstrado na Figura 12.

Ciríaco
8.000 7.154
7.000
População (habitantes)

6.000 5.302 5.252 4.945 4.960


5.000 4.922
4.000
3.000
2.000
1.000
0
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Anos

Figura 12: Evolução populacional do município de Ciríaco. Adaptado IBGE.


24

2.2.10.4 Floriano Peixoto

A análise da população de Floriano Peixoto começou no ano de 2000, verifica-se que


houve um decréscimo da população de 14,52% em 10 anos. A taxa de crescimento
populacional anual com base em estatísticas do IBGE é de -1,9% conforme Figura13.

Floriano Peixoto
2.400
2.350 2.361
População (habitantes)

2.300
2.250
2.200
2.150 2.148
2.100
2.050 2.057
2.018
2.000
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012
Anos

Figura 13: Evolução populacional do município de Floriano Peixoto. Adaptado IBGE.

2.2.10.5 Ibiaçá

A taxa de decréscimo populacional de 19 anos é de 25,12%, e para um ano, segundo


IBGE, é de -0,45%, conforme Figura 14.
25

Ibiaçá
7.000
5.893
6.000 5.448 5.233
População (habitantes)
4.681 4.731
5.000
4.710
4.000
3.000
2.000
1.000
0
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Anos

Figura 14: Evolução populacional município de Ibiaçá. Adaptado IBGE.

2.2.10.6 Santa Cecília do Sul

A taxa de decréscimo populacional de 3 anos – período em que começou a ser


registrado a população pelo IBGE – é de 3,69%, enquanto que para um ano é de conforme
estatísticas -0,60%, Figura 15 abaixo.

Santa Cecília do Sul


1.716
1.720
1.710
População (habitantes)

1.700
1.690
1.680
1.670 1.665

1.660 1.655

1.650
2006,5 2007 2007,5 2008 2008,5 2009 2009,5 2010 2010,5
Anos

Figura 15: Evolução populacional do município de Santa Cecília do Sul. Adaptado IBGE.
26

2.2.10.7 Tapejara

Segundo IBGE, em 1991, a população do município era de 19.887 habitantes, em


1996 era de 16.035 habitantes, enquanto que em 2000 era de 15.115 habitantes, e em 2007,
17.500 habitantes. É perceptível a diminuição em 1996 e 2000 e aumento da população em
2007, continuando até 2011, conforme Figura 16. O crescimento populacional de 1991 a 2011
– 20 anos - foi de cerca 4%. O crescimento anual, por sua vez é de 1,3%, utilizando a
população de 2010 e 2011 como base para a estimativa.

Tapejara/RS
25.000
18.887 19.250
População (habitantes)

20.000 17.500
16.035 15.115 19.501
15.000

10.000

5.000

0
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Anos

Figura 16: Evolução Populacional do município de Tapejara. Adaptado IBGE.

2.2.10.8 Vila Lângaro

A taxa de decréscimo populacional em 10 anos é de 5,8%, e para um ano de acordo


com estatísticas do IBGE é de -1,02%, segundo Figura 17.
27

Vila Langâro
2.300 2.277
2.280
População (habitantes)
2.260
2.230
2.240
2.220
2.200
2.174
2.180
2.152
2.160
2.140
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012
Anos

Figura 17: Evolução populacional do município de Vila Lângaro. Adaptado IBGE.

2.2.11 Crescimento Populacional

Para a projeção do crescimento populacional dos municípios abrangidos pela Empresa


COOPERCICLA – Água Santa, Tapejara, Charrua, Ciríaco, Floriano Peixoto, Ibiaçá, Santa
Cecília do Sul e Vila Lângaro – realizou-se um somatório das populações de cada cidade, e
utilizou-se como taxa de crescimento populacional a da cidade de Tapejara acrescida de 0,7%,
devido às demais comunas e a implantação de grandes indústrias: alimentícias, de couro,
vestuário, etc., sendo de 2% o total da taxa de crescimento empregada. Por mais que alguns
municípios como Vila Lângaro, Santa Cecília do Sul, Ibiaçá, Floriano Peixoto e Charrua,
apresentam crescimento populacional negativo, admitimos um aumento de 0,7% no
crescimento em virtude dentre outras, das observações descritas acima.
O aterro será projetado para 20 anos, sendo esse o período de projeção realizada. De
acordo com a Tabela 2, a população total dos municípios em 2032 será de 59.854
habitantes.Em virtude dos dados de população serem de 2011, utilizou-se essas populações,
para assim, projetar o aumento para 2012 até 2032.

Tabela 2: Projeção Populacional dos Municípios de Água Santa, Tapejara, Charrua, Ciríaco,
Floriano Peixoto, Ibiaçá, Santa Cecília do Sul e Vila Lângaro.
Ano Projeção Populacional (hab.)
2011 42.151
28

Tabela 2: Projeção Populacional dos Municípios de Água Santa, Tapejara, Charrua, Ciríaco,
Floriano Peixoto, Ibiaçá, Santa Cecília do Sul e Vila Lângaro (continuação).
2012 42.994
2013 43.837
2014 44.680
2015 45.523
2016 46.366
2017 47.209
2018 48.052
2019 48.895
2020 49.738
2021 50.581
2022 51.424
2023 52.267
2024 53.110
2025 53.953
2026 54.796
2027 55.639
2028 56.482
2029 57.325
2030 58.168
2031 59.011
2032 59.854

2.3 Informações Sobre Resíduos Sólidos a Serem Dispostos

A quantidade de resíduos recebidos pela empresa COOPERCICLA mensalmente gira


em torno de 600 t/mês – 20 t/dia – e diretamente esses resíduos são encaminhados para a
central de triagem, onde são separados. A quantidade de material reciclável presente é em
torno de 6,6 t/dia, sendo esses destinados a venda. Além disso, na triagem, são retiradas mais
uma boa parte dos resíduos, sendo que cerca de 9,04 t/dia são orgânicos – que são dirigidos à
compostagem. Ao todo, o que realmente é acondicionado ao aterro, é uma quantia de
aproximadamente 4,37 t/dia, ou seja, 131,1 t/mês. O transporte dos resíduos até o aterro é
realizado por caminhões da própria empresa, sendo que em alguns municípios a prefeitura
também disponibiliza caminhões para o transporte.
Segundo o manual da ABRELP, no Estado do Rio Grande do Sul, em 2010, a geração e
coleta de RSU é cerca de 7,302 t/dia, e a per capita é de 0,802 kg/hab,/dia.
29

A projeçãoper capita dos resíduos gerados foi obtida através da projeção populacional
realizada no item 2.2.11. Com as quantidades descritas acima verificou-se a projeção da
geração de resíduos para cada setor, e a total coletada pela Empresa em todos os municípios.
Conforme Tabela 3. Como a vida útil do aterro será de 20 anos, a projeção desenvolveu-se
para esse período. A taxa de crescimento da geração per capita dos resíduos realizou-se como
1,5%, segundo manual da ABRELP (2010).
Os resíduos são provenientes de cada município, sendo dispostos em sacolas plásticas.
No aterro ocorre a separação daqueles resíduos que não estão separados. Diariamente são
recebidos resíduos, sendo que a frequência que os caminhões chegam ao aterro é a cada duas
horas.

Tabela 3: Projeção da geração de resíduos per capita, triagem, reciclável, quantidade aterrada
e a quantidade total para 20 anos.
Produção
Projeção Aterro
Ano per capita Reciclável Compostagem Quantidade
Populacional Sanitário
lixo (kg/hab./dia) (kg/hab./dia) Total (t)
(hab.) (kg/hab./dia)
(kg/hab./dia)
2012 42.994 0,47 0,15 0,21 0,11 20,20718
2013 43.837 0,47705 0,15225 0,21315 0,11165 20,91244085
2014 44.680 0,4841 0,1545 0,2163 0,1133 21,629588
2015 45.523 0,49115 0,15675 0,21945 0,11495 22,35862145
2016 46.366 0,4982 0,159 0,2226 0,1166 23,0995412
2017 47.209 0,50525 0,16125 0,22575 0,11825 23,85234725
2018 48.052 0,5123 0,1635 0,2289 0,1199 24,6170396
2019 48.895 0,51935 0,16575 0,23205 0,12155 25,39361825
2020 49.738 0,5264 0,168 0,2352 0,1232 26,1820832
2021 50.581 0,53345 0,17025 0,23835 0,12485 26,98243445
2022 51.424 0,5405 0,1725 0,2415 0,1265 27,794672
2023 52.267 0,54755 0,17475 0,24465 0,12815 28,61879585
2024 53.110 0,5546 0,177 0,2478 0,1298 29,454806
2025 53.953 0,56165 0,17925 0,25095 0,13145 30,30270245
2026 54.796 0,5687 0,1815 0,2541 0,1331 31,1624852
2027 55.639 0,57575 0,18375 0,25725 0,13475 32,03415425
2028 56.482 0,5828 0,186 0,2604 0,1364 32,9177096
2029 57.325 0,58985 0,18825 0,26355 0,13805 33,81315125
2030 58.168 0,5969 0,1905 0,2667 0,1397 34,7204792
2031 59.011 0,60395 0,19275 0,26985 0,14135 35,63969345
2032 59.854 0,611 0,195 0,273 0,143 36,570794

A quantidade total de resíduos que será recebida em 2032 será em torno de 3124,08
toneladas por ano. A empresa COOPERCICLA receberá - durante 20 anos - 588,3 toneladas
30

de resíduos, sendo destes, 187,8 toneladas recicláveis, 262,8 toneladas destinadas à


compostagem e 50.252,79 toneladas aterrados na nova célula.
O aterro sanitário projetado será classificado de acordo com a NBR 10.004 (ABNT,
2004) como Classe II A – Não Perigosos e Não Inertes, em virtude de suas propriedades como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água, e também por não se
encaixarem nas classes I e II B.

2.3.1 Composição Gravimétrica dos Resíduos

Segundo dados obtidos na empresa COOPERCICLA, a composição gravimétrica dos


resíduos é de 12% plásticos; 45% resíduos orgânicos; 21% de rejeitos; 11% papéis; 4% ferro;
4% vidro; 1% metais; 1% tetra; e 1% outros tipos de resíduos não citados. A comparação
entre a composição gravimétrica dos resíduos do Brasil e dos Municípios consta na Tabela 4.
Em ambos, a porcentagem de material orgânico é maior do que as dos demais materiais.

Tabela 4: Composição Gravimétrica do lixo no Brasil e nos municípios.


Fração (%)
Material Brasil Municípios
Orgânico 65 45
Papéis 25 11
Plásticos 3 12
Vidros 3 4
Metais 4 1
Embalagem Tetra Pak ND 1
Rejeitos ND 21
Outros ND 1
*ND: é não disponível. Fonte: Adaptado IBAM (2001).

2.3.2 Peso Específico

A faixa de peso específico adotado para os resíduos do aterro é de 4,7 – 6,3 kN/m³
correspondendo a municipal moderadamente compactado segundo a classificação de Oweiss e
Khera (1990), adaptado de OLALLA, C. (1993).O valor de peso específico compactado
31

utilizado será de 6 KN/m³, ou seja, 0,6 t/m³. Adotou-se essa classificação, em virtude dos
resíduos serem previamente compactados antes de serem aterrados, de acordo com a situação
atual da Empresa. Para o peso específico dos resíduos soltos adotou-se a faixa de 2,8 – 3,1
KN/m³ do mesmo autor, sendo o empregado no projeto de 2,8 KN/m³, 0,28t/m³.

2.4 Caracterização do Local Destinado do Aterro

Em virtude da prefeitura de Santa Cecília do Sul possuir uma empresa terceirizada que
realiza a coleta, transporte e destinação adequada dos resíduos gerados no município
(COOPERCICLA), o local do novo aterro será as proximidades do aterro atual, pois o mesmo
já possui as condicionantes ideais para a implantação de um aterro sanitário. Assim, viabiliza-
se todo o processo necessário na realização e gestão do próprio aterro, em virtude de ali estar
à sede administrativa da empresa, e todos outros equipamentos e instrumentos para uma boa
organização e tratamento do lixo obtido.
A planta das instalações da COOPERCICLA está localizada na Estrada Geral em Santa
Cecília do Sul, km 9. A Tabela 5 apresenta a distância dos municípios a qual a empresa
COOPERCICLA presta serviço, em relação ao aterro onde os resíduos serão acondicionados.

Tabela 5: Distância dos municípios em relação ao aterro.


Cidade Distância (km)
Tapejara 8,6
Santa Cecília do Sul 5,6
Vila Lângaro 29
Ciríaco 36,9
Charrua 23,1
Floriano Peixoto 55,2
Ibiaçá 26,2

Na Figura 18 verifica-se a localização do aterro em função das cidades atendidas,


mostrando também as principais rodovias da região. Já na Figura 19 mostra a localização da
empresa em relação a capital Porto Alegre, e sua abrangência em analogia aos municípios
atendidos no estado pela mesma.
32

Figura 18: Localização do aterro em relação aos municípios atendidos. Fonte: Google Earth.

Figura 19: Mapa de localização da COOPERCICLA e dos municípios atendidos. Fonte:


COOPERCICLA.
33

2.4.1 Localização e Informações da Área

Localizada no município de Santa Cecília do Sul, a sede da empresa COOPERCICLA


possui uma área total de 24.000 m², dos quais 20.000 m² foram doados pela Prefeitura
Municipal de Santa Cecília do Sul e 4.000 m² adquiridos em 2011 para ampliação das
instalações. Em virtude de a Empresa possuir uma área não foi realizado o estudo de escolha
da área.
A unidade de tratamento e destinação final de resíduos é composta pelas seguintes
unidades:
 Balança rodoviária para pesagem dos veículos coletores;

 Prédio administrativo onde funcionam o escritório da cooperativa, o refeitório e a


cozinha;

 Pavilhão metálico com 1400 m², 50 metros de comprimento por 28 metros de largura,
com pé direito de 6 m onde são executadas as operações de descarga de resíduos (20m
x 28 m), triagem e enfardamento (20 m x 28 m) e acumulo de orgânicos para
destinação ao pátio de compostagem (10 m x 28 m);

 Duas células de aterro sanitário com dimensões de 20 m por 60 m, uma encerra e outra
em operação;

 Pavilhão de madeira com área de 48 m² onde funcionava a triagem de resíduos até


março de 2011.

 A área de triagem funciona em um galpão metálico novo com área total de 1400 m².
Os veículos de coleta, ao ingressarem na unidade, são pesados e encaminhados para a
área de descarga.
 A área de descarga de veículos tem 560 m², 28 metros de largura por 20 metros de
comprimento, pé direito de seis metros, piso de concreto polido com espessura de 30
cm e canaletas para drenagem periférica de águas pluviais.
Os resíduos são descarregados sobre o piso para posteriormente serem alimentados nas
moegas de alimentação das esteiras pela máquina carregadeira.
A área de descarga dos veículos é setorizada, de modo que os resíduos oriundos da
coleta seletiva e coleta em zona urbana são descarregados separadamente, próximos à
34

alimentação da esteira de 18 m. Apresenta-se na Figura 20, o local da empresa juntamente


com todas as unidades que possibilitam o funcionamento e operação do aterro sanitário atual.

Figura 20: Esquema das unidades que compõe o aterro. Fonte: Google Earth.

A principal via de acesso ao aterro é a RS – 430. O antigo aterro já possui um


cortinamento vegetal das células. Distante aproximadamente um quilômetro de casas rurais.
A localização da área da nova célula será nos fundos do aterro, atrás do setor de
compostagem, conforme Figura 21.
35

Figura 21: Localização da nova célula do aterro. Fonte: Google Earth.

2.4.2 Caracterização Topográfica

A área está localizada na região do Planalto, nas curvas de nível de altitude de 670,
660, 650 e 640 m, conforme planta topográfica em ANEXO C. A escala utilizada para a
montagem da planta foi de 1: 3000. Conforme descrito no item 2.4.2, a principal via de acesso
ao aterro é pela RS – 430, e por uma estrada lateral de chão batido. Existe um ramo do Rio
Erval próximo à área do aterro.
A parte de cota mais baixa do terreno (650 m) do aterro é as das lagoas de tratamento
de lixiviado. As células estão localizadas nas cotas de 670 a 660 m.

2.4.3 Caracterização Geomorfológica e geológica

A região é constituída de um relevo relativamente suave, típico de planos altos, que


ocorre no planalto sul-rio-grandense. Algumas características mais específicas de planaltos:
36

são planos ou dissecados, de altitudes elevadas, limitados, pelo menos em um lado, por
superfícies mais baixas, onde os processos de erosão superam os de sedimentação.
A geologia do local é constituída de rochas vulcânicas de filiação basáltica. A
atividade vulcânica responsável pela formação dos basaltos, andesitos, traquitos e riolitos
englobados na Formação Serra Geral, segundo Cox (1980) está claramente associada a uma
tectônica extensional iniciada há aproximadamente 130 milhões de anos, segundo dados de
traços de fissão de Gallagheret al. (1994), em áreas de baixo relevo, seguidas por um
importante magmatismo alcalino do tipo central.
As rochas situadas em Santa Cecília do Sul e região são representadas por 65% de
rochas vulcânicas básicas na parte inferior do pacote extrusivo, e 22% de rochas
intermediárias intercaladas entre os termos básicos, finalizando com 13% de rochas ácidas
diferenciadas nas porções superiores ou de topo dos derrames, de acordo com Minoli (1971),
Petri e Fúlfaro (1983) e Cox (1989).
Segundo IBGE (2006), os domínios morfoclimáticos pertencentes à região são da
Araucária, Planaltos Subtropicais com pradarias mistas. Os domínios morfoestruturais de
Bacias e Coberturas Sedimentares Fanerozóicaspodem ser analisados em ANEXO A, assim
como os domínios morfoclimáticos. O compartimento do relevo local é o Planalto, como já
fora mencionado, e como mostra a Figura 22 a seguir.
37

Figura 22: Mapa dos compartimentos de relevo presentes no Brasil. Fonte: IBGE (2006).

2.4.4 Caracterização Pedológica

Os solos da região pertencem à unidade edafológica de mapeamento Erechim. São


constituídos de argilas pouco siltosas, com presença de fragmentos de rocha basáltica, em
adiantado estado de alteração intempérica, de cor vermelha, resultantes da decomposição
fisico-química das rochas vulcânicas subjacentes. Conforme EMATER/RS o solo
predominante presente em Santa Cecília do Sul é Latossolo Vermelho Distófico e Nitossolo
Vermelho Distroférrico, apresentando características de solos com baixa saturação por bases
(V<50%), na maior parte dos 100 cm do horizonte B, e também com teores de Fe2SO3de 18 a
36%. Ambos os solos são profundos sendo os mais indicados para a implantação de projetos
de engenharia como aterro sanitário, estações de tratamento de efluentes, entre outros.
38

São solos ácidos devido à presença de íons de ferro, assim, sua capacidade de retenção
de contaminantes é dependente do valor do pH, podendo reter ânions ou cátions, nesse caso
há predominância de ânions.

2.4.5 Caracterização Geotécnica

A geotecnia envolve a avaliação sobre a capacidade de suporte de solos, estabilidade


de taludes e demais condições próprias para aplicações de engenharia sobre os solos. Abaixo
da camada de solos superficiais, ocorrem os solos de alteração de rocha basáltica, de cor
avermelhada, apresentando boa capacidade de carga, ou seja, alta resistência (KÄMPF, 2001),
verificado no ANEXO B. Os solos residuais oriundos da intemperização apresentam desta
forma, elevada resistência, densidade e profundidade, sendo aptos e aconselháveis para obras
de engenharia, inclusive de aterro sanitários.
Por falta de informações sobre estudos na área, a permeabilidade do solo é estimada. A
porosidade do solo é baixa, sendo sua permeabilidade é baixa, na ordem de 10-7 a 10-9 cm²/s,
conforme dados da literatura de acordo com a sua característica de solo argiloso (PINTO,
2006).
As características como umidade ótima, e peso específico aparente seco ótimo
determinados a partir de ensaios de compactação, foram utilizadas de estudos existentes para
diferentes tipos de solo, como demonstrado na Erro! Fonte de referência não encontrada..
Conforme especificado no item 2.4.3, a geologia do local é constituída de rochas vulcânicas
de filiação basáltica, assim sendo, a curva (g) referente a argila residual de basalto é a que
demonstra as características da região, o Peso Específico A parente seco ótimo é de 13KN/m³,
e a umidade ótima é de 32%.
39

Figura 23: Compactação dos solos na energia do ensaio Proctor normal, considerando-se
granulometrias na faixa das argilas aos pedregulhos (Modificado de PINTO, 2000).

2.4.6 Caracterização Climatológica

O clima da região conforme Gabes (1972), é classificado como um tipo subtropical


úmido. As temperaturas registradas oscilam entre 14 e 20º. As condições climáticas
caracterizam essa região pela alternância de um período frio de 3 a 8 meses, centrados no
inverno, e um período quente com até três meses, centrado no verão.
A direção predominante do vento é Nordeste (NE).
40

Os dados históricos de precipitação utilizados foram da cidade de Passo Fundo –


distante aproximadamente 60 km de Santa Cecília do Sul. A equação (1) é a do IDF da cidade
de Passo Fundo:

(1)

O tempo de retorno que será utilizado é de 20 anos devido a ser esse o tempo de vida
útil do aterro. Para determinar o tempo de concentração é empregada a equação (2)abaixo, em
que é necessário o conhecimento do comprimento do aterro, bem como a sua declividade.

(2)

Segundo dados da EMPRAPA – TRIGO (2011), o valor máximo da média de


precipitação observado na cidade de Passo Fundo para o período de observação de 1984 a
2011, foi de 489,7 mm em setembro de 2009. Os valores médios das médias mensais de
precipitação evapotranspiração são de, respectivamente, 162,08 mm e 67,82 mm.

2.4.7 Caracterização Hidrológica e Hidrogeológica

O município de Santa Cecília do Sul pertence à Região Hidrográfica do Alto Uruguai e


a Bacia dos Rios Apuaê/Inhandava, como pode ser visto em ANEXO D. Os rios que passam
pelo município de Santa Cecília do Sul são Rio Santo Antônio, Rio Ligeiro e Rio do Erval, e
há presença de recursos hídricos subterrâneos ao lado da área do atual aterro (porém sem
especificação do nível do lençol freático do mesmo), verificado em ANEXO E.
O lençol freático é definido por um divisor de água e realimentado pela precipitação
pluviométrica no limite da micro bacia hidrográfica gerada pelo divisor de água considerado.
Se em uma determinada micro bacia considerada, não ocorrer chuvas durante um período de
tempo, o lençol freático se torna muito profundo ou desaparece. O lençol de águas
subterrâneas são aquelas águas existentes no interior dos maciços rochosos. Isto explica o
Aquífero Guarani que ocorre desde o Paraguai, passando pela Argentina, pantanal, São Paulo,
Paraná e Santa Catarina, além do Rio Grande do Sul, e invadindo o norte do Uruguai. O
Aquífero Guarani é a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e um dos
maiores sistemas aquíferos do mundo, ocupando uma área total de 1,2 milhões de km².
41

No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, 85% da área do aquífero está abaixo da
bacia do rio Uruguai abrangendo 230 municípios gaúchos (incluindo todos os municípios
relatados no trabalho, incluindo a área do aterro) e 147 catarinenses, além de áreas da
Argentina e do Uruguai. A maior preocupação é com a falta de sistemas de esgoto sanitário e
de tratamento de efluentes urbanos, que, como se sabe, tendem, com o tempo, a contaminar as
águas subterrâneas.
A Figura 24 mostra o mapa representado a seguir mostra as 10 províncias
hidrogeológicas do Brasil, mostrando que a região em estudo, realmente, está situada sob o
Aquífero Guarani, que faz parte da província geológica do Paraná, que é a principal do Brasil,
pois “guarda” o maior volume de água doce em sub-superfície, com reserva estimada de
50.400 km3 de água. A província do Paraná é caracterizada por ser um depósito sedimentar
cenozóico (bacia sedimentar). Essa bacia sedimentar, logo, é uma depressão preenchida, ao
longo do tempo, por detritos provenientes de áreas próximas ou distantes disposta de forma
horizontal. Ou seja, é considerado um sistema poroso.

Figura 24: Mapa das províncias hidrogeológicas do Brasil. Fonte: Adaptado de


(DNPMCPRM, 1983), apud (MMA, 2003).
42

A distribuição dos aquíferos pelo estado pode ser observada no mapa preliminar dos
sistemas hidrogeológicos do RS, Figura 25.

Figura 25: Distribuição dos aquíferos no Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: IBGE.

A área de estudo faz parte do sistema de aquíferos fissurais Serra Geral, cuja
definição/descrição, segundo, é de que são aquíferos descontínuos relacionados às lavas
básicas e ácidas da Formação Serra Geral.
Quanto à questão do nível do lençol freático presente na área, não fora levantado
nenhum dado relativo a isso, mas pode-se estimar que essa cota estática das águas
subterrâneas locais seja baixa, isto é, longe da superfície, caso seja levado em conta que para
nitossolos e latossolos (pedologia regional) o horizonte B é bastante espesso/profundo.
O uso dos recursos hídricos presentes na região de Santa Cecília do Sul, de acordo
com empresas cadastradas na FEPAM é na maioria atividades de criação de animais, seguido
pelas práticas da Empresa COOPERCICLA – aterro sanitário e transporte de resíduos -, e as
de serviços, de acordo com a Figura 26. O aterro atual possui porte médio e potencial alto.
43

Atividades Industriais cadastradas na


FEPAM
Aterro sanitário/ transporte de resíduos Criação de Animais
Serviços Industrias
Alimentícea Lazer
Agricultura

10%
7%
4%

11% 4%
62%
3%
10%

Figura 26: Atividades Industriais de uso dos recursos hídricos do município de Santa Cecília
cadastradas na FEPAM.

2.5 Descrição dos Elementos do Projeto

2.5.1 Célula de Disposição

A célula de disposição é o local onde os resíduos que não puderam ser reaproveitados
de alguma forma são colocados. Tendo a função de acomodar os resíduos de forma que os
mesmos fiquem isolados adequadamente, para que não causem problemas relacionados à
contaminação do solo ou das águas.
Para a disposição dos resíduos deste projeto, adotou-se o método da trincheira ou vala
(abaixo do nível do terreno) para as três células calculadas. O método consiste na escavação
de valas especialmente projetadas para que essa disposição ocorra perfeitamente. Devido à
facilidade de construção e operação do método para o caso em questão (“pouca” quantidade
de resíduo a ser aterrada, área relativamente pequena de escavação – gerando baixos custos,
relevo e nível freático favorável), o modelo da trincheira foi escolhido para o projeto, além do
qual, essa metodologia é altamente recomendada para municípios com geração diária de até
cinco toneladas por dia.
44

Após a compactação, é feita a cobertura diária dos resíduos, geralmente e para o caso,
utilizando material resultante da própria escavação da trincheira, localizado próximo às
células, conforme APÊNCIDE A. Com a sobreposição de camadas, tem-se o preenchimento
total da trincheira.
As célula projetadas, para as necessidades deste aterro terão dimensões de 150 m de
comprimento por 100 m de largura (15000m²), em formato trapezoidal, com uma
profundidade de 3m e devem suprir a necessidade de aterramento dos resíduos para o período
requerido. As dimensões das células estão apresentadas na Figura 27.

Figura 27: Esquema com dimensões das células.

O layout do aterro contém os seguintes elementos: estradas de acesso; depósito de


equipamentos; balança; prédio administrativo; área para processamento de resíduos; área do
aterro; área de estoque de material para cobertura; estação de tratamento de lixiviado; poços
de monitoramento e cercamento. Conforme descrito acima, são necessárias 3 células para
atender a demanda dos municípios. O aterro contém duas áreas para tratamento de lixiviado –
para as células – sendo essas localizadas nas cotas mais baixas, entre 650 e 540 m e 650 m,
respectivamente, – verificado no Layout do Aterro – APÊNDICE A. O solo de empréstimo,
que será aquele resultante da escavação já mencionada das trincheiras, terá seu depósito
próximo às células. Há dois poços de monitoramento ambiental a fim de verificar possíveis
impactos ambientais como: gases, odor, águas subterrâneas, etc. A principal via de acesso ao
aterro é a RS – 430, sendo uma estrada de chão. A escala do Layout é de 1:3000.
45

2.5.2 Sistema de Impermeabilização de Fundo e das Laterais

O sistema de impermeabilização em aterros sanitários objetiva impedir a infiltração no


solo do chorume e visa a proteção das águas subterrâneas para com as substâncias tóxicas
presentes no mesmo, poluente este proveniente da decomposição da massa de resíduos e dos
líquidos percolados vindos da infiltração de água da chuva sobre o corpo do aterro.
Primeiramente, será realizado a regularização do piso de fundo das células para que se possa,
mais efetivamente, implantar-se este sistema de impermeabilização.
Para a impermeabilização da base das células do presente aterro, duas alternativas
tecnicamente viáveis foram cogitadas: a impermeabilização com 0,6 m de argila compactada
com coeficiente de permeabilidade igual ou pouco menor que 10-9 m/s (compactação
realizada por rolo compactador adequado) e com a colocação de uma geomembrana sintética.
A área de fundo de cada célula a ser impermeabilizada é de 14016 m², sendo o volume de solo
requerido para a compactação igual a 8409,6 m³. A massa de solo a ser transportada é de
14649,52 toneladas, levando em conta o volume compactado e o peso específico natural
também compactado. O volume de solo para extração será de 8878,49 m³ e o volume de solo
solto para transporte, considerando o empolamento e o volume a ser extraído, será de
14797,48 m³ e como já fora dito, esses valores são referentes a cada célula.
Na impermeabilização dos taludes optou-se pela geomembrana de 1,00 mm de
espessura devido às características da área do aterro e aos cálculos realizados. A
impermeabilização, usando camada de argila com espessura adequada e compactada, é
inviável tecnicamente, devido à elevada inclinação dos taludes. A área total de taludes a
serem revestidos, para cada célula, será de 4348,9 m². Esta área total inclui a soma das áreas
laterais das células, da área de ancoragem e da área do canal de drenagem.
O ancoramento da geomembrana na parte superior dos taludes das células será feito
em trincheiras com seção quadrada. Estas trincheiras de ancoragem terão 1,00 m de base,
estarão afastadas cerca de 1,00 m em relação à altura máxima do talude (H ancoramento) e
estarão distanciadas 0,5 m em relação ao perímetro superior da célula (comprimento de
ancoragem). O “reaterro” destas trincheiras de ancoramento será realizado com o próprio
material retirado quando da escavação da trincheira, devidamente compactado, e as mesmas
abrigarão a geomembrana, conjuntamente a um geotêxtil protetor.
Quanto aos geotêxteis que serão utilizados nesse sistema de impermeabilização, estes
atuam como protetores da membrana impermeável, quanto ao puncionamento e ao desgaste,
46

atuando também como elemento drenante de líquidos e gases pelo plano da manta, através da
sua espessura. Tal aplicação garante a integridade do sistema impermeabilizante e a não
contaminação das águas subterrâneas. Eles permitem a passagem de fluidos através de sua
estrutura retendo as partículas do solo, podendo assim substituir com vantagens técnicas,
econômicas, construtivas e de durabilidade os tradicionais filtros de transição granulométrica.
A gramatura (medida da espessura ou densidade) dos geotêxteis utilizados para o projeto é de
57,22 g/m² e foi obtida segundo a metodologia presente no memorial técnico.
Assim, em termos de segurança ambiental e em termos econômicos, apesar da
geomembrana ainda ser a melhor alternativa técnica para impermeabilização de aterros, sua
utilização, no aterro em questão, implicaria em um acréscimo talvez não necessário no custo
de implantação, se comparado com o custo da utilização de argila já existente na área local –
devido à extração do solo na escavação. Por esta razão, reforçando, optou-se pela utilização
de um sistema de impermeabilização de base constituído por camada de argila compactada de
0,6 m de espessura com coeficiente de permeabilidade k = 10-9 m/s no fundo de cada célula
do aterro. No entanto, a FEPAM pode vir a condicionar a emissão da Licença de Instalação
(LI) com a necessidade de adoção de um sistema duplo de impermeabilização, exigindo então,
além da camada de argila de 0,6 m de espessura, a colocação de uma geomembrana de 2,00
mm no fundo do aterro, o que efetivamente deverá e será feito.
Sobre a geomembrana disposta na base do aterro será disposta um geotêxtil, com a
função de proteger esta dos materiais pontiagudos presentes nos resíduos, dos equipamentos
utilizados na operação diária e das próprias cargas a que o aterro estará sujeitos. Nos taludes,
como a fixação de material granular é impossível devido à falta de aderência com a manta
geossintética, um geotêxtil de 4,00 mm de espessura será adotado.

2.5.3 Sistema de Cobertura Superficial

Os sistemas de cobertura (diário, intermediário e final) apresentam funções essenciais


na execução e na conclusão do aterro, e irão variar de acordo com as especificações de cada
projeto. Estes sistemas irão controlar a proliferação de vetores de doenças, o mau cheiro, a
poluição visual, a saída do biogás, o controle de águas subterrâneas e superficiais, além do
arraste de materiais pelo vento, podendo minimizar muito ou até mesmo fazer com que alguns
47

destes problemas não existam. Esses sistemas, se executados na prática corretamente, irão
contribuir para algum uso futuro da área.
O solo que será utilizado na cobertura diária e final do aterro sanitário em questão é
proveniente da própria escavação da trincheira de disposição.

2.5.3.1 Sistema de Cobertura Diária

Durante a fase de operação de um aterro sanitário é essencial que seja executado o


processo de cobertura diária, previsto em projeto. Ela deve ser feita com uma camada de solo
ou com algum material inerte, e deve ter espessura entre 15 e 20 cm. Este sistema, então, é
essencial enquanto é operado o aterro, pois é ele o principal responsável pelo controle dos
odores, da saída do biogás, dos vetores de doenças e do possível arraste de materiais pelo
vento. Em situação de o aterro ser muito pequeno, por exemplo, para aqueles realizados pelo
método da trincheira, é conveniente optar por não haver sistema de cobertura diária, mas sim
uma espécie de estrutura de proteção de chuvas - telhado móvel.
Para que a cobertura diária seja projetada é preciso levar em conta uma série de fatores
e de cálculos, que levem em conta: as propriedades geotécnicas dos resíduos e do solo
extraído da área de empréstimo (no caso o solo da área das próprias trincheiras, como já
mencionado), alguns valores padrões adotados também referentes ao solo e ao resíduo e a
quantidade de resíduo que será aterrada diariamente. Através dessas variáveis poderá se
conhecer todos os parâmetros de projeto referentes a esse sistema.
É possível analisar os parâmetros para a célula do atual projeto no memorial técnico,
em que se chega a algumas conclusões. A área de trabalho diária (área da trincheira que será
ocupada por resíduo diariamente) será de cerca de 14,56 m²/dia, e através dela pode-se inferir
o volume e sua respectiva massa de solo solto (0,728 m³/dia e 0,72 t/dia) que será retirado da
área de empréstimo todos os dias, para uso no sistema de cobertura diário.

2.5.3.2 Sistema de Cobertura Intermediária


48

Este sistema tem também um papel importante na fase de operação do aterro sanitário,
porém nem sempre é necessário. Ele deve ser feito por uma camada de aproximadamente 50
cm de solo, ou de solo juntamente com algum geossintético. A necessidade de cobertura
intermediária existe em locais onde a superfície de disposição ficará inativa por um tempo
maior, como por exemplo, no aguardo da conclusão de um patamar para início de um novo
patamar ou ainda após o enchimento total de uma célula.
Ou seja, esse sistema é geralmente empregado para aterros sanitários realmente
maiores, onde a disposição é feita pelo método da área ou do talude, não havendo necessidade
de um sistema de cobertura intermediária para o atual projeto, em virtude que esse será
operado em apenas três células operadas pelo método de trincheiras, e por estar-se
trabalhando com um aterro que não apresenta dimensões absurdamente grandes.

2.5.3.3 Sistema de Cobertura Final

A cobertura final é o sistema de cobertura de um aterro sanitário que é colocado na


fase de encerramento do mesmo. Ela tem por objetivo evitar a infiltração de águas pluviais,
que resulta em um aumento do volume de lixiviado e no vazamento dos gases gerados na
degradação da matéria orgânica para a atmosfera. Para diminuir a condutividade hidráulica ou
para o caso de querer-se uma camada impermeabilizada pode optar-se por uma mistura entre
argila e material granulado compactado, resultando em uma menor contração e em menos
rachaduras. Aconselha-se ainda, para essa última questão, o uso de geomembranas. O sistema
de cobertura final favorece ainda a recuperação final da área, possibilitando o crescimento da
vegetação, por exemplo, sem que haja qualquer contato exterior com os resíduos.
Logo, uma vez esgotada a capacidade da plataforma do aterro, procede-se a essa
cobertura final, com alguns materiais como os já citados postos em uma camada – que varia
geralmente entre 60 e 80 cm. Após o recobrimento deve-se proceder ao plantio de gramíneas
nos taludes, de forma a protegê-los contra a erosão. No caso da cobertura final de uma
trincheira não há uma preocupação tão grande com erosões, mas, sem dúvida, é também
eficaz e indispensável à colocação de vegetação – como, por exemplo, gramíneas -,
principalmente devido à questão da recuperação da área e para o possível projeto de ocupação
futura.
49

Para o presente projeto, o sistema de cobertura pode ser considerado de certa forma
simples, pois trata-se de um aterro em trincheiras, que não irá modificar drasticamente a
topografia original do terreno. Haverá então uma facilidade na colocação da camada de solo e
da camada com solo vegetal (orgânico) para posterior instalação de uma área de
reflorestamento. A primeira camada citada será de 50 cm e a camada para desenvolvimento
vegetal será de 1m. Não há necessidade de colocação de algum material de granulometria
maior (como britas) conjuntamente com o solo, a não ser que seja preciso diminuir ainda mais
a infiltração, devido a algum evento climático extremo de precipitação, por exemplo. Para
este caso, poderá optar-se ainda pela colocação de uma geomembrana.
Os cálculos para obtenção de parâmetros relativos ao sistema de cobertura que será
utilizado estão no Memorial Técnico. Assim como para o sistema de cobertura diária, foi
indispensável o conhecimento sobre as características geotécnicas sobre o resíduo e sobre o
material de cobertura, onde no caso foi considerado como sendo o solo da escavação. Foram
obtidos valores imprescindíveis com relação à quantidade de solo, como a massa e o volume
de solo que deverão ser “transportados” (12375 t e 12500 m³, respectivamente) e o volume de
solo compactado que fará parte da cobertura final, que é de 7500 m³, todos levando em conta
uma única célula, e não todas.
O sistema de cobertura final é composto pelos subsistemas de drenagem de gases e
lixiviado e águas superficiais, descritos subsequentemente.

2.5.4 Sistema de Drenagem de Lixiviado e de Águas Superficiais

As águas provenientes da precipitação direta sobre o aterro, bem como as do


escoamento superficial das áreas circundantes, tendem a percolar através da massa de
resíduos, carreando poluentes que, juntamente com o chorume oriundo da decomposição do
lixo, constituem um material de alta carga poluidora (denominado percolado). Este líquido,
devido a isso, é semelhante ao esgoto doméstico, entretanto, com uma concentração ainda
mais elevada, sendo caracterizado por apresentar mau cheiro, cor escura e elevada DBO5.
Para os aterros sanitários são propostos dois sistemas de drenagem: superficial (na
camada mais superior das células) e subsuperficial (no fundo das células). Juntamente com
elementos de filtração, ambos os mecanismos são utilizados nos sistemas primários e
50

secundários de coleta e remoção de lixiviados e nos sistemas de coleta e remoção de águas


superficiais.
No dimensionamento ou no projeto desses subsídios drenantes, devem ser levados em
conta alguns critérios básicos, como: fator de segurança (FS) baseado na vazão por unidade de
área e na permissividade; permeabilidade do solo e resistência, transmissividade e
permeabilidade do geossintético a ser usado.
Portanto, estes elementos de se mostram como sendo indispensáveis em um projeto
dessa escala, evitando a possível contaminação do solo e de águas subterrâneas, além de
tornar viável o encaminhamento deste líquido para tratamento e posterior descarga em um
corpo hídrico receptor, obedecendo, portanto, padrões da legislação para lançamento.
O sistema de drenagem de líquidos percolados e de águas superficiais do aterro em
questão objetivará retirar do corpo do aterro o lixiviado (chorume somado a uma parcela da
água da chuva, que ficarão confinados devido à impermeabilização do aterro) e a maior parte
da água da chuva que terá influência sobre o aterro.

2.5.4.1 Sistema de Drenagem de Lixiviado

O lixiviado é toda a água que percola por entre a massa de resíduos do aterro, como já
fora especificado. Portanto, ele provém da água da chuva que ingressa no aterro que se junta
ao chorume (líquido formado durante a decomposição dos resíduos), formando um fluido que
deverá ser encaminho a um sistema de tratamento. Este caminho corresponde ao sistema de
drenagem de lixiviado, que é composto, basicamente, por tubos drenantes chamados de
geotubos, um elemento drenante em torno do geotubo (brita 5) e um elemento filtrante (areia
quartzosa natural) sobre a camada de brita. Esses componentes ficarão sobre sistema de
impermeabilização de fundo, não se estendendo sobre os taludes.
Os geotubos têm como função garantir um rápido escoamento do excesso de água
infiltrada no aterro. Através de seus orifícios, eles possibilitam a penetração do líquido no
interior do tubo, permitindo um escoamento rápido e evitando que o excesso de líquido
danifique o aterro. São super-resistentes de acordo com os catálogos, fabricados em PEAD.
Externamente ao sistema de impermeabilização, os geotubos drenam as águas de infiltração,
aliviando o empuxo hidrostático sobre o aterro.
51

Para a determinação da vazão de pico utilizada nos cálculos do item 3.4, bem como, da
estimativa do quanto de vazão será gerada durante a vida útil do aterro, foi utilizado o método
de TCHOBANOGLOUS (1993). Conforme descrito no item 3.4, o diâmetro necessário para a
tubulação é de 0,01243m, ou seja, 12,43 mm, assim, de acordo com Catálogos, o diâmetro
nominal mínimo é de 65 mm de diâmetro nominal, 59,5 mm de diâmetro interno e 68 mm de
diâmetro externo, os diâmetros dos furos são de 5,00 mm.
No dimensionamento do colchão drenante, verificou-se a quantidade necessária de
material a ser adquirido para a construção deste colchão drenante (de 25 cm de espessura).
Assim sendo, o volume requerido, levando em conta um fator de segurança de 1,1 será de
3855 m³.

2.5.4.2 Sistema de Drenagem Superficial ou de Águas Superficiais

Este sistema consiste na instalação de drenos em taludes (descidas de água) e nos


patamares (canaletas e caixas de drenagem), ao final de cada camada da célula. Seu objetivo
principal é controlar as águas oriundas de precipitações, denominadas run-on e run-off, pois a
falta de controle sobre as mesmas resulta em um aumento na quantidade de água infiltrada no
aterro e, consequentemente, um maior volume de lixiviado terá de ser tratado.
Run-on corresponde às águas precipitantes que irão escoar em torno da área do aterro e
que, portanto, não poderão ingressar na massa aterrada, a fim de se evitar que um maior
volume de água se ingresse sobre o aterro, gerando as consequências já mencionadas. Estas
águas circundantes ao aterro tem um potencial de erosão e de degradação dos corpos hídricos
receptores maior do que as águas do run-off, o que mostra a importância de efetuar um
controle sobre elas. Esse controle pode ser feito pela construção de bermas e de valas e
galerias de drenagem. O run-on, porém, não ocorre em qualquer aterro, até porque ele é
influenciado basicamente pela topografia do terreno (em um terreno mais plano tem menos
chance de ocorrência).
Run-off faz referência às águas precipitantes que irão escoar diretamente sobre a área
do aterro e que, dessa forma, não poderão se acumular na sua superfície, a fim de se evitar,
também, que uma maior quantidade de lixiviado tenha de ser tratada. Alguns problemas
relacionados com essas águas são a erosão causada sobre as coberturas de solo, taludes
expostos, valas de drenagem e outras áreas sem proteção; e o provável contato com a massa
52

residuária, podendo transportar contaminantes pelo seus escoamento até um corpo hídrico.
Assim sendo, o run-off também terá de ser controlado. Esse controle pode ser feito de
inúmeras formas, como por exemplo: controlando as erosões; revestimento nas valas
drenantes; reforço do solo; bacias de retenção para gerenciamento da vazão máxima; camada
de cobertura com inclinação apropriada; etc. Outra questão é que, como parte da água que
ingressa sobre o aterro atinge os resíduos, esta deverá ser encaminhada para o sistema de
tratamento de lixiviado. Diferente do run-on, o run-off ocorre sobre qualquer aterro.
Logo abaixo observar-se um esquema representativo de como pode ser feito um
sistema de controle do run-on e do run-off (Figura 28).

Figura 28: Detalhe dos sistemas de controle das águas run-on e run-off.

Alguns procedimentos devem ser levados em conta para a execução e aplicação destes
sistemas, e estes irão refletir nos aspectos operacionais e financeiros, além de que isso irá
definir os tipos de mecanismos a serem utilizados nessa etapa do projeto. É necessário, por
exemplo, que a área do run-off seja a menor possível durante a operação, evitando um maior
volume de lixiviado a ser tratado. Outra questão relevante é que estruturas de drenagem
superficiais são divididas em provisórias e definitivas. A drenagem provisória (empregados
conjuntamente aos mecanismos de drenagem definitiva já existes) engloba os dispositivos de
controle de escoamento superficial para evitar a infiltração e/ou erosões nas praças e/ou
taludes em decorrência do afluxo de águas de chuvas e, também, as drenagens necessárias nas
estradas de acesso provisórias. Os aparelhos de drenagem provisória, em geral, consistem na
implantação de canaletas escavadas na camada de cobrimento de cada célula. A drenagem
definitiva compreende os dispositivos relacionados aos sistemas de drenagem que funcionarão
53

após a conclusão de cada célula e/ou após a conclusão do aterro, além de estradas de acesso
definitivas, de modo que estes irão proteger as praças de trabalho e os taludes de corte e
aterramento de danos provocados pelas chuvas (FONTE, Claudio Michel Nahas, 1996).
Para o dimensionamento desta estrutura é necessário o conhecimento de alguns
parâmetros hidrológicos da região da obra. Dentre estes parâmetros: curva IDF do município
em questão ou de algum município próximo (engloba o tempo da precipitação e o tempo de
retorno), coeficiente de escoamento da vala de drenagem, área da bacia de drenagem de
contribuição do aterro sanitário. Por meio dos parâmetros mencionados, então, calcula-se a
vazão de pico pelo método racional. Ou seja, a vazão de projeto deve levar em conta um
evento de precipitação intenso, durante um dado período de tempo, baseando-se na sua
probabilidade de ocorrência. A área de contribuição do aterro empregada foi à área das
próprias células, uma vez que, conforme o item 2.4.2 e Layout, as células estão localizadas na
parte mais alta do terreno.
Depois de obtida a vazão de pico, parte-se para o dimensionamento dos canais de
drenagem (canal de terra de seção cheia retangular). Adotam-se dimensões e valores para o
mesmo (altura, largura, declividade e coeficiente de Manning), acha-se a velocidade do fluido
que irá se deslocar sobre o canal e, finalmente, encontra-se a vazão que este canal de
drenagem irá suportar.
Quanto ao projeto, adotando um tempo de retorno de 20 anos, alcançou-se uma vazão
de pico igual a 0,105 m³/s, e a vazão suportada pelo canal de drenagem igual a 0,61 m³/s. A
localização dos canais de drenagem será sobre a superfície da célula.

2.5.5 Sistema de Drenagem de Gás

A decomposição do lixo confinado nos aterros sanitários produz gases, entre eles o gás
carbônico (CO2) e o metano (CH4), que é inflamável. Os gases, sob certas condições, podem
se infiltrar no subsolo, atingir as redes de esgoto, fossas e poços absorventes, e causar
problemas. Por exemplo, no caso do metano, este poderá formar com o ar uma mistura
explosiva para concentrações entre 5 a 15%.
O controle da geração e migração desses gases é realizado propiciamente através de
um sistema de drenagem constituído por drenos verticais colocados em diferentes pontos do
aterro. Estes drenos são formados pela superposição de tubos perfurados de concreto
54

revestidos de brita, que atravessam verticalmente todo o aterro, isto é, desde o solo até a
camada superior, como se fossem chaminés. Recomenda-se a instalação dos drenos a cada 50
- 100 metros, sendo que nas extremidades devem ser instalados queimadores de gases, com a
finalidade de evitar maus odores e até controlar as emissões de poluentes atmosféricos.
Vale citar que a ação específica do metano é muitas vezes mais intensa do que a do
CO2. Daí surge o interesse específico para a implantação de projetos que evitem a dispersão
do CH4 no meio ambiente, ou mesmo a redução dessa emissão pela captação adequada para a
combustão ou tratamento adequado para seu aproveitamento energético.
O uso de geotubos permite o alivio das pressões dos gases gerados sobre o sistema de
impermeabilização, além de drenar o chorume produzido pelos resíduos. Em torno do
geotubo, irá colocar-se, em cada lado do mesmo, 0,6m de brita (utilizados como elemento
drenante). A seguinte representação, Figura 29, mostra como é a tubulação para a drenagem
dos gases. Nota-se que são tubos perfurados que podem ser de concreto ou PVC e são
revestidos por uma camisa de brita.

Figura 29: Detalhe do dreno de captação de gases.

A respeito do dimensionamento deste sistema no presente projeto, este ocorreu


conforme as menções a seguir. A vazão de pico da geração de gás é determinada pelo Método
de TCHOBANOGLOUS (1993).
55

Na análise da Figura 33 verificamos que a decomposição lenta é aquela que mais


produz gases - sendo a vazão máxima observada aos 7 anos, ou seja, no final da vida útil da
célula - comparada com a decomposição rápida. A explicação para os valores de pico de
produção de metano ao final da vida útil de cada célula é a seguinte: primeiramente vale
ressaltar que a geração de gases ocorre somente após o fechamento de uma célula, pois é
devido a esse fechamento que os microrganismos anaeróbios (formadores de ácidos)
começam a se desenvolver; depois disso, tem-se que o restante dos microrganismos aeróbios
conjuntamente com os anaeróbios passam a quebrar as cadeias dos compostos orgânicos,
originando ácidos orgânicos e CO2 (cerca de 90% do CO2 total); acabando o oxigênio local,
só irão restar os microrganismos anaeróbios que, utilizando os ácidos orgânicos, irão formar
um pouco mais de CO2, H2O e o metano; esse metano, inicialmente, não estará sendo gerado
em um nível tão elevado, mas ao longo do tempo com a diminuição do CO2, a quantidade dele
irá aumentar; o pico de gás metano ocorre por volta do terceiro ano, após o fechamento da
célula, e irá vagarosamente decrescendo ao longo do tempo até que não haja mais compostos
para serem degradados. Na Figura 34, por sua vez, verificamos a vazão máxima para a vida
útil da célula é de 0,05 m³/ano.

2.5.6 Sistema de Tratamento de Lixiviado

O projeto de um sistema de Tratamento de Lixiviado não será de responsabilidade da


Empresa OMMÊGA ENGENHARIA, uma vez que, na área já possuem duas lagoas de
tratamento de lixiviado. Assim sendo, cabe a OMMÊGA ENGENHARIA, o
dimensionamento e projeção das tubulações necessária para o envio do lixiviado as lagoas.
Devido às lagoas estarem localizadas em áreas de menor cota do terreno, o transporte será
realizado por gravidade, por meio de tubulações, conforme descrito anteriormente.

2.6 Análises de Estabilidade

A estabilidade de taludes em aterros sanitários é controlada, basicamente, pelos


seguintes fatores: propriedades do solo de fundação; resistência e peso dos resíduos;
56

inclinação dos taludes; nível e regime de fluxo do chorume dentro do aterro; tipo do material
de cobertura; e resistência da cobertura à erosão. Uma potencial instabilidade, desta maneira,
poderá ocorrer no solo de fundação, no resíduo e nos sistemas de cobertura e de
impermeabilização. O motivo principal, pelo qual pode vir a ocorrer essa instabilidade, é
devido ao contato solo-geomembrana que acontece nestes dois sistemas do aterro
anteriormente citados. Este contato/interação, entre os materiais, representa o que é chamado
comumente de interface crítica e esta é devida, basicamente, dos parâmetros de resistência de
cada material (comportamento tensão-deformação, ângulo de fricção do geossintético, ângulo
de atrito e coesão do solo, etc). Sabe-se ainda que a presença de água no aterro sempre é um
fator de desestabilização (reduz a resistência e aumenta a solicitação, enfim) e esta presença
de água pode ser devida a alguma falha dos sistemas de impermeabilização e de drenagem de
águas superficiais e lixiviado.
A análise e os cálculos da estabilidade de taludes em aterros sanitários, então, podem
ser executados por meio de vários métodos. Dentre esses métodos, o utilizado para o atual
projeto foi um método tradicional baseado no Cálculo da Estabilidade dos Sistemas de
Cobertura e de Impermeabilização para Taludes Finitos e de Espessura Constante. Esse
método tradicional (assim como grande parte dos demais) determina o fator de segurança
fazendo uso da análise de equilíbrio-limite. A análise por equilíbrio-limite consiste na análise
do equilíbrio estático, na condição de ruptura, de uma massa de solo limitada por uma
superfície de ruptura hipotética, considerada como um corpo rígido-plástico.
O fator de segurança neste tipo de metodologia é definido como a razão entre a
resistência média ao cisalhamento e a tensão média ao cisalhamento, ao longo de uma
superfície potencial de ruptura a qual, no caso, é planar. Considera-se que para um FS igual
ou menor do que 1,0 ocorrerá a ruptura, sendo que o FS aceitável a nível de projeto deverá ser
pelo menos igual a 1,5.
Em relação ao presente projeto, houveram falhas com relação a estabilidade, pois
segundo os cálculos (realizados na seção do memorial técnico), tanto o sistema de cobertura
quanto o sistema de impermeabilização evidenciaram um fator de segurança bem abaixo de
1,0, ou seja, indicaram que deve ter havido algumas negligências relacionadas a estes sistemas
ou à própria célula. Para o efeito de resolver o problema, isto é, buscando aumentar-se o FS,
poderiam ser aplicadas algumas soluções, as quais poderiam ser: uma nova geometria para o
talude, principalmente com a adoção de uma nova e menor inclinação e/ou propor o uso de
geossintéticos que apresentem a mesma função que as camadas de solo empregadas realizam.
Ou seja, para esta segunda possível solução – caso fosse realizada - deveria contemplar a
57

substituição do solo superficial do talude por um geossintético apropriado e, paro o caso do


sistema de impermeabilização, a adoção de reforços horizontais com geotêxteis ou
geogrelhas, por exemplo. Porém, antes de tomar qualquer decisão, é evidente que todos os
cálculos realizados no presente projeto teriam que ser refeitos e, acima de tudo, cada sistema
do aterro e seus respectivos componentes, assim como a geometria e o tipo de célula teriam
que ser repensados.

2.7 Plano e Atividades de Implantação

Uma vez que o aterro sanitário da Empresa COOPERCICLA já possui toda


infraestrutura necessária, levando em conta banheiros, vestuários, guaritas, balanças, garagens
de máquinas, etc., o objetivo deste plano em si visa uma melhor adequação dos sistemas já
existentes, por exemplo, no sentido de possíveis ampliações. Isto deverá ser feito de acordo
com a necessidade de execução e operação das novas células de disposição, compostagem,
triagem dos resíduos, além de toda a questão das variáveis administrativas e dos funcionários
ou pessoas que frequentarão e/ou farão parte da rotina do aterro.
A implantação também diz respeito à fase em que há a construção das células, dos
sistemas de drenagem superficial, de lixiviado e de gases, da impermeabilização de fundo e a
construção dos poços de monitoramento em pontos específicos da estrutura.

2.7.1 Preparo e Isolamento da Área do Aterro

Em princípio, antes de qualquer ação na construção das novas células de disposição


dos resíduos, a execução de uma terraplanagem local deve-se ser realizada, a fim de poder-se
trabalhar em nível. Não somente nivelar a área, como também uma limpeza local e isolamento
da mesma deverá ser realizada.
Á área do aterro em si, deverá ser isolada para evitar a entrada de animais e indigentes,
os quais poderão vir a entrar em contato com o lixo, devendo haver uma entrada principal, a
qual já é existente. Para caráter de construção das células, uma entrada secundária poderá ser
realizada, a fim de evitar movimentação constante de caminhões na entrada do aterro, uma
58

vez que nem todos estarão levando lixo e sim, poderão estar trabalhando no sentido de
construção das células ou operando algum sistema específico.

2.7.1.1 Cercamento Material e Cortinamento Vegetal

O cercamento da área é imprescindível para a manutenção da ordem e para o bom


funcionamento na realização das obras e na operação do aterro em geral. Este cercamento
envolve a entrada principal, já existente, que deve estar muito bem vigiada, além de uma
cerca instalada ao redor de toda a área do aterro sanitário. O cercamento, aliado ao controle da
entrada principal de acesso ao aterro, tem como principais objetivos: dificultar o ingresso de
pessoas não autorizadas e animais (impedindo, por exemplo, descargas clandestinas); reter
papéis, plásticos e outros materiais que podem ser carregados pelo vento, além é claro, de
regular o fluxo de veículos já mencionado.
O material do cercamento adotado para a construção do mesmo será de aço
galvanizado BWG 14 (material comumente usado), para a construção de uma cerca de arames
farpados de aproximadamente 2 m de altura, composta por 8 fios e por placas informativas.
Ainda ao redor deste cercamento material (cerca de arame), estará a ser colocado o
cercamento vegetal. Este importante elemento tem o objetivo de limitar ao máximo ou
impedir a visão operacional do aterro, melhorar a estética local geral, e auxiliar no controle da
disposição dos odores provenientes dos processos de degradação dos resíduos.
No caso, o cercamento vegetal irá basear-se na plantação de arbustos e árvores nativas,
e terá uma espessura de 6 m.

2.7.2 Vias de Acessos Externas e Internas

A logística relacionada às vias de acesso externas e internas do aterro é outro fator


determinante para a garantia de uma eficiente implementação e operação do projeto.
A principal e única estrada de acesso ao aterro é a RS – 430, já especificada no item
Localização e Informações da Área, a qual é uma estrada não asfaltada.
Entrando no aterro, existirão estradas de duplo sentido entre todos os setores da obra.
59

As vias presentes no entorno das novas células de disposição, por exemplo, deverão suportar a
passagem de no mínimo dois veículos em sentidos contrários, além de possibilitar a passagem
de veículos em quaisquer condições climáticas, uma vez que constante movimento poderá
haver no aterro, em virtude de chegadas de caminhões em horários diferentes, além de toda a
movimentação dos maquinários que realizam as operações diárias.

2.7.3 Sistemas e Equipamentos Utilizados na Fase de Implantação

Os equipamentos necessários para a implementação dos sistemas já descritos e


dimensionados deverão ser obtidos ou terceirizados. Alguns destes equipamentos essenciais
são: geotubos, geomembranas, geotêxteis, materiais granulares, canalizações etc.
Algumas máquinas também serão indispensáveis para execução da obra e para as
rotinas de operação diárias, como retroescavadeiras, tombeiras, caminhões, rolos
compactadores etc.
Obviamente, então, que haverá um espaço dentro da infraestrutura do aterro para
abrigar todos os equipamentos e maquinários que o pertencem (galpões, estacionamento...).

2.7.4 Preparo de Local de Disposição

Uma vez que o terreno das novas células já está de acordo com o caráter descrito
anteriormente, pode-se dar início a construção das células. Para tal, após a abertura das
trincheiras (células) deverá, primeiramente, realizar-se uma compactação do solo de fundo
(argiloso), com uso de rolos compactadores adequados, a fim de obter-se maior resistência do
solo e menor permeabilidade. Feito este processo, pode-se dar início a construção dos
sistemas já descritos anteriormente, tais como sistema de impermeabilização de fundo e das
laterais e sistema de drenagem de lixiviado. Contudo, deve-se obter atenção na introdução dos
geossintéticos corretos e nas ordens corretas, como também materiais granulares e geotubos,
conforme já especificados. Estes são os principais fatores que iram garantir uma execução
correta quanto à eficiência na disposição dos resíduos nas células, bem como nos processos de
60

drenagem e de impermeabilização, impedindo a contaminação do solo e, possível,


contaminação subterrânea.

2.8 Plano e Atividades de Operação

Concluídas as etapas de construção da base das células de disposição, e obtida a


Licença de Operação, pode-se dar-se início a operação das células, as quais deverão seguir um
plano de atividades operacionais, a fim de garantir um controle seguro e ininterrupto.
As etapas necessárias à operação das células podem ser resumidamente classificadas
em: preparo das células, implantação dos sistemas, descarga dos resíduos, espalhamento dos
resíduos, compactação dos resíduos e cobertura diária dos mesmos.
Realizada a implementação de todos os sistemas, corretamente, pode-se dar início ao
recebimento dos resíduos que irão ser destinados as células, após passagem por triagem e
compostagem.
A recepção dos resíduos é realizada na guarita do aterro e consiste na operação de
inspeção preliminar, durante a qual os veículos coletores, previamente cadastrados e
identificados, são vistoriados por fiscal/balanceiro, treinado e instruído para o desempenho
adequado dessa atividade. Esse profissional verifica e registra a origem, a natureza, a classe e
quantidade de resíduos que chegam ao empreendimento; orienta os motoristas quanto ao local
no qual os resíduos devem ser descarregados e impede que resíduos incompatíveis com as
características do empreendimento ou provenientes de fontes não autorizadas sejam lançados
no mesmo.
Para os resíduos que serão destinados ao aterro, deve-se ter total atenção em alguns
requisitos. Estes deverão ser espalhados e compactados a uma altura de resíduos adotada
conforme citado no memorial técnico, a fim de reduzir ao máximo o volume, favorecendo um
maior e melhor acondicionamento nas células. Este processo é indispensável, pois reduzirá
também a possibilidades de recalques no aterro. Para esse processo, o mesmo equipamento de
compactação empregado no sistema de impermeabilização de fundo poderá ser empregado,
por possuir grande eficiência nesse processo, como também equipamentos manuais para
favorecer o espalhamento homogêneo dos resíduos nas células.
61

A cada final de jornada de trabalho diária, uma camada de solo deverá ser empregada
acima dos resíduos, conforme já mencionado e calculado nos sistemas de cobertura diária,
este, também devendo ser compactado obtendo menor volume.
Quando as células estiverem esgotado sua capacidade de armazenamento de resíduos,
o sistema de cobertura final deverá ser realizado, durante essa fase de encerramento da célula.
Esta cobertura final deverá ser feita, conforme já especificado na descrição dos elementos de
projeto, levando em conta as ordens e tipos de geossintéticos e materiais de cobertura
empregados, como também suas alturas de compactação.

2.8.1 Atividades de Caráter Administrativo e Técnico

Para que estas etapas sejam executadas da melhor maneira possível, a fim de obterem-
se bons desempenhos na operação e controle do aterro, treinamentos para equipes de trabalho
deverão ser executadas constantemente, para que as determinações contidas no presente
projeto sejam executadas e cumpridas. Esses treinamentos deverão englobar temas relevantes
à operação das células de disposição, indo deste esclarecimento de normas para pesagens de
cargas, normas para inspeção e controle de resíduos que entram no aterro, plano de descarga,
preenchimento e encerramento das células, plano de tratamento, espalhamento e compactação
dos resíduos, plano de manutenção dos equipamentos, de vias de acesso, normas de segurança
da área do aterro, normas relativas à segurança e saúde no trabalho, plano de controle de
vetores, plano de comunicação interna e externa, etc. Cada qual em seu setor e meio de
trabalho responsável, deverá estar ciente destas normas, para assim poder-se aplicá-las em
seus devidos fins.
Deve-se manter uma relação próxima com os operadores, mantendo-lhes com total
segurança dentro do seu meio de serviço, através de usos de equipamentos de segurança
individual, além de serem vacinados contra doenças contagiosas. Os horários de serviço os
quais os mesmos deverão estar exercendo, vai depender da demanda de resíduos de entrada no
aterro. Uma vez que o aterro não recebe grandes quantidades de resíduos diariamente e que ao
longo dos anos essa taxa de crescimento não vai crescer significativamente, as jornadas de
serviço dos empregados poderão seguir as mesmas do estado atual (8 horas diárias de segunda
a sábado), devendo os responsáveis pela organização do aterro e contato com funcionários
62

avisar quando da necessidade de maiores jornadas de serviço, para assim atender a demanda
de resíduos recebidos para posterior aterramento.

2.8.2 Layout da Área do Aterro

Uma vez que o projeto visa uma ampliação do aterro sanitário da empresa
COOPERCILA, o Layout em si contém algumas estruturas já existentes no atual local, como
por exemplo, áreas de estocagem, galpões, células características atuais, estacionamentos, etc.
O processo de organização dos resíduos de entrada e disposição ao aterro funcionará
conforme realiza-se normalmente. Ao entrar no aterro, os caminhões deverão passar pela
balança, onde estes serão pesados para manter um controle operacional dos resíduos de
entrada, a qual deverá ser registrada em uma planilha, de acordo com as características e/ou
numeração de cada caminhão. Dessa forma, ter-se-á um controle diário e mensal da
quantidade de resíduos destinados ao aterro.
Após esta etapa, os caminhões deverão descarregar estes resíduos no galpão de
processamento de resíduos, já presente no aterro, onde ali, estes serão separados de acordo
com suas peculiaridades. Uma parte desses resíduos será encaminhada para a compostagem -
por ser um resíduo de características essencialmente orgânicas – enquanto a outra parte será
enfardada por possuir característica recicláveis - esta então será encaminhada e/ou vendida a
outro estabelecimento que a utilize. Da parte restante, esta representará os resíduos que serão
destinados às células de disposição, caracterizadas no Layout, que logo mais será apresentado.
Através do Layout é possível averiguar como esses processos se realizam atualmente e
como irão se realizar após a ampliação da estrutura, bem como a do aterro. Portanto, é
possível analisar toda a infraestrutura já existente no aterro, tais como: prédio administrativo,
galpão de depósito de equipamentos, galpão de processamento dos resíduos, lagoas de
tratamento de lixiviados, poços de monitoramento, área de estoque de solo de empréstimo,
estradas internas e externas, dentre outros compartimentos.
Em virtude da implementação de novas três células de disposição dos resíduos, uma
nova lagoa de tratamento de lixiviado deverá ser feita, estando esta em lado oposto a lagoa já
existente. A nova lagoa receberá o lixiviado das três células projetadas, estando esta, nas
partes mais baixas do terreno de acordo com as curvas de nível, não necessitando a aquisição
63

de bombas para o transporte dos fluídos gerados na decomposição dos resíduos e das águas de
infiltração.
As células de disposição possuirão rampas de acesso, as quais facilitarão a entrada e
saída de caminhões e máquinas, devendo estas estarem bem construídas para que se facilitem
as ações de operação na célula. O material que será retirado das escavações para a construção
das células, será disposto nas proximidades dessas escavações em uma espécie de galpão, para
este, então, ser usado em diversos procedimentos e sistemas do aterro sanitário (já
especificados no projeto), como no revestimento de solo diário que deverá ser realizado pelos
operadores do aterro.
No limite de área do aterro, possuirá um cortinamento vegetal, cuja, importância já
fora ressaltada no projeto. A Figura 30, abaixo apresenta o Layout do Aterro Sanitário da
Empresa COOPERCILA, com suas devidas referências de área, elementos e toda a logística
em si do empreendimento. Nota-se a introdução de novas lagoas, poços de monitoramento,
cercamento, áreas de empréstimo de solo, dentre outras estruturas.

Figura 30: Layout do aterro sanitário da Empresa COOPERCICLA.


64

2.8.3 Ocupação da Área

Á área total do aterro será ocupada por elementos construtivos e de locomoção. Entre
a área total, haverá lagoas de tratamento de lixiviado, prédio administrativo, células de
disposição de resíduos, central de triagem de resíduos, área de compostagem, galpão de
maquinários e equipamentos (almoxarifados), guarita. Cada um destes meios já foram
mencionados e detalhados no projeto.
A área também possuirá várias ruas internas, as quais facilitarão o acesso às células de
disposição, como também a central de triagem e compostagem, bem como a locomoção de
veículos por entre as áreas administrativas e estacionamento. Além de vias para passagem de
veículos, obviamente haverá vias para a locomoção de pessoas. Estas vias darão acesso para
as pessoas (funcionários, engenheiros, visitantes, etc) transitarem de um local ao outro do
aterro. Esses acessos específicos para pessoas irão permitir que as mesmas, então, se dirijam
aos restaurantes, sanitários, almoxarifados e galpões no geral, estacionamentos, garagens,
prédios administrativos, salão de eventos, enfim.

2.8.4 Transporte e Disposição dos Resíduos Sólidos

O transporte dos resíduos até o aterro será realizado pelos caminhões da empresa
COOPERCICLA como também das prefeituras dos municípios em questão, de acordo como
já ocorre atualmente, inclusive durante os mesmos turnos e horários. A via de acesso ao aterro
faz ligação com a RS – 430, entre as cidades de Tapejara e Santa Cecília do Sul, em sentido
ao meio rural desta última.
No interior do aterro, as ruas principais deverão possuir duas vias, em sentidos
contrários a fim de facilitar a locomoção dos caminhões dentro do aterro. Cada célula de
disposição vai possuir uma rampa de acesso, esta com solo compactado evitando possíveis
atolamentos de caminhões na área.
Antes de realizada as disposições dos resíduos nas células de disposição, os
caminhões deverão ser devidamente pesados na balança de entrada do aterro, por fim de
obter-se um monitoramento de entrada de resíduos. A maneira de como será feita a disposição
já fora especificada claramente.
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Em dias de intensas chuvas duradouras, ou de impossibilidades e dificuldades de


disposição dos resíduos nas células, poderá haver uma área de disposição de resíduos
emergencial, previamente preparada, com intuito de não atrasar e interromper a gestão dos
resíduos no aterro. Já em dias normais, os resíduos deverão ser acondicionados nas células de
acordo com as formas já descritas anteriormente, indo desde seu espalhamento, compactação,
e sobreposição de solo a cada jornada de trabalho com posterior compactação.

2.8.5 Tratamento, Espalhamento e Compactação dos Resíduos Sólidos

Conforme já esclarecido anteriormente, o aterro possuirá centrais de triagem e


compostagem, as quais deverão ser devidamente realizadas a fim de obter-se eficiência no
processo, uma vez que a redução dos resíduos destinados ao aterro deverá ser significativa.
O resíduo da compostagem deverá ser encaminhado para implementação em áreas
carentes de nutrientes. A venda do material de compostagem deverá ser realizada, quando os
reservatórios de disposição estiverem saturados e em estado de decomposição elevado. A
compostagem já é existente no aterro, e caberá ao técnico responsável pela mesma avaliar
quando da necessidade destas ações.
O material reciclável obtido da central de triagem deverá ser separado conforme suas
características, para posteriormente ser encaminhado as empresas que realizam a confecção de
matérias primas. A empresa de recolhimento destes materiais serão as mesmas das já
existentes, porém caberá a empresa COOPERCICLA propor a solicitação de pesquisa novas
empresas para recolhimento, levando em conta os preços pro Kg de resíduos recicláveis.
Do material que não for caracterizado como reciclável e nem como aplicação na
compostagem, deverá ser encaminhado às células de disposição do aterro. Caminhões deverão
fazer a busca desses resíduos da sobra na central de triagem para assim realizarem sua
disposição no aterro. Nas células do aterro então os resíduos deverão ser espalhados com
equipamentos manuais e maquinários, a fim de obter-se um nivelamento de resíduos
atendendo a altura de resíduos compactadas já previstas nos cálculos. Essa compactação
deverá ser feita com equipamentos adequados, os chamados rolos pé de carneiro, levando em
conta também o número de passadas sobre o resíduo para assim, de ter-se um estado de
compactação máxima e eficiente.
66

2.8.6 Material de Empréstimo

O material de empréstimo para implementação dos sistemas de impermeabilização, de


cobertura diária, sistema de cobertura final e ancoragem será o provindo da abertura das
células de disposição, a qual será disposto às proximidades das mesmas, conforme indicado
no Layout do Aterro.
Para quando o material de empréstimo estiver se esgotando, caberá a Empresa
COOPERCICLA entrar em contato com a prefeitura municipal, esperando que a mesma
sugerira a indicação da busca de solo provindo de algum local, preferencialmente, próximo,
como por exemplo, solo vindo de escavações realizadas por operários da prefeitura municipal
em decorrência de obras realizadas pela mesma no município.

2.8.7 Plano de Controle da Área e Equipamentos

No aterro em si, já é existente vigias de área, estando ligados a segurança e controle de


entrada no aterro. Estes são responsáveis por manter o monitoramento de caminhões e de
resíduos.
Os turnos de serviço destes empregados serão os mesmos turnos dos já existentes, 8
horas diárias de segunda a sábado, período no qual o aterro funciona. Deverão estes
funcionários estarem na guarita de entrada do aterro, fiscalizando e monitorando a entrada e
saída de veículos de transporte e de pessoas, além da rotina operacional geral do aterro.
A manutenção dos equipamentos deverá ser executada temporariamente ou de acordo
com a necessidade. Deverá cada operário responsável pelas máquinas ou equipamentos, avisar
quando da necessidade de manutenção. Contudo, estas informações de responsabilidades
deverão ser estritamente colocadas aos mesmos, a fim de estarem cientes da necessidade do
plano de controle dos equipamentos.

2.8.7.1 Listagem de Equipamentos e da Mão-de-Obra


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Os equipamentos necessários deverão ser obtidos ou terceirizados para a


implementação dos sistemas já descritos e dimensionados, como geotubos, geomembranas,
geotêxtil, materiais granulares, canalizações, etc. Vários tipos de máquinas também serão
indispensáveis para a colocação desses sistemas, para a construção das novas células e dos
elementos e para a realização das atividades diárias, durante a fase de operação do aterro.
Além de equipamentos e maquinários, a mão-de-obra que irá atuar no aterro deve ser
muito bem selecionada, treinada e especializada.
Para operação do aterro já são e, ainda, serão usados os seguintes tipos de
equipamentos, insumos, afora da mão-de-obra requerida:
 Trator de esteira, com peso operacional de 15 toneladas, para espalhamento e
compactação dos resíduos e das camadas de capeamento dos mesmos;
 Carregadeira frontal de pneus;
 Retro/pá carregadeira para construção dos sistemas de drenagem;
 Escavadeira hidráulica;
 Rolo compactador vibratório, para compactação da base impermeabilizante e da
camada de capeamento final do aterro, bem como para conservação das vias internas;
 Caminhões basculantes para transporte de terra;
 Caminhão-pipa para umedecimento periódico das vias de acesso em épocas de
estiagem;
 Veículos leves de apoio;
 Solo em disponibilidade para o recobrimento das células diárias de resíduos
compactados, proveniente de área de empréstimo;
 Solo argiloso para a impermeabilização das plataformas de base e para o capeamento
final do aterro sanitário;
 Materiais diversos (brita, tubos, grama, etc.)

Quanto à mão-de-obra acha-se atualmente disponível a seguinte equipe técnica:


 Engenheiro Ambiental;
 Encarregado geral incumbido do controle da operação do aterro sanitário;
 Auxiliar de engenharia e auxiliar administrativo;
 Ajudantes de operação, para auxílio aos operadores de máquina e para o controle e
encaminhamento dos caminhões coletores de lixo à frente de serviço;
 Operadores de tratores de esteira;
68

 Operador de máquina de terraplenagem;


 Motorista de caminhão basculante; motorista de caminhão-pipa;
 Topógrafo e auxiliares de topografia, para demarcação e monitoramento periódico da
frente de serviço;
 Auxiliares de serviços gerais, para plantio de grama, urbanização e manutenção da
limpeza do empreendimento;
 Vigias.

2.8.8 Medidas de Segurança na Implantação e Operação

Todos os funcionários e operadores do aterro deverão trabalhar com total segurança


em seus setores, sendo que os responsáveis por dirigir determinados maquinários deverão
possuir carteira de habilitação específica, de acordo com a finalidade de seu serviço.
Entre os técnicos responsáveis, deverá possuir um em segurança do trabalho e/ou
Engenheiro de Segurança do Trabalho, que venha a fiscalizar os empregados da
COOPERCICLA, implicando no uso de equipamentos individuais de segurança e quanto a
medidas de segurança na execução das tarefas.
No caso de pequenos acidentes, deverá possuir um kit de primeiros socorros a
disposição e de fácil busca, sendo que para casos mais graves de acidentes, deverá sempre
possuir um meio de locomoção disponível para o deslocamento dos funcionários para o
hospital mais próximo, neste caso o Hospital Santo Antônio, localizado no município de
Tapejara/RS.

2.9 Plano de Encerramento do Aterro e Cuidados Posteriores

Após encerramento do recebimento de resíduos nas células de disposição, deverá ser


realizado o sistema de cobertura final, já especificado na descrição dos elementos de projeto,
com a plantação de gramíneas com intuito de evitar erosões, e plantação de árvores nativas,
com intuito da realização de reflorestamento na área. A alternativa de reflorestamento foi
69

adotada, uma vez que a região do aterro localiza-se no interior do município, em uma região
com pouca movimentação de pessoas e serviços, não sendo viável a implantação de praças ou
algo do gênero.
Á área em si, deverá ser monitorada por um longo período de tempo após o
encerramento das células. Entre os monitoramentos abrangidos, deverão conter:
monitoramento da faze de implantação e operação, dentro destes, monitoramento de gases, de
lixiviado, recalques, águas superficiais e subterrâneas. Estes itens de monitoramento serão
mais bem especificados no item 2.10.
Dentre os monitoramentos ditos específicos, têm-se:
 Limpeza dos canais de drenagem, evitando que estes acumulem materiais sólidos que
possam impedir o fluxo de fluídos;
 Limpezas dá área geral, com intuito de evitar o espalhamento de resíduos e possível
dispersão dos mesmos a áreas distantes;
 Cuidados com entrada de animais e indigentes no aterro;
 Avaliação da eficiência de drenagem de lixiviados;
 Avaliação do estado de cercamento dá área, com intuito de manter as cercas em bom
estado e quando necessário, realizar a troca de pilares e/ou arames;
 Avaliação do processo de queima de gases;
 Cuidados com possíveis erosões, sendo que estas podem vir a influenciar nos canais
de drenagem;
 Cuidados com vias de acesso externas e internas, mantendo-as em bom estado de
tráfego.

2.10 Sugestão de Recuperação da Área

Em virtude de que a localização do aterro situa-se no meio rural do município de Santa


Cecília do Sul, não se torna viável projetos sociais para futuros usos da área. Deste modo, a
ocupação da área será destinada a reflorestamento, com um novo estudo de implantação
arbórea nativa que deverá ser realizado quando as células em questão entrarem em estado de
encerramento. Para tal, um estudo característico das plantas deverá ser realizado, afim de não
se colocar determinados tipos de vegetação e árvores que possam vir a possuir peculiaridades
70

negativas, como por exemplo, raízes profundas que possam vir a entrar em contato com os
resíduos abaixo do solo vegetal e do solo compactado. O plantio de gramíneas também deverá
ser realizado, a fim de evitar erosões do solo superficial, garantindo uma maior estabilidade,
além é claro, de uma melhor aparência.

2.11 Plano de Monitoramento

A Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, através do artigo 9° estabelece os padrões de


qualidade ambiental, sendo o monitoramento ambiental, uma medida essencial para que se
cumpra essa lei.
A partir do momento em que o aterro entra em funcionamento, tanto na parte de
implantação como na fase de operação, é necessário seguir um plano de monitoramento, que
termina depois de anos após o encerramento do mesmo. O plano de monitoramento de um
aterro sanitário tem como objetivo, avaliar a mudança dos parâmetros que estão relacionados
com a presença do mesmo naquele local, podendo ser esses, parâmetros químicos, físicos ou
biológicos. Além disso, o monitoramento permite a avaliação da evolução da decomposição
dos resíduos. Devem ser considerados no plano, o monitoramento de lixiviado e de gases
gerados no aterro, monitoramento geotécnico, além de monitoramento ambiental da
vizinhança.

2.11.1 Monitoramento na Fase de Implantação

O monitoramento na fase de implantação deve obedecer às normas de segurança


ambiental, além de garantir segurança aos trabalhadores do local.

2.11.2 Monitoramento na Fase de Operação

No monitoramento ambiental, os seguintes elementos são inspecionados.


71

2.11.2.1 Qualidade das águas subterrâneas

A qualidade das águas subterrâneas será avaliada com o objetivo de verificar a eficiência
dos sistemas de impermeabilização e drenagem de lixiviados, e detectar alterações na sua
qualidade. Para isso serão feitas analises a partir de amostras de água retiradas de diferentes
poços de monitoramento instalados no aterro, sendo pelo menos um a montante e um a
jusante em relação ao fluxo subterrâneo - NBR 15495-1(ABNT, 2007). Devem ser analisados
os seguintes parâmetros: pH, condutividade, DBO, DQO, NO3 e coliformes fecais,
procurando sempre atender as exigências da legislação ambiental vigente.

2.10.2.2 Qualidade das águas superficiais

A qualidade das águas superficiais será avaliada com o objetivo de verificar a alteração
dos cursos d’água onde se localiza o aterro, visto que estes podem sofrer algum tipo de
contaminação pela proximidade que têm com as células de disposição e com as lagoas de
tratamento do lixiviado. Para este monitoramento, devem ser feitas análises de amostras de
água coletadas em pontos do sistema de drenagem pluvial, além de amostras a montante e a
jusante de onde o efluente das lagoas de tratamento é lançado. Assim como no monitoramento
das águas subterrâneas, serão analisados os seguintes parâmetros: pH, condutividade, DBO,
DQO, NO3 e coliformes fecais. A frequência com que as analises deverão ser feitas será
definida pela licença ambiental que o aterro possui.

2.11.2.2 Monitoramento do lixiviado

O lixiviado, devido ao seu alto potencial poluidor deve ser controlado e monitorado
constantemente. É importante conhecer a composição e quantidade de efluentes do aterro,
para que além de se ter um correto tratamento, se possa também avaliar a eficiência ou não do
72

sistema, e com isso adotar ações corretivas e preventivas se necessário. Este monitoramento é
realizado através de medições de vazão e análises físico-químicas e bacteriológicas, além da
análise de concentração de metais pesados que são comumente encontrados em lixiviado
(CONAMA Nº 357 de 2005), os parâmetros avaliados nas análises de lixiviado estão
apresentados na Tabela 6.

Tabela 6: Principais Parâmetros Medidos em lixiviados


Campo (C) /
Parâmetro Unidade
Laboratório (L)
pH Unidade de Ph CeL
Potencial Redox MV C
Oxigênio Dissolvido mg/L C
Condutividade μS/cm Ce L
Temperatura °C C
Sólidos Suspensos Totais mg/L L
Sólidos Dissolvidos Totais mg/L L
Nitrogênio Amoniacal mg/L L
Nitrato mg/L L
Nitrito mg/L L
Ácidos Graxos e Voláteis mg/L L
Carbono Orgânico e Total mg/L L
DBO mg/L L
DQO mg/L L
Alcalinidade Total mg/L L
Sulfato mg/L L
Ca mg/L L
Mg mg/L L
Na mg/L L
K mg/L L
Cl mg/L L
Fe μg/L L
Mn μg/L L
Cd μg/L L
Cr μg/L L
Pb μg/L L
Zn μg/L L
Bactérias do Grupo NMP/100ml ou UFC
Coliforme
Heterotróficos Aeróbios NMP/100ml ou UFC L
Anaeróbios NMP/100ml ou UFC L
73

2.11.2.3 Avaliação de geração e vazão de biogás

A avaliação da produção e vazão de gases gerados no aterro sanitário é importante


para que se possa acompanhar o grau de degradação e as fases de estabilização dos resíduos,
assim como também avaliar o potencial energético que o mesmo possui.
Para que se tenha eficiência neste monitoramento deve-se verificar se a queima dos
gases que estão sendo liberados está realmente acontecendo de forma eficiente, bem como se
os drenos instalados estão sendo suficientes. Caso os drenos estejam apresentando tendência
para o rompimento devido ao excesso de temperatura ou desmoronamento por recalque do
aterro, devem ser substituídos imediatamente.
É importante que os gases sejam monitorados desde o início da operação do aterro,
visto que é de interesse observar as variações de concentração dos principais gases gerados na
decomposição dos resíduos, como metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2).

2.11.2.4 Monitoramento geotécnico

O sistema de monitoramento geotécnico deve ser mantido durante e após o


encerramento de atividades do aterro. Faz-se necessário monitorar os deslocamentos
horizontais e verticais do aterro para que se obtenha informações das camadas de resíduos
tanto em área como em profundidade, acompanhando as mudanças que ocorrem nas várias
fases do processo de decomposição.
As principais causas de recalques no aterro podem ser influenciadas pelos seguintes
fatores: compactação, deformação devido ao carregamento estático ou dinâmico, degradação
biológica, drenagem de líquidos, composição e idade dos resíduos.
O monitoramento da estabilidade geotécnica é efetuado através de inspeção visual e de
leitura de instrumentos nele instalados. A estabilidade geotécnica será executada por meio dos
seguintes equipamentos: marcos superficiais, medidores de recalque em profundidade,
piezômetros, medidores de temperatura e de ensaios SPT.
Os principais parâmetros a serem observados são: recalque total, recalque parcial e
velocidade do recalque. Eles podem ser obtidos através das cotas de leitura topográfica atual
comparadas com a cota de leitura topográfica do ano anterior (por exemplo).
74

A leitura efetuada pelos piezômetros permite que seja avaliado o nível de lixiviado,
garantido que ele se mantenha em níveis considerados seguros para o projeto. Já nas
sondagens SPT pode-se avaliar a variação da resistência do aterro ao longo do tempo, bem
como coletar amostras de solo (abaixo da camada de resíduos) e resíduo para as análises
laboratoriais. Os mesmos furos das sondagens servem para a instalação dos piezômetros.

2.11.2.5 Monitoramento ambiental da vizinhança do aterro

É necessário que se faça um monitoramento permanente e eficiente das condições do


ambiente em torno da área do aterro, principalmente das águas superficiais e subterrâneas. O
monitoramento deve ser feito através da coleta de amostras em pontos estratégicos.
Geralmente adotam-se quatro pontos: um a montante e três a jusante. Amostras de solo
também devem ser monitoradas, assim como a qualidade do ar. A frequência das análises
deve ser determinada de acordo com a legislação mais restritiva vigente.
75

3 Memorial Técnico

3.1 Célula de disposição

Levando em conta que as características locais da ampliação do novo aterro favorecem


a execução do projeto em trincheira, o mesmo será realizado de acordo com essa metodologia.
A dimensão das células adotadas foram de 15000 m² (150 m x 100 m), com uma
profundidade em torno de 3 metros. A profundidade adotada foi em virtude de o lençol
freático estar localizado a uma profundidade de 10 a 15 metros e também por ser ideal para a
construção e operação da mesma. As equações (3) a (10) apresentam os cálculos referentes ao
dimensionamento das células, chegando-se até o número de células necessárias para o
acondicionamento dos resíduos gerados em 20 anos.

Cálculo do volume de resíduos produzidos para a vida útil de 20 anos considerada,


sendo:
VRG = Volume de resíduos gerados (m³)
m = Massa de resíduos gerados em 20 anos (t)
p = Massa específica dos resíduos sólidos (t/m³)

VRG  m  p (3)
VRG  50252,79  0,6  83754,65m³

O cálculo da geometria da célula como sendo trapezoidal, foi realizado através da


estimação de uma semelhança de triângulos de 1:1,5 conforme Erro! Fonte de referência
não encontrada.1.
76

Figura 31: Exemplificação da relação feita para obtenção da geometria da célula.

A relação realizou-se conforme a regra de três, exemplificada em (4):

1 -X (4)
1,5- 3
X=2m

O cálculo da largura de fundo da célula realizou-se conforme equação (5), sendo:


LF = Largura de fundo (m)
LS = Largura superficial (m)

LF  LS  2 * ( X ) (5)
LF  100  2 * (2)  96m

O cálculo do comprimento de fundo realizou-se conforme equação (6), sendo:


CF = Comprimento de fundo (m)
CS = Comprimento superficial (m)

CF  CS  2 * ( X ) (6)
CF  150  2 * (2)  146m
77

Para o cálculo do volume útil total, realizaram-se novos cálculos médios do


comprimento e largura, para posteriormente aplicar na equação (9). As equações para os
cálculos médios são apresentadas em (7) e (8), sendo:
LM = Largura média (m)
LI = Largura inicial (m)
LF = Largura de fundo(m)
CM = Comprimento médio (m)
CI = Comprimento inicial (m)
CF = Comprimento de fundo (m)

LM  LI  LF  2 (7)
100  96
LM   98m
2

CM  CI  CF  2 (8)
150  146
CM   148m
2

Então, aplica-se a fórmula do volume útil total da célula, conforme equação (9), sendo:
VT = Volume útil total da célula (m³)
P = Profundidade da trincheira (m)
CM = Comprimento médio (m)
LM = Largura média (m)

VT  CM  LM  P (9)
VT  148 * 98 * 3  43.512m³

O número de células necessárias para o acondicionamento dos resíduos sólidos, para


os 20 anos de vida útil previstos, pode-se ser determinado de acordo com a equação (10), em
que:
NC = Número de células
VT = Volume útil total da célula (m³)
VRG = Volume de resíduos gerados (m³)
78

NC  VRG  (VT * 0,75) (10)


NC  83.754,65  32.634  2,56 células

Conforme condicionantes dos resíduos gerados pelos municípios nos 20 anos de vida
útil do aterro, então, serão necessárias 2,56 células para dispor os resíduos nesse período
estimado, ou seja, 3 células de 15.000m², conforme dado estimado, serão suficientes para o
acondicionamento do volume previsto.

3.2 Sistema de Impermeabilização de Fundo e Laterais

O dimensionamento do sistema de impermeabilização requer algumas etapas tais como:


volume necessário para revestimento mineral; conhecimento das propriedades do solo–
parâmetros geotécnicos -, característica e princípios de adoção de qual geossintético a ser
empregado se necessário. Para o projeto em si, nas laterais das trincheiras serão adotados
geomembranas, e na área de fundo solo compactado, juntamente com geomembrana acima e
geotêxtil, com intuito de evitar possíveis contaminações pela geração de lixiviados pela
decomposição dos resíduos. Esses lixiviados gerados, serão drenados a partir de materiais
minerais, para a própria ETE do aterro.
Os cálculos seguintes foram realizados levando em conta apenas uma trincheira,
lembrando que o aterro possuíra três delas. Contudo, como as duas outras células possuirão as
mesmas dimensões de fundo e laterais da primeira, os cálculos de volumes e afins serão os
mesmos para todas elas.

3.2.1 Revestimento Mineral

O cálculo da área de fundo necessário da célula do aterro é determinado pelo produto


das dimensões de fundo da célula como descrito na Equação (11), na qual:
79

A fundo = Área de fundo da célula do aterro (m)


L fundo = Largura de fundo da célula do aterro (m)
C fundo = Comprimento do fundo da célula do aterro
L fundo e C fundo estão apresentados no item 3.1. Assim,

Afundo  Lfundo * Cfundo (11)


Afundo  96m *146m
Afundo  14016m²

A determinação do volume necessário de material para compactação é determinada


pela Equação (12), em que é necessário estabelecer uma espessura para a camada de material
compactado, o valor utilizado foi de 60 cm.
V compactado = Volume de material a ser compactado (m³)
A fundo = Área de fundo (m²)
t = Espessura do material compactado (m)

Vcompactad o  Afundo * t (12)


Vcompactad o  14016m² * 0,6m
Vcompactad o  8409,6m³

Conforme descrito anteriormente, é necessário o conhecimento dos parâmetros


geotécnicos do solo, como umidade ótima e peso específico aparente seco ótimo, os quais
foram apresentados no item 2.4.5, para o cálculo da massa de solo a ser transportada, Equação
(13). Os dados de peso específico natural são aqueles necessários aos cálculos, assim, deve-se
utilizar a Equação (14) para a sua determinação.
M solo = massa de solo a ser transportada (t)
V compactado = volume de solo compactado (m³)
 n = Peso Específico Natural (t/m³)

Msolo  Vcompactad o * n
(13)
Msolo  8409,6m³ *1,742t / m³
80

Msolo  14649,52t

 n = Peso Específico Natural (KN/m³)


 d = Peso Específico Aparente Seco (KN/m³), (adotado= 13KN/m³ de acordo com Figura

23.)
W = umidade ótima (+ 1 a 3%, sendo utilizados 34%)

 d 
n  d * 1   (14)
 100 

 34% 
n  d * 1  
 100 
n  17,42KN / m³

O volume de solo a ser extraído do campo para o sistema de impermeabilização é


calculado pela Equação (15), em que:
V extraído = volume de solo a ser extraído (m³)
M solo = massa de solo a ser transportada (t)
ℓn material de campo = massa especifica do material de campo (t/m³), (Adotamos 1,65t/m³).

Msolo
Vextraido  (15)
n material de campo
14649,52t
Vextraido 
1,65t/m³
Vextraido  8878,49m³

O volume de solo solto para transporte é determinado pela Equação (16), onde:
V solo solto = Volume de solo solto (m³)
V extraído = Volume de Solo a ser extraído (m³)
φ = fator de empolamento

Vextraido
Vsolosolto  (16)

81

8878,49m³
Vsolosolto 
0,6
Vsolosolto  14797,48m³

Sabendo que, a capacidade média de um caminhão é de 25m³, serão necessários


aproximadamente 592 caminhões para o transporte do volume de solo solto, para todo o
sistema de impermeabilização de apenas uma das áreas. Lembrando que o aterro possuirá três
células em forma de trincheira, sendo assim um total de 1776 caminhões de solo para
impermeabilização total das células.

3.2.2 Revestimento Geossintético

Para o dimensionamento da espessura da geomembrana foi utilizada a metodologia de


KOERNER (2005), a qual relaciona a espessura com parâmetros da geomembrana. A
Equação (18) exemplifica o método, enquanto a equação (17) apresenta um dos cálculos
necessários para sua aplicação e determinação da espessura do geossintético.
t = espessura da geomembrana (m)
 n = Tensão Normal aplicada pelos resíduos (KPa)
x = distância da mobilização da deformação (m)
 v = ângulo de cisalhamento entre a geomembrana e o material
 L = ângulo de cisalhamento entre a geomembrana e o material subjacente
 adm = Tensão Admissível pela geomembrana (KPa)
 = ângulo de deflexão da geomembrana

n  Rscompactados * Hprevista * FS (17)


n  6KN / m³ * 3m *1,2
n  21,6KPA

n * x * (tg v * tgL)
t (18)
adm * (cos   sen * tgL)
82

21,6 KPa * 0,1m * (tg 11º*tg10º )


t
7000 KPa * (cos 20º  sen20º*tg10º )
t  1mm

Os parâmetros utilizados foram: x = 0,1m;  v = 11º;  L = 10º de acordo com


VERTEMATTI (2004),  adm = 7000KPa;  = 20º, de acordo com catálogos de Fabricantes.
Para a determinação da área de revestimento necessária, deve-se calcular o perímetro
médio da trincheira, bem como a sua área, e as dimensões da ancoragem, a área do canal de
drenagem, para assim obter a área total de revestimento. Essas etapas estão descritas
detalhadamente abaixo.
O perímetro médio da trincheira é calculado pela Equação (19), onde:
Pm = perímetro médio da trincheira (m)
Pfundo = Perímetro do fundo da célula (m)
P superfície = Perímetro da superfície da célula (m)

Pfundo  P superfície
Pm  (19)
2
482m  500m
Pm 
2
Pm  492m

A área lateral da trincheira é obtida pela Equação (20), em que:


A lateral = Área lateral da trincheira (m²)
Pm = Perímetro médio da trincheira (m)
Hm = altura da trincheira (m)
α = ângulo de inclinação da trincheira, determinado pelo arco tangente da relação de
semelhança de triângulos do item 3.1 referente às dimensões da célula.

Pm * Hm
Alateral  (20)
sen
492m * 3m
Alateral 
sen33,69º
Alateral  2660,90m²
83

O conhecimento do comprimento total da ancoragem obtido pela equação (21), e do


perímetro superficial, é utilizado na determinação da área de ancoragem, equação (22).
L total ancoragem (m)
LRO = distância de ancoragem (m)
H ancoragem = Altura de ancoragem(m)
B ancoragem = Base da ancoragem (m)
Os valores de LRO = 0,5 m, H ancoragem = 1 m, e B ancoragem = 1m, estão de acordo
com VERTEMATTI (2004).

Ltotalanco ragem  LRO  Hancoragem  Bancoragem (21)


Ltotalanco ragem  0,5m  1m  1m
Ltotalanco ragem  2,5m

Na Equação (23) referente à área de ancoragem temos:


A ancoragem = área de ancoragem (m²)
L total ancoragem = Comprimento total da ancoragem (m) (determinado pela Equação (21)).
P superficial = Perímetro superficial

Aancoragem  Ltotalanco ragem * P sup ercial (22)


Aancoragem  2,5m * 500m
Aancoragem  1250m²

A seção do canal de drenagem é determinada pela Equação (23), sendo esta quadrada
com dimensões de H = 1 m, B = 1 m, Barragem = 1 m, e L = 146m (referente ao
comprimento de fundo da trincheira).
A canal de drenagem = área do canal de drenagem (m²)
B canal = Base do canal de drenagem (m)
H canal drenagem = Altura do canal de drenagem (m)
L canal de drenagem = Comprimento do canal de drenagem (m)

Acanaldren agem  ( Bcanal  2 * Hcanaldrenagem) * Lcanaldrenagem (23)


Acanaldedr enagem  (1m  2 *1m) *146m
Acanaldren agem  438m²
84

Por fim, a área total que será revestida é calculada pela Equação (24), onde:
A total revestimento = Área total de revestimento (m²)
A lateral = Área lateral (m²), obtida na Equação (20).
A ancoragem = Área de ancoragem (m²), obtida na Equação (22)
A canal drenagem = Área do canal de drenagem (m²), obtido na Equação (23).

Atotalrevestimento  Alateral  Aancoragem  Acanaldren agem (24)


Atotalrevestimento  2660,90m²  1250m²  439m²
Atotalrevestimento  4348,90m²

Para segurança, multiplicamos o valor obtido na Equação (24) por 1,1, referente ao
coeficiente de segurança adotado para a compra do material. Assim, a quantidade de material
a ser adquirido é de 4783,79m² para cada célula em questão.

3.2.3 Revestimento Geotêxtil

A metodologia utilizada na verificação ao funcionamento e dimensionamento da


gramatura do geotêxtil é de VERTEMATTI (2004), conforme equação (26). Porém antes
desta, obteve-se o valor da pressão admissível, de acordo com a equação (25) a qual:
P adm = Pressão admissível (KPa)
M = gramatura do geotêxtil (g/m²)
H = altura de protusão (m)
MFS = Fator de modificação de forma, empregado Intermediária = 0,5.
MFPD = Fator de disposição das protusões, utilizado, próximas (H = 25 mm) = 0,67.
MFFA = Fator de carga sobre a geomembrana, elevada = 0,25.
RFCR = Fator de redução para a deformação lenta = 1,5.
RFCBD = Fator de redução para a degradação química e biológica, empregado para
Intermediária = 1,3.
Padm = Pressão admissível (KPa)
 resíduos compactados (KN/m³)

H = altura prevista do aterro (m)


85

FS = fator de segurança

Padm  resíduscompactados * H * FS (25)


n  6KN / m³ * 3m *1,5
Pamd  54KPa

Então,

 M   1 1 
Padm   50  0,00045 * *  (26)
 H ²   MFs * MFd * MFa RFcr * RFcbd 

 M   1 1 
54 KPa   50  0,00045  *  * 
 (0,025)²   0,5 * 0,67 * 0,25 1,5 *1,3 

M  57,22 g / m²

A espessura do geotêxtil que será utilizada na impermeabilização de fundo e laterais é


de 4 mm, bem como a mesma será utilizada como elemento filtrante no conjunto de drenagem
de lixiviado.

3.3 Sistema de Cobertura Superficial

3.3.1 Sistema de Cobertura Diária

Apesar do estudo em questão ser um aterro de pequenas dimensões e em trincheira para


todas células, optou-se por utilizar o sistema de cobertura diária, visando uma melhoria no
processo e no controle de variáveis geotécnicas. O volume final obtido está diretamente
relacionado com o volume de resíduo que será disposto e com as propriedades físicas que o
solo de empréstimo utilizado possui. Com a abertura das trincheiras, grande volume de solo
será retirado, e este, será o solo de empréstimo para a realização do sistema de cobertura
86

diária. Uma gama de equações voltadas ao sistema de cobertura diária é apresentada na


sequência.

O cálculo do volume de resíduos sólidos soltos pode ser observado na equação (27),
onde:
VRSsoltos = volume de resíduos sólidos soltos (m3/dia)
MRS = massa de resíduos sólidos (t/dia)
 RS soltos = peso específico dos resíduos sólidos soltos (t/m3), de acordo com (Oweiss e
Khera (1990), adaptado de OLALLA, C. (1993)).

MRS
VRS soltos  (27)
 RS
4,37 t/dia
VRS soltos 
0,28 t / m 3

VRS soltos 15,61m 3 / dia

Conforme Equação (28) pode-se analisar o cálculo do volume de resíduos sólidos


compactados, sendo esse processo essencial, porque tem o intuído de diminuir o volume dos
resíduos (pela diminuição do seu peso específico) favorecendo assim com que as células
suportem maiores quantidades de resíduos, diminuindo também o risco de recalques devido
ao processo de decomposição dos mesmos. A relação do cálculo apresenta-se abaixo, sendo:
VRS compactados = volume dos resíduos sólidos compactados (m3/dia)
MRS = massa dos resíduos sólidos (t/dia)
ρRS compactados = peso específico dos resíduos sólidos compactados (t/m3), de acordo
com Oweiss e Khera (1990), adaptado de OLALLA, C. (1993).

MRS
VRS compactado s  (28)
RS compactado s
4,37 t / dia
VRS compactados 
0,6 t / m 3

VRS compactados  4,28m 3 / dia


87

A área de trabalho diária leva em conta o volume de resíduos sólidos compactados, uma
vez este influenciando diretamente no montante de resíduos dispostos em cada célula. A
altura final de resíduos sólidos compactados deve ser de 50 cm, com posteriormente execução
da cobertura com solo. A área de trabalho diária pode ser avaliada na equação (29), em que:
A diária = área de trabalho diária (m2)
VRS compactados = volume dos resíduos sólidos compactados (m3/dia)
HRS compactados = altura dos resíduos sólidos compactados (m)

VRS compactados
A diária  (29)
HRS compactados

7,28 m 3 / dia
A diária 
0,5 m

A diária 14,56 m 2 / dia

Levando em conta a altura adotada de resíduos sólidos compactados (50 cm), percebe-
se que em relação à altura de resíduos soltos, a mesma diminui-se praticamente pela metade.
Contudo deve-se ser realizada uma compactação com excelência, com equipamentos e
máquinas corretas para obter-se sucesso nessa etapa. Essa relação prescrita pode ser
evidenciada na Equação (30), em que:
HRS soltos = altura dos resíduos sólidos soltos (m)
VRS soltos = volume dos resíduos sólidos soltos (m3/dia)
A diária = área de trabalho diária (m2)

VRS soltos
HRS soltos  (30)
A diária

15,61 m 3 / dia
HRS soltos 
14,56 m 2 / dia
HRS soltos 1,072 m

Realizada a compactação de resíduos sólidos, e estes chegando à altura de resíduos


compactados adotada e esperada (50cm), deve-se realizar a cobertura com solo. O volume de
solo em seu estado natural, antes da compactação, é apresentado na Equação (31), onde se
adotou uma altura de 5cm de solo solto para cobertura:
88

V solo solto = volume do solo solto (m3/dia)


A diária = área de trabalho diária (m2)
H solo solto = altura do solo de cobertura solto (m)

V solo solto  A diária * H solo solto (31)

m2
V solo solto 14,56 * 0,05 m
dia
m3
V solo solto  0,728
dia

O solo em questão, para realização da cobertura sobre os resíduos é originário do solo


retirado na abertura da trincheira das células, como já fora ressaltado, a qual fica exposta as
proximidades da mesma. O cálculo da massa de solo a ser extraída da área de empréstimo
diariamente é apresentado na Equação (32), sendo:
M solo = massa de solo a ser extraída (t/dia)
φ = fator de empolamento, segundo classificação de MASSAD (2003) de acordo com o tipo
de solo.
V solo solto = volume de solo solto (m3/dia)
γn solo compactado = peso específico natural do solo compactado (t/m3), devido à falta de
dados de estudos técnicos na região, foi adotado o peso específico de solo argiloso, segundo
PINTO (2006).

m3 t
M solo   *V solo solto *n solo compactado (33) M solo  0,6 * 0,728 *1,65 3
dia m
(32)
t
M solo  0,72
dia

Em suma, o volume diário de resíduos sólidos que irá ser acondicionado na célula de
disposição que estará sendo operada, levando em conta o solo para cobertura e os resíduos
compactados, podem ser analisados na Equação (33), onde:
MRS = massa dos resíduos sólidos (t/dia)
M solo = massa de solo a ser extraída (t/dia)
ρRS compactado = peso específico dos resíduos sólidos compactados (t/m3)
89

MRS  M solo
V aterrado  (33)
RS compactado
4,37 t / dia  0,72 t / dia
V aterrado 
0,6 t / m 3

V aterrado  8,483 m 3 / dia

3.3.2 Sistema de cobertura final

Como o projeto em si, visa à recuperação da área para crescimento de vegetação, será
utilizado como sistema de cobertura final uma camada de solo vegetal sobre outra camada de
solo de proteção. Está primeira, deverá ser de 1 metro, em virtude de como já dito, o aterro
localizar-se no interior do município não sendo viável a construção de praças e outros projetos
sociais. Será realizado então reflorestamento na área. Contudo, essa camada de vegetação
deve ser estimada com total segurança, para que as raízes de plantas e árvores não venham a
alcançar os resíduos. Para tal, todo um planejamento arbóreo deverá ser executado para
satisfazer as condicionantes prescritas.
O volume de solo compactado, que deverá ser incorporado como camada de proteção
pode ser analisado na Equação (34), onde:
V solo compactado=Volume de solo compactado (m³)
HCP= Altura da camada de proteção (m)
AC=Área da célula (m²)

Vsolocompactado  AC * HCP (34)


Vsolocompactado  15000 * 0,5  7500m³

A massa de solo a ser transportada da área de empréstimo para o sistema de cobertura


de proteção pode ser analisada na Equação (35), em que:
M solo transportado: Massa de solo a ser transportado para o sistema de proteção (m³)
V solo compactado =Volume de solo compactado (m³)
γn solo compactado = peso específico natural do solo compactado (t/m3)
90

Msolotransportado  Vsolocompactado * n solo compactado (35)


Msolotransportado  7500 *1,65  12375toneladas

Já o volume de solo a ser transportado, pode ser analisado na Equação (36), sendo:
V solo compactado=Volume de solo compactado (m³)
φ = fator de empolamento

Vsolotransportado  Vsolo compactado   (36)


Vsolotransportado  7500  0,6  12500m³

3.3.3 Verificação da necessidade de um sistema de drenagem no sistema de cobertura


final

Visando evitar possíveis transtornos futuros devido à infiltração de águas superficiais


no aterro sanitário, é possível realizar alguns cálculos que indicam ou não a necessidade de
projeção de um sistema de drenagem no sistema de cobertura final do aterro.
Conforme método do balanço hídrico obtido no Manual do Prosab de RSU (2003) deve-
se realizar uma sequência de cálculos usando as médias dos parâmetros meteorológicos.
O primeiro cálculo a ser realizado, é o da estimativa do escoamento superficial (ES),
conforme Equação (37), onde:
C’=Coeficiente de escoamento superficial (para solo argiloso=0,40, de acordo com Manual do
Prosab de RSU)
P=Precipitação média mensal (mm)
 =(0,22 a 0,55, de acordo com Manual do Prosab de RSU)

ES  C '*P *  (37)
ES  0,40 *162,08 * 0,38  24,63mm

Obtido o valor de escoamento superficial, pode-se realizar o cálculo da infiltração de


água, onde pode ser analisado na Equação (38), de acordo com:
91

P= precipitação média mensal (mm)


I= Infiltração (mm)
ES= Estimativa do escoamento superficial (mm)

I  P  ES (38)
I  162,08  24,63  137,45mm

Depois de obtido dados da infiltração, verifica-se a relação prescrita em (39), onde:


I=Infiltração (mm)
ER=Evapotranspiração média mensal (mm)

I  ER  0 (39)
137,45  67,82  0
69,63  0

Conforme equação (39) observa-se que se realizando a diferença entre os valores, obtêm-
se dados maiores que zero. Para tanto, é necessário realizar uma nova equação, para assim
inserir novos valores na equação geral. A equação seguinte é a da troca de armazenamento de
água no solo (ASS), em que pode ser analisada na indicação (40), sendo:
AD=Água disponível no solo (mm H2O/m solo)
A=Espessura da camada de solo (m)

ASS  AD * A (40)
ASS  250 * 0,5  125mm

Para a espessura de solo considerada na Equação (41), usou-se a altura da camada de


solo de proteção, desconsiderando a camada de solo vegetal. Obtido todos esses dados, torna-
se possível a realização da equação da permeabilidade, conforme citação (41), em que:
P= Precipitação média mensal (mm)
ER=Evapotranspiração média mensal (mm)
AAS= Troca de armazenamento de água no solo (mm)
ES= Escoamento superficial (mm)
PER= Permeabilidade (mm)
92

PER  P  ES  AAS  ER (41)


PER  162,08  24,63  125  67,82  55,37mm

De acordo com a Equação (41), verifica-se que não é necessário um projeto para
realização de sistema de drenagem no sistema de cobertura final, uma vez que o valor
resultante da permeabilidade (PER) estimou-se como sendo negativo, indicando a não
necessidade do sistema.

3.4 Sistema de Drenagem de Lixiviado

Para o dimensionamento da base drenante, foi utilizada a metodologia de KOERNER


(1993).
O cálculo da vazão disponível é determinado pela Equação (42), em que é necessário o
conhecimento da vazão de pico- especificada no item 2.5.4 - que é obtida através da
estimativa da quantidade de lixiviado que será gerada por uma célula durante a sua vida útil,
ou seja, aproximadamente 7 anos. A metodologia para a estimativa é de
TCHOBANOGLOUS (1993). Nesse método é necessário o conhecimento da altura anual de
cada célula, sendo obtida pela relação entre a altura da célula com a vida útil de cada
trincheira. Além disso, os parâmetros como peso específico compactado dos resíduos, a
umidade inicial dos resíduos, bem como a infiltração (precipitação menos evapotranspiração)
do sistema de cobertura a cada ano – foi utilizado o ano de precipitação máxima, ou seja,
2009, sendo a infiltração igual a 1383,54 mm/ano. Assim sendo, o método realiza o cálculo da
quantidade de lixiviado gerado para cada ano de produção de gás, ou seja, quantidade de
lixiviado gerado para cada ano de disposição, além do cálculo da quantidade de lixiviado
gerado acumulado incluindo toda a vida útil do aterro sanitário. No final, é gerado um gráfico
de volume gerado por ano, de acordo com a Erro! Fonte de referência não encontrada.32,
sendo o volume gerado para cada célula por ano de 800 m³.
93

900,00
800,00
700,00
Volume de lixiviado (m³)

600,00
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1213141516171819202122
Anos
Figura 32: Estimativa da geração de lixiviado para cada célula.

O Fator de Segurança empregado foi de 1,5.


Q pico = Vazão de pico (m³/s)
Q disp = Vazão disponível (m³/s)
FS = Fator de Segurança

Qdisp  Qpico * FS (42)

Qdisp  2,54 x105 m³ / s *1,5

Qdisp  3,81x105 m³ / s

A área de drenagem é obtida pela Lei de Darcy, equação (43), em que é necessário o
conhecimento de características como condutividade hidráulica do material, sendo utilizada
brita 5, com 1m/s de acordo com DNIT (2006), e i = 0,02.
A = Área de drenagem (m²)
Q = vazão disponível (m³/s)
K = condutividade hidráulica (m/s) – Brita 5.
i = Gradiente Hidráulico.
Q
A (43)
K *i
94

3,81x105 m³ / s
A
1m / s * 0,02

A  1,905x103 m²

Sabendo que, a área é igual à largura de fundo da célula multiplicado pela espessura da
camada de drenagem (de brita 5), pode ser verificado se a espessura adotada atende a
drenagem, ou seja, a espessura adotada deve ser maior que a espessura obtida pelo cálculo da
Equação (43). A espessura adotada é de 0,2 m.
t = Espessura da camada de drenagem (m)
A = Área de drenagem (m²)
L fundo = Largura do fundo da célula (m)

A
t (44)
Lfundo

1,905 x103 m²
t
96m
t  1,98x105 m

Assim, t < 0,2m (t adotado), podemos concluir que a espessura adotada atende a
drenagem.
O espaçamento entre tubos de coleta é determinado pela Equação (45). Em que:
S = espaçamento entre tubos de coleta (m)
Hc = Altura máxima de lixiviado entre dois tubos adjacentes, empregamos 0,4 m.
C = coeficiente de deflúvio, obtido pela relação entre Q e K.
α = inclinação
A altura máxima de lixiviado entre dois tubos de coleta é de 0,4m. A inclinação é
obtida pela relação entre a espessura adotada e o comprimento de 1m, sendo essa de 2%, ou
seja, 1,15º. O coeficiente C calculado é de 3,81x10-5.

2 * Hc
S (45)
 (tg )² tg 
 C  1  C * (tg )²  C  * C
 
95

2 * 0,4m
S
 (tg1,15 /])² tg1,15º 5  5
 3,81x105  1  3,81x105 * (tg1,15º )²  3,18 x10  * 3,81x10
 
S  253,5m
Se o valor de S for maior que a largura de fundo da célula (96m), um tubo de coleta
apenas é necessário.
O diâmetro da tubulação é obtido pela Equação de Manning reformulada, Equação
(46), em que:
D = Diâmetro da tubulação (m)
Q = Vazão disponível (m³/s)
n = coeficiente de Manning = 0,01
I = Declividade (m/m).

9,986 * Q * n
D  2,66 (46)
 * I 0,5

9,986 * 3,81x105 m³ / s * 0,01


D  2,66
 * (0,02m / m)0,5
D  0,01243m

O diâmetro da tubulação adotado é o menor, de acordo com dados de Catálogos é de


65 mm de diâmetro nominal, 59,5 mm de diâmetro interno e 68 mm de diâmetro externo, os
diâmetros dos furos são de 5mm.
O cálculo da capacidade de carga é de acordo com a metodologia de KOERNER
(2005 e 1993), conforme Equação (47), a qual:
∆x = Deflexão horizontal da tubulação (m)
DL = Fator de deflexão = 1,2
K = constante de acamamento = 0,2
Wc = Carga por unidade de comprimento da tubulação (KN/m), obtido pela Equação (49).
E.I = Rigidez do tubo (KPa), para uma tubulação com diâmetro de 100 mm (menor diâmetro
encontrado) é empregado 318 KPa.
E’ = Módulo de reação do solo (KPa), adotado 21000 KPa, de acordo com metodologia.
r = raio do tubo = 29 mm
96

DL * K *WC
x  (47)
E.I
* 0,061* E '
r3
1,2 * 0,2 *1,044 KN / m
x 
318KPa
* 0,061* 21000 KPa
(0,029m)3

x  1,5x1011m

A carga por unidade de comprimento da tubulação é obtida pela Equação (48), em


que:
Wc = Carga por unidade de comprimento da tubulação (KN/m)
 = Peso Específico dos resíduos compactados (KN/m³)

H = Altura do aterro (m)


Di = Diâmetro interno da tubulação (m)

WC   * H * Di (48)

WC  6KN / m³ * 3m * 0,058m

WC  1,044KN / m

Devido o valor de ∆x ser menor que o diâmetro interno, a tubulação está corretamente
dimensionada quanto à capacidade de carga.
O dimensionamento do volume de material necessário para o colchão drenante é
calculado pela Equação (49), na qual:
Vol drenante = Volume necessário de material para o colchão drenante (m³)
A revestimento = Área de revestimento de fundo (m²)
e = espessura da camada (m), adotado 25 cm, conforme recomendações técnicas.
Voldrenante  Arevestimento * e (49)
Voldrenent e  14016m² * 0,25m
Voldrenant e  3504m³

O volume que será necessário, levando em conta um fator de segurança de 1,1 será de
3855 m³. Caso houver a necessidade de material filtrante é necessário à verificação em
relação à comaltação dos materiais. Após este dimensionamento, é recomendado o cálculo das
97

dimensões de um tanque de acúmulo de lixiviado e de sua parte estrutural, a qual será


realizada por um Engenheiro Civil. Além disso, caso ocorra recalque para tratamento, deverá
ser dimensionado sistema de bombeamento, o qual é especificado pela altura manométrica
total e pela potência de bombeamento que inclui todos os cálculos relacionados à perda de
carga do sistema.

3.5 Sistema de Drenagem de Gás

Seguindo os mesmos princípios do item anterior, e de acordo com a metodologia de


TCHOBANOGLOUS (1993), foi projetada a produção de gás para cada célula, com vida útil
de 7 anos. Na qual, utiliza-se uma massa de resíduos total como base – empregamos 100 kg -,
e a quantidade de resíduos que sofrem decomposição, em virtude dos resíduos recebidos pelo
aterro, serem direcionados para compostagem antes do aterramento do mesmo, assim sendo,
utilizamos 10% dos resíduos orgânicos como possibilidade de ingressar no aterro, a
quantidade utilizada foi de 34,5 kg. Pelo método, é necessário primeiramente dividir os
resíduos em rápida decomposição e lenta decomposição para assim, utilizar o conhecimento
da quantidade de massa úmida dos resíduos, a umidade, a massa seca, a porcentagem de
carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, enxofre e cinza presentes nos resíduos, para o
cálculo da estimativa da composição química e do gás que pode ser gerado da decomposição
de resíduos orgânicos. São realizados cálculos para um ano de disposição da célula, a
produção total para um ano de disposição da célula, e também, a estimativa da produção total
para a vida útil de uma célula. Para a visualização do processo que ocorre na célula na
geração de gás, são verificadas nas Figuras 33 e 34.
98

0,012
Taxa de Produção de gás Decomposição rápida
0,01 Decomposição lenta

0,008
(m³/ano)

0,006

0,004

0,002

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Tempo (anos)

Figura 33: Taxa de produção de gás na decomposição rápida e lenta.

6,000

5,000
Taxa de produção de gás
Produção acumulada de gás
4,000
Taxa de produção de gás (m³/ano)

3,000

2,000

1,000

0,000
11
10
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
1
2
3
4
5
6
7
8
9

Tempo (anos)

Figura 34: Taxa de produção de gás.

Assim, temos que a vazão de pico de 0,05 m³/ano/kg, conforme gráfico descrito no item
2.5.5. A Equação (50) determina a vazão disponível.
99

Q disp = Vazão disponível (m³/s) determinada utilizando a produção anual de resíduos


(2512,64 t/ano)
Q pico = Vazão de Pico (m³/s).
FS = Fator de segurança = 1,5.

Qdisp  Qpico * FS (50)

Qdisp  3,98x10 3 m³ / s *1,5

Qdisp  6 x10 3 m³ / s

A área de drenagem é obtida pela Equação (51), em que:


A = Área de drenagem (m²).
Q disp = Vazão disponível (m³/s).
v = Velocidade de Ascensão (m/s) = 0,1 de acordo com ENSINAS (2003).

Qdisp
A (51)
v
6 x10 3 m³ / s
A
0,1m / s
A  0,06m²

O número de tubulações necessárias para o sistema de drenagem de gás é determinado


pela Equação (52), em que é necessário adotar um valor de diâmetro, com base em concreto
perfurado, sendo 600 mm.
A = Área da tubulação (m²).
D = Diâmetro da tubulação (m).

 * D²
A (52)
4
 * (0,6m)²
A
4
A  0,28m²

O número de drenos necessários é verificado na Equação (53), em que:


100

Nº = Número de drenos
A drenagem = Área de drenagem (m²), determinada pela Equação (50).
A tubulação = Área da tubulação (m²), obtida pela Equação (51).

Adrenagem
Nº  (53)
Atubulação
0,06m²
Nº 
0,28m²
N º  0,21drenos
Assim sendo, a área de drenagem calculada só necessita de um dreno, cujas
especificações são: diâmetro nominal de 600 mm, comprimento 1 m e diâmetros dos furos de
5 mm.
Ainda seria necessário realizar a distribuição das tubulações em planta conectado
diretamente com o sistema de drenagem de fundo e tubulação e distribuídos os demais drenos
simetricamente em relação à tubulação central. Após esse cálculo, deve-se apresentar um
projeto de quantos tubos de comprimento de um metro serão utilizados em cada dreno até o
preenchimento total da trincheira. Caso utilize-se material filtrante, também é necessário a
especificação quanto a comaltação dos materiais. Recomenda-se que as tubulações sejam
preenchidas envoltas por material granular, Brita 5, por exemplo, sendo imprescindível a
estimativa do volume necessário para todo o aterro.

3.6 Sistema de Drenagem Superficial

O sistema de drenagem superficial é dimensionado através da vazão de pico, das


dimensões do canal de drenagem, e da verificação se as dimensões adotadas atendem a
demanda do escoamento, ou seja, a vazão de pico.
O cálculo da vazão de pico é determinado pelo método Racional, Equação (54), em
que:
Q pico = vazão de pico (m³/s)
C = coeficiente de escoamento superficial, adotado 0,3 segundo DNIT (2006), para solo sem
revestimento com permeabilidade moderada.
I = Intensidade da precipitação (mm/h).
101

A = Área de contribuição do aterro (m²), é a área de uma célula de 0,015Km².

Qpico  0,278 * C * I * A (54)


Qpico  0,278 * 0,3 * 84,42mm / h * 0,015Km²
Qpico  0,105m³ / s

A intensidade da duração é determinada pela IDF de Passo Fundo, conforme


DENARDIN (1982), Equação (55), onde:
I = Intensidade da precipitação (mm/h)
T = Tempo de retorno (anos), utilizada a vida útil de 20 anos.
t = duração da precipitação (min), empregado 30 minutos.

670,74 * T 0, 21
I (55)
(t  7,9)0, 74

670,74 * 20anos 0, 21
I
(30 min  7,9)0,74
I  84,42mm / h

As dimensões do canal de drenagem foram utilizadas a partir da metodologia de


GOMES (1993), sendo as dimensões para um canal de terra de seção cheia retangular, em
que, altura = 0,5 m, largura = 1 m, declividade de 1% (0,01m/m), ou seja, a mínima. O
coeficiente de Mannig adotado foi de 0,025. O raio hidráulico e a velocidade de escoamento
são determinados pela Equação de Manning, Equação (56), em que:
RH = Raio Hidráulico (m)
b = base do canal (m) = 1 m
h = altura do canal (m) = 0,5 m

b*h
RH  (56)
2 * (b  h)
1m * 0,5m
RH 
2 * (1m  0,5m)
RH  0,17m
102

A velocidade de escoamento máxima que pode ocorrer é determinada pela Equação


(57), a qual:

1
v * ( RH )2 / 3 * (i)1 / 2 (57)
0,025
1
v * (0,17m)2 / 3 * (0,01m / m)1 / 2
0,025
v  1,22m / s

A vazão de escoamento obtida pela Equação (58), em que relaciona a Área molhada,
com a Equação da vazão, onde:
b = base do canal (m)
h = altura do canal (m)
v = Velocidade de escoamento (m/s), obtida pela Equação (56)
Q  b*h*v (58)
Q  1m * 0,5m *1,22m / s
Q  0,61m³ / s

A vazão de escoamento apresenta maior valor que a vazão de pico, - Q > Q pico -
assim, podemos verificar que o dimensionamento está adequado, ou seja, o canal atende a
demanda da vazão.

3.7 Análises de Estabilidade

Correspondem à análise do potencial de instabilidade em taludes. Para o caso, serão


realizadas estas análises, por meio de cálculos, para os sistemas de cobertura e de
impermeabilização, pois é sobre eles que essa possível desestabilização existe.

3.7.1 Estabilidade do Sistema de Cobertura


103

A análise da estabilidade do sistema de cobertura, como citado no memorial


descritivo, depende do conhecimento das propriedades do material mineral utilizado neste
sistema, bem como das características gerais do talude que, para o caso em questão, é definido
como sendo um talude finito de espessura constante. A determinação da interface crítica, ou
seja, da interface do sistema de cobertura que está sujeita a instabilização também é
necessária, e no caso esta interface se situa entre o solo de cobertura e a geomembrana do
sistema de cobertura.
Após uma série de equações, adotando os parâmetros, então necessários, é possível
obter um fator de segurança (FS), o qual deverá ser igual ou maior do que 1,5. Portanto, sabe-
se que se FS < 1 existirá uma potencial estabilização sobre esse sistema. Em seguida, então,
citam-se os parâmetros ressaltados, com seus respectivos significados e valores adotados ou já
obtidos, que serão utilizados nas equações prévias ao cálculo do FS:
γ = peso específico do solo de cobertura (kN/m³) = 16,5
L = comprimento de declive medido ao longo da geomembrana (m) = 3,6
h = espessura da camada de solo (m) = 0,5
β = ângulo de inclinação do solo sob a geomembrana = inclinação do talude da célula =
56,31º
φ = ângulo de fricção do solo de cobertura = 30º (KOERNER)
δ = ângulo de fricção da interface entre o solo de cobertura e a geomembrana = 18º
Ca = força adesiva entre o solo de cobertura do talude ativo e a geomembrana (KN/m²) = 0
C = adesão entre o solo de cobertura do talude ativo e a geomembrana (KN/m²) = 0.
Primeiramente, realiza-se o cálculo de Wa (peso total do talude ativo), através da
Equação (59). Tem-se, então:

L tan  
Wa    h ²   
1
  (59)
 h sen 2 

 3,6m tan 56,31º 


 0,5m  
1
Wa  16,5 KN   
m  0,5m sen56,31º 2 

Wa  21,66 KN
m
104

Depois de calculado o Wa, por meio da Equação (60), procura-se o valor de Na (força
normal efetiva ao plano de falha do talude passivo):

Na  Wa  cos  (60)

Na  21,66 KN  cos 56,31º


m

Na  12,01 KN
m

Em seguida, procede-se o cálculo da variável Wp (peso total do talude passivo),


através da equação (61):

  h ²
Wp 
sen2    (61)

16,5 KN  0,5m ²
Wp  m
sen2  56,31º 

Wp  4,47 KN
m

Os próximos procedimentos matemáticos servem para determinarem-se os valores das


variáveis A,B e C, baseadas nos valores de Wa, Na e Wp, as quais serão úteis na formulação
de obtenção do FS. Essas variáveis são adimensionais.
Primeiramente, então, pela Equação (62), determina-se A, como se prossegue em
seguida:

A  Wa  Na  cos    cos  (62)


A  21,66 KN
m
 12,01 KN
m

 cos   cos 

A  8,319

Seguidamente, calcula-se o valor de B, a partir da complexa Equação (63):

B  Wa  Na  cos    sen  tan   Na  tan   Ca   sen  cos   sen  C  Wp  tan  
(63)
105


 m m

 21,66 KN  12,01 KN  cos 56,31º  sen56,31º tan 30º 

B
  
 12,01 KN  tan18º 0  sen56,31º cos 56,31º  sen56,31º 0  4,47 KN  tan 30º 
 m m 

B  7,55

Finalmente, obtém-se o valor de C, por meio da Equação (64), sendo este o último
passo antes de se determinar o fator de segurança:

C  Na  tan   Ca   sen²   tan  (64)


C  12,01 KN
m

 tan18º 0  sen²51,36º   tan 30º

C  1,56

A obtenção do valor do FS será possível, por fim, graças à determinação dos valores
de A, B e C alcançados anteriormente, por meio da Equação (65):

B B ²  4  A  C
FS 
2 A (65)

  7,55   7,55²  4  8,319 1,56


FS 
2  8,319
FS  0,59

Devido ao fato de o FS ter resultado em um valor muito inferior ao esperado (0,59 <
1,5), isto representaria em uma potencial desestabilização do talude no sistema de cobertura
pois, com um fator de segurança igual a 1,0, isso já provavelmente ocorreria. O motivo pelo
qual tenha se obtido esse valor do fator de segurança tão abaixo do esperado, talvez seja
devido à inclinação do talude adotada para as células do aterro. Isto é, a inclinação de 56,31º
adotada representa uma estimativa muito elevada para a mesma. Desta forma, mesmo com a
colocação de um geossintético de reforço como, por exemplo, uma geogrelha, o valor do FS
alcançado não chegaria nem mesmo a 1,0, o que implica em afirmar que a solução mais viável
para o problema seria adotar uma inclinação de talude mais apropriada, ou seja, menor.
106

3.7.2 Estabilidade do Sistema de Impermeabilização

A análise da estabilidade do sistema de impermeabilização, assim como a feita para o


sistema de cobertura através da descoberta do FS, também irá depender do conhecimento das
propriedades do material mineral utilizado no sistema de impermeabilização do aterro e
também de algumas propriedades que indicam a interação (devida ao atrito) entre este
material mineral e a geomembrana impermeabilizante (interface crítica). Além destas,
características gerais do talude serão indispensáveis.
De modo geral, as variáveis que se devem conhecer, para realização dos cálculos da
estabilidade do sistema impermeabilizante, são as mesmas utilizadas nas formulações para
descobrir-se a estabilidade do sistema de cobertura. Os valores adotados para a maioria destas
variáveis são os mesmos citados anteriormente. No entanto, o valor de alguns parâmetros será
alterado, devido a diferenças quanto ao tipo e à quantidade de material adotado para o
sistema. Logo, apresenta-se a relação das variáveis e de seus respectivos valores para
aplicação nas posteriores equações:
γ = peso específico do solo utilizado na impermeabilização (kN/m³) = 16,5
L = comprimento de declive medido ao longo da geomembrana (m) = 3,6
h = espessura do solo utilizada na impermeabilização(m) = 0,5
β = ângulo de inclinação do solo sob a geomembrana = inclinação do talude da célula =
56,31º
φ = ângulo de fricção do solo utilizado na impermeabilização = 30º (KOERNER)
δ = ângulo de fricção da interface entre o solo e a geomembrana = 18º
Ca = força adesiva entre o solo do talude ativo e a geomembrana (KN/m²) = 0
C = adesão entre o solo do talude ativo e a geomembrana (KN/m²) = 0.
Os procedimentos, então, para poder chegar-se até o valor do fator de segurança
desejado, são praticamente os mesmos dos concretizados para a determinação do FS do
sistema de cobertura. Primeiramente, definem-se os valores de Wa, Na e Wp (da mesma
maneira pela qual fora feito anteriormente - porém agora considerando h = 0,6m) e, em
seguida, os valores adimensionais de A,B e C, os quais são empregados na fórmula para
determinação do FS.
Prossegue-se a seguir a Equação (66) que define o valor de Wa (peso total do talude
ativo):
107

L tan  
Wa    h ²   
1
 
 h sen 2  (66)
 3,6m tan 56,31º 
 0,6m²  
1
Wa  16,5 KN   
m  0,6m sen56,31º 2 

Wa  24,04 KN
m

Ao passo da obtenção de Wa, pode-se descobrir o valor de Na (força normal efetiva ao


plano de falha do talude passivo) pela Equação (67):

Na  Wa  cos  (67)

Na  24,04 KN  cos 56,31º


m

Na  13,334 KN
m

Depois, determina-se o valor de Wp (peso total do talude passivo), através da Equação


(68):
  h ²
Wp 
sen2    (68)

16,5 KN  0,6m ²
Wp  m
sen2  56,31º 

Wp  6,435 KN
m

Em decorrência da aquisição dos valores de Wa, Na e Wp realizam-se os cálculos para


adquirir os valores de A, B e C, de maneira semelhante a como fora procedido antes, já que
agora ter-se-á que levar em conta a tensão aplicada pelos geossintéticos (T), nos cálculos de A
e B. Para obter o valor de T é necessário conhecer-se a tensão última e o fator de redução
(FR). O fator de redução definido é igual a 1,5 (já adotado para determinar-se a gramatura do
geotêxtil de revestimento do sistema de impermeabilização), sendo que quanto maior for seu
valor, maior o decréscimo do fator de segurança. A tensão última é o somatório das tensões de
tração (indicam o alongamento devido ao esforço sobre a geomembrana e sobre o geotêxtil)
onde estas, no caso, são obtidas graficamente. A seguir, mencionam-se estas variáveis e seus
respectivos valores:
108

FR = 2,0
= Tensão de Tração da Geomembrana (KN/m) = 22
= Tensão de Tração do Geotêxtil (KN/m) = 25
= Tensão Última (KN/m), obtida a partir da Equação (69), em que:

ult  tgm  tgt (69)

ult  22 KN m  25 KN m

ult  47 KN m

Depois calcula-se a tensão aplicada pelos geossintéticos, T, através da Equação (70),


onde:

ult
T
FR (70)

47 KN
T m
1,5

T  31,33 KN
m

Descobrindo a tensão Wa, Na, Wp e a tensão T, finalmente, podem ser calculados A,


B e C. Através, então, da Equação (71) obtém-se o valor de A:

A  Wa  Na  cos   T  sen   cos  (71)


A  24,04 KN
m
 13,334 KN
m
 cos 56,31º 31,33 KN
m

 sen56,31º  cos 56,31º

A  5,23

Logo a seguir, calcula-se o valor de B, por meio da complexa Equação (72):

B  Wa  Na  cos   Tsen   sen  tan   Na  tan   Ca   sen  cos   sen  C  Wp  tan  
(72)
109

 
 24,04 KN  13,334 KN  cos 56,31º 31,33 KN  sen56,31º  sen56,31º tan 30º 
B   
m m m
  
 13,334 KN  tan10º 0  sen56,31º cos 56,31º  sen56,31º 0  6,435 KN  tan 30º 
 m m 

B  0,435

Por fim, é obtido o valor de C através da Equação (73), como representa-se a seguir:

C  Na  tan   Ca   sen²   tan  (73)


C  13,334 KN
m

 tan10º 0  sen²51,36º   tan 30º

C  0,94

Com os valores de A, B e C determinados, finalmente, calcula-se o FS, através da


Equação (74):

B B ²  4  A  C
FS 
2 A (74)

 0,435  0,435²  4   5,23  0,94


FS 
2   5,23
FS '  0,384
FS ' '  0,467

Irá adotar-se o FS’’ de valor 0,467, pois não se pode admitir um fator de segurança
negativo como resultado. Logo, o FS para o sistema de impermeabilização é de 0,467, o que
evidentemente, representa o mesmo problema citado quando se calculou o mesmo para o
sistema de cobertura. Isto é, pode ter havido um equívoco quanto a escolha da inclinação do
talude, ou quanto a própria geometria da célula, como já ressaltado.
110

4 Estimativa de Custos
111

5 Cronograma
112

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Barbacena, 2007.

VERTEMATTI, J. C. (Coord.) Manual brasileiro de geossíntéticos. São Paulo: Edgard


Blücher, 2004. 413p.
116

ANEXO A - Mapa Morfoestrutural e Mapa Morfoclimático do Brasil

Os domínios morfoestruturais refletem as condições geocronológicas das rochas e da


tectonia que atua sobre elas, sob efeitos climáticos, e isso irão se refletir nas diversas
características dos solos locais. Abaixo nota-se que a região de estudo faz parte do domínio
morfoclimático dos planaltos subtropicais com presença de araucária. Além disso, a área faz
parte do domínio morfoestrutural das bacias e coberturas sedimentares fanerozóicas,
caracterizadas por: Planaltos e chapadas desenvolvidos sobre rochas sedimentares horizontais
a sub-horizontais, eventualmente dobradas e/ou falhadas, em ambientes de sedimentação
diversos, dispostos nas margens continentais e/ou no interior do continente.

Fonte: IBGE.
117

ANEXO B - Resistência a Impactos Ambientais do Solo da Região

Fora realizado um trabalho por profissionais da FEPAM em conjunto com outras


instituições, que visa subsidiar o planejamento de atividades modificadoras dos solos do RS
bem como o fornecimento de diretrizes técnicas para a gestão dos mesmos. É um documento
que se utiliza de alguns critérios para a melhor caracterização possível dos terrenos e dos
solos do estado, para que se possa avaliar a sucetibilidade destes solos a riscos ambientais.
Dentre os fatores, então, avaliados têm-se: quanto ao solo: profundidade, textura,
presença de gradiente texturalA/B, drenagem natural, presença de lençol freático, presença de
lençolsuspenso; e quanto ao terreno: risco de inundação, erodibilidade, relevo,declividade,
aptidão agrícola.
O mapa a seguir mostra a resistência dos solos do Rio Grande do Sul em relação a
possíveis impactos ambientais.
118

Fonte: EMATER – RS, 2001.


119

Pela representação anterior, verifica-se que a região onde ficará o aterro, apresenta
uma baixa resistência para com impactos ambientais, pois está numa região que
provavelmente apresente os critérios de resistência a esses impactos, de moderadamente a
muito a favor, para que estes ocorram. Segundo esse documento cidades próximas da área do
aterro como Ciríaco e Charrua, apresentam – de uma classificação que vai de “A” até “D”,
quanto a essa resistência – respectivamente classe de resistência C e D, ou seja, estão mais
suscetíveis a problemas de solos que possam gerar impactos ambientais. Isto pode se explicar,
devido aos fatores do solo e do terreno antes citados que conjuntamente levaram os estudiosos
a essas conclusões. No caso de Charrua, por exemplo, um dos fatores que contribui para ter
recebido uma avaliação com classificação baixa, seria a questão da forte tendência á erosão e
da declividade local em alguns pontos.
Porém, é claro que se bem analisado, o mapa indica que em regiões próximas pode-se
ter diferentes riscos a acidentes ambientais pelo uso do solo. Perto de Charrua e de Ciríaco,
tomando como exemplo, está à área do aterro (próximo à Santa Cecília do Sul) que
diferentemente das duas cidades citadas anteriormente, poderá apresentar uma resistência do
solo a impactos ambientais maiores ou menores do que estas – não são possíveis saber com
exatidão apenas olhando o mapa, pois este não apresenta a delimitação territorial de cada
município - comprovando que este parâmetro pode variar sensivelmente apenas modificando-
se um ou poucos fatores interferentes.
Esse estudo, então, pode contribuir para que se evite um indevido uso do solo local,
devendo estar cientes os projetistas para com possíveis acidentes ambientais que podem até
mesmo estar envolvendo pessoas associadas a esse risco. Para isso, deverão ser empregadas o
melhor conjunto de conhecimentos e técnicas de engenharia para a região em estudo.
120

ANEXO C - Planta Topográfica da área

ESCALA: 1: 3 000

Fonte: Cartas do Exercito Georreferenciadas e Google Earth.


121

ANEXO D - Mapa da Bacia Hidrográfica do Apuaê/Inhandava

Fonte: FEPAM – RS.


122

ANEXO E - Planta Hidrográfica da área

ESCALA: 1: 300 000

Fonte: Cartas do Exercito Georreferenciadas e Google Earth.

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