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Oficina “Acesso à informação e exceções

legais”
Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação
Ouvidoria - Geral da União
Conteúdo da oficina

• Interpretação e aplicação do artigo 13 do Decreto nº 7.724/2012;


• Tratamento da informação pessoal sensível;
• Hipóteses legais de sigilo;
• Informação classificada e produção de Termo de Classificação de
Informações (TCI).
Introdução – objetivo e princípios.
• Os procedimentos previstos na Lei nº 12.527/11, Lei de Acesso à Informação,
destinam-se à assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem
ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração
pública e com as seguintes diretrizes:
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de
solicitações;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da
informação;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração
pública;
V - desenvolvimento do controle social da administração pública.
Sujeitos passivos da LAI
• Subordinam-se ao regime da LAI:
i. Os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo,
Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
ii. As autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
iii. Entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações
de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo,
ajustes ou outros instrumentos congêneres. A publicidade a que estão refere-
se à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo
das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas.
Direitos de acesso à informação I
• O acesso à informação compreende os seguinte direitos, dentre outros:
i. orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como
sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada;
ii. informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados
por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
iii. informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada
decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que
esse vínculo já tenha cessado;
iv. informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
v. informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as
relativas à sua política, organização e serviços;
Direitos de acesso à informação II

vi. informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de


recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e
vii. Informação relativa à à implementação, acompanhamento e resultados dos
programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e
indicadores propostos e ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e
tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo
prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
Artigo 13 do Decreto nº 7.724/12

• Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação:


I - genéricos;
II - desproporcionais ou desarrazoados; ou
III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de
dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que não seja
de competência do órgão ou entidade.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso III do caput, o órgão ou entidade deverá,
caso tenha conhecimento, indicar o local onde se encontram as informações a
partir das quais o requerente poderá realizar a interpretação, consolidação ou
tratamento de dados.
Pedido genérico

• Caracterizam-se como genéricos aqueles pedidos de acesso à informação cujo


objeto é impreciso ou não se encontra delimitado pelo cidadão, de maneira clara
e precisa. Da mesma maneira, são genéricos os pedidos ininteligíveis.
• O que fazer?
Boa pratica: recomenda-se à administração que entre em contato com
cidadão e peça para que ele delimite o seu pedido, de forma a tornar
possível a produção da resposta. Se ainda não for possível compreender o
pedido, o órgão ou entidade deverá orientar o requerente a apresentar
novo pedido, com os elementos necessários para a compreensão do
pedido.
Pedido desarrazoado
• Pedido desarrazoado é aquele que não encontra amparo nos objetivos da Lei de
Acesso à informação e nas garantias fundamentais da Constituição Federal ou em
desconformidade com o interesse público. Dessa forma, o atendimento ao
pedido desarrazoado poderia ocasionar prejuízo à sociedade em detrimento do
ganho individual do sujeito beneficiado pelo acesso à informação. Nesse caso,
portanto, prevalece o princípio da supremacia do interesse público sobre o
princípio da publicidade.
• Exemplo: Pedidos que solicitem plantas de penitenciárias ou que coloquem em
risco a vida de agentes públicos.
Pedido desproporcional
• É o pedido de acesso à informação cujo o atendimento prejudica
consideravelmente a realização das atividades rotineiras da unidade responsável
pela produção da resposta, em razão da dimensão do pedido.
• Não se verificam questões quanto à pertinência ou quanto à necessidade do
objeto do pedido, mas apenas se os meios pelos quais se dará a disponibilização
da informação solicitada são demasiadamente gravosos para a administração, de
forma que o atendimento a um único pedido prejudique o atendimento a outros
cidadãos. Avalia-se, dessa maneira, a proporcionalidade em sentido estrito.
• Nesta hipótese, é imprescindível explicar ao cidadão, de forma clara e precisa, a
quantidade de horas demandadas para a entrega da informação, e o impacto,
objetivamente demonstrado, para o atendimento das outras demandas da
unidade.
Trabalhos adicionais
• São os pedidos de acesso em que a informação solicitada precisa
necessariamente passar por processo de tratamento para ser disponibilizada ao
cidadão, uma vez que os dados requeridos não se encontram no formato em que
foram solicitados.
• É preciso demonstrar ao cidadão que os procedimentos necessários para a
compilação da informação solicitada impactariam substancialmente as atividades
da unidade responsável pela resposta, de modo que a sobrecarga gerada pela
demanda prejudicaria o atendimento aos demais pedidos de acesso.
• Caso seja possível, a administração deverá disponibilizar ao solicitante os dados
brutos relativos à informação solicitada para que o próprio faça a análise, a
interpretação ou a consolidação dos dados. Deve-se verificar, nestes casos, se há
informações protegidas por sigilo nos dados a serem disponibilizados .
Informações pessoais sensíveis: conceito
• A informação pessoal é aquela relacionada à pessoa natural identificada ou
identificável. Entende-se a pessoa natural, nesse sentido, como a pessoa física, ou
seja, o indivíduo ao qual se atribuem direitos e obrigações;
• A Lei de Acesso à Informação dispõe que o tratamento das informações pessoais
deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, à vida privada,
à honra e à imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais;
• A restrição de acesso, portanto, se limita apenas a uma parcela da informação
pessoal, e não a toda informação sobre indivíduo identificável ou identificado.
Tem-se, portanto, que a proteção à informação pessoal incide somente sobre
dados relativos à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas, ou
seja, informações pessoais sensíveis.
Informações pessoais sensíveis: regra geral

• Segundo a Lei do Cadastro Positivo (Lei nº 12.414/11), informações sensíveis são


aquelas pertinentes à origem social e étnica, à saúde, à informação genética, à
orientação sexual e às convicções políticas, religiosas e filosóficas. Esta
caracterização encontra-se em consonância com a experiência legislativa
internacional e, por isso, é utilizada como instrumento balizador para análise.
• A Lei de Acesso à Informação, como regra geral, estabelece que as informações
relativas à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem de terceiros terão seu
acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo, pelo prazo máximo
de 100 anos, a contar da sua data de produção, por agentes públicos legalmente
autorizados e à pessoa a que elas se referirem.
Informações pessoais sensíveis: exceções
• Previsão legal;
• Autorização expressa do titular;
• Prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física ou legalmente
incapaz, adstrito ao tratamento médico;
• Realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente interesse público ou
geral, previsto em lei, mediante descaracterização (ou seja, o indivíduo ao qual a
informação se refere deixa de ser identificado);
• Necessária ao cumprimento de ordem judicial;
• Defesa de direitos humanos;
• Proteção do interesse público geral e preponderante.
Informações pessoais sensíveis: tratamento
• O bem objeto da proteção não é o dado de identificação por si só, mas o que tal
dado pode revelar acerca da personalidade, das concepções pessoais, das opções
de convivência de uma pessoa, entre outras características capazes de lhe expor a
julgamentos, a discriminação, ou a influir no modo como o indivíduo deseja ser
visto pelos outros. Da mesma forma, devem ser protegidas as informações
pessoais que exponham o cidadão a situações de risco, inclusive, em relação a
sua integridade física.
• Em casos que envolvam a disponibilização de informações pessoais de terceiros,
geralmente, há a colisão entre princípios constitucionais. A análise de ponderação
é feita com base nas nuances de cada caso concreto, avaliando-se qual princípio
constitucional deve prevalecer no caso avaliado, levando-se em consideração os
possíveis impactos negativos resultantes da divulgação da informação pretendida
(interesse individual) em comparação aos ganhos relativos de sua divulgação à
sociedade (interesse público).
Exercício: estudo de caso.

• Os participantes devem dividir-se em grupos;


• Cada grupo analisará um pedido de acesso à informação hipotético;
• Cada grupo deverá formular uma resposta para o pedido de acesso e elegerá um
representante;
• Cada representante explicará para todos os participantes o caso analisado pelo
seu grupo e lerá a resposta produzida.
• Ao final da apresentação de cada representante, será aberto espaço para
discussão do caso.
Segundo bloco da oficina

• Informações cujo o acesso é restrito, em função de legislação


específica;
• Informações classificadas.
Hipóteses de sigilo presentes na legislação
Hipóteses de sigilo presentes na LAI
• Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou
administrativa de direitos fundamentais. As informações ou documentos que
versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada
por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto
de restrição de acesso (artigo 21);
• O disposto na Lei não exclui as demais hipóteses legais de sigilo e de segredo de
justiça nem as hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração direta
de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que
tenha qualquer vínculo com o poder público (artigo 22);
• Nestes casos, não há necessidade de que a informação protegida por hipótese
legal de sigilo seja classificada pela administração.
Documento preparatório

• É o documento formal utilizado como fundamento da tomada de decisão ou de


ato administrativo, como por exemplo, pareceres e notas técnicas;
• A CGU entende que, antes da tomada de decisão ou da edição do ato
administrativo, a disponibilização do documento preparatório é uma decisão
discricionária da administração. No entanto, após a tomada de decisão ou da
edição do ato administrativo, o documento torna-se obrigatoriamente ostensivo;
• BOA PRÁTICA: Caso a disponibilização do documento preparatório não possa
prejudicar a tomada de decisão futura da administração, entende-se que a sua
entrega seria recomendável.
Informações classificadas: conceito
• O fundamento para a classificação de informações encontra-se na própria
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XXXIII, em que se lê: “todos têm
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado”;
• A Lei de Acesso à Informação, assim, estabelece que é dever do Estado controlar
o acesso e a divulgação de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e
entidades, assegurando a sua proteção. Nesse sentido, as informações
classificadas como sigilosas ficarão restritas, por tempo determinado, às pessoas
que tenham necessidade de conhecê-las e àquelas que sejam devidamente
credenciadas na forma do regulamento (Decreto nº 7.845, de 14 de novembro de
2012);
Informações classificadas: objeto
• Somente podem ser classificadas as informações que taxativamente se
enquadrem nas hipóteses trazidas pelo artigo 23 da Lei nº 12.527/12, abaixo:
I. Pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional;
II. Prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País, ou as que
tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
III. Pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
IV. Oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País;
V. Prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicas das Forças Armadas;
VI. Prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como
a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
VII. Pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus
familiares; ou
VIII. Comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em andamento,
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.
Informações classificadas: graus de sigilo
• A lei estipula três graus de classificação para informações, os quais possuem
prazos distintos de restrição de acesso, dependendo do seu teor e da sua
imprescindibilidade para a proteção da sociedade ou do Estado:
I. Ultrassecreta: 25 anos, podendo ser prorrogada por igual período pela CMRI;
II. Secreta: até 15 anos;
III. Reservada: até 05 anos.
• O prazo de classificação da informação inicia-se na data de produção do
documento. Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento que
defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, automaticamente, de acesso
público.
Informações classificadas: competência I.
• Informações no grau ultrassecreto podem ser classificadas pelo Presidente da
República, pelo Vice-Presidente da República, por Ministros de Estado e
autoridades com as mesmas prerrogativas, por Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica e por Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
permanentes no Exterior. Nos últimos dois casos, é necessária a ratificação dos
Ministros de Estado da Defesa e das Relações Exteriores, respectivamente, no
prazo de 30 dias. É vedada a delegação de competência;

• Informações no grau secreto podem ser classificadas pelas mesmas autoridades


competentes para classificar a informação no grau ultrassecreto e por titulares de
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. É
vedada a delegação de competência;
Informações classificadas: competência II.

• Informações no grau reservado podem ser classificadas pelas mesmas


autoridades competentes para classificar informações tanto no grau ultrassecreto
quanto no grau secreto e por autoridades que exerçam função de direção,
comando ou chefia do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS, nível
DAS 101.5 ou superior, e seus equivalentes. O dirigente máximo do órgão ou
entidade poderá delegar a competência para o grau reservado a agente público
que exerça função de direção, comando ou chefia. É vedada a subdelegação.
Informações classificadas: TCI
• A formalização do ato de classificação da informação é feita por meio de Termo
de Classificação da Informação – TCI. Este documento é ostensivo, recaindo
restrição de acesso somente ao campo “razões para a classificação”, o qual terá o
mesmo prazo de restrição da informação classificada;

• O TCI é indexado por meio do Código de Indexação da Informação – CIDIC, o qual


é composto pelo NUP documento ou processo, o grau de sigilo (R, S ou U), a
categoria (01 a 17), a data da produção da informação (DD/MM/AAAA), a data da
desclassificação da informação (DD/MM/AAAA), a indicação de reclassificação (S
ou N) e a data da prorrogação (DD/MM/AAAA);
Informações classificadas: desclassificação.

• Qualquer interessado pode requerer a desclassificação de informações


classificadas, por meio de pedido direcionado ao SIC do órgão ou entidade
pública correspondente. Este pedido seguirá fluxo diferente do estabelecido para
pedidos LAI;

• A CGU não analisa o mérito sobre informações classificadas, apenas verifica se


todas as formalidades para a confecção do respectivo TCI foram seguidas pela
autoridade classificadora. As informações classificadas podem ser
desclassificadas a qualquer momento pela autoridade que as tenha classificado
ou por superior hierárquico, bem como nas reavaliações periódicas de
informações classificadas.
Informações classificadas: Súmulas CMRI.
• Súmula CMRI nº 03/2015: “EXTINÇÃO POR CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO –
Observada a regularidade do ato administrativo classificatório, extingue-se o
processo cujo objeto tenha sido classificado durante a fase de instrução
processual, devendo o órgão fornecer ao interessado o respectivo Termo de
Classificação da Informação, mediante obliteração do campo ‘Razões da
Classificação’”;
• Súmula CMRI nº 04/2015: “PROCEDIMENTOS PARA DESCLASSIFICAÇÃO – O
pedido de desclassificação não se confunde com o pedido de acesso à
informação, sendo ambos constituídos por ritos distintos e autuados em
processos apartados. Nos termos dos artigos 36 e 37 do Decreto nº 7.724, de
2012, o interessado na desclassificação da informação deve apresentar o seu
pedido à autoridade classificadora, cabendo recurso, sucessivamente, à
autoridade máxima do órgão ou entidade classificadora e, em última instância, à
CMRI”.
Exercício: produção de TCI.

• Os participantes deverão dividir-se em grupos.


• Cada grupo receberá um caso hipotético sobre uma informação a ser classificada.
Dessa maneira, cada grupo produzirá TCI, de acordo com o modelo do anexo do
Decreto nº 7.724/12.
• Em seguida, os grupos deverão trocar os documentos produzidos entre si, de
maneira que um grupo corrija o TCI produzido por outro. Após a correção, o TCI
deverá ser entregue ao grupo que o produziu.
• Ao final, os facilitadores deverão apresentar os TCI corrigidos e abrir espaço para
discussão e esclarecimento de dúvidas dos participantes.

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