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Trabalho de Conclusão de Curso

Este fichamento foi produzido no dia 31 de julho de 2021 e representa um material de


consulta para o TCC. O fichamento em questão refere-se à seguinte bibliografia:

REFERÊNCIA COMPLETA

Referência: MARTÍN-BARBERO, Jesús. Globalização comunicacional e


transformação cultural. In: MORAES, Denis de (org.). Por uma outra
comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003.

Citação com autor incluído no texto: Martín-Barbero (2003)

Citação com autor não incluído no texto: (MARTÍN-BARBERO, 2003)

Tema

Objetivos

Estrutura do
texto

Palavras-chave

Principais
conclusões

Referências mais importantes mencionadas:

Introdução

Finalidade Citação Comentário

a opacidade remete à densidade e


compreensão informativa que
introduzem, a virtualidade e a
velocidade em um espaço-mundo
feito de redes e fluxos e não de
elementos materiais. Um mundo
assim configurado debilita
radicalmente as fronteiras do
nacional e do local, ao mesmo
tempo que converte esses
territórios
em pontos de acesso e
transmissão, de ativação e
transformação do sentido do
comunicar p.1

E não resta dúvida de que não é


possível habitar no mundo sem
algum tipo de
ancoragem territorial, de inserção
no local, já que é no lugar, no
território, que se desenrola a
corporeidade da vida cotidiana e a
temporalidade — a história — da
ação coletiva, base da
heterogeneidade humana e da
reciprocidade, características
fundadoras da comunicação
humana, pois, mesmo atravessado
pelas redes do global, o lugar
segue feito do tecido das
proximidades e
das solidariedades. P.2

Isso exige que se esclareça que o


sentido do local não é unívoco.
Um é
aquele que resulta da
fragmentação produzida pela
deslocalização que o global
acarreta, e outro
é a revalorização do local como
âmbito onde se resiste (e se
complementa) a globalização, sua
auto revalorização como direito à
autogestão e à memória própria,
ambos ligados à capacidade
de construir relatos e imagens de
identidade. P.2

O processo de globalização que


agora vivemos, no entanto, é ao
mesmo tempo um
movimento de potencialização da
diferença e de exposição constante
de cada cultura às outras,
de minha identidade àquela do
outro. Isso implica um permanente
exercício de reconhecimento
daquilo que constitui a diferença
dos outros como enriquecimento
potencial da nossa cultura, e
uma exigência de respeito àquilo
que, no outro, em sua diferença, há
de intransferível, não
transigível e inclusive
incomunicável. 3

Misturar o plano coletivo das


culturas com aquele dos
indivíduos, que se movem em
planos claramente diversos,
permite sem dúvida constatar que
aquilo que acontece em um produz
efeitos no outro: o reconhecimento
das diferenças culturais
tradicionais — étnicas e raciais —
tanto quanto o das modernas — de
gênero ou dos
homossexuais — passa sem
dúvida pelo plano dos direitos e
das leis, porém eles só se realizam
no reconhecimento cotidiano dos
direitos e no respeito dos
indivíduos que encarnam essas
culturas.3

Na América Latina, o que


acontece nos/pelos meios de
comunicação não pode ser
compreendido à margem da
heterogeneidade, das mestiçagens
e das descontinuidades culturais
que medeiam a significação dos
discursos de massa. 4

O que os processos e práticas da


comunicação coletiva põem em
jogo não são unicamente os
deslocamentos do capital e as
inovações tecnológicas, mas sim
profundas transformações na
cultura cotidiana das maiorias:
nos modos de se estar junto e tecer
laços sociais, nas identidades que
plasmam tais mudanças e
nos discursos que socialmente os
expressam e legitimam. 4

Ancomunicação é percebida, em
todo caso, como o cenário
cotidiano do reconhecimento
social, da
constituição e expressão dos
imaginários a partir dos quais as
pessoas representam aquilo que
temem ou que têm direito de
esperar, seus medos e suas
esperanças. Os meios de
comunicação começaram assim a
fazer parte decisiva dos novos
modos como nós percebemos
latino-americanos (J. Martín-
Barbero, 1987). O que significa
que neles não apenas se reproduz
ideologia, mas também se faz e
refaz a cultura das maiorias, não
somente se comercializam
formatos,
mas recriam-se as narrativas nas
quais se entrelaça o imaginário
mercantil com a memória
coletiva

A comunicação midiática aparece,


portanto, como parte das
desterritorializações e
relocalizações que acarretam as
migrações sociais e as
fragmentações culturais da vida
urbana;
do campo de tensões entre tradição
e inovação, entre a grande arte e as
culturas do povo; do
espaço em que se redefine o
alcance do público e o sentido da
democracia. Perspectiva na qual
devem ser colocados e
compreendidos processos que nos
desafiam diariamente 5

No interior das
comunidades, esses processos de
comunicação são percebidos ao
mesmo tempo como outra
forma de ameaça à sobrevivência
de suas culturas e como uma
possibilidade de romper a
exclusão, como experiência de
interação que, se comporta risco,
também abre novas figuras de
futuro, pois há nessas
comunidades menos complacência
nostálgica para com as tradições e
maior consciência da
indispensável reelaboração
simbólica que exige a construção
do futuro
(Garcia Canclini) 5

Os jovens vivem hoje a


emergência das novas
sensibilidades, dotadas de uma
especial empatia com a cultura
tecnológica, que vai da
informação absorvida pelo
adolescente em sua relação com a
televisão à facilidade para entrar e
mover-se na complexidade das
redes informáticas. 6

Estamos diante de novas


identidades, de temporalidades
menos largas, mais
precárias, mas também mais
flexíveis, capazes de amalgamar e
de conviver com ingredientes de
universos culturais muito diversos.
6

Pois os meios de comunicação não


somente descentralizam as formas
de transmissão e circulação do
saber, mas constituem um âmbito
decisivo de socialização, de
dispositivos de
identificação/projeção de pautas de
comportamento, estilos de vida e
padrões de
gosto 7

a natureza comunicativa da
cultura, isto é, a função
constitutiva que a comunicação
desempenha na estrutura do
processo
cultural, pois as culturas vivem
enquanto se comunicam umas com
as outras e esse comunicar-se
comporta um denso e arriscado
intercâmbio de símbolos e
sentidos. 7
Diante do discurso que vê as
culturas tradicionais apenas como
algo a ser conservado, cuja
autenticidade se encontraria
somente no passado e para o qual
qualquer intercâmbio aparece
como contaminação, é em nome
daquilo que em tais culturas tem
direito ao futuro que se faz
necessário afirmar: não é possível
ser fiel a uma cultura sem
transformá-la, sem assumir os
conflitos que toda comunicação
profunda envolve. 7

a comunicação da cultura depende


menos da quantidade de
informação circulante do que da
capacidade de apropriação que ela
mobiliza, isto é, da ativação
da competência cultural das
comunidades 8

Comunicação significará então


colocação em comum
da experiência criativa,
reconhecimento das diferenças e
abertura para o outro. 8

Essa reconfiguração do
comunicador como mediador
volta- se basicamente para o
entendimento da comunicação
como a colocação em comum de
sentidos da vida e da sociedade 8

O que implica dar prioridade ao


trabalho de ativação, nas pessoas
e nos grupos, de sua
capacidade de narrar/construir
sua identidade, pois a relação da
narração com a identidade não
é meramente expressiva, mas
constitutiva (P. Ricoeur): a
identidade individual ou coletiva
não é
algo dado, mas em permanente
construção, e se constrói narrando-
se, tornando-se relato capaz de
interpelar os demais e deixar-se
interpelar pelos relatos dos outros
(E. Levinas).8

Pois o que a verdadeira


comunicação põe em jogo não é a
enganosa demagogia
com a qual se conservam as
pessoas em sua ignorância ou
provincianismo, mas a palavra que
mobiliza as diferentes formas e
capacidades de apropriar-se do
mundo e de dar-lhe sentido. 8

a nova tarefa do comunicador é


menos a de manejador de técnicas
e mais aquela de
mediador que põe em
comunicação as diversas
sociedades que conformam cada
país e nossos
países entre si 9

comunicar foi e continuará sendo


algo muito mais difícil e amplo
que
informar, pois comunicar é tornar
possível que homens reconheçam
outros homens em um duplo
sentido: reconheçam seu direito a
viver e a pensar diferente, e
reconheçam a si mesmos nessa
diferença, ou seja, que estejam
dispostos a lutar a todo momento
pela defesa dos direitos dos
outros, já que nesses mesmos
direitos estão contidos os
próprios.9

Mais que oposto, complementar da


globalização, o mundo vive um
processo expansivo
de fragmentação em todos os
níveis e em todos os planos, desde
o desmoronamento das nações
até a proliferação das seitas, desde
a revalorização do local à
decomposição do social. 10

comunicação plural significa, na


América Latina, o desafio de
assumir a
heterogeneidade como um valor
articulável à construção de um
novo tecido coletivo, de novas
formas de solidariedade 10

E o que começa a se
fazer visível nas emissoras
comunitárias é o novo sentido que
adquirem as relações entre cultura
e política quando os movimentos
sociais de bairro ou locais
encontram, em um espaço público
como aquele que uma rádio abre, a
possibilidade não de serem
representados> mas de serem
reconhecidos: de fazer ouvir a
própria voz, de poder dizer-se com
suas linguagens e relatos. 11

As contradições latino-americanas
que atravessam e sustentam sua
integração
globalizada desembocam assim de
forma decisiva na pergunta a
respeito do peso que as
indústrias da informação e da
comunicação audiovisuais têm
nestes processos, já que estas
indústrias trabalham no terreno
estratégico das imagens que estes
povos fazem de si mesmos e
com as quais se fazem reconhecer
pelos demais 12
Pois a identidade cultural de
nossos povos só
poderá continuar a ser narrada e
construída nos novos relatos e
gêneros audiovisuais se as
indústrias comunicacionais forem
controladas por políticas culturais
de integração latino-americana
capazes de assumir o que os meios
de massa têm de (e fazem com)
cultura cotidiana da gente, e
capazes também de envolver
explicitamente o sistema educativo
na transformação das relações
da escola com os campos de
experiência que configuram as
novas sensibilidades, as novas
linguagens e as escrituras
informáticas. 12

Hoje é sujeito/objeto de cultura


tanto a arte quanto a
saúde, tanto o trabalho como a
violência, e também existe cultura
política e cultura do narcotrá-
fico, cultura organizacional e
cultura urbana, juvenil, de gênero,
profissional, audiovisual,
científica, tecnológica etc 13

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