Você está na página 1de 7

494

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício


ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

EFEITO HEMODINÂMICO DO TREINAMENTO DE FORÇA PARA HIPERTENSOS:


UMA REVISÃO DE LITERATURA

1
Daniel Alves Corrêa

RESUMO ABSTRACT

A hipertensão arterial vem se agravando Hemodynamic effect of strength training for


devido ao estilo de vida e ao sedentarismo, hypertensive: a literature review
sendo observado como um dos principais
fatores de risco da morbidade e mortalidade Hypertension has been worsening due to the
cardiovascular. O treinamento de força tem lifestyle and sedentary lifestyle, being seen as
sido sugerido e integrado a programas de a major risk factors of cardiovascular morbidity
treinamento para indivíduos hipertensos, com and mortality. Strength training has been
a preocupação a saúde e solução para suggested and integrated training programs for
possíveis estratégias de tratamento não hypertensive patients with health concerns and
medicamentoso eficiente na prevenção, no possible solution to non-drug treatment
qual o exercício passa ser estudado como strategies effective in preventing, in which the
importante ferramenta para o tratamento exercise is being studied as an important tool
dessa doença. O presente estudo faz uma for the treatment of this disease. The present
revisão dentre as variáveis do exercício de study is a review of the year among the
força verificando os efeitos hemodinâmicos variables of force by checking the
que variam conforme intensidade, volume e hemodynamic effects that vary intensity,
métodos de treinamento apresentando durante volume and methods of presenting training
e após o exercício conhecido como efeito during and after exercise effect known as post-
hipotensão pós-exercício. Conclui-se que exercise hypotension. We conclude that
dentre as variáveis, intensidade, tipos de among the variables, severity, types of
exercícios e volume devem ser mais exercises and volume should be more in-depth
aprofundados nas pesquisas, pois, em vários research, because in several studies reached
estudos chegaram a resultados positivos para positive results for blood pressure reduction
queda pressórica, dentre as variáveis do among the variables of strength training for the
treinamento de força para o efeito hipotensivo. hypotensive effect.

Palavras-chave: hipertensão arterial, Key words: hypertension, strength training,


treinamento de força, pós-exercício. post-exercise.

1 - Programa de Pós-Graduação Lato Sensu


em Fisiologia do Exercício - Prescrição do Email:
Exercício da Universidade Gama Filho – UGF daniel_corves@hotmail.com

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.6, n.35, p.494-500. Set./Out. 2012. ISSN 1981-9900.
495
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

INTRODUÇÃO A utilização do exercício físico tem


sido proposta com a finalidade de incluí-lo
A hipertensão arterial considerada como parte de tratamento não farmacológico
como um dos principais problemas de saúde em indivíduos hipertensos (Pescatello e
pública, altamente em diversos países no colaboradores, 2004).
mundo, essa população vem aumentando Neste propósito, o presente estudo
cada vez mais, tanto de homens quanto de tem como principal objetivo verificar os efeitos
mulheres, em diferentes faixas etárias (Gurjão hemodinâmicos realizado com o treinamento
e colaboradores, 2009). força em hipertensos.
A hipertensão arterial como um dos Pretende-se identificar em qual
principais fatores de risco para o prescrição e tipo de exercício que promove
desenvolvimento da doença arterial uma maior queda pressórica, ou seja, tem se a
coronariana, além de frequentemente idéia em diminuir a pressão arterial, uma vez
agregarem diversos fatores de risco que professores de educação física e
cardiovasculares, como o acidente vascular academias estão cada vez mais procurados
encefálico, a insuficiência cardíaca, a para este fim.
insuficiência renal e a doença arterial periférica
(Brandão e colaboradores, 2003). MATERIAIS E MÉTODOS
O treinamento de força tem sido
recomendado como importante ferramenta na O presente trabalho foi realizado a
prescrição de exercícios, na prevenção e no partir de uma revisão bibliográfica. Para a
controle da pressão arterial em indivíduos elaboração do presente texto, foram
hipertensos de acordo com suas variáveis selecionados artigos nacionais e internacionais
hemodinâmicas. retirados das bases de dados: Scielo, Medline
Por volta de 1990 o treinamento e Pubmed, os artigos e livros apresentados
resistido (também chamado, ”Treinamento de foram selecionados entre 1999 e 2010. Os
força, com pesos, contra resistência” ou termos usados para busca foram: hipotensão
“musculação”) não era contemplado em pós-exercício, treinamento de força efeito
diretrizes internacionais, é a pratica de hipotensivo. Os mesmos termos traduzidos
treinamento de força orientado, passou a para o inglês.
verificar como possíveis estratégias e Foram encontrados 50 estudos destes,
prevenção de determinadas cardiopatias 20 não foi permitido o acesso, 11 eram de
(Umpierre e Stein, 2007). revisão, 10 artigos originais que relataram o
A maioria dos achados científicos que efeito hipotensor do TF para PA. Como critério
analisam o efeito da pressão arterial pós - de inclusão na pesquisa efeito hemodinâmico
exercícios utilizam o exercício aeróbio como do TF para hipertensos. Ficaram no total 6
principal estratégia, porém, o exercício artigos originais que relatam o efeito
resistido orientado e supervisionado tem hipotensivo do TF, que estão sintetizados no
demonstrado efeitos positivos nessa patologia Quadro 1.
(SBC, 2005; Braith e Stewart, 2006).

Quadro 1- Estudos encontrados que contemplam treinamento de força e o efeito hipotensivo.


Autor Amostra Objetivo Duração Resultados
Polito e 16 voluntários, Verificar o efeito Sessões de 60 O TF exerceu efeito
colabradores, 2003 sendo 9 homens e hipotensivo do minutos. hipotensivo sobre a
7 mulheres. exercício de força, PA e principalmente
sob intensidades na PAS.
diferentes e o
mesmo volume de
trabalho.
Mediano e 20 pessoas Verificar o Sessões de Uma sessão de TF
colaboradores, hipertensas, sendo comportamento da exercícios com pode promover
2005 16 homens e 4 pressão arterial duração de 60 reduções nos níveis
mulheres. após duas sessões minutos. de PAS em indivíduos
de exercícios de hipertensos
força realizadas em medicados e parece

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.6, n.35, p.494-500. Set./Out. 2012. ISSN 1981-9900.
496
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

diferentes volumes ser necessário um


por sujeitos maior volume de
hipertensos treinamento para o
controlados por melhor efeito
medicação.
Monteiro e 10 homens com Comparar as Uma aguda de Não houve diferenças
colaboradores, idades entre 23 e repostas agudas de exercício. significativas entre as
2008 39 anos. frequência cárdica, repostas
pressão arterial cardiovasculares
sistólica e duplo associadas às formas
produto durante o de execução bilateral,
exercício extensão unilateral e alternada
de joelhos nas em 10RM do exercício
formas bilateral, extensão de joelho.
unilateral e
alternada.
Terra e 52 idosas Verificar o efeito do 12 semanas de O TF reduziu a PAS,
colaboradores, hipertensas TF progressivo treino com 3 PAM e DP de repouso
2008 controladas com sobre a pressão sessões alternadas em idosas
medicação anti- arterial de repouso, na semana. hipertensas,
hipertensiva. frequência cardíaca controladas com
Sendo 23 foi e o duplo produto medicação anti-
submetidas ao TF em idosas hipertensiva.
e 29 grupo hipertensas
controle. controladas.

Gurjão e 16 mulheres jovens Comparar o efeito 12 semanas. Não existiram


colaboradores, saudáveis. do TF com diferenças
2009 diferentes significativas no
sobrecargas sobre o comportamento da PA
comportamento da em mulheres
pressão arterial pós- normotensas, efeito
exercício. hipotensivo de maior
magnitude com
intensidade maior.
Mutti e 20 homens idosos. Analisar a resposta Sessões de 60 Demonstrou reduções
colaboradores, hipotensiva após minutos. na PAS e PAD após
20010 uma sessão de sessões do TF em
treinamento de força idosos treinados.
em homens idosos
normotensos
treinados.

Treinamento de força na pressão arterial Por volta da década de 1990 a


recomendação de exercício para indivíduos
As diferentes ações não com alguma patologia e principalmente de
medicamentosas que vem sendo ordem cardiovascular, restringia apenas ao
recomendada pela literatura para controle da treinamento aeróbio (Polito e Farinatti, 2006).
pressão arterial destacam a prática regular de O exercício de força vem sendo
exercícios físicos de diferentes naturezas. praticado não apenas por indivíduos
Com aumento das informações a saudáveis, mas também por indivíduos que
cerca dos efeitos do treinamento de força (TF) apresentam patologia no sistema
sobre as variáveis associadas a uma melhor cardiovascular, por exemplo, a hipertensão
aptidão física relacionada à saúde, para a arterial (Romero, Caperuto e Costa Rosa,
prática regular sistematizada e supervisionada 2005).
de exercícios com peso e suas O exercício regular auxilia no controle
recomendações (Gurjão e colaboradores, da pressão arterial (PA) em curto ou longo
2009). prazo, vale ressaltar que as adaptações que

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.6, n.35, p.494-500. Set./Out. 2012. ISSN 1981-9900.
497
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

ocorrem são influenciadas tanto no Mecanismo fisiológico


treinamento crônico ou em uma única sessão
de exercícios, efeito agudo e pós-exercícios Não a muito conhecimento na
(Umpierre e Stein, 2007). literatura sobre o mecanismo responsável para
O TF impõe consideravelmente Hipotensão pós-exercício (HPE), a ocorrência
estresse localizado a alguns músculos desses fatores em conjunto exerce influência
localizados. O curto período de ativação e o em dois componentes fisiológicos: o debito
grupo muscular pequeno ativado nesse tipo de cardíaco e a resistência vascular periférica
atividade produzem freqüências cardíacas e (RVP) (Casanatto e Polito, 2009).
demandas aeróbicas, mais baixas que em Se tratando a um efeito hemodinâmico
corridas onde realizadas com grandes grupos a PA só poderia ser explicada com uma queda
musculares (McArdle, Katch e Katch, 2007). da RVP ou por redução do DC (Negrão e
Durante a contração muscular os Rondon, 2001).
vasos sanguíneos irrigam a musculatura ativa, A redução da pressão arterial após o
onde o fluxo sofre uma redução sendo esforço relaciona diretamente com o seu valor
proporcional a força exercida, ocorrendo um pré-exercício, devido a essa razão em
aumento na atividade do sistema nervoso indivíduos hipertensos apresentam uma maior
central, do Débito cardíaco (DC) e pressão redução absoluta dos valores que
arterial média (PAM) (Mcdarle, Katch e Katch, normotensos (Mediano e colaboradores,
2007). 2005).
O exercício realizado com freqüência As respostas hemodinâmicas em
provoca importantes adaptações autonômicas exercícios de força com intensidade leve
e hemodinâmicas que vão influenciar no verificaram aumento da freqüência cardíaca
sistema cardiovascular (Rondon e Brum, (FC), pressão arterial sistólica (PAS), volume
2003). sistólico (VS) e DC, já com a utilização de
Dentre os diversos benefícios que o intensidade altas, observou-se o aumento
treinamento de força pode oferecer aos pressão arterial diastólica (PAD) (Forjaz e
indivíduos hipertensos, destaca-se redução da colaboradores, 2003).
pressão arterial (PA) e a redução de Durante TF e de fundamental
problemas cardiovasculares (Romero, importância à relação entre intensidade e
Caperuto e Costa Rosa, 2005). volume, existindo inúmeras variáveis na
Durante o exercício há uma elevação prescrição e elaboração do treinamento de
aguda da PA que é regulada pelo sistema pesos (Gurjão e colaboradores, 2009).
nervoso simpático, sendo influenciado pelos O efeito tanto a curto e em longo prazo
aumentos da freqüência cardíaca, volume de para auxiliar no controle PA vem sendo
ejeção e aumento da resistência periférica estudado de acordo com variáveis do TF. Que
(Polito e colaboradores, 2003). podem ser influenciadas não apenas pelo
Ajustes fisiológicos são feitos a partir treinamento físico crônico, mas também por
das demandas metabólicas, cujas informações uma única sessão de exercício efeito sub-
são processadas no sistema nervoso central, e agudo e pós-exercício (Umpierre e Stein,
os efeitos dos exercícios pode ser 2007).
classificados em agudos imediatos, agudos A HPE e caracterizada pela redução
tardios e crônicos (Barros Neto, Cezar e da pressão arterial durante o período de
Tebexreni, 1999). recuperação do exercício, fazendo com que
Os efeitos para redução da PA vêm esses valores permaneçam inferiores, mesmo
sendo discutidas suas importantes alterações medindo antes do exercício ou em dia de
autonômicas e hemodinâmicas no sistema controle.
cardiovascular demonstrado no treinamento Com a finalidade que a HPE tenha sua
aeróbio e de força, comparado aos níveis de importância clínica, foram observados tanto
PA em repouso (Welton e colaboradores, em normotensos como em hipertensos que
2002). esses valores devem pendurar maior parte das
Os mecanismos relacionados com a 24 horas subseqüentes ao final do exercício
queda pressórica também se relacionam com com intensidade submáxima, sendo maiores
fatores hemodinâmicos, humorais e neurais respostas em hipertensos (Brum e
(Negrão e colaboradores, 2001). colaboradores, 2004).

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.6, n.35, p.494-500. Set./Out. 2012. ISSN 1981-9900.
498
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

A resposta hipotensiva pode durar até parte somente da intensidade, mais também
por 12 horas, em que a reduções da HPE na da utilização do volume durante a prescrição
PA apóiam ainda mais estudos relacionados do TF que contribui na redução da PA após o
com o exercício moderado como tratamento exercício (Polito e colaboradores, 2003).
não farmacológico para hipertensos (Mcdarle, Forjaz e colaboradores (2003) A
Katch e Katch, 2007). resposta pressórica durante o exercício de
Um recrutamento maior de fibras força está relacionado com o tipo de
musculares de contração rápida com intensidade, número de repetições e também
exercícios mais intensos pode também influenciada pela massa muscular envolvida.
contribuir para a resposta pressórica mais Sugere que a intensidade moderada de
elevada (Simão, 2007). exercícios para hipertensos podem ser
efetivas devido a uma resposta cardiovascular
Prescrição no treinamento de força menos agravante (Polito e Farinatti, 2006).
O processo de treinamento aumenta a
Uma vez adequadamente prescrito, o aptidão física e o desempenho atlético. Que
treinamento de força deverá se iniciado envolve uma seqüencia organizada de
obeservando-se o status cardiovascular do exercícios que estimulam os aumentos ou
paciente e a capacidade funcional. Sempre ser adaptações anatômicas e fisiológicas.
orientados por professores de educação física, Dependendo da qualidade e duração de cada
com descrição completa da função mecânica sessão, as melhoras induzidas pelo
do equipamento, posição correta do corpo e a treinamento são desenvolvidas e conservadas,
conscientização sobre o risco do uso impróprio conseqüentemente aumentando a tolerância
(Simão, 2007). ao exercício (Robergs e Roberts, 2002).
Os exercícios aeróbios tanto quanto Durante do exercício de força com
ao TF apresentam relação com intensidade e intensidade baixa observou aumento tanto
volume do treinamento relacionado com o PAS quanto na PAD em cardiopatas
comportamento da HPE (Gurjão e considerada segura (Forjaz e colaboradores,
colaboradores, 2009). 2003).
Dentre os exercícios de força há A respeito da intensidade prescrita no
inúmeras possibilidades de combinações entre TF, há redução da PAS após sessões com
volume e intensidade na qual fica difícil uma cargas elevadas, porém, também em outros
interpretação para compreensão de um melhor protocolos com intensidades altas não foram
resultado para HPE. eficazes para promover quedas pressóricas
Há uma influencia do volume no significativas (Umpierre e Stein, 2007).
treinamento de força onde existem três Terra e colaboradores (2008)
variáveis que são relacionadas, com o número Realizaram estudo com idosas hipertensas
de series, o número de repetição e a demonstraram que 12 semanas de TR
quantidade de exercícios prescritos (Polito e promoveram reduções significativas na PAS,
Farinatti, 2006). PAM e DP, a intensidade foi periodizada em
O TF tanto em uma sessão aguda ou 60%, 70% e 80 % de repetição máxima (1-RM)
crônica não apresenta riscos quanto ao com o método de treino alternado por
aumento da FC, salientado que essa segmento.
intervenção pode auxiliar ao controle Estudos com normotensos e
pressórico ao longo prazo (Umpierre e Stein, hipertensos demonstram que sessões de 40%
2007). a 80% de carga máxima foram seguidas de
Mediano e colaboradores (2005) reduções na PAS no período de recuperação
compararam o volume entre as series de um (Umpierre e Stein, 2007).
TF, onde um grupo realizava uma série de A forma de conduzir o exercício tem
repetição e outro grupo três séries. O grupo importante papel no planejamento das
que realizava uma série houve redução na sessões de treinamento, no qual a prescrição
PAS nos 40 minutos e sem redução PAD, já é influenciada pela tensão dos músculos
nas três séries, quedas persistentes da PAS exercitados, sendo executado uni ou bilateral
permaneceram até 60 minutos e houve contribui em sistema modificando a quantidade
reduções na PAD nos 30 e 40 minutos pós- de massa muscular exercitada, que influencia
exercícios. A realização dos exercícios não na intensidade e volume do exercício que

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.6, n.35, p.494-500. Set./Out. 2012. ISSN 1981-9900.
499
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

podem substancialmente modificar as 2- Braith, R. W.; Stewart, K.J. Resistance


respostas cardiovasculares (Monteiro e exercise training: its role in the prevention of
colaboradores, 2008). cardiovascular disease. Circulation. Vol.113.
De fato, ao se tratar das variáveis do Num. 22. 2006. p. 2642-2650.
treinamento de força realizado tanto de forma
crônica ou aguda não oferece risco para PA, 3- Brandão, A.P.; Brandão, A. A.; Magalhães,
há diversas discussões que norteiam essa M.E.C.; Pozzan, R. Epidemiologia da
realidade (Forjaz e colaboradores, 2003; Hipertensão Arterial. Rev Soc Cardiol Estado
Simão, 2007, Mutti e colaboradores, 2010). de São Paulo. Vol. 13. Num. 1. 2003 p.7-19.
As respostas hipotensivas do TF
ganham grande significados em informações 4- Brum, P.C.; Forjaz, C.L.M.; Tinucci, T.;
positivas para prevenção e controle da Negrão, C.E. Adaptações agudas e crônicas
pressão arterial, o TF pode reduzir PAS e PAD do exercício físico no sistema vascular.
após sessões de treinamento tanto em Revista Paulista de Educação Física. São
indivíduos normotensos como em hipertensos Paulo. Vol.18. 2004. p. 21-31.
(Forjaz e colaboradores, 2003, Mutti e
colaboradores, 2010). 5- Casanatto, J.; Polito, M.D. Hipotensão Pós-
exercício aeróbio: uma revisão sistemática.
CONCLUSÃO Rev Bras Med Esporte. Vol. 15. Num. 2. 2009.
p.151-157.
Com base nesse estudo pode se dizer
que o treinamento de força contribui para o 6- Forjaz, C.L.M.; Rezk, C.C.; Melo C.M.;
efeito hipotensivo pós-exercício em Santos, D.A.; Teixeira, L.; Nery, S. S.; Tinucci,
hipertensos, onde estudos tem sugerido que o T. Exercício resistido para paciente hipertenso:
exercício de força, quando prescrito e indicação ou contra indicação. Revista
supervisionado de forma apropriada apresenta Brasileira Hipertensão. Vol. 10. 2003. p.119-
seus efeitos em diferentes aspectos à saúde, 124.
bem estar além de impactos positivos sobre
fatores de risco cardiovasculares como forma 7- Gurjão, A.L.D.; Salvador E.P.; Cyrino, E.S.;
de tratamento não medicamentoso. Gerage, A.M.; Schivoni, D.; Gobbi,
Assim, a efetividade do treinamento S.Respostas Pressóricas Pós-exercícios com
de força vem se tornando uma ferramenta de Pesos Executados em diferentes Sobrecargas
suma importância para prevenção e controle por Mulheres normotensas.Revista Brasileira
da hipertensão. Medicina do Esporte. Vol. 15. Num.1. 2009.
Vale ressaltar que o exercício deve ser p.14-18.
prescrito e orientado corretamente de acordo
com a necessidade do praticante, pois, o 8- Mcardle, W.D.; Katch, F.I., Katch, V.L.
treinamento realizado com regularidade ou Fisiologia do Exercício: Energia, nutrição e
uma única sessão demonstrou ser benéfico Desempenho humano. 6ª edição. Guanabara
para hipotensão, através de uma prescrição Koogan. 2007. p. 325-330.
segura, assim, mais estudos para as variáveis
que existe entre intensidade, volume e tipos de 9- Mediano, M.F.F.; Paravidino, V.; Simão, R.;
exercícios no treinamento de força são Pontes, F.L.; Polito, M.D. Comportamento
necessárias para melhores resultados. Subagudo da pressão arterial após o
treinamento de força em hipertensos
REFERÊNCIAS controlados. Revista Brasileira Medicina do
Esporte. Vol.11. Num. 6. 2005.p.337-340.
1- Barros Neto, T.L.; César, M.C.; Tebexreni,
A.S. Fisiologia do exercício. In: Ghorayeb N, 10- Monteiro, W.D.; Souza, D.A.;Rodrigues,
Barros TL, editores. O exercício. Preparação M.N.;Farinatti, P.T.V. Respostas
fisiológica, avaliação médica, aspectos Cardiovasculares Agudas ao Exercício de
especiais e preventivos. São Paulo. Atheneu. Força Realizado em Três diferentes formas de
1999. p 3-13. execução. Revista brasileira de medicina
esportiva. Vol.14. Num.2. 2008.p. 94-98.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.6, n.35, p.494-500. Set./Out. 2012. ISSN 1981-9900.
500
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

11- Mutti, L.C.; Simão, R.; Dias, I.; Figueiredo, 20- Simão, R. Fisiologia e prescrição de
T.; Salles, B. F. Efeito hipotensivo do exercícios para grupos especiais. 2ª edição.
treinamento de força em homens idosos. Rio de Janeiro. Fhorte. 2007.
Revista. Brasileira de Cardiologia. Vol. 23.
Num. 2. 2010. p. 111-115. 21- Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Diretriz de reabilitação cardíaca. Arquivos
12- Negrão, C.E.; Rondon, M.U.P.B.; Brasileiros Cardiologia. Vol. 84. Num. 5.2005.
Kuniyosh, F.H.S.; Lima, E.G. Aspectos do p. 431-440.
treinamento físico na prevenção da
hipertensão arterial. Revista Hipertensão. 22- Terra, D. F.; Mota, M. R.; Rabelo, H. T.;
Vol.4. Núm. 3. 2001. p. 84-87. Bezerra, L. M. A.; Lima, R. M.; Ribeiro, A. G.;
Vinhal, P. H.; Dias, R. M. R.; Silva, F. M.
13- Negrão, C.E.; Rondon, M.U.P.B. Exercício Redução da pressão arterial e do duplo
físico, hipertensão e controle barorreflexo da produto de repouso após treinamento resistido
pressão arterial. Revista Brasileira de em idosas hipertensas. Arquivos Brasileiros de
Hipertensão. Vol. 8. Num. 1. 2001. p. 89-95. Cardiologia. Vol.91, Num. 5. 2008.p. 299-305.

14- Pescatello, L. S.; Franklin, B.A.; Fagard, 23- Umpierre, D.; Stein, R. Efeitos
R.; Farquhar, W.B.; Kelley, G.A.; Ray, C. A. Hemodinâmicos e Vasculares do Treinamento
Exercise and hypertension. Medicine and Resistido: Implicações na doença
Science in Sports Exercise. Vol. 36. Num. 3. cardiovascular. Arquivos Brasileiros
2004. p. 533-553. Cardiologia. Vol. 89. Num. 4. 2007. p.256-262.

15- Polito, M. D.; Farinatti, P. T. V. Blood 24- Welton, S.P.; Chin, A.; Xin, X.; He J.
Pressure Behavior After counter-resistance Effects of aerobic exercise on blood pressure:
exercises: a systematic review on determining A meta-analysis of randomized, controlled
variables and possible mechanisms. Brazilian trials. Ann Intern Med. Vol. 136. 2002. p. 493-
Journal of Sports Medicine. Vol.12. Num.6. 503.
2006. p.345-350.

16- Polito, M.D,; Simão, R.; Senna, G. W.;


Farinatti, P.T.V. Efeito hipotensivo do exercício
de força realizado em intensidades diferentes Recebido para publicação em 05/08/2012
e mesmo volume de trabalho.Revista Aceito em 20/11/2012
Brasileira Medicina Esportiva. Vol. 9. Num. 2.
2003. p. 69-73.

17- Robergs, R. A., Roberts, S. O. Princípios


fundamentais da fisiologia do exercício. 2ª
edição. São Paulo. Fhorte. 2002.

18- Romero, F.G.; Caperuto, E.C.; Costa


Rosa, L.F.B.P. Efeitos de diferentes métodos
de exercícios resistidos sobre o
comportamento hemodinâmico. Rev. brasileira
Ciência e Movimento. Vol. 13. Num. 2. 2005.
p. 7-15.

19- Rondon, M.U.P.B.; Brum, P.C. Exercício


físico como Tratamento não farmacológico da
hipertensão arterial. Rev Bras Hipertensão.
Vol.10. Num. 2. 2003 p.134-139.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.6, n.35, p.494-500. Set./Out. 2012. ISSN 1981-9900.

Você também pode gostar