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ensino básico.
1. Justificativa
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Universidade Federal de Pernambuco, e-mail: marcosmelo2003@gmail.com, orientador: Marcelo Câmara
dos Santos.
Por outro lado o estudo da Análise Combinatória ainda se constitui como um
desafio tanto para aquele que ensina quanto para aquele que aprende como mostram as
pesquisas levantadas por nós nesse campo do saber relacionadas ao processo de ensino-
aprendizagem, ao raciocínio combinatório dos alunos, à formação/saberes docente e ao
Livro Didático.
Vale ressaltar ainda que diante do que os PCN têm provocado nos educadores e
instituições de ensino básico no que tange às orientações dadas no sentido de defender uma
proposta de currículo em espiral, isto é, não linear, ou seja, tais orientações sugerem alguns
ajustes na seleção e distribuição dos conteúdos ao longo dos anos da Educação Básica
como é o caso da análise combinatória e isso vieram a se reverberar nos livros didáticos.
Esse fato nos impulsiona a questionar: como está sendo tratado o conjunto de
transformações que vêm sofrendo o saber “análise combinatória” após os PCN nos LD de
matemática? Pois para que certo saber seja distribuído ao longo de toda Educação Básica é
preciso que ele passe por um conjunto de transformações adaptativas.
Porém, fazer uso da TTD é olhar para a noosfera onde ocorre a primeira etapa da
Transposição Didática (TD), chamada de transposição didática externa. É na noosfera, que
envolve a comunidade responsável por estabelecer o que deve ser ensinado na escola, que
focaremos nossa pesquisa, mais precisamente nos documentos oficiais e em livros
didáticos.
Surge então uma segunda questão: como estudar a transformação por que passa o
saber análise combinatória no processo de transposição didática?
Para responder essa questão e aprofundar nossa análise em relação ao saber "análise
combinatória" recorreremos à Teoria Antropológica do Didático (TAD) que, segundo
Chevallard (apud Araujo, 2009) permite descrever e estudar as condições de existência dos
objetos dos saberes nas instituições de ensino, em nossa pesquisa, nos documentos oficiais
e em livros didáticos.
Segundo Bosch e Chevallard (apud Araujo, 2009), a TAD foi construída para
ampliar o campo de análise decorrente da TD, ao permitir analisar as transformações que
se fazem nos objetos de saberes a ensinar no interior de determinada instituição.
Chevallard (1999) desenvolveu a noção de praxeologia que se ancora nos conceitos de
tipos de tarefas a realizar, de técnicas mobilizadas para realizar os tipos de tarefas, de
tecnologias que explicam ou justificam as técnicas e de teorias que fundamentam as
tecnologias (propriedade matemática). Chevallard (1999) considera que esses quatro
elementos fornecem uma grade que permite analisar e “modelizar” as atividades
matemáticas.
Isso nos remete a um olhar minucioso para a ecologia do saber: o caso da Análise
Combinatória na educação básica, pois a problemática ecológica se apresenta de imediato,
como um meio de questionar o real. O que existe, e por quê? Mas, também, o que não
existe, e por quê? E o que poderá existir? Sob que condições? Inversamente, sendo dado
um conjunto de condições, quais objetos foram conduzidos a viver? Ou, ao contrário, quais
foram impedidos de viver nestas condições? (Artaud, 1997, apud Bosch; Chevallard,
1999).
3. Fundamentação Teórico-metodológica.
Chevallard (1989b, apud Araujo (2009)) afirma que um saber não existe “num
vácuo”. Todo saber aparece em determinado momento e em uma determinada sociedade, e
mais: Todo saber é saber de uma instituição; Um mesmo objeto do saber pode viver em
instituições diferentes; Para que um saber possa viver em uma instituição, é necessário que
ele se submeta a certo número de exigências, o que implica necessariamente que ele se
modifique, senão ele não pode se manter na instituição.
Por tudo que discorremos até o momento e pela importância do livro didático tem
tanto para o aluno quanto para o professor é que avaliamos a pertinência dessa pesquisa em
analisar a ecologia do saber Análise Combinatória no ecossistema noosferiano acima
definido.
Essa teoria parte do postulado que qualquer atividade humana põe em prática uma
organização, denominada por Chevallard (1998), de praxeologia, ou organização
praxeológica, simbolizada pela notação [T, t, θ, Θ].
Acreditamos que esse referencial teórico é adequado para nos ajudar a responder as
nossas indagações. Isto é, ele nos permite fazer análises das organizações praxeológicas
nos documentos oficiais e nos livros didáticos de matemática da Educação Básica,
instituições que se encontram no ecossistema noosférico, para saber como sobrevivia e
como passou a sobreviver o saber Análise Combinatória, nessas instituições, antes e após a
publicação dos PCN.
4. Revisão da literatura
Pinheiro (2008), Vargas (2009), Souza (2010), Almeida (2010) reforçam que o
ensino de análise combinatória, pode ser feito através da Resolução de Problemas, de
Atividades Investigativas, Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação e
Comunicação Matemática com eficiência e, principalmente, com eficácia no processo
ensino-aprendizagem.
Sabo (2007) analisou três livros didáticos do Ensino Médio sob a ótica da Teoria
Antropológica do Didático em duas etapas: a primeira definiu praxeologicamente as tarefas
e a segunda investigou as técnicas, tecnologias e teorias que envolvem as tarefas propostas.
Sobrinho (2010) teve como questão central investigada indagar: Como os alunos
desenvolvem o raciocínio combinatório e probabilístico nas aulas de Matemática? Em suas
análises percebeu que os alunos recorriam, muitas vezes, ao modelo adotado para a
resolução do exemplo do livro. Isso a levou a crer que os alunos não estivessem
acostumados a pensar: queriam resolver os exercícios propostos, comparando-o com os
exercícios que estavam resolvidos no livro.
Souza (2010) analisou treze livros dispostos em ordem cronológica: livros das
décadas de 40, 50, 60, 70, 90 e anos 2000. Ao analisar percebeu que a maioria deles
apresenta o conteúdo de Análise Combinatória, dando ênfase à utilização de fórmulas, sem
a preocupação da dedução das mesmas, entretanto há alguns livros que procuram trabalhar
na dedução das fórmulas, tornando o trabalho do professor mais significativo.
Sabo (2010) em sua pesquisa levantou a hipótese que os professores não leem as
propostas dos programas para elaborar suas aulas e os mesmos recorrem aos livros
didáticos como fonte de estudo e isso o impulsionou a dar como sugestão de pesquisa:
Como os livros didáticos e os materiais apostilados usualmente utilizados por professores
do Ensino Médio apresentam essa organização matemática, permitindo ao aluno o
desenvolvimento do raciocínio combinatório?
Esse pequeno recorte da revisão da literatura foi o que nos motivou a fazer uma
análise da ecologia do saber Análise Combinatória nos documentos oficiais e nos livros
didáticos procurando responder de como sobrevivia o saber Análise Combinatória antes
dos PCN e como passou a sobreviver depois.
5. Objetivos da pesquisa
6. Metodologia