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Idade Antiga
○ Período clássico helênico: Primeiras tentativas de submeter as relações entre comunidades a
padrões de comportamento mutuamente aceites.
Assim: surgiram os primeiros cônsules (representantes de outras comunidades);
estabeleceu-se 1 volume importante de tratos;
criava-se mecanismos de arbitragem de conflitos.
○ Império romano: o direito das agentes regulava as relações fundamentalmente comerciais c/
os estrangeiros -> afirmação de 1 direito universal.
O cristianismo afirmou o valor da igualdade e o conceito de liberdade.
Idade média
Afirmação do jus gentium definitiva como emanação do direito natural.
A coexistência de dois mundos cristãos
Relações belicosas com o mundo islâmico > desenvolvimento comercial > laicização do direito.
Universalização do DI
A partir da I GM o DI passa a assumir 1 papel central na construção de um sistema pacificado.
ONU - garantir a paz através da proibição do recurso à força
CDI - codificação do DI (erosão do princípio de soberania)
TIJ - jurisprudência + solucionar conflitos (erosão do princípio de soberania)
Transição de um direito que visa garantir a coexistência pacífica para um ordem que transcende as
fronteiras e afeta o funcionamento interno dos países.
II - NOÇÃO E OBJECTO DO DI
A expressão DI surge no sec. XVIII e sublinha o caráter interestadual resultante do princípio da
soberania.
A definição surge em volta de 3 critérios:
○ dos sujeitos : conjunto de normas reguladoras das relações entre sujeitos de DI;
○ do objeto: conjunto de normas que regulam matérias de natureza internacional (a fronteira
entre estas e as de natureza interna não é clara);
○ da forma de produção das normas: conjunto de normas criadas segundo os processos
próprios da comunidade internacional que transcende o âmbito estadual.
Perspectiva Tradicional: funda-se numa dicotomia: a oposição entre autoridade(direito
internacional) e o poder de facto.
-> 2 erros: i) Perspectiva o direito como alheio a mecanismos de poder efetivo, sendo que a
articulação com o poder garante o cumprimento das regras ;
i) Pondera apenas a legitimidade (formal) como condição de religação das justiça.
Expressão original (capaz de ultrapassar as perspectivas tradicionais)
Construção da humanidade através das regras a qual se processa pela atualização do interesse
comum da sociedade internacional.
IV - Querela Teórica
Articulação entre Direito Nacional e Direito Internacional
- No âmbito interno, o direito constitucional tende a afirmar a prerrogativa soberana e, nesse
sentido, a regular livremente essa articulação.
- No âmbito internacional a afirmação da primazia deste sobre as regras de direito interno
surge implícita no primeiro acórdão do primeiro tribunal internacional.
Esta ordem foi evidenciada ao longo da história nas relações entre Estados e a igreja católica que há
séculos tem conseguido evitar a submissão da atividade dos seus membros às autoridades nacionais.
Os termos desta autonomia do seu magistério são regulados através de convenções internacionais
denominadas de concordatas.
Na gênese das análises pluralistas contemporâneas está a frequente sobreposição de comunidades e
respetivas regras, sobretudo nas sociedades pós-coloniais dos anos 60: perceção colonial do
pluralismo jurídico, que incidiu sobre as regras consuetudinárias e outros corpos de regras
produzidas com capacidade de criação de normas vinculativas.
Terminada a II GM surge a 3ª fase do pluralismo, o pluralismo transnacional: o advento dos direitos
humanos veio questionar o caráter exclusivo estadual na produção normativa, na medida em que se
afirmou o caráter vinculativo de algumas convenções.
C. Superação da Querela
No essencial a superação da querela, decorre do seguinte:
Toda a gente (monistas, dualistas, etc.) foi aceitando progressivamente todos aceitem 4 pontos.
1. Todos os estados têm obrigação de conformar a respetiva ordem jurídica, ao comprimento
das suas obrigações internacionais. (Princípio aprovado pelo Tribunal Permanente de Justiça
Internacional/Sociedade das Nações - TPJI/SN)
Ou seja, havendo uma obrigação internacional o Estados não podem invocar o seu direito
interno para se eximir ao cumprimento. Se existe obrigação o Estado tem de cumprir. Todos
os Estado reconhecem que têm de cumprir.
2. Os estado são livres de escolher os meios que querem seguir para cumprir (conformar a
ordem interna para cumprir).
O Estado têm que cumprir, ou seja adequar o direito interno para cumprir. Os meios
utilizados para cumprir estão ao critério do Estado (tem toda a legalidade e DC de o fazer), o
que importa é que cumpram.
3. Não há uma obrigação de dar primazia ao direito internacional.
Os Estado não tem de reconhecer a primazia do Direito Internacional sobre o Direito Interno
nem têm de anular regras internas. Não há imposição de reconhecimento de primazia, desde
que cumpram.
4. Em caso de incumprimento , vai ter de responder internacionalmente (responsabilidade
internacional), restituindo-se em espécie ou por equivalência
Se o Estado não cumprir com uma obrigação vai responder internacionalmente, ou seja,
regime responsabilidade internacional.
Isto é muito Relevante porque resolve a querela e tem aplicação prática imediata.
V - Mecanismos de Regulação
Como é que estas Posições de Princípio (Monismo e Dualismo) se podem substanciar em regimes
constitucionais.
As ordens jurídicas nacionais fixam no seu texto constitucional formal regras que visam regular as
relações de incorporação ou transformação das regras internacionais em direito interno, bem como a
sua aplicação pelos tribunais nacionais. - PT: art. 8º CRP
8º/1
I. “direito internacional geral ou comum” - direito consuetudinário/costume internacional
(essencialmente) mais princípios gerais (lógico, estruturante, vetores de orientações)
genericamente não escritos) + convenções universais obrigatórias (erga omnes).
➢ Através de uma interpretação extensiva! concluímos que inclui o costume particular
(regional, local ou bilateral)
II. “fazem parte integrante” - cláusula de receção automática, não se exige a prática de
qualquer ato.
8º/2 - Direito convencional prevê o regime aplicável as convenções internacionais das quais Portugal
faça parte - há receção plena
I. Exigência formal de publicação oficial não afeta o caráter pleno da receção, já que é uma
condição geral de eficácia das normas positivas
II. a ratificação ou aprovação no caso de tratados solenes ou acordos em forma simplificada
tem a ver com a vinculação
8º/3 Direito derivado - normas emanadas das OIs. (Regra introduzida com vista à adesão da CE (o
que só aconteceu em 1986)). regime de aplicabilidade direta com caráter eventual.
B. Fontes Materiais ≠ Fontes Formais - Materiais correspondem às razões pelas quais as normas
aparecem, enquanto as formais correspondem ao processo de revelação das normas.
C. Distinção entre fontes e normas - Normas correspondem ao conteúdo e substância de uma regra
elaborada segundo as exigências procedimentais de determinada fonte formal.
- A mesma norma pode resultar de várias fontes
- A mesma fonte pode dar origem a múltiplas normas
D. Elenco, ordem e hierarquia das fontes - O enquadramento das fontes costuma fazer-se por
referência ao artigo 38ª/1 ETJI que determina a aplicação, em sede de resolver as controvérsia que
lhe sejam submetidas:
I. As convenções internacionais (principais, regras específicas)
II. Costume
III. Princípios gerais do direito
IV. Doutrina (opiniões de jurisconsultos)e jurisprudência(fundamento da decisão do
tribunal)-fonte acessória (menos certas)
V. Aplicação da equidade (nº2) - fonte supletiva - depois de especificas
VI. Atos Concertados (não se encontra no art. 38º)
A ordem não corresponde a uma hierarquia mas a uma ordem de aplicação, por se preferir o regime
especial a que as partes se obrigam.
O elenco das fontes apenas fica completo com a ponderação dos atos concertados não
convencionais: há acordo de vontades e não há vinculação (oposto dos atos unilaterais)
Codificação do costume
Conversão de grupos de regras consuetudinárias sobre determinadas matérias em regras
(positivação) organizando-as de forma sistemática e coerente.
Esta codificação implica um risco de cristalização de conteúdos perdendo-se a adaptabilidade
característica da regra consuetudinária no entanto a diminuição da incerteza de conteúdo das
normas forne-se um importante impulso à cauda do DI.
IX - Convenções Internacionais
“Acordo de vontades, em forma escrita, entre sujeitos de direito internacional, agindo nessa
qualidade, regido pelo DI, de que resulta a produção de efeitos jurídicos vinculativos.
➔ Acordo de vontades traduz se na convergência dos atos voluntários, a afetação ou viciação
do carácter voluntário conduz à nulidade (não produz efeitos). As vontades podem se manifestar em
momentos diferentes. Aliás, este acordo exprime-se normalmente através de mais de um
instrumento, acrescendo habitualmente aquele que formaliza a vinculação como o de ratificação.
Quase Tratados: acordos(contratos) entre Estados e pessoas (coletivas) privadas estrangeiras que não
estão sujeitos apenas ao direito interno dos Estados mas não chegam a assumir caráter convencional
Fases do processo
➔ negociação: consiste nos atos segundo os quais os representante1 dos Estados acordam
sobre a substância, termos e redação de uma convenção (visa a elaboração e adoção do
texto2).
-> a adoção faz-se, segundo o art. 9º CV69, por consentimento das partes - nas convenções por via
diplomática, em especial nas bilaterais; se a convenção se fizer através de conferência
intergovernamental a exigência desce para ⅔.
1
representantes - (ou mandatários) normalmente designados por plenipotenciários, uma vez que o
documento que formaliza o mandato é tradicionalmente chamado de carta de plenos poderes.
2
texto - negociado a partir de um projeto; inclui um título preâmbulo para identificar as partes e
expor a motivação. - segue-se o dispositivo: o corpo das regras sob a forma de articulado segundo as
fórmulas sistemáticas tradicionais; no final identificam-se as cláusulas finais (adjetivas) + anexo.
➢ a prática dominante vai no sentido de serem designadas (as convenções) pelo local e data
em que ocorreu a assinatura;
➢ decorrem da assinatura obrigações de boa-fé, uma vez que esta cria expectativas de
vinculação que obrigam os participantes a agir com lealdade. (Estado que postriormente entende
não se vincular deve dar conhecimento)
➢ (efeito não material) - torna imediatamente aplicáveis as cláusulas (finais uma vez que elas
regulam o processo a seguir posteriormente (determinação do depositário, regras relativas à entrada
em vigor, possibilidade de adesão…)
➢ (efeito político) das assinaturas de vários Estados resulta a expressão do seu
consentimento/consenso em relação à regra em causa, o que fundamenta a existência da opinio
juris.
* Alguns tratados substituem a assinatura pelo depósito dos instrumentos de vinculação.
➔ Ratificação: Ato jurídico, individual e solene pelo qual o órgão competente do Estado afirma
a vontade deste se vincular à convenção.
Hoje a ratificação assume natureza simultaneamente:
- Política (suscitáveis de controlo jurisdicional)
- não vinculada ou livre - não há presunção de ratificação, o que torna legítimo as retificações
tardia e recusas de vinculação;
- Formal (depende da carta ou instrumento de ratificação);
- internacional: é regulada pelo direito internacional e visa produzir efeitos internacionais;
- não retroativa.
A vigência não se suspende caso as condições da entrada em vigor deixem de se verificar, excepto se
tal efeito for previsto.
Não é necessário que uma convenção vincule simultaneamente todos os Estados.
Aplicação: execução efetiva - as condições da entrada em vigor e aplicação podem ser diferentes,
uma convenção pode entrar em vigor e não se aplicar se essa aplicação derivar da verificação de
condições.
Assim como a aplicação pode ocorrer antes da entrada em vigor (por uma questão de urgência ou p/
obviar atrasos indevidos na urgência) - aplicação provisória.
≠ vigência provisória: quando os Estados que se sintam preparados para dar cumprimento às
obrigações convencionais possam fazê-lo entre si sem esperarem pela conclusão das exigências
formais.
≠aplicação progressiva
Registo: 102º/1 CNU envio do registo ao Secretário-geral das NU obrigação
- das partes convenção bilateral 80º/1 CV69
- do depositário convenções multilaterais 77º/ 1 g) e 80º/2
○ na falta de registo as partes não podem invocar a convenção
○ esta obrigação visa garantir o caráter público das convenções, visando a estabilidade
internacional
3. Reservas: 2º/1 d) CV69 - traduz-se numa condição à sua vinculação, gerando um regime
especial para o Estado em questão. -> efeito decorre da aceitação
➢ Vantagens: a flexibilização dos regimes convencionais facilita a vinculação de uma maior
número de Estados;
a admissão de reservas evita o prolongamento excessivo dos trabalhos das conferências
intergovernamentais (CIG)
➢ Desvantagem: pode conduzir a uma alteração indireta dos regimes, tornando regra geral o
que devia ser uma exceção; o que pode gerar instabilidade da aplicação dos regimes.
➢ Momento da formulação: se condiciona a vinculação é lógico que se formule antes desta.
○ 2.2.1. (Guia Prático das Reservas 2011)
○ 2.2.3.
○ 2.3.
➢ Competência: releva do plano interno - 2.1.3. mas subsistem no plano internacional regras
supletivas.
➢ Exigências formais:
○ 23º/1CV69
○ 2.1.1. 2.1.6. 2.2.4
○ 2.5.
As fases da reserva devem ser dirigidas ao depositário e efetuadas por escrito -este princípio visa
tornar a situação transparente e acessível.
➢ Admissibilidade ou Validade: o regime consagrada na CV69 parte do princípio da liberdade
(19º a) b)), tendo presentes as limitações decorrentes do próprio artigo, as quais podem
decorrer dos termos da própria convenção (explícita ou implicitamente) ou ainda quando a
reserva puder ser considerada incompatível com o objecto ou fim da convenção.
○ 3.1.3 e 3.1.4.
A invalidade das reservas torna-as nulas, independentemente da sua aceitação.
➢ Aceitação: é imprescindível que haja uma manifestação de aceitação ou recusa desse
condicionamento para esclarecimento da situação do Estado ou O.I.
20º CV69 distingue 4 situações:
1. se a própria convenção a tiver previsto é previamente produzida sendo desnecessária nova
manifestação;
2. se se tratar de convenções gerais basta a aceitação por 1 das partes;
3. convenções restritas: aceitação por todas as partes;
4. presunção de aceitação decorridos 12 meses sobre a ratificação da reserva.
➢ Objeção
○ 2.6.1 - definição
○ 2.6.9 - devem ser fundamentadas
○ 2.6.5 - e formuladas por escrito
A doutrina vai no sentido de admitir que as objeções possam envolver a recusa total ou parcial dos
efeitos pretendidos com a formulação da reserva -> pode assumir-se como aceitação?
○ 20º/4 b) e 21º/3 CV69 : cabe ao Estado objetor determinar se se opõe ou não.
➢ Estabelecimento: 4.2.1.
➢ Retirada: 2.5.1. o levantamento torna o regime mais estável e transparente por isso é livre e
pode ser feito a qualquer momento.
4. Declaração Interpretativa: ≠ reserva: não visam excluir ou modificar efeitos jurídicos de uma
disposição mas clarificar o seu sentido e alcance, visando por regra garantir a coerência das
regras convencionais com as de direito interno.
Delas não resultará nenhuma alteração das obrigações do Estado nem surgem como condicionantes
da vinculação.
○ 1.3. - efeito que visa produzir.
Os Estados não poderão reservar para si essa leitura, afastando a hipótese de regime especial.
Fases do procedimento
1. Negociação
○ a competência para negociar cabe ao Governo (Neg; Assin) nos termos do art.
197º/1 b) CRP.
○ dentro deste órgão cabe ao Ministro dos Negócios Estrangeiros - art.º 12º/1 DL 251
- A/2015
○ art. 1º DL 129/2011 - competência do MNE salvo competências atribuídas a outras
entidades públicas - 2º/1 DL 121/2011: (outros departamentos de matéria específica
ex: ambiente)
○ caso a negociação não seja levada a cabo diretamente(mas será sempre pro um
dept. do gov.) pelo o MNE, este há de acompanhar e pronunciar-se em todos os
momentos relevantes do processo.
○ as Regiões Autónomas não podem negociar autonomamente convenções, mas
admite-se que representantes dos seus governos integrem a equipa que efetuará a
negociação, de forma a acautelar eventuais interesses: 227º t) CRP
2. Assinatura
○ é também competência exclusiva do Governo - 197º/1 b), o regime nacional reserva
a sua prática para o Conselho de Ministros ou o 1º Ministro - 3 e 4 da Resolução
17/88
○ o plenipotenciário apenas poderá assinar ou rubricar com autorização prévia
expressa.
-> não podendo o Estado vincular-se pela assinatura não se vê necessidade de tanta
cautela > este regime pode querer evitar que se produza a vinculação pela assinatura
nos < acordos em forma simplificada>
-> em regra, é com a assinatura que se indicam os termos pelos quais se fará a
vinculação.
3. Aprovação
Regra geral - 161º i) - Assembleia da República competência subsidiária - 197º c) -Governo
➢ A norma 161º i) distingue 3 situações:
○ prevê um elenco de matérias em relação às quais as convenções terão de ser
aprovadas pela AR
○ + matérias nas quais a AR tem competência legislativa reservada (164º e 165º)
○ Aprova ainda os acordos que o Governo lhe submeta
As matérias que integrem a 1º parte da norma 161º i) são obrigatoriamente tratados solenes. Nas
restantes matérias pode seguir-se forma simplificada (a intervenção do PR limita-se à assinatura,
dispensando-se ratificações).
○ 197º/1 - o Governo aprova acordos cuja competência não seja da AR (não se enquadram no
161º i)). (Competência subsidiária ou residual)
○ 197º/2 - o ato próprio pelo qual o governo aprova uma convenção é o Decreto
4. Intervenção do PR
Embora a vinculação possa depender da aprovação (acordos em forma simplificada) a
intervenção do PR no processo vinculação é obrigatória:
Outras exigências:
3
Dirige-se ao tratado internacional e é não vinculado.
4
Assinatura do precidente incide sobre a aprovção(ato interno) é vinculada - os efeitos são internos ≠
assinatura da convenção que é competência do Gov que produz efeitos internacionais.
140º/1 CRP - Referenda ministerial dos atos de ratificação ou assinatura, acrescentando o nº2 que a
falta desta determina a inexistência jurídica do ato: o legislador suspende a existência dos atos sem
afetar diretamente a vinculação.
119º/7 b) - exige-se a publicação do tento das convenções dos avisos de ratificação e demais atos no
DR.
A falta de publicidade implica a ineficácia jurídica dos mesmo.
8º/2 - a entrada em vigor ocorre apenas quando essa circunstância se verificar também no plano
internacional.
Particularidades assinaláveis:
(onde se encontram desvios à prática internacional dominante)
➢ Não vinculação pela assinatura: é sempre necessária a prática de mais um ato, a aprovação
➢ Aprovação pelo Parlamento de acordos de forma simplificada:
Essa possibilidade cria 3 níveis de solenidade no procedimento nacional: para além dos acordos em
forma simplificada negociados, assinados e aprovados pelo o Gov e dos tratados solenes que
impõem a intervenção parlamentar e do Chefe de Estado, surge uma modalidade intermédia: a dos
acordos de forma simplificada que exigem a intervenção da AR: 161º i). Segunda parte apenas, retira
ao PR a apreciação política.
➢ Inexistência de regime para a adesão: enquanto que a nível internacional a vinculação parece
resultar sempre da aprovação ou ratificação
➢ Extensão da intervenção do Chefe de Estado: incide sobre todas as convenções, o que se
pode justificar face ao paralelo com os atos legislativos.
Vinculação E. Port.
Negociação :
A competência cabe ao governo 197º 1/b)
As regiões autónomas não negociaram autonomamente 227º t)
Assinatura : competência exclusiva do Governo 197 /1b)
Aprovação :
Regra geral é competência da AR 161º / 1 i)
será do Gov. de forma subsidiária 197º / 1 c)
-> o Gov aprova apenas acordos em forma simplificada em matérias de competência legislativa
concorrente
Intervenção do PR :
134º g) eventual fiscalização preventiva da constitucionalidade
-> 278º /1 suscitar a apreciação da norma pelo TC
No caso do TC se pronunciar pela inconstitucionalidade 279º/1 o PR deve devolver ao órgão que o
aprovou. 279º/4 a AR pode confirmar
A. Condições de Validade
1. Capacidade dos Sujeitos:
➢ Além de personalidade jurídica internacional os sujeitos têm de dispor de capacidade para se
vincular à convenção em causar.
➢ A questão da capacidade remete para as partes e não para os seus representantes-a
incapacidade destes é avaliável em sede de regularidade formal do consentimento.
○ O Estado Soberano é o único sujeito de DI com capacidade plena; no caso dos
Estados federados ou similares não dispõem, em princípio, de capacidade
internacional, devendo confirmar-se essa capacidade por referência ao direito
interno(constitucional).
○ A capacidade das OI trata-se de uma capacidade derivada da vontade dos Estados e
parcial (submetida ao princípio da especialidade dos fins).
○ Quanto aos movimentos nacionais existe uma limitação especial: estes apenas
podem celebrar tratados no âmbito da sua função que consiste em conduzir o povo
à autodeterminação.
○ A capacidade convencional dos beligerantes é praticamente reduzida aos acordos
que enquadrem a situação de beligerância (acordos humanitários, de paz
A falta de capacidade dos sujeitos não determina a invalidade do ato - este pode subsistir enquanto
contrato, perdendo a qualidade convencional.
2. Licitude do objeto:
Determina-se através de um confronto com um corpo de regras do qual se possa retirar ou avaliar da
licitude.
➢ inicialmente por referência aos princípios gerais ou bons costumes internacionais.
➢ mais recentemente (CV69) o o problema for parcialmente ultrapassado com a consagração
do conceito de jus cogens.
○ conjunto de normas às quais nenhuma derrogação é permitida e que só podem ser
modificadas por uma nova norma de DI geral com a mesma natureza (artº 53); as
regras de ius cogens são indisponíveis pelo facto de protegerem interesses da
comunidade internacional no seu conjunto e não apenas interesses das partes,
razão essa que justifica a nulidade das convenções cujas normas violem este tipo de
normas; as normas de direito peremptório são necessariamente de aplicação
universal, para adquirir essa qualidade não é necessária a aceitação e
reconhecimento de todos os Estados, bastando uma constatação de uma larga
maioria, esse reconhecimento processa-se quando em situação de conflito se
possibilita o recurso ao TJI a fim de confirmar a natureza imperativa da norma.
3. Regularidade do consentimento
➢ Formal: o artigo 46º CV69 consagra um regime assente no princípio de que as
irregularidades formais não afetam a validade, cabendo aos Estados determinarem
internamente os termos segundo os quais a vinculação ocorre e não havendo mecanismos
de controlo internacional a solução inversa geraria incerteza em relação às obrigações
convencionais.
A título execional admite-se que as irregularidades formais gerem uma nulidade (relativa). O regime
impõe dois requisito: que diga respeito a uma norma de importância fundamental e que a violação
tenha sido manifesta (que as outras partes tivessem obrigações de conhecer dessa violação).
O artigo 47º prevê o excesso de mandato pelo representante como subespécie de irregularidade
formal. Tal situação releve quando tenha sido levada ao conhecimento dos outros Estados.
➢ Substancial: a regularidade substancial depende da inexistência de vícios do consentimento.
O consentimento é regular na medida em que a vontade expressa nesse sentido
tenha sido livre e informada.
-> Vícios:
○ Erro: 48º prefiguração incorreta da realidade que incide sobre um elemento
essencial, insuscetível de obrigar as partes à luz dos princípios de boa fé.
nº2 - Impede a invocação do erro
a jurisprudência insiste que não releva se o Estado estivesse em posição de o evitar
se o Estado estivesse em posição de o evitar
nº3 - ≠ erro de redação
○ Dolo: 49º - conduta fraudulenta que terá conduzido um Estado a vincular-se (não
releva a conduta de Estados que não tenham participado das negociações ou que
tenha conduzido à abstenção).
○ Corrupção: 50º - subespécie de dolo
≠ mera cortesias ou favores mínimos
○ Coação do representante (51º): envolve qualquer tipo de violência (direta ou
indireta) ou chantagem.
○ Coação do Estado (52º) : apenas releva para o efeito a ameaça ou uso da força física
○ A distinção deve fazer-se em razão dos interesses ameaçados.
B. Regime das Nulidades
1. Nulidade absoluta - 51º a 53º
2. Nulidade relativa (anulabilidade - 46º a 50º
As nulidades absolutas afetam o interesse geral e a ordem pública, são invocáveis por qualquer
interessado e insuscetíveis de prescrição ou confirmação; diferentemente, as relativas estão sujeitas
a prescrição, podem ser confirmadas e são invocáveis apenas pelo beneficiário da proteção.
As nulidades relativas afetam apenas o consentimento e por isso a sua invocação visa invalidar esse
consentimento, diversamente, as nulidades absolutas visam a anulação do tratado.
Os regimes variam relativamente à divisibilidade das convenções, disposto no art. 44º, no caso das
nulidades relativas admite a expurgação dos vícios por divisibilidade (eliminação das regras viciadas),
no tocante às absolutas afirma-se a indivisibilidade.
C. Procedimento de Anulação
Mecanismo consagrado na CV69:
1. 65º declaração de nulidade (apenas pelos Estados cujo consentimento foi viciado no caso
das relativas e por qualquer interessado no caso das absolutas) feita a todas as partes por
escrito (67º/1) e concedendo a estas um prazo para pronunciarem não menor que 3 meses,
por escrito (65º/2)
2. Decorrido o prazo, se não houver objeções deverá procurar-se 1 solução (65º/3) por
qualquer meio pacífico (33º CNU).
3. Não surgindo solução dentro de um ano após a objeção segue-se:
3.1. Tratando-se de diferendo relativo a regras de jus cogens, ou uma das partes submete
a questão ao TJI (66º/1), ou todas as partes submetem por acordo a questão a uma
instância de arbitragem.
3.2. Nos restantes casos dar-se-á início ao procedimento de conciliação previsto no anexo
à CV69
O procedimento evidencia limitações importantes: os prazos são relativamente longos e o resultado
não é obrigatório.
Efeitos (consequências decorrentes da verificação das nulidades)
➔ Cessação de vigência: disposições nulas não produzem efeitos, assim, se a convenção estava
em vigor essa vigência cessa imediatamente (só as nulidades absolutas implicam a nulidade
da convenção).
➔ Retroatividade: a declaração de nulidade implica que os efeitos retroagem ao momento em
que se produziu o vício, pelo que em regra deverá restabelecer-se a situação que existiria se
não fosse essa vigência imprópria.
➢ Nas nulidades relativas o que deve ser anulado retroativamente são os efeitos
resultantes da participação indevida deste Estado.
➢ No caso das nulidades absolutas, a nulidade é geral pelo que qualquer efeito
resultante da convenção é indevido devendo repor-se a situação que existiria se a
mesma não tivesse sido aplicada.
● Exceções: as situações em que pode ser pedido que a situação (que existiria
se os atos não fossem praticados) se restabeleça são limitadas pelo 69º/2:
➢ se a nulidade foi provocada pela atuação voluntária da outra parte é retirada
a esta a possibilidade de solicitar ral restabelecimento - desta forma
impede-se que alguém possa obter vantagem do que seu ato ilícito.
➢ atos praticados de boa-fé não são afetados pela invalidade.
➔ Indivisibilidade: o princípio geral é de que verificando-se a existência de uma causa de
nulidade esta afeta todo o tratado 44º/2 indivisibilidade
➢ A indivisibilidade é absoluta no que toca às nulidades absolutas.
➢ Quanto às nulidades relativas subsistem dois regimes excecionais:
○ Divisibilidade obrigatória (44º/3) - erro;
○ Divisibilidade facultativa (44º/4)
Fontes Acessórias:
Jurisprudência: 38º ETJI - consiste na doutrina que resulta da leitura e explicação das
decisões dos tribunais internacionais.
Doutrina: Tem maior importância na ordem interna, uma vez que a nível internacional existe uma
maior presença de direito anglo-saxónico de base jurisprudencial.