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O Senhor Deus é um eterno refúgio para o Seu povo

Salmo 90
 
Amados irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo
Será que um salmo escrito há 3.500 anos pode falar a nossa situação no início do século
XXI?
A resposta bíblica é: sim, porque toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de
Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. (2Tm 3.16).
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil…
O Salmo 90 não é uma exceção. Foi escrito por Moisés, homem de Deus. “Homem de
Deus” é o jeito que o Antigo Testamento usa para descrever um profeta de Deus. Moisés,
como todo verdadeiro profeta, cheio do Espirito Santo, fala revelações inspiradas pelo
próprio Deus. Não fala supostas revelações que se focalizam no homem, que glorificam e
valorizam o homem e os seus desejos. Ao contrário, ele fala revelações de verdades
fundamentais, verdades básicas, sobre a grandeza e majestade de Deus, sobre a humildade
do pobre pecador, e sobre a gloriosa salvação que Deus executou para o Seu povo.
Moisés escreveu este salmo na época em que o povo de Israel estava andando 40 anos no
deserto. Estes 40 anos eram um castigo sobre Israel. Mas o valor deste Salmo não se
restringe ao povo de Deus naquela época e naquela situação. O Salmo revela verdades
fundamentais sobre Deus, sobre o estado do homem pecador, e sobre a salvação pela
graça. Em 3.500 anos, nenhuma destas coisas mudou. Deus permanece, como ele sempre
vai permanecer, o mesmo Deus: eterno, imutável. O homem ainda permanece pecador,
vivendo num mundo que está sofrendo a maldição de Deus sobre a rebelião do pecado. E
hoje, como há 3.500 anos, a única esperança para o pobre pecador é buscar a face de Deus e
a Sua graça. Prestemos atenção, então, a Palavra de Deus. Deus está falando a você, hoje,
através deste texto. Ele esta nos ensinando que:
Tema: O Senhor Deus é um eterno refúgio para o Seu povo
Ele nos ensina:

 1. A grandeza e a majestade do nosso refúgio

 2. A urgente necessidade de termos este refúgio

 3. As conseqüências de termos o Senhor como nosso refúgio

1. A grandeza e a majestade do nosso refúgio


Moisés usa uma palavra “refúgio” que significa um lugar seguro, onde podemos morar
sem medo. O significado básico é “morada”. É como ele está dizendo: Senhor, nós estamos
rodeando no deserto; não temos casas, não temos um lugar fixo para morarmos; mas tu,
Senhor, és nossa morada. Podemos até ficar sem teto, sem terra; mas tu, Senhor, és nosso
abrigo.
Esta verdade não é apenas algo pessoal, um sentimento ou uma experiência individual de
Moisés; ele fala em nome do povo de Deus — “nosso” refúgio. E ele não limita esta
verdade ao povo de Deus naquela época — ele declara que Deus é o abrigo do Seu povo
“de geração em geração”.
O que Moisés falou sobre Deus lá nestes 40 anos no deserto, aplica-se igualmente ao povo
de Deus de todas as gerações. Os atributos de Deus nunca mudam; Deus nunca muda.
Quando o Seu povo estava sofrendo no Egito; quando estavam rodeando no deserto;
quando estavam cativos num país estrangeiro; quando o povo de Deus sofreu
perseguições durante a época da Igreja primitiva; ou as perseguições mais horríveis e
sangrentas na época da Reforma — em todas as épocas da Igreja de Cristo, seja no Antigo
tanto ou no Novo Testamento, uma verdade permanece um irrefutável: O Senhor é o
nosso refúgio, de geração em geração.
Não deixa de ser verdade em nossos dias: posso passar problemas de saúde, falta de
trabalho, posso sofrer por causa de Cristo no meu trabalho, na escola, na minha
comunidade, ou até em meu próprio lar e na minha própria familia; podemos viver numa
época de violência em nossa cidade e em nosso país, uma época de incerteza política e
econômica na Argentina e na América do Sul em geral; podemos presenciar atos de terror
e violência nos Estados Unidos e no Afeganistão; podemos viver num clima de medo
quando a Índia e o Paquistão ameaçam usar suas armas nucleares… Mas nenhuma destas
coisas pode abalar nossa suprema confiança: O Senhor é o nosso refúgio, de geração em
geração.
Para nós, e para os nossos filhos, nós que somos povo de Deus, nossa alegria, nosso
conforto, nossa segurança, nossa esperança, nossa vida não depende de algo abalável.
Para ilustrar a solidez e a segurança do nosso refúgio, Moisés faz uma comparação com as
coisas que parecem as mais seguras e as mais sólidas que existem: os montes, e o mundo.
Podemos imaginar que cidades serão destruídas, que governos podem cair, que torres
grandes podem ser derrubadas, mas se há algo em que podemos confiar é que a terra
permanece em seu lugar, e que as montanhas continuam em seus lugares.
Moisés diz, em efeito: você acha que os montes, que a terra são seguros e sólidos? Antes
que os montes nascessem, e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade,
tu és Deus. Em outras palavras: há algo ainda mais certo, mais seguro, mais inabalável:
Deus existe de eternidade a eternidade. Isto é o único fato inabalável: que nosso Deus
existe, existia, e sempre existirá. Por isto, o salmista, no Salmo 46 fala:
Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não
temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares!
Se Deus é uma morada mais estável, mais sólida, mais segura do que os montes e a terra,
que já existem há milhares de anos, quanto mais Ele é um refúgio mais confiável do que o
homem, que só existe há alguns anos nesta terra!
Moisés, como todo verdadeiro profeta, abaixa o homem, e enfatiza a glória de Deus. Por
natureza, confiamos em nós mesmos, ou em nossas obras, ou em outras pessoas. Mais
Moisés deixa bem claro como isto é ridiculo! Deus manda o homem voltar ao pó; ele corta
a vida do homem como a relva! Para nós, cem anos parece um tempo bastante longo, mas
para Deus mil anos é como um só dia que passa rapidamente.
2. A urgente necessidade de termos este refúgio
É exatamente esta transitoriedade do homem que nos enfrenta com a necessidade urgente
de termos um refúgio inabalável. E Moisés explica por que o homem é tão transitório, por
que ele é tão temporário: é o nosso pecado! (vs. 7-8)
Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor, conturbados. Diante de ti puseste as
nossas iniqüidades, e sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos.
Moisés fala sobre o estado do homem, vivendo sob a maldição de Deus sobre o nosso
pecado (Gn 3:17-19): “Maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento
durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva
do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste
formado; porque tu és pó, e ao pó tornarás.”
É claramente à luz desta maldição de Deus sobre a terra, sobre nosso trabalho, e sobre a
vida humana, que Moisés entende o sofrimento e a brevidade da nossa vida (v 9,10):
“Pois todos os nossos dias se passam na tua ira; acabam-se os nossos anos como um breve
pensamento. Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta;
neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós
voamos.”
Como isto é diferente do pensamento dos nossos dias! A religião moderna não aceita que
todo o sofrimento e a brevidade das nossas vidas sejam por causa do justo julgamento de
Deus sobre o pecado! O mundo não aceita um Deus que julga! Inventou um Deus que só
sabe amar!
Não reconhecendo a ira de Deus contra pecado, não reconhecendo que todo sofrimento e
tristeza da vida humana é por causa do julgamento e da maldição de Deus sobre o pecado,
o mundo não aprende o temor de Deus. Em vez de se humilhar perante Deus, rogando
Sua misericórdia, o mundo inventa uma falsa imagem de Deus: um Deus fraco, um Deus
que “sofre” com suas criaturas; um Deus que realmente não gosta de ver suas criaturas
sofrer, mas que acaba sendo mais fraco do que o diabo, que está causando todo este
sofrimento sem Deus poder fazer quase nada.
Moisés nos ensina que se nós reconhecermos o poder da ira de Deus, vamos aprender o
temor de Deus — que é o princípio da sabedoria. Se nós aprendermos a contar nossos dias,
isto é, aprendermos como somos fracos, como não existe nenhuma razão para colocarmos
nossa confiança em nós mesmos ou em nenhum outro ser humano, alcançaremos um
coração sábio.
O que é ter temor de Deus, ter um coração sábio? É simplesmente entender que somos
pobres pecadores, vivendo num mundo que está debaixo da maldição de Deus sobre o
nosso pecado; e que é loucura colocar nossa confiança em nós mesmos ou nas obras das
nossas mãos.
O homem que não conhece o poder da ira de Deus, se acha bom. Acha que ele tem
esperança para desenvolver, para a raça humana se desenvolver para acabar com pobreza,
com violência, com guerra, com doença. O homem que não conhece o poder da ira de
Deus, procura se abrigar na suposta bondade do próprio homem!
Mas que nós aprendamos como somos pecadores, como somos humildes, fracos; como não
há coisa alguma em nós mesmos para colocarmos nossa confiança! Quanto mais
aprendemos que não há no homem nenhum refúgio, nenhum abrigo seguro… mais somos
impulsionados para Aquele que é um verdadeiro refúgio, de geração em geração!
É isto que Moisés faz logo… (v. 13)
Ele clama ao Senhor: Volta-te Senhor! Até quando?
O significado não é que Deus está ausente, distante. Moisés está pedindo a Deus que Ele
pare com sua ira contra o seu povo. Ele está clamando pela misericórdia e graça do
Senhor. Este é o único recurso para o pobre pecador! Clamar pela misericórdia e graça do
Senhor. Quanto mais conhecermos o poder da ira de Deus, mais sentimos a urgente
necessidade de clamarmos pela graça do Senhor! É isto que precisamos fazer, e é isto que
nosso bairro, nossa cidade, nosso país, e nosso mundo precisa fazer!
3. As conseqüências de termos o Senhor como nosso refúgio
São várias as conseqüências de termos o Senhor como nosso refúgio. Moisés está pedindo
várias coisas nos vv. 13-17, porque ele sabe bem que estas coisas com certeza são coisas
que Deus concede àqueles que correm para se refugiar nEle.

 a. Ele nos sacia com a Sua benignidade, para que cantemos com júbilo e
nos alegremos todos os nossos dias.

Já agora, hoje, no meio dum mundo cheio de violência e sofrimento, o filho de Deus,
aquele que tem Deus como seu refúgio, já pode sentir o início da alegria eterna! Deus
respondeu a esta oração de Moisés duma forma muito mais poderosa do que Moisés podia
imaginar. Em Jesus Cristo, Ele nos enche com sua graça, seu amor, seu próprio Espírito.
Nos enche com a paz que excede todo o entendimento! (Fp 4.7) Já agora, podemos viver
alegres, sempre cantando salmos, hinos e cânticos espirituais, porque sabemos que temos
um Salvador, que somos lavados no sangue do Cordeiro, que temos uma herança
imperecível!

 b. Ele nos alegra por muitos mais anos do que nos suportamos a
adversidade.

Moisés pediu alegria por tantos anos quantos suportou a adversidade. Talvez ele se
referisse aos 40 anos no deserto; talvez ele estivesse pensando também nos 400 anos no
Egito. Mas Deus em sua graça tem algo muito maior para nós!
Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser
comparados com a glória a ser revelada em nós.
Jesus está preparando um lugar, uma morada para nós, onde nós vamos morar para
sempre! Em Cristo, Deus está respondendo duma forma infinitamente generosa, à oração
do Moisés.

 c. Ele nos revela Suas obras, e sua glória, a nós e aos nossos filhos.

Primeiramente, Ele se manifestou como Deus Salvador quando concedeu a seu povo a
terra prometida. E quanto mais em Jesus Cristo!
Somos uma raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus, a fim de proclamarmos as virtudes (obras) daquele que nos chamou das trevas para
a sua maravilhosa luz.
Temos aqui (na Bíblia) o registro das obras gloriosas de Deus. Somente nós, que confiamos
em Deus, que temos Deus como nosso refúgio, podemos entender estas obras glóriosas. O
homem natural não entende. Nós temos o dever de proclamarmos estas obras gloriosas ao
mundo, para glorificar o nome de Deus.

 d. A graça do Senhor permanece sobre aqueles que se refugiam em Deus.

Assim, irmãos, nossas vidas têm significado! Para aquele que confia em Deus, que faz
parte do corpo de Cristo, sua vida não é mais somente canseira e enfado!
Nossas vidas têm sentido, em Cristo!
A vida do homem natural não tem significado. Ele nasce, ele procura sua própria glória,
ele morre sem conseguir muita coisa. O crente tem uma vida cheia de significado! Nós
vivemos para a glória de Deus! Cristo torna nossas vidas importantes!
Por isto, podemos olhar o ano 2022, este ano passado, e apesar de todos os pecados, todas
as fraquezas, todas as quedas, podemos com confiança aparecer perante Deus, e dizer:
Confirma sobre nós as obras das nossas mãos! porque o sangue do teu Filho cobre todas a
falhas! e o poder do Teu Espírito está agindo em nós, para nos guiar nas boas obras que tu
preparaste de antemão para andarmos nelas!
Isto é consolo para nós, irmãos. Podemos sair do ano 2021, e entrar no ano 2022, sabendo
que Cristo cobre com o seu sangue todos os pecados do ano passado. Ele estabelece as
coisas boas que fizemos pela graça de Deus. Ele valoriza sua vida, suas obras. Sua
fidelidade no lar. Suas lutas para permanecer fiel no seu trabalho. Valoriza seu esforço
para ensinar seus filhos no caminho do Senhor. Ele confirma estas coisas porque é Ele que
pelo seu Espírito está produzindo estas boas obras em nós. Não pode achar que sua vida
não tem sentido, que você não tem muito a contribuir. Deus está atuando e agindo em
você, produzindo fruto para seu bem, para a edificação do povo de Deus, e para a Sua
glória!
Temos um refúgio. Temos um abrigo seguro. Podemos com alegria entrar o ano novo;
podemos criar nossos filhos, fazer nossos trabalhos, lutar a boa luta, porque nossas vidas
estão ocultas com Cristo em Deus. Nós não confiamos em nós mesmos, em nossas obras,
mas temos um refúgio estável, inabalável, eterno, em Deus! “Aquele que confessar que
Jesus é o filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus. Deus é amor, e aquele que
permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.”
E nada, nada poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Amém.

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