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A INTELIGÊNCIA TERRITORIAL
DA 2.ª RURALIDADE
António Covas
Maria das Mercês Covas
OS TERRITÓRIOS-REDE
A INTELIGÊNCIA TERRITORIAL
DA 2.ª RURALIDADE
Edições Colibri
Biblioteca Nacional de Portugal
– Catalogação na Publicação
CDU 332
Título: Os territórios-rede.
A inteligência territorial da 2.ª ruralidade
Autores: António Covas e Maria das Mercês Covas
Editor: Fernando Mão de Ferro
Capa: Raquel Ferreira
Depósito legal n.º 378 208/14
Nota Prévia........................................................................................................ 15
I Parte
Introdução ......................................................................................................... 29
Conclusão .......................................................................................................... 66
II Parte
Introdução ......................................................................................................... 69
III Parte
Ou ainda,
O livro que agora se apresenta é composto por três partes e nove capítu-
los. Na I Parte tratamos do novo contrato social da 2.ª ruralidade, se quiser-
mos, da policontextualização favorável à ocorrência dos territórios-rede da
2.ª ruralidade. No capítulo 1 começamos por abordar, numa perspectiva qua-
se doutrinária, aquilo que designamos como “declaração de princípios do
movimento da segunda ruralidade”, um decálogo de princípios que, julga-
mos, resume bem os fundamentos essenciais do nosso “labor construtivista”.
No capítulo 2, elaboramos um pouco mais sobre a transição dos territó-
rios-zona para os territórios-rede, de acordo com a hermenêutica própria da
noção de região cognitiva, isto é, de uma região que pela sua auto-
-organização é capaz de reflectir, aprender e crescer.
No capítulo 3 regressamos aos conceitos e às temáticas da multifuncio-
nalidade e dos bens de mérito e reputação para esclarecer e justificar quais os
atributos que gostaríamos de reconhecer nos bens e serviços produzidos por
uma sociedade participativa e contratual, o caldo de cultura onde germinará a
região cognitiva e a formação dos territórios-rede da 2.ª ruralidade.
Na segunda Parte abordamos a base agroecológica e agroecossistémica
da 2.ª ruralidade que aqui designamos como o advento da 3.ª revolução ver-
de. No capítulo 4 abordamos o contributo da teoria da modernização ecoló-
gica que na literatura especializada é denominado de 2.ª revolução verde,
numa lógica e num registo de “modernização reflexiva” levada a cabo no
“interior do sistema dominante”.
António Covas e Maria das Mercês Covas 27
Introdução
Isto quer dizer que outros critérios, com outras referências, por exem-
plo, as “regiões naturais” reportadas a unidades de paisagem ou as “regiões
virtuais” reportadas a certas tipologias de rede e inteligência territorial ou,
ainda, “regiões funcionais” reportadas a certos tipos de aglomeração econó-
mica e sistemas produtivos locais, acabam por ser relegadas para plano
secundário. Já para não falar das “regiões administrativas”. Estamos, portan-
to, no país dos “territórios-zona”.
Assim sendo, estamos, portanto, num país bipolar em que a administra-
ção central é grande demais para resolver os pequenos problemas e a admi-
nistração local é pequena demais para resolver os grandes problemas. Infe-
lizmente, é à volta desses dois níveis de administração que gira a maior parte
das políticas públicas, pois é também aí que se monta a “girândola político-
30 Os territórios-rede
dade portuguesa estará ou não disponível para subscrever com o mundo rural
português.
8. A 2.ª R assumirá uma filosofia da paisagem que nos diz que os espaços
verdes da cidade do século XXI não deverão ser concebidos à-
-posteriori, por via de um mero decorativismo vegetal, em arranjos pai-
sagísticos, na vegetalização e enquadramento de infraestruturas ou em
paisagismos pictóricos, mas sim concebidos como uma obra de arqui-
tectura paisagística de carácter interdisciplinar e transdisciplinar;
E, no entanto.
Durante 30 anos de apoios europeus, houve inúmeras oportunidades para
que territórios privados e territórios públicos aprendessem a construir em con-
junto “um novo interesse comum” e este, por sua vez, convertido em “um novo
espaço público”. Esta “dupla conversão” de interesses particulares em interesse
comum e em espaço público constitui a matéria-prima de onde emergirá a filo-
sofia e o policy-problem dos territórios-rede do próximo futuro.
Durante 30 anos de apoios europeus, aquela “dupla conversão”, feita de
mobilização, agregação, cooperação e aprendizagem mútua dos territórios
particulares, podia ter acontecido por vias muito diversas. Em primeiro
lugar, por via de laços de vizinhança e proximidade no quadro de uma lógica
de integração sociocomunitária e associativa, por exemplo, através da orga-
nização das pequenas comunidades e aldeias e sua agregação no limite dos
44 Os territórios-rede
rida à “solução multifuncional” que pode ser satisfeita por outras actividades
não-agrícolas. A política pública deve ser muito selectiva e cirúrgica e visar
os casos em que há, manifestamente, uma subprodução de externalidades
positivas. Digamos que para a teoria positiva quanto menos multifuncionali-
dade melhor, o que não significa rejeitar ou ignorar a importância dos bens
de mérito em geral.
veis. Existe, pois, um mercado e um preço que se podem comparar, com uti-
lidade, aos custos e benefícios externos da produção agrícola primária.
As externalidades têm as características de bens de interesse público, no
caso mais geral dos bens públicos puros (a beleza da paisagem rural ou o ar
puro da serra). Nos casos dos bens públicos não-puros, os mais frequentes,
podem acontecer situações de acesso condicionado e de algum congestiona-
mento na sua utilização. Recordemos que os bens de interesse público são
muito variáveis e ocorrem no espaço de uma forma irrepetível. Os bens
públicos puros (a qualidade do ar, o habitat, a biodiversidade) são geralmen-
te oferecidos pelo Estado-administração, sendo difícil estimar a sua procura.
É possível, pois, que haja sobreprodução nuns casos e subprodução noutros
casos. Os bens puros locais (os serviços municipais de incêndios, o serviço
de protecção civil), pelo seu âmbito e natureza são oferecidos com maior
precisão. Os recursos de acesso livre (os bens oceânicos) são, geralmente,
sobre-explorados. Os recursos em propriedade comum (condomínio) reve-
lam uma preferência pela gestão associativa/colectiva, mas, também, podem
ser geridos por uma empresa de gestão de condomínios. Os bens com acesso
privilegiado (campo de golfe ou reserva de caça) têm geralmente uma gestão
privada. As reservas de caça, por exemplo, podem ter uma gestão colectiva
(reserva municipal), associativa (reserva associativa) ou privada (reserva
turística).
ponto de vista social, não pode ser vista unicamente como a produção de
bens agrícolas. A actividade de produção faz-se acompanhar de efeitos
externos que têm um valor, em si, do ponto de vista social e para os quais os
consumidores revelam um consentimento em pagar que depende da forma
como eles representam essa realidade. Estas representações dos cidadãos e
dos consumidores, mas também de outros actores, acerca da benevolência
dos efeitos externos da agricultura, não podem ser malbaratadas, têm que ser
preservadas, sob pena de gerar um efeito de ricochete sobre a valorização
das próprias produções de base, com consequências imprevisíveis.
Tal como os mercados, também as representações dos actores vão
variando com o tempo e o espaço, verificando-se que existe uma relação
directa entre a representação e a valorização que é atribuída à multifunciona-
lidade agrícola. De um ponto de vista normativo, a multifuncionalidade está
na origem de um novo modelo de acção pública e política. O seu objectivo é
oferecer estímulos que conduzam a produção conjunta da agricultura num
sentido desejado pelas procuras da sociedade.
Este livro é sobre a construção social dos territórios da 2.ª ruralidade.
Ora o referencial teórico da teoria normativa gira, justamente, em redor do
princípio da “produção social de multifuncionalidade”. Isto quer dizer,
também, que as falhas de mercado são uma pequena parte do problema,
são igualmente importantes as falhas das instituições e das políticas públi-
cas. O referencial da teoria normativa gira em redor de três vectores: uma
dimensão privada em redor das normas de mercado, uma dimensão pública
relativa às normas sobre externalidades e bens públicos e uma norma
colectiva relativa à organização local de bens públicos locais e globais
(bens colectivos locais).
Já o dissemos, o mercado pode resolver uma parte, talvez crescente, da
multifuncionalidade agrícola. Mas os custos de transacção existem. São os
custos de conversão-inovação, por exemplo, relativos à conversão biológica
ou à conversão agro-turística. São os custos de organização ligados à criação
das competências alternativas nas áreas profissional, da formação e investi-
gação, da divulgação e da organização interprofissional. São, finalmente, os
custos de inovação institucional, por exemplo, as novas competências públi-
cas e os novos modelos de governança agrorural e territorial.
Conclusão da I Parte
e) O risco tem uma narrativa política, logo o discurso político pode “ser-
vir-nos” diferentes tipos de risco; o risco global altera, porém, a percep-
ção do risco e a forma como o Estado “democratiza o risco global” pas-
sa a ser um elemento crítico de análise e decisão políticas, ao abrir para
variadas ideologias, culturas e políticas de risco.
Comunidade e associação
Estas duas noções, ricas na teoria social mais tradicional, pertencem a
uma “integração fraca” que é muito vulnerável aos custos de contexto e às
variações voláteis dos mercados externos, não obstante poderem proporcio-
nar algumas externalidades positivas que têm a ver com a formação do capi-
tal social local (por exemplo, as cadeias curtas de bens alimentares), por
oposição aos interfaces institucionais mais próximos da intervenção pública
84 Os territórios-rede
Exclusão e requalificação
De acordo com Marsden (2004), nas comunidades florestais do Reino
Unido observa-se um longo e continuado processo de disempowerment e, em
consequência, uma crescente marginalização das respectivas populações por
parte dos mercados e das autoridades públicas. Todavia, este processo de
exclusão-requalificação é, em si mesmo, uma via privilegiada para observar
a forma como as comunidades se relacionam com a natureza e como com-
põem com ela diferentes modos e processos de sustentabilidade face aos
imperativos de curto prazo do mercado.
Outra fonte de exclusão reside no funcionamento das grandes cadeias de
bens alimentares, na sua “cumplicidade” com os consumidores e capacidade
para afastar os “concorrentes locais” através de preços flexíveis e agressivos.
Os consumidores, uma vez afastada a concorrência local, acabam, também,
por pagar mais caro os bens alimentares e em muitas áreas urbanas e rurais
do Reino Unido estes arranjos monopolísticos são uma prática comum.
Uma terceira fonte de exclusão diz respeito aos produtores primários e
aos pequenos industriais, cada vez mais afastados dos mercados retalhistas
por factores de custo como normalização, calibragem, higiene e segurança
alimentar. Agora, é a grande distribuição e retalho que controla a qualidade
da produção final ao consumidor, já não são, como antes, os vendedores de
factores de produção aos agricultores e industriais. Estes exemplos mostram
como os processos de aprendizagem implicados por este movimento de
exclusão e requalificação são um factor poderoso de construção social em
permanente actividade.
exigidas por estas variedades são realizadas através de uma crescente artifi-
cialização agroecossistémica.
A estratégia agroecológica
No plano ecotecnológico, a produção sustentável de um agroecossistema
deriva do equilíbrio sistémico entre plantas, solos, nutrientes, luz solar, humi-
dade e a comunidade biótica envolvente. O agroecossistema é produtivo, sau-
dável e resiliente quando essas condições de crescimento prevalecem e quando
as perturbações podem ser superadas por métodos alternativos, adaptados e
flexíveis, sem provocar danos desnecessários ou irreparáveis. Além da luta
contra as pragas, doenças ou problemas do solo, o agroecologista procura res-
taurar a resiliência e a força do agroecossistema. Se a causa da doença, das
pragas, da degradação do solo, por exemplo, for entendida como desequilíbrio,
então o objectivo do tratamento agroecológico é restabelecê-lo. Na agroecolo-
gia, a preservação e ampliação da biodiversidade dos agroecossistemas é o
primeiro princípio utilizado para produzir auto-regulação e sustentabilidade
(Altieri et al, 1987). Quando a biodiversidade é restituída aos agroecossiste-
mas, numerosas e complexas interacções passam a estabelecer-se entre o solo,
as plantas e os animais. O aproveitamento de interacções e sinergias comple-
mentares pode resultar em efeitos benéficos, uma vez que:
– Cria uma cobertura vegetal contínua para a protecção do solo;
– Assegura uma constante produção de alimentos, variedade na dieta ali-
mentar e produção de alimentos e outros produtos para o mercado;
– Fecha os ciclos de nutrientes e garante o uso eficaz dos recursos locais;
– Contribui para a conservação do solo e dos recursos hídricos através da
cobertura morta e da protecção contra o vento;
– Intensifica o controlo biológico de pragas fornecendo um habitat para
os inimigos naturais;
– Aumenta a capacidade de uso múltiplo do território;
– Assegura uma produção sustentável das culturas sem o uso de inputs
químicos que possam degradar o ambiente.
94 Os territórios-rede
Esta middle level approach envolve uma rede constituída pelas organi-
zações de produtores, os serviços de extensão rural da administração pública,
as instituições de ensino superior e investigação agrária e as associações de
desenvolvimento local que, no conjunto, representam os principais stakehol-
ders do processo de conversão agroecológica. Os territórios-rede podem ser
usados com este propósito e esse pode ser uma das suas justificações. Em
abono da verdade devemos dizer que a última reforma da PAC, por via do
seu esverdeamento, ficou mais próxima desta abordagem intermédia, em par-
ticular, pelo reconhecimento da importância dos bens públicos rurais de
natureza agroecológica e ecossistémica.
Assim sendo, com base no artigo 5.º da Convenção cada Parte signatária
compromete-se a:
a) Reconhecer juridicamente a paisagem como uma componente essencial
do ambiente humano, uma expressão da diversidade do seu património
comum, cultural e natural, e base da sua identidade;
Um dos factores que, hoje em dia, mais contribui para esta multiplicida-
de de representações da paisagem são as distintas “culturas de risco” que
temos à nossa frente. Esta conexão entre representação paisagística e cultura
de risco afigura-se decisiva porque é, em boa medida, a cultura do risco e a
sua transmutação territorial que nos permitirão traçar a identidade e o carác-
ter da paisagem que queremos delimitar. Ora, as distintas representações da
paisagem que daqui derivam estarão na base de outras tantas unidades de
paisagem do território e são estes diferentes sistemas naturais e naturalizados
que deverão enfrentar, não apenas a imprevisibilidade e a violência do risco
global mas, também, operar a ulterior reabilitação e reconstrução dos diver-
sos territórios assim representados. Por outro lado, as políticas de paisagem
também contraem e dilatam embora menos frequentemente e menos rapida-
mente do que as políticas de produção. Podemos ter políticas de paisagem
entrincheiradas em áreas de paisagem protegida, em santuários conservacio-
nistas e terroirs remotos ou podemos, ao contrário, ter uma política de paisa-
gem horizontal e musculada capaz de se impor às diversas políticas sectoriais
e respectivas actividades económicas.
António Covas e Maria das Mercês Covas 111
Mas este facto não diminui a sua pertinência estratégica e o império da lei é,
obviamente, para cumprir. Na Tabela n.º 5 temos o que poderíamos designar
como a “paisagem-normativa do sistema-paisagem”, todavia, para este efei-
to, estamos ainda longe de ter um sistema integrado de planeamento e gestão
das unidades de paisagem contidas nos programas regionais de ordenamento
do território (PROT), dos sistemas produtivos locais e dos sistemas alimenta-
res de proximidade que lhe correspondem. Quando lá chegarmos estaremos,
seguramente, muito mais próximos do pensamento de GRT.
Paisagem Global
Nível 1
(Nacional)
Nível 2
(Regional)
PROT ERPVA
Prog. Regional de Nível 3 Estrut. Regional
de Protecção e
Ordenamento
do Território
(Sub-regional) Valorização
Ambiental
Nível 4
(Municipal)
PDM EEM
Plan. Direct. Estrut. Ecol.
Municipal
Nivel 5 Municipal
PNPOT IGT
Prog. Nacional de Instrumentos de
Polít. Ordenamento Gestão Territorial
do Território
usando, para o efeito, as redes que tem à sua disposição (de distribuição, eco-
lógicas e culturais) e, agora, por causa dessa multifuncionalidade, de uma
forma mais heterárquica e policontextual.
Quando dizemos, a propósito da ERPVA, uma “rede de base ecológica
de características multifuncionais” percebemos melhor a expressão “realismo
virtual” no pensamento de GRT. Seja como for, como mostra a Figura n.º 1,
a conexão estrutural-funcional entre a ERPVA e a EEM, se bem estabelecida,
confere maior consistência ao conceito de cidade-região que, assim, passa de
uma simples gestão urbanística de um perímetro urbano para uma gestão
mais territorial, paisagística e multifuncional de toda a área envolvente do
município. Em particular, esta conexão estrutural-funcional facilita o dese-
nho dos corredores verdes e a implantação das redes de corredores verdes,
que são um dos vectores centrais da projecção da cidade-região em toda a
sua área envolvente.
Em consequência desta maior consistência estrutural-funcional, tere-
mos, também, mais e melhor urbanismo e planeamento sistémico da cidade-
-região, seja nas variáveis-objectivo do planeamento seja nas suas variáveis-
-instrumentais. Com efeito, trata-se de:
(EEM) é, aqui, o elemento determinante, pois abre imenso o campo das liga-
ções e possibilidades do planeamento sistémico da cidade, projectando-a
desde o anel intra-urbano até aos anéis exteriores do rural remoto.
Conclusão da II Parte
Introdução
por causa desta “evidência” estes territórios não têm nenhuma “vocação
agrícola”, estando disponíveis para todas as “operações urbanas”, sejam
imobiliárias, industriais, turísticas ou florestais. Um equívoco recorrente que
é continuamente alimentado pelo ciclo político-partidário.
E se a economia biotecnológica, orientada e inspirada por uma outra
corrente doutrinária e científica, mais agroecológica e ecossistémica, vier
demonstrar e confirmar que todos os círculos viciosos são construções
sociais hegemonizadas por determinados grupos de poder? E se a sociedade
civil e a sociedade científica estiverem sintonizadas e quiserem “impor” à
administração pública os projectos inovadores que poupam recursos e ener-
gia e acrescentam valor aos equipamentos e actividades tradicionais? E se a
economia biotecnológica for capaz de repor os ritmos naturais da agricultura
e encontrar, para o efeito, o ponto de compromisso entre sistemas naturais e
sistemas bio-industriais?
A reconsideração do “problema rural” é também visível no plano discur-
sivo e no espaço público e até se faz acompanhar de inovações sociolinguísti-
cas. Os “prefixos da moda” marcam o ritmo e são conceptualmente significati-
vos: trans, inter, multi, pluri, poli. Eles traduzem e comunicam acção, processo,
movimento e quebram barreiras e fronteiras de todo o tipo. A teoria do desen-
volvimento rural acompanha-os e renova-se com estas aquisições: a multifun-
cionalidade, a pluriactividade, a transversalidade, a policultura, a interconecti-
vidade, etc. Alguns dirão mesmo, com alguma ironia, que a nossa apregoada
pré-modernidade agrorural ou, segundo outros, a nossa modernidade tardia,
nos deixou, paradoxalmente, à beira da 2.ª modernidade.
A reconsideração do “problema rural” busca encontrar o ponto de equi-
líbrio entre produção, conservação e recreação, os três pólos da nova econo-
mia do desenvolvimento rural. A nova ordem em formação coloca, no plano
substantivo, a seguinte interrogação: como é que uma economia de base bio-
tecnológica pode alargar o seu campo de possibilidades de modo a realizar
uma “produção conjunta” que seja, simultaneamente, produção, conservação
e recreação?
A reconsideração do “problema rural” é um combate permanente, quan-
to mais não seja por que o mundo rural, pela pureza e pelo pudor que ainda
encerra, é uma opção de vida inquestionável para uma trajectória individual,
para se fazer a experiência concreta da libertação pessoal. É certo que esta-
mos perante um combate desigual, em especial, nos territórios desfavoreci-
dos de baixa densidade, é certo que não podemos repousar sobre os ombros
de uma qualquer utopia naturalista, mas também é verdade que podemos ser
racionais de muitos modos diferentes. O que é crítico é perder a capacidade
de conceber novos objectivos e de enfrentar novos conflitos. Este é o traço
distintivo da 2.ª ruralidade.
António Covas e Maria das Mercês Covas 135
Dito isto, não nos parece que estejam reunidas, neste momento, as con-
dições necessárias e suficientes, objectivas e subjectivas, para despoletar um
processo inovatório num território rural desfavorecido, tal como aqui o ima-
ginámos. De facto, a gestão de restrições de todo o tipo (institucionais, buro-
cráticas, financeiras, técnicas, sociais) condiciona e prevalece sobre a gestão
por objectivos e sobre o processo de planeamento na sua inteireza e comple-
xidade. Quanto ao programa LEADER, apesar das suas inegáveis virtualida-
des, não nos parece que ele tenha arcaboiço para liderar o processo inovató-
rio tal como aqui o descrevemos, nem essa é a sua vocação, não obstante as
virtudes da metodologia Grupo de Acção Local/ Programa de Acção Local.
(GAL/PAL).
Esta introdução a uma teoria das redes esconde uma duplicidade mais
do que evidente. De um lado, uma necessidade incontornável de formaliza-
ção, sob a forma de normas e standards, de regras e convenções, tendo em
vista a extensão dos mercados locais, de outro, uma construção social pro-
blemática, pois as micro e pequenas empresas e serviços em espaço rural,
com interesses similares mas muito difusos, defrontam-se, geralmente, com
um custo de constituição, organização, certificação e transacção muito ele-
vado. Mesmo que transfiram para fora essa responsabilidade, esse outsour-
cing terá, porventura, um custo desproporcionado para os parceiros em pre-
sença e suas respectivas associações.
As associações de desenvolvimento local e rural, na sua grande maioria
“uma produção primária” das políticas públicas em vigor, procuram remediar e
fazer frente a essa duplicidade mas nem sempre parecem estar em condições de
garantir essas economias de rede e esta fragilidade é um teste decisivo à sua
sobrevivência no próximo futuro, dedicado, justamente, às economias de rede
no espaço virtual da sociedade da informação e do conhecimento.
anualmente, sob pena de não haver retorno no ano seguinte. Chama-se a esta
prática “ser bom aluno”. Na verdade, partimos dos fundos financeiros, fixa-
dos em Bruxelas, para as elegibilidades e destas para um catálogo de medi-
das. Tudo fica, assim, pré-formatado por um labirinto de disposições regu-
lamentares e procedimentos técnico-burocráticos. Neste contexto, os terri-
tórios não existem, são um catálogo de medidas, disputadas palmo a palmo
que só por acaso ou mera coincidência poderão ser bem-sucedidas. Não há
base territorial para a gestão integrada das medidas. Não existem programas
operativos para áreas específicas e não é suficiente a “territorialização de
políticas de base sectorial”.
A teoria da diversificação em espaço rural tem, portanto, um longo
caminho para percorrer, mas os sinais positivos são muito prometedores. A
conjugação da multifuncionalidade agrícola (a exploração multifuncional)
com a multifuncionalidade territorial (a gestão de programas operativos de
base territorial) e a cooperação territorial descentralizada é a via acertada
para levar a bom termo uma diversificação virtuosa.
um alvo fácil a abater. Ou, dito de outro modo, a construção social de um terri-
tório-rede é uma operação de risco elevado, com um risco moral muito alto e
uma taxa de free raider também significativa, razão pela qual os seus prós e
contras devem ser, em devido tempo, seriamente ponderados.
Não podemos idealizar o mundo rural por mais assombrosas que sejam
as nossas representações e encenações. Na retaguarda desses imaginários
urbanos sobre o mundo rural correm as relações de poder e os processos
agro-políticos que, na sua discrição e arbitrariedade, determinam o essencial
das relações sociais e as sociabilidades do mundo rural. Por isso mesmo, não
devemos confundir o frenesim dos novos actores do mundo rural (para já
simples epifenómenos) com as relações de poder no interior do mundo rural
português, uma mistura, por vezes perversa, de abandono, concentração e
intensificação das terras. Eis as suas principais manifestações: a extracção de
mais-valias fundiárias em terrenos expectantes, as grandes plantações ou flo-
restas industriais em terrenos que estão praticamente abandonados, as gran-
des propriedades conservacionistas financiadas pelas multinacionais da con-
servação da natureza, as grandes propriedades turistificadas mas, também, os
grandes parques energéticos, os grandes parques ambientais e as grandes
reservas de caça. Para além, obviamente, da indústria agrícola intensiva e
172 Os territórios-rede
truir uma relação social entre uma rede de agricultura de alimentos lim-
pos e uma rede solidária de institutional food;
– Os mercados da mitigação, adaptação e compensação e, também, da
prevenção e contingência: um mercado que cresce em virtude das alte-
rações climáticas, da meteorologia, dos equipamentos de aviso e alerta
até aos processos laboratoriais de rastreabilidade dos produtos;
– Os mercados dos alimentos e dos medicamentos funcionais: os novos
alimentos e medicamentos da biotecnologia ao serviço da saúde pública
e da sociedade sénior;
– Os mercados da microgeração energética: os novos sistemas integrados
de poupança, eficiência e diversificação das fontes energéticas e, tam-
bém, a democracia energética ao nosso alcance, de consumidores para
produtores de energia;
– Os mercados da regeneração e da renaturalização dos recursos naturais
e dos ecossistemas: da engenharia biofísica e da arquitectura paisagísti-
ca até à cirurgia reconstrutiva das áreas ardidas.
– Um quarto estrato tem a ver com uma parte da classe média urbana que
decidiu, num primeiro momento, patrimonializar a herança recebida na
velha casa dos pais-avós “onde tudo começou”; estes neo-rurais aumen-
tam o número de movimentos pendulares cidade-campo e interagem
cada vez mais com a comunidade da aldeia, uns residencializando sim-
plesmente a casa que herdaram, outros empresarializando aquele patri-
mónio com microprojectos empresariais, outros, ainda, ensaiando, pela
primeira vez, sistemas alternativos de produção;
– Um sexto e último estrato diz respeito aos casos isolados e/ou familia-
res, de decisão própria e autónoma, que fazem dessa mudança um pro-
jecto de vida, muitas vezes em áreas que nada têm a ver com o mundo
agrorural mas que, rapidamente, acabam por intersectar e interagir com
ele e são geralmente portadores de uma dose significativa de iniciativa,
inovação e criatividade.
Não temos evidência empírica suficiente para traçar com nitidez a rele-
vância, o alcance e os contornos teórico-práticos da estratificação que aca-
bámos de traçar. Não obstante, são sinais que anotámos, por observação
directa, em alguns trabalhos de campo mais recentes. Estamos, de resto, con-
vencidos de que estes sinais, visíveis a olho nu, mereceriam melhor atenção
e estudo cuidado por parte da academia, uma vez que eles farão parte do
nosso quotidiano, de modo crescente, e mais valia tomar conta dessa ocor-
rência de forma rigorosa e intencional para o bem-estar de todos.
Este é mais um ponto crítico fundamental, uma vez que todos ou quase
todos os projectos deverão passar por uma análise custo-benefício e demons-
trar a sua viabilidade económica e comercial. Dado que estamos a laborar a
uma microescala, a integração dos planos de negócio e a coordenação da
estratégia de marketing e comunicação são tópicos essenciais para o projecto
ser bem-sucedido. Estamos a falar, em especial, de micro-lotes de produção
agrícola, de transformações simples mas inovadoras, de circuitos curtos e
redes comerciais dedicadas, de pequenos clubes de consumidores leais, de
estratégias de institutional food com as IPSS, enfim, de uma estratégia de
marketing e comunicação que exige muita persuasão e algum músculo finan-
António Covas e Maria das Mercês Covas 193
– O financiamento do projecto
– Fica provado que a experiência de vida adquirida por estes jovens esta-
giários sem experiência profissional, residindo durante nove meses em
contacto directo com as populações e os seus problemas, é o acquis
mais importante destes projectos, independentemente dos resultados
obtidos;
– Fica, ainda, provado que esta experiência de microgeoeconomia territo-
rial apresenta um elevado valor cognitivo e que a aprendizagem assim
adquirida pode ser transposta, com as devidas cautelas, para uma escala
multi-escalar, por exemplo, na construção social de territórios-rede de
âmbito geográfico e multiterritorial muito variável.
sejam abastardadas ainda mais dando lugar ao mau gosto e ao kitch mediter-
rânico para “turista ver”?
Que responsabilidade é a nossa, cidadãos algarvios, face a esta incum-
bência de que fomos investidos tão solenemente? O que vamos fazer com os
nossos recursos naturais do barrocal e serra, o que vamos dizer aos nossos
jovens desempregados acerca do futuro que os aguarda, como vamos reagir
aos lamentos das populações abandonadas do interior algarvio, que educação
básica sobre saúde, alimentação e cultura queremos transmitir às nossas
crianças do ensino primário, que visitação turística queremos, de facto, pro-
mover nas nossas aldeias e no interior algarvio, que exigências vamos fazer
às autoridades locais e regionais se não tivermos, nós próprios, comunidade
política dos interesses públicos e do bem comum, assumido a responsabili-
dade de o fazer por nossa conta e risco?
sistemas mais sensíveis, lá onde a cabra algarvia tem o seu nicho ecológico
preferido (quem diz cabra diz mel, medronho, frutos silvestres, pomar tradi-
cional de sequeiro, citrinos, flores, cogumelos, cortiça, caça, etc.). Vejamos
uma primeira aproximação a essa cadeia de valor:
– Em primeiro lugar, trata-se de reagrupar os produtores da raça autócto-
ne da cabra algarvia tendo em vista apurar e valorizar a biodiversidade
local da espécie e do seu nicho ecológico;
– Em segundo lugar, trata-se de organizar a assistência técnica, associativa e
pública, nessa linha de abordagem mais agroecológica e ecossistémica;
– Em terceiro lugar, trata-se de rejuvenescer o capital social envolvido,
seja no plano familiar dos produtores, seja convidando “novas entradas”
para o agrupamento;
– Em quarto lugar, trata-se de melhorar o processo de produção, de alar-
gar as funções da cadeia de valor e de acrescentar as suas internalidades
tendo em vista reduzir os sus custos de transacção internos: raça, pasta-
gem, biodiversidade, limpeza de matos, compostagem, etc.;
– Em quinto lugar, trata-se de diversificar a linha de produtos finais da
cabra algarvia e de diversificar os mercados-alvo por via de uma comer-
cialização e marketing mais inteligentes;
– Finalmente, trata-se de capitalizar a fileira de produção e de articular a
cadeia de valor da cabra algarvia com a exploração florestal das ZIF,
acrescentando, por essa via, a massa, o músculo e o sistema nervoso
deste sistema produtivo local regional.
aglomeração em seu redor, com ou sem base produtiva própria. Deve fazer
isto por razões de racionalidade económica e não por meras razões de cir-
cunstância ou oportunidade, dado que estamos convencidos de que o futuro
da indústria do turismo/lazer depende também da diversificação que for
capaz de imprimir ao contínuo campina-barrocal-serra, numa linha de “eco-
nomia vertical” a que nos referimos anteriormente.
Neste sentido, uma “economia vertical” é uma espécie de “arquitectura de
interiores” que considera e trabalha conjuntamente sobre as infra-estruturas, os
equipamentos, os corredores ecológicos, a engenharia biofísica, as amenidades
paisagísticas, as economias de aglomeração e reticulação, as cargas e a gestão
ordenada dos fluxos turísticos para o interior. Se a pilotagem desta economia
vertical não estiver à altura da sua responsabilidade, a indústria do turis-
mo/lazer continuará, muito provavelmente, a ser desequilibrante, enquanto os
programas de índole regional e local, supostamente desenvolvimentistas, serão
tão só redistributivos e cada vez mais assistencialistas.
Debater o desenvolvimento rural do interior e serra algarvios é reflectir
sobre o futuro de dois terços do território algarvio, é prevenir a região quanto
a um possível choque assimétrico que, de um momento para o outro, pode
irromper e devastar a economia costeira, é dar profundidade ao litoral e à
campina, é aproveitar territórios em estado preventivo, é, afinal, reequacio-
nar a identidade profunda dos algarvios, num momento em que “as modas
identitárias estão na moda”. É aqui que, na equação desta economia vertical
que une litoral-campina-barrocal-serra, surge a Dieta Mediterrânica com fac-
tor de reunificação e apelação territorial.
dos actores disponíveis para este efeito. As juntas de freguesia podem ser,
em primeira instância, um ponto de partida com interesse mas outras estrutu-
ras associativas já existentes podem funcionar como os animadores dos pon-
tos da rede. Outro ponto da rede com muito interesse, em matéria de capital
social, são todas as iniciativas que podem envolver os jovens saídos das
escolas técnicas profissionais e superiores da região.
Um outro tipo de risco associado à DM está relacionado com as boas
práticas impostas pelo respectivo “caderno de especificações” e, bem assim,
as tipologias diversas de certificação e controlo que podem causar danos ele-
vados na micro e pequena agricultura local. Importa relembrar mais uma vez
que a Dieta Mediterrânica é uma apelação internacional que não se resume a
ser uma “cultura alimentar da escassez e da natureza hostil”, ela é também
um estilo de vida e uma antropologia do quotidiano. Uma abordagem mera-
mente produtivista e economicista da DM pode ter efeitos contraproducentes
e impactos negativos sobre os modos de produção familiar e artesanal.
Finalmente, um último risco associado à Dieta Mediterrânica está relacio-
nado com a sua política de imagem, ou a sua imagem de marca, e o plano de
marketing que for julgado mais apropriado, isto é, com a possibilidade de, no
futuro próximo, a Dieta Mediterrânica aparecer travestida de produtos e servi-
ços turísticos de bom gosto e bom senso muito duvidosos. Se a imagem de
marca da DM for confundida com uma sucessão de eventos mais ou menos
“turistificados” então o risco de uma “dieta kitch” espreitará a todo o momento.
Em conclusão, a apelação “Dieta Mediterrânica, património imaterial da
humanidade” afigura-se como uma oportunidade única para realizar o up-
-grade da economia local e regional algarvia, em especial a promoção da
economia do barrocal algarvio e da economia serrana. Serve, porém, a adver-
tência para dizer que se deve depositar uma expectativa contida e moderada
em tal desiderato. Para o efeito, a região precisa urgentemente, no plano da
microgeoeconomia territorial e dos territórios-rede, de levar a cabo um
ensaio experimental, uma rede temática e territorial, que possa lançar as pri-
meiras sementes do que será, no futuro próximo, uma política de certificação
regional da dieta mediterrânica. Este é um desafio de longo alcance e um
bem comum inestimável para o país e a região do Algarve. Recordemos, a
propósito, que o primeiro teste, a avaliação do plano de salvaguarda, estará à
nossa frente já em 2018. O tempo urge, pois.
Conclusão
uma promessa carregada de futuro, uma promessa que nós aqui enunciamos
e anunciamos. Eis algumas conclusões acerca desta promessa de futuro.
Em primeiro lugar, a dinâmica dos territórios hoje, a sua velocidade de
transformação, obriga-nos a reconsiderar a natureza do problema rural, de
um território espaço de produção para um território cada vez mais espaço de
consumo e visitação. Neste alargamento, a sociologia rural e o desenvolvi-
mento rural estenderam e ramificaram o seu campo teórico para dentro da
teoria social e essa fertilização cruzada beneficiou extraordinariamente a
construção social dos territórios-rede, sobretudo a sua natureza cognitiva, o
seu quadro analítico, a sua topologia e tipologia.
Em segundo lugar, a construção social dos territórios-rede é fortemente
tributária do aprofundamento da cooperação territorial e funcional que os
espaços-territórios particulares forem capazes de mobilizar e implementar,
assim como das inovações socio-organizacionais introduzidas em matéria de
governança e administração dedicadas, que nós aqui identificámos com a
criação de um agente principal designado de actor-rede. Esta corrente teóri-
co-prática dos territórios-rede não esquece, porém, que se move em terreno
adverso e que é minoritária no campo de forças do mainstream do capitalis-
mo financeiro e do agro-business. Neste contexto, a teoria dos territórios-
-rede e do actor-rede pode ser apelidada, com legitimidade, de uma “teoria
da resiliência” de economias e sociedades à margem da Grande História e,
ainda, de uma “teoria do capital social” sob a forma de “cooperação low
cost” de natureza funcional e territorial.
Em terceiro lugar, transportámos o corpo teórico-prático dos territórios-
-rede para o campo experimental dos territórios em concreto e procurámos
avaliar em que medida a transposição multi-escalar ou multiníveis entre ter-
ritórios pode ser útil e instrutiva para os nossos exercícios de engenharia e
governança territoriais (Pereira, 2013, 2009), (Gonçalves et al., 2013) e
(Dallabrida, 2011, 2010). O nosso ponto de partida foi uma experiência já
concretizada de microgeoeconomia territorial, o Projecto Querença e as suas
oito réplicas. Aos ensinamentos destas micro-redes de experimentação terri-
torial juntámos o arsenal conceptual e instrumental dos territórios-rede em
construção e, assim, chegámos à discussão da Dieta Mediterrânica, Patri-
mónio Imaterial da Humanidade, uma apelação territorial de prestígio que
nos foi concedida pela UNESCO. Em aberto fica, ainda, a possibilidade de
delimitarmos uma rede territorial para testar no terreno concreto da região
algarvia os “encargos e as especificações” desta apelação de prestígio tão
portadora de futuro.
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