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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

12ª CÂMARA CÍVEL - PROJUDI


RUA MAUÁ, 920 - ALTO DA GLORIA - Curitiba/PR - CEP: 80.030-901

Autos nº. 0034403-83.2014.8.16.0001

Apelação n° 0034403-83.2014.8.16.0001
7ª Vara Cível de Curitiba
Apelante(s):David Mansur Borin
Apelado(s): Valdinei Aparecido Ribeiro e Cia Ltda
Relator: Juiz de Direito Subst. 2ºGrau Sergio Luiz Patitucci

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS – EMPREITADA – RESCISÃO DE
CONTRATO – 50% DO SERVIÇO PRESTADO – RESTITUIÇÃO DE
50% DO VALOR PAGO PELO APELANTE – VALOR ADEQUADO
– DANOS MORAIS – INDEVIDOS – SENTENÇA MANTIDA –
RECURSO – NEGA PROVIMENTO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível sob o nº


0034403-83.2014.8.16.0001, de Curitiba - 7ª Vara Cível, em que é apelante David Mansur Borin e
apelado Valdinei Aparecido Ribeiro e Cia Ltda.

I – RELATÓRIO

XXX INICIO RELATORIO XXX

David Mansur Borin ajuizou Ação de Reparação de Danos Materiais e Morais, nos
autos nº 0034403-83.2014.8.16.0001, perante a 7ª Vara Cível, do Foro Central da Comarca da Região
Metropolitana de Curitiba, em face deValdinei Aparecido Ribeiro e Cia Ltda., a qual foi julgada
parcialmente procedente, para o fim de condenar o réu ao pagamento de R$ 16.000,00 (dezesseis mil
reais) em favor do autor, a ser corrigido monetariamente da data dos respectivos pagamentos e acrescido
de juros de 1% (um por cento) ao mês, contados da citação. Considerando a sucumbência recíproca,
condenou as partes, ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10%
(dez por cento) sobre o valor da condenação, com fulcro no art. 85, §2º, do Código de Processo Civil, na
proporção de 70% (setenta por cento) ao autor e 30% (trinta por cento) ao réu (mov. 185.1- Projudi).
Inconformado, David Mansur Borin, apresentou recurso de apelação alegando que
o apelado não cumpriu com sua obrigação contratual em sua totalidade, tendo assim que ser rescindido o
contrato, pelos recorrentes atrasos, abandonando a obra em sua fase inicial; que a resolução da
contratação entabulada, fazendo cessar seus efeitos e restituindo as partes ao estado anterior, impõe a
devolução das quantias pagas pelo apelante de forma proporcional à parcela de serviços não prestados;
alega que o trabalho despendido pela apelada na primeira fase da obra representa menos de 20% (vinte
por cento) da obrigação por ela contraída, motivo pelo qual se requer a devolução do montante
equivalente a 80% (oitenta por cento) do valor pago pelo apelante a título de mão de obra, ou seja, a
importância de R$ 25.600,00 (vinte e cinco mil e seiscentos reais), devidamente corrigidos; a condenação
da apelada à devolução do valor adiantado pelo apelante a título de mão de obra da segunda fase da
edificação, que sequer chegou a ser iniciada, no importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), igualmente
corrigidos; que a apelada seja condenada ao ressarcimento dos materiais de construção pagos e não
comprovadamente utilizados na obra, devidamente corrigidos com juros de mora e correção monetária a
partir do desembolso e, condenar a apelada ao pagamento de indenização por danos morais, consoante as
razões declinadas na peça vestibular e no presente recurso e a redistribuição dos ônus sucumbenciais, com
a consequente condenação da apelada ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios
sucumbenciais, cujo valor, nos termos do art. 85, § 2º do CPC, deve ser fixado no percentual de 20%
(vinte por cento) do valor da condenação(mov. 191.1- Projudi).

A apelada apresentou contrarrazões (mov.196.1- Projudi).

É o relatório.

XXX FIM RELATORIO XXX

II – O VOTO E SEUS FUNDAMENTOS

Trata-se de ação de reparação de danos materiais e morais, em virtude de contrato


de empreitada não cumprido pela apelada e rescindido pelo apelante, que o notificou em virtude do atraso
nas obras para que comprovasse o cumprimento do cronograma pactuado, sob pena de rescisão do
contrato.

Com o decurso do prazo e sem o cumprimento do cronograma pela apelada, se deu


a rescisão contratual. Ocorre que, para a resolução contratual ocorrer é necessária a devolução de quantias
pagas pelo apelante, de serviços não realizados pela apelada.

As razões contidas na apelação, dizem respeito a parte da obra que foi concluída
pela apelada, que seria, conforme alega o apelante, correspondente a apenas 20% (vinte por cento) da
primeira fase da obra, devendo ser devolvido 80% (oitenta por cento) do valor pago.

Ocorre que, como consta nos autos, não houve consenso em razão da
proporcionalidade do serviço feito e o valor a ser devolvido, visto isso, deve-se avaliar conforme a
produção de prova testemunhal apresentada nos autos.
Sendo assim, se tem comprovado pelos depoimentos tanto de testemunhas do
apelante, quanto da apelada, que o muro de arrimo e a fundação foram entregues ao apelante, deixando a
apelada de finalizar a estrutura e a concretagem da primeira laje, concluindo acertadamente o magistrado
de primeiro grau, pelo cumprimento da metade da 1ª fase das obras, o que deve ser mantido.

Conforme demonstrado nos autos, o apelante recebeu a prestação de parte dos


serviços, e estes serão aproveitados na continuidade da obra, devendo então, a apelada restituir 50%
(cinquenta por cento) do valor pago referente a primeira fase da obra, sendo este o valor de 16.000,00
(dezesseis mil reais) que deverá ser corrigido monetariamente da data do respectivo pagamento (mov. 1.7 -
Projudi) e acrescido de juros legais contados da citação.

Infere-se dos autos, que o apelante requer também, a devolução de quantia de


3.000,00 (três mil reais), que foram pagos como adiantamento referente à mão de obra da segunda fase da
construção.

Nesse ponto, constata-se que como essa fase sequer foi iniciada, pois a apelada
entregou apenas 50% (cinquenta por cento) dos serviços iniciais, é devido ao apelante a devolução deste
valor pela apelada, conforme o comprovante de pagamento e as condições estipuladas no documento
constante no mov. 1.12 do Projudi.

Insta ressaltar, que eventual restituição de valores referente aos materiais de


construção que não foram utilizados na realização de 50% (cinquenta por cento) da primeira fase da obra,
estes foram aproveitados durante a realização da obra, ao menos é o que se espera, diante da continuidade
da obra, não havendo prova de que eram materiais que não poderiam ser utilizados para a realização de
uma construção.

Em relação aos danos morais, que são pedidos pelo apelante em face do
descumprimento contratual, o que lhe teria causado transtornos e aflição, sentimentos de humilhação,
menosprezo e desgosto, estes não restaram provados nos autos, sendo que o atraso no cronograma
previsto para a obra gera mero aborrecimento, e não abalo na esfera moral do apelante, sendo assim, não
gerou dano moral indenizável.

Neste Sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO.


SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL.CONTRATAÇÃO
ENTRE AS PARTES DE CONSTRUÇÃO POR EMPREITADA. INSURGÊNCIA DOS
AUTORES QUANTO A NÃO CONDENAÇÃO DA RÉ NO PAGAMENTO DE DANOS
MORAIS. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. SITUAÇÃO QUE POR SI SÓ,
NÃO ENSEJA A INDENIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DANO
MORAL SUPORTADO. MERO DISSABOR. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E
NÃO PROVIDA. (TJPR Apelação Cível nº 1586552-8, 12ª Câmara Cível, Relatora: Ivanise Maria
Tratz Martins, Julgamento: 15/03/2017- Marmeleiro). (Grifei).

Assim, tendo em vista as circunstâncias acima ponderadas, mantém-se a sentença


de não provimento dos danos morais requeridos pelo apelante.
No mais, com o não provimento do recurso, mantém-se a condenação da parte ao
pagamento das custas e despesas processuais, conforme determinado na sentença.

Todavia o Código de Processo Civil em seu artigo 85 § 11º previu a incidência de


horários recursais, com a majoração dos honorários sucumbenciais àquele que tiver seu recurso
desprovido.

Assim, com fulcro no artº 85 § 11º do CPC, e tendo como parâmetro o trabalho
desenvolvido pelo procurador na fase recursal, é de se majorar para 11% (onze por cento) sobre o valor da
condenação.

Diante do exposto, é de se negar provimento ao recurso de apelação de David


Mansur Borin, mantendo-se a decisão, com a incidência de honorários recursais fixados em favor do
procurador do apelado.

Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 12ª Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em julgar pelo (a) Não-Provimento
do recurso de David Mansur Borin .

O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargadora Ivanise Maria Tratz


Martins, sem voto, e dele participaram Juiz de Direito Subst. 2ºgrau Sergio Luiz Patitucci (relator),
Desembargador Marco Antonio Antoniassi e Juiz Subst. 2ºgrau Irajá Pigatto Ribeiro.

19 de Setembro de 2018

SERGIO LUIZ PATITUCCI

Relator

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