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O Papel Da Religião Na Teoria Da Obrigação Hobbesiana
O Papel Da Religião Na Teoria Da Obrigação Hobbesiana
DA OBRIGAÇÃO HOBBESIANA
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Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Leonardo Jorge da Hora Pereira
2
HOBBES, Leviatã, 1973: cap. XV, p. 99. O grifo é nosso.
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Cf. HOBBES, Leviatã, cap. VI.
Como se vê, a instrução é muito mais eficaz que a mera punição hostil,
pois é mais estável, na medida em que a norma é, por assim dizer,
internalizada pelo súdito. Com a instrução, o súdito, por si mesmo, “enxerga”
ou calcula a necessidade da obediência para a realização, em última
instância, da sua conservação. Ainda no capítulo XXX, Hobbes afirma que
não basta proibir as doutrinas sediciosas. É preciso estimular a obediência
via instrução pública.
Mas para voltar à questão da religião, se admitirmos que a formação
das opiniões via instrução pública desempenha um importante papel para
a questão da teoria da obrigação política hobbesiana, cabe aqui a pergunta:
de que modo a doutrina religiosa cristã, enquanto instrução de caráter
público, pode contribuir para a obediência civil? Ou ainda: Hobbes leva em
conta a religião quando trata da instrução pública?
Para responder a estas questões devemos antes atentar para uma
certa dicotomia na questão da instrução e da formação das opiniões, qual
seja, aquela entre razão e retórica. O objetivo é sempre o mesmo: mobilizar
as paixões e a opinião dos súditos a ponto deles adotarem uma conduta de
submissão, que favoreça a paz. No entanto, pode-se dizer que existem duas
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HOBBES. Leviatã, cap. XXX, p. 205.
5
Cf. HOBBES, Leviatã, 1973, cap. XXX.
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Idem, Ibidem, cap. IV, p. 27.
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“Dado que o fundamento de todo o raciocínio verdadeiro é a significação constante
das palavras, a qual na doutrina que se segue não depende da vontade do autor,
como na ciência natural, nem do uso vulgar, como na conversação corrente, mas do
sentido que têm nas Escrituras, torna-se necessário, antes de ir mais adiante,
determinar que significado têm na Bíblia aquelas palavras que, devido a sua
ambigüidade, podem tornar obscuro ou discutível o que a partir delas vou inferir”
(idem, ibidem, cap. XXXIV, p. 237).
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Adotamos aqui a classificação sublinhada por Johnston (Cf. JOHNSTON, 1986,
p. 142) a partir do capítulo XLIV do Leviatã.
9
Cf. HOBBES, Leviatã, cap. XLIV, p. 262.
10
Idem, cap. XLIV, p. 260.
Referências
11
Idem, 1973: XLIV, p. 258