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Hex’ellen

DELEITES DA NOBREZA

Nascida Excela Chauvereau Parmounté, essa garota tem origem nobre. Aqueles que olham
para ela agora nunca poderiam imaginar isso, enxergam apenas uma andarilha, uma
moribunda e as vezes uma sedutora.

Nascida de um casamento arranjado para unir duas famílias aristocráticas que desejavam
aumentar seu controle sobre a região em que habitavam, nunca teve um grande vínculo
com nenhum parente, nunca sentiu o abraço de uma família, sua existência e propósito
eram futeis em sua concepção. Abominava a ideia de ser apenas um recurso político, ser
apenas mais uma mulher a selar outro acordo atraves de um matrimônio.

Nesse ambiente gélido Hex provavelmente fugiria sem rumo ou tornaria-se mais uma carta
no jogo político da região, mas havia Grudith, ela era seu abrigo, seu ninho e seu conforto.

Grudith era quem brincava, quem enxugava as lágrimas... Grudith era tudo.

Grudith, era a ama e cuidadora que zelava por Hex, uma anã que servia a família da
mesma forma como sua mãe e muitas de sua linhagem fizeram. Ela zela por Hex desde o
dia de seu nascimento, sempre ao lado da garota à protege como se ela fosse uma dádiva
enviada por alguma força maior a esse mundo.

Grudith nasceu nas terras da família de Hex e cresceu com a tutela de sua mãe sendo
ensinada desde pequena as funções que um dia haveria de exercer quando a mesma
ficasse velha. A os Chauvereau por muitas gerações, a relação que possuem não é de
igualdade mas em um ambiente onde os que não são humanos são marginalizados não se
pode arriscar o que você tem. A família de Grudith não fugia muito do padrão de família anã
visto em outras comunidades, sua mãe prezava pela família e era a primeira a tomar
iniciativa quando algo não estava de acordo, seu pai era um exímio mestre ferreiro que
fabricava e mantém inúmeras coisas da família de ferraduras para as montarias até as
alabardas e lanças usadas pelos guardas da propriedade, Brok sabia confeccionar itens
extraordinários comparados aos que produzia no cotidiano mas não fazia em tempos como
estes é melhor não atrair atenção de inquisidores a sua porta.

Grudith ouviu inúmeras histórias de sua família, principalmente de sua avó quando ainda
era viva. Contos de heróis que libertavam pessoas do mal, histórias sobre armas e objetos
miraculosos capazes de obliterar uma cidade com um comando, história sobre criaturas que
habitam as sombras... Grudith adorava ouvir contos e fábulas de sua avó, porque além de
narrar a história ela fazia caretas, sons e tudo mais que pudesse para dar vida as suas
palavras, mas um dia a história não decorreu como o de costume, sua avó juntamente com
sua mãe contaram uma história de forma séria que não era comum de se ouvir.
Naquele dia Grudith ouviu um conto que não exaltava pessoas extraordinárias e sim a
própria família a quem serviam, foi uma história bem longa que detalhou feitos heroicos da
família de Hex que foram possíveis a um presente que receberam no passado. Terminada a
história Grudith fechou a expresso e falou irritadamente:

“Isso, não tem graça. Essas pessoas não têm nada em comum com os donos dessas
terras. Eles não são as piores pessoas nesses campos mas não possuem um pingo da
coragem e honra das pessoas dessa sua fábula, e se eles ganharam esse presente que
falaram eles teriam usado essa espada ou seja lá o que for para cobrar mais impostos
sobre as pessoas daqui.”

Grudith viu apenas uma sombra marrom vindo em sua direção, uma colher gigantesca de
caldeirão acaba de acertar sua têmpora, sua mãe a arrasta para o quarto e fala em gritos
baixos o que a menina tem que saber acredite ela ou não.

Uma vida boa não é mesmo? Considerando o caos ao redor morar em um lugar como este
é um luxo.

A vida foi boa até a noite em que não foi mais.

Hex foi acordada por Grudith que já a estava segurando em seus braços e que em meio
segundo depois saltou através da janela do primeiro andar. Hex abre os olhos com
dificuldade depois de sentir o solavanco da aterrissagem da anã que disparou em dez
passos ligeiros e entrou em uma diligência. Hex ouviu os cavalos disparando a tracionando
a carruagem e ouvir galopadas pesadas atrás da porta pela qual ela acabou de entrar nos
braços de Grudith em seguida, ouviu-se o som de bestas sendo disparadas do topo da
carruagem.

Hex apenas olhou com uma expressão de surpresa e pavor para Grudith que prontamente
falou “Vai ficar tudo bem criança.”, a mãe de Grudith desenrola um pergaminho e após dizer
algumas palavras ouviu-se um som peculiar como se uma ventania de um milésimo de
segundo acabasse de passar ao lado da carruagem em seguida o som das patas de
cavalos não eram mais abafados contra a terra fofa as ferraduras atritavam contra
paralelepipedos.

Hex estava abrindo a boca para indagar quando subitamente a carruagem para e Grudith a
puxa para fora, ela se ajoelha a altura da criança e discretamente enquanto a abraçava
coloca algo dentro de sua calça em seguida ela desaperta o abraço coloca as mãos no
ombro da criança e fala:

-Garota, lembre-se MULHERES DECENTES NÃO MOSTRAM SUAS COSTAS! Repita para
eu ouvir

A garota em pura confusão retorna:

- Grudith o que está acontecendo, por que estam...


Grudith acerta um tapa no rosto alvo da criança que instantaneamente fica vermelho

- Não é hora para isso, eu tenho que ter certeza que não criei nenhuma vagabunda.

A criança com lágrimas nos olhos fala choramingando:

- Mulher..rres de(snif..) dedecentes não mostram as costas.

No momento em que a ultima palavra sai de sua boca, Grudith beijou a bochecha que
acabará de acertar, ela levanta-se e fala para alguém as costas de Hex em um tom
intimidatório:

“Alonza, se algo acontecer com minha pequena eu voltarei todas as noites para te
assombrar.”

Grudith rapidamente retorna para dentro da carruagem que ja toma momento em partida,
Hex ouve uma voz áspera com pigarro em suas costas falando em alto tom para que
Grudith ouvisse.

“Vai tomar no meio de seu cu Grudith!”

ALONZA E A CASA DOS ANJOS CAÍDOS.

Sem entender nada do caos que foi os últimos dez minutos Hex vira-se para ver de onde
vinha tal voz que acaba de ofender Grudith. A criança olha para cima e senti uma mistura
de emoções, algo que oscila entre o medo e o cômico.

Irmã Alonza era uma figura esquálida de aproximadamente 1,70m que usava trajes de
mulheres que fizeram o juramento de castidade, seu rosto com rugas marcantes nos olhos
e bocas possui uma expressão impaciente, seu cabelo preto com alguns fios grisalhos são
extremamente secos e quebrados e a boca de dentes amarelados que segura um cigarro
fala:

- “Bem vinda ao seu caralho de lar. Vamos estrupício, não tenho tempo a perder.”

Enquanto Alonza sobe as escadas de acesso a garota fica parada no lugar e agora sem a
obstrução da beata consegue ver a grande estrutura a sua frente, um grande prédio em
largura com um andar acima do térreo, possuía grades por todo seu perímetro com
ponteiras afiadas, o prédio tinha estrutura gótica misturando elipses e formas retas em sua
fachada e gárgulas adornavam toda a estrutura.

Alonza chega ao final das escadas e abre a porta de entrada mas não vê a menina ao seu
lado, olha para o começo das escadas e vê a criança parada olhando para cima.
“Caralho Grudith, ainda me deixa uma débil mental.” Pensa a figura pitoresca.

- Hey retardada! Você me entende? É bom entender porque senão seu destino é minha
fossa aqui nos fundos.

A garota prontamente sobe as escadas em passos rápidos e atravessa a porta, Alonza


entra em seguida e tranca a porta.

- Vamos estrupício vou mostrar seu quarto.

A menina vê uma placa com a inscrição “Dormitorios”, então começa a andar na direção
que a placa indicava até que é interrompida por Alonza:

- Onde você pensa que vai?

- Achei que eu deveria ir para o meu quarto.

- Hahaha e você achou que iria ficar junto com os outros? Hahaha, por aqui.

Alonza anda em direção a uma porta de madeira com ferrolho de ferro frio e com inscrições
por todo o batente que a contorna. As duas descem dois lances de escadas cercadas por
paredes de paralelepipedos até que chegam em outra porta mas esta é feita inteiramente
de metal e como na outra possui várias inscrições ao seu redor, elas atravessam a porta.

O local em que agora estão é amplo, o nível mais baixo do orfanato não possui paredes
apenas colunas que sustentam a estrutura do orfanato, percebe-se com facilidade que este
local não é visitado frequentemente por ninguém há camadas de poeira acumalada na
mobilia e no piso, teias de aranha se formaram no teto, paredes e armários. e sem
nenhuma organização há livros, pergaminhos e outros itens guardados neste espaço.

Alonza puxa a cadeira que estava próxima a uma mesa, acende um cigarro e após a
primeira tragada fala com pigarro na voz:

- Vem aqui.

A garota fica em frente a freira que continua:

- Qual seu nome?


- Meu nome é Excela Chav (Straaaaaa)

Uma reguada na perna da garota a faz interromper a frase, a freira fala com desdém:

- Quão estúpida você é? Por acaso Grudith te derrubou no chão quando era um
bebê? Vou te falar apenas uma vez então preste atenção. Você, seu nome, sua
família… tudo, não existem mais. Sendo assim se você usar seu nome em meu
orfanato mais uma vez você sai assim que sua boca acabar de pronunciar seu
nome.
A garota sente a raiva borbulhando dentro de si, mas apenas acena com a cabeça
positivamente.

Alonza se levanta e deixa o local. A garota sabe que é inútil buscar alguma resposta na
freira, então ela toma seu tempo, senta no chão e pensa em tudo que aconteceu tentando
entender o que se passou. A garota não consegue pensar em nenhum motivo que justifique
os eventos ela apenas consegue ordenar os fatos: sua casa foi atacada e ela e sua família
estão marcados para morte.

Na manhã seguinte, Alonza retorna ao local trazendo consigo pão e leite, ela acorda a
menina cutucando-a com o pé.

- Vem comer.

A menina ainda sonolenta chega a pensar que está sonhando ao ouvir isso da pessoa que
ontem havia batido em seu rosto,mas a fome era tanta que não relutou e foi direto em
direção a comida e começa a devorar o pão assim que o segura em suas mãos.

Alonza questiona a garota:

- Vamos, me mostre suas costas de uma vez para eu saber no que a Grudith me
meteu dessa vez.

A garota com medo de negar o pedido vira suas costas para a freira, Alonsa olha bem as
costas da garota e exala o ar de seus pulmões e acende outro cigarro.

- Garota… se acostume essa essa sua nova casa.

Alonza se levanta e rapidamente sai da sala e retorna somente no final do dia trazendo
comida novamente.

Essa rotina monótona continua por semanas e nesse meio tempo a garota fuça em tudo o
que há ali naquela sala livros, antiguidades e muitos objetos que nem imaginava o que
eram, mas seu interesse ficou fixado em um canto daquela sala onde encontrou vidros com
escamas, livros escritos em uma linguagem que não conhecia e outros objetos que
compunham aquela coleção.

O tempo passava e a garota começava a se entediar daquele local além de não ter
nenhuma resposta sobre o que acontecera com Grudith e sua família seu único refúgio e
estudar e se entreter com o que aquela grande sala possui ja que de tempos em tempos
Alonza via até a sala com outros motivos além de alimentar a garota e trocar algumas
palavras com ela.

- Escute bem menina. Eu sei que você anda mexendo em tudo aqui. Ja esperava
isso, a Grudith sempre me fodeu… mas se algum dia você estragar qualquer coisa
daqui o poço vai ser seu novo lar.
Alonza sempre trazia mais itens até aquela sala, a garota bisbilhoteira conseguiu exprimir
uma informação da freira uma vez, ela disse que tudo que havia naquela sala eram itens
confiscados pelo regime, tudo que eles não gostavam, achavam importuno ou
consideravam perigoso levavam até a Casa dos Anjos Caídos para armazenagem afinal
aquele orfanato era abandonado Alonza conseguia manter aquele lugar com uma pequena
quantia de moeda que viam através de soldados para ela manter aqueles itens ali já que
Alonza era vista com uma figura casca grossa e seu orfanato não atraia a mínima atenção
de ladrões.

Tempos passam e tudo se mantém do mesmo jeito na vida da garota mas um dia a freira
entrou com passos lentos e viu a garota mexendo no canto onde ficavam as coisas que
sempre faziam seus olhos brilharem a freira olha para a garota enquanto ela segurava um
livro de capa roxa com uma mão e com a outra brincava com algumas escamas e nesse
momento de foco Alonza vê runas nas costas da garota brilharam em uma cor azul escuro e
roxa e isso fez Alonza fica ainda mais preocupada com a presença da garota em seu
orfanato.

Dias se passam e garota não suporta mais ficar no mesmo lugar e isso a incomoda demais,
a freira entra trazendo comida no porão que se transformou na casa da garota que está
sentada em uma cadeira junto à mesa com as palmas da mãos sobre a mesa. Alonza
coloca o prato de comida em frente a garota e ouve:

- Eu quero sair daqui!


- Hahaha em seus sonhos estrupício.

Faiscas aparecem nas palmas da mãos da garota enquanto suas costas se iluminam e com
essa corrente em suas mãos e antebraços ela agarra o punho da freira e olha para cima
esperando ver rosto de Alonza expressando a dor que previa.

- Pft! Você é um lixo menina.

Naquele momento a mão esquerda de Alonza começa a se encher de uma força que se
aglomera em um formato de orbe que a freira libera no meio do peito da garota que voa e
bate com as costas na parede do porão. A freira se aproxima e começa:

- Escuta aqui garota, eu deveria estar extremamente brava agora mas curiosamente
não estou. A partir de amanhã eu vou te liberar para ir aos andares de cima.

A freira estrala os dedos e diz:

- Você gosta dessa aparência?

A garota confusa olha para suas mãos e espantada corre até um espelho e vê que não é
mais uma garota ruiva e sim uma garota loira de olhos azuis. Ela diz a freira com espanto:

- Como você fez isso?


- Você gostou? Você também será capaz de fazer isso um dia
Nesse momento a freira chega junto a garota e ajoelha-se em sua frente e segura em suas
mãos.

- Preste atenção, isso é um segredo meu e seu. Eu carrego muitos segredos também
e você vai ter que aprender a carregar os seus. Todos essas coisas que estao nessa
sala estão aqui porque ninguém sabe que sei fazer aquele truque que fez você voar
por toda essa sala. Vem aqui

Alonza puxa a menina para o canto onde viu a garota lendo os livros e pega o jarro onde
havia escamas de várias cores ela espalha aquelas escamas sobre a mesa e manda a
garota ir pegando as as escamas uma por vez. A freira anda pela sala o observa a garota
enquanto ela segura as várias escamas.

A garota segue segurando as escamas que possuíam diversas cores, verdes, vermelhas,
pretas, cobreadas e muitas outras cores mas, quando ela segura uma escama roxa as
costas da garota se iluminam em com runas da mesma cor que a escama que ela segura. A
freira diz:

- Isso é tudo por hoje. A partir de amanhã você vai me ajudar com os afazeres da
Casa dos Anjos Caídos.

Anos se passaram mas Alonza nunca entrou em detalhes com a garota sobre o que sabia
de seus poderes apenas deixou a menina a andar livremente no grande prédio que além de
ser casa para as duas era o lar para Tico e Felicia dois irmãos que tinham a mesma idade
de garota duas pobres vítimas de um roubo que acabou na morte de seus pais.

Quando a menina completou quatorze anos a freira chamou a garota para o porão, tirou a
magia que cobria sua real aparência e disse para ela se sentar a sua frente.

- Garota, chegou a hora de conversar com você. Você já sabe que há algo diferente
com você, Grudith havia me falado dessa história mas eu não acreditei muito nela
mas ja faz algum tempo que mudei de opinião. Assim como eu você nasceu
sabendo manipular o arcano mas diferente de mim você tem esse “presente” que
Grudith sempre falava nas história de heróis de sua família, eu sempre achei uma
grande baboseira mas agora consigo entender. Colocando de forma simples você
tem sangue de dragão em suas veias, sangue de um Dragão de Safira.

As duas passam horas falando sobre magica, sobre a família da garota, sobre dragões
sobre tudo que era curioso.

- Então garota… para todos os fins Excela morreu no dia em que invadiram sua casa.
Quem é você e o que você vai fazer agora?
- Meu nome é...Hex, Hex’ellen e vou usar meu “presente” para descobrir o que
aconteceu com Grudith
- Isso é nobre garota, nem acredito que estou falando isso mas, estou orgulhosa
porém você não deve ir atrás de Grudith ainda você é fraca e não tem nenhuma
chance, fique forte liberte o dragão dentro de você, depois disso vá atrás de Grudith.
Então nos últimos anos Hex peregrina pelas redondezas de Begbor em busca de
conhecimento para aflorar seus poderes dracônicos e de vez em quando se aventura em
ruínas ao redor da cidade especialmente uma universidade abandonada.

Esse local abandonado há muito tempo já foi um grande centro intelectual no passado uma
universidade mantida pelos seguidores Tvashtri que era renomada na região por manter
todo tipo de conhecimento seja ele arcano, divino, natural ou qualquer outro tipo de
conhecimento. Esse local é gigantesco com andares acima do nível térreo e com níveis
inferiores que assemelhavam muito a uma masmorra.

Mas Hex nunca conseguiu explorar todo aquele local pois bandidos sempre passam
achando que há algo de valor para saquear e porque ela nunca sentiu uma grande
confiança em ir sozinha nos andares inexplorados.

E assim chegamos aos dias atuais onde essa garota com runas místicas nas costas
peregrina pela região em busca de desvendar os segredos em seu sangue e talvez achar o
grande dragão que presenteou sua família para que assim salve a grande Grudith

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