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CONTEXTUALIZAÇÃO DO FENÔMENO DA VIOLÊNCIA
CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Objetivos:
Objetivos:
• Contextualizar historicamente o fenômeno da violência contra
crianças e adolescentes;
• Identificar as diferentes situações de violência sexual contra
crianças e adolescentes;
• Conhecer e analisar o mapa da violência sexual contra a criança
e o adolescente no Maranhão.
SAIBA MAIS
Em História social da criança e da família, Philippe Ariès faz um estudo na Europa, no período
compreendido entre a Idade Média e o Século XX, para demonstrar como a definição de criança se
modificou no decorrer do tempo, de acordo com parâmetros ideológicos. Pela análise de pinturas,
diários, esculturas e vitrais produzidos na Europa no período anterior aos ideais da Revolução
Francesa, Ariès forja a expressão “sentimento da infância” para designar “a consciência da
particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto”. Esse
sentimento vai aparecer a partir do século XVII”. (Costa, 2010).
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Figura 1 - Capa do livro História social da criança e da família, Philippe Ariès
Fonte: https://www.amazon.com.br/Hist%C3%B3ria-Social-Crian%C3%A7a-Fam%C3%ADlia-
Philippe-ebook/dp/B073DP792D
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A partir do século XVII, o poder público e a igreja passam a se preocupar
com as crianças e intervir. O infanticídio passou a não ser aceito passivamente e
inicia-se um cuidado com as condições de higiene e saúde das crianças, os pais
não aceitam mais perdê-las com naturalidade.
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Esse pequeno relato histórico demonstra que, de certa maneira, a violência
esteve presente no processo histórico no modo de tratar as crianças. Apresentou-
se de diversas formas, uma delas se esconde sob o véu da instituição familiar
enquanto espaço privado, protegido, criando certo isolamento que dificulta as
tentativas de intervenção contra a violência doméstica.
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e violência sexual. Trata-se de uma tentativa de compreensão desse fenômeno em
suas diferentes manifestações. Porém, quando da análise de situações concretas
de violências, verifica-se que diferentes formas não são excludentes, por exemplo,
uma violência física pode ser também uma violência psicológica, assim como uma
violência sexual pode ser física e psicológica.
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ATENÇÃO
A Violência sexual: “consiste em todo ato ou jogo sexual, relação hetero ou homossexual cujo
agressor está em estágio de desenvolvimento mais adiantado que a criança e o adolescente. Tem
por intenção estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual. Apresenta-se sobre
a forma de práticas eróticas e sexuais impostas à criança ou ao adolescente pela violência física,
ameaças ou indução da sua vontade. Esse fenômeno violento pode variar desde atos em que não
se produz o contato sexual (voyeurismo, exibicionismo, produção de fotos), até diferentes tipos de
ações que incluem contato sexual sem ou com penetração” (AZEVEDO e GUERRA, 2011, p. 33).
GLOSSÁRIO
b) Sem contato físico: abuso sexual verbal (conversa sobre atividades se-
xuais para despertar interesse ou chocar, ficar exibindo suas partes íntimas
para meninas e meninos, observar a criança ou adolescente em trajes míni-
mos ou sem roupas.
SAIBA MAIS
Violência ou abuso sexual extrafamiliar: são as violências perpetradas por pessoas desconhecidas
e/ou que não possuem um vínculo afetivo.
Violência ou abuso sexual intrafamiliar: são as violências que ocorrem no âmbito do afeto, ou
seja, perpetradas por aquele que deveria cuidar e proteger, como por exemplo, pais, padrastos,
avós, tios.
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Não é raro que a violência intrafamiliar perdure por muito tempo e seja
praticada por adultos com os quais a criança mantém importante relação afetiva.
A isso, soma-se a dificuldade da família em manter íntegras as suas funções,
inclusive, em alguns casos, a sua capacidade de apoiar e proteger a criança e/
ou adolescente. Esta situação pode ser atribuída ao receio de perder o esteio
econômico (se o agressor é o provedor da casa) ou mesmo à dificuldade em
realizar rupturas afetivas que a revelação da violência sexual impõe. Furnis (1993)
recomenda que tanto a criança quanto a família sejam alvo de ação profissional
especializada, como forma de minimizar os sentimentos de desamparo, perda de
controle, autocensura e culpa que acometem todos os membros quando se revela
o abuso sexual intrafamiliar.
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É comum observar dificuldades por parte dos trabalhadores em torno da
proteção de crianças e adolescentes, bem como agirem de modo que violam
ainda mais os seus direitos, com intervenções precipitadas ou omissões, por
desconhecerem estas nuances e a complexidade da violência sexual.
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com assistentes sociais, médicos e psicólogos que exercem a função de peritos e,
portanto, atuam de forma interdisciplinar na identificação da situação de violência
contra a criança e/ou adolescente, evidenciando não só os indicadores físicos de
uma violência, mas também aprimorando esse fazer pericial com a implementação
dos indicadores sociais e psicológicos. Os condicionantes históricos, culturais,
sociais e psicológicos são primordiais para uma abordagem mais ampla e
adequada para um público em condição peculiar de desenvolvimento. Tais
indicadores, que no âmbito criminal são nomeados de vestígios, subsidiam os
operadores do Direito para a investigação e tomada de decisão em relação a um
crime contra crianças e adolescentes.
SUGESTÃO DE LEITURA
ATENÇÃO
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de garimpo. As vítimas são crianças e adolescentes do sexo feminino e masculino,
porém as meninas são as maiores vítimas. Podem ocorrer também em agências
de modelo e/ou de turismo que realizam promessas de trabalho, que levam as
meninas também para o exterior, realizando o tráfico sexual de pessoas.
SUGESTÃO DE VÍDEO
Para entender mais sobre a exploração sexual, assista ao filme Anjos do sol no link: https://www.
youtube.com/watch?v=2U4PHZJl434
ATIVIDADE
SUGESTÃO DE LEITURA
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1.3 Mapa da violência sexual no Maranhão
Tabela 1 – Denúncias no disque 100 sobre violações de direitos humanos contra crianças e
adolescentes no Maranhão nos anos de 2011 a 2018
QUANTIDADE DE DENÚNCIAS NO DISQUE 100 SOBRE VIOLAÇÕES DE DIREITOS
HUMANOS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MARANHÃO, 2011 a 2018
ANO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
QUANTIDADE 4.685 6.788 5.462 3.378 2.494 2.023 2.604 1.968
MÉDIA 5.079 2.273
Fonte: dados disponibilizados pelo Disque 100. Disponível em: <http://www.mdh.gov.br/informacao-ao-
cidadao/disque-100>. Acesso em: 08 ago. 2019.
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Tabela 2 – Quantidade de denúncias no disque 100 sobre violações de direitos humanos contra
crianças e adolescentes no Brasil
QUANTIDADE DE DENÚNCIAS NO DISQUE 100 SOBRE VIOLAÇÕES DE DIREITOS
HUMANOS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL, 2011 a 2018
ANO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
QUANTIDADE 82.139 130.490 124.079 91.342 80.437 76.171 84.049 76.216
MÉDIA 107.013 79.219
1 Disque 100 recebe 41 denúncias por dia de violência sexual contra crianças. G1-DF. Distrito Federal, 2016.
Disponível em: <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/05/disque-100-recebe-41-denuncias-por-dia-
-de-violencia-sexual-contra-criancas.html>. Acesso em: 08 ago. 2019.
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Gráfico 1 - Quantidade de Denúncias no Disque 100 sobre violações de Direitos humanos contra
crianças e adolescentes
Gráfico 2 - Quantidade de denúncias no Disque 100 sobre violações de direitos humanos contra
crianças e adolescentes no Brasil
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É possível, por fim, traçar um diagnóstico do quantitativo de casos de violência
sexual de crianças e adolescentes por tipo no Maranhão. A maior incidência é
relativa a casos de abuso sexual, seguida da exploração sexual.
____________
2
O termo Grooming é também utilizado para representar o crime de aliciamento de crianças e crimes ligados
à pedofilia. Há inclusive o “online grooming” ou “cyber-grooming” que se refere a crimes praticados contra
crianças pela internet.
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Tabela 4 – Frequência por violência sexual segundo faixa etária (<1 ano até 19 anos), 2012 a 2017
Ano Faixa etária 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
<1 Ano 6 5 5 6 5 6 33
1 a 4 anos 18 24 18 25 23 27 135
5 a 9 anos 56 50 29 57 47 58 297
10 a 14 anos 137 154 98 122 127 174 814
15 a 19 anos 40 50 40 54 49 78 311
Total 257 283 190 264 253 343 1.590
Fonte: MS/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net
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1.3.3 Registro anual de atendimento dos CREAS no Maranhão
de 0 a 12 de 13 a 17 de 0 a 12 de 13 a 17 de 0 a 12 de 13 a 17 de 0 a 12 de 13 a 17
QNT. 0 47 0 398 0 13 0 39
TOTAL 497
Fonte: Supervisão de Proteção Social Especial – Média Complexidade – SEDES – Governo do
Maranhão
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de Natureza Criminal, órgão integrante da estrutura da Polícia Civil do Estado do
Maranhão, o Centro de Perícias Técnicas para Crianças e Adolescentes passou a
ter a nomenclatura de INSTITUTO DE PERÍCIAS TÉCNICAS PARA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES.
3
Dados fornecidos pelo Instituto de Perícias Técnicas para a Criança e o Adolescente, Direção Geral de Perí-
cias. Secretaria de Segurança Pública do Estado do Maranhão.
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- Supostas Vítimas – Feminino 319 400 381 589 784 752 921 1033 1097
- Supostas Vítimas – Masculino 51 60 73 146 586 457 470 327 284
TOTAL DE SUPOSTAS 370 460 454 735 1.070 1209 1391 1360 1381
VÍTIMAS
Tabela 6 - Comparativo das Perícias Médicas realizado nos anos de 2011 a 2019
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
PERÍCIA MÉDICA 2018 2019
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
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RESUMO
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REFERÊNCIAS
COSTA, Teresinha. Psicanálise com crianças. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
GUERRA, V.N. Violência de pais contra filhos: a tragédia revisitada. São Paulo:
Cortez,1998.
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VIGARELO, J. História do Estupro. Violência sexual nos séculos XVI-XX. Rio
de Janeiro: Zahar,1998.
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