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NULIDADES

O processo, que é instrumento de aplicação da lei penal aos casos concretos, tem vocação definida: evitar que o
responsável fique sem punição e que o inocente seja condenado.

Por causa disso a professora Ada Pellegrini afirma que a atividade processual é típica, isto é, composta de atos cujos
traços essenciais são definidos pelo legislador. Isto se chama TIPICIDADE PROCESSUAL. A consequência jurídica
criada para a inobservância da tipicidade das formas é a invalidação do ato imperfeito, sanção essa que recebe o
nome de nulidade.

Segundo a professora Ada, a regulamentação das formas processuais garante as partes a efetiva participação na
série de atos necessários à formação do convencimento judicial. Na verdade, os atos que não atendem aos
requisitos mínimos do modelo legal receberão “sanções” que variam segundo a menor ou maior intensidade do
desvio legal.

1. ESPÉCIES DE ATOS PROCESSUAIS

Havendo harmonia entre o ato processual e o modelo legal temos um ato apto a produzir os efeitos pretendidos, já
se estiver em desacordo falaremos em inexistência, irregularidade ou nulidade.

- Ato inexistente: Segundo o professor Paulo Rangel falar em ato inexistente é uma contradição de palavras. Para ele
o correto seria se falar em inexistência jurídica dos efeitos do ato, já que o ato em si, obviamente existe, o que não
existirão serão os seus efeitos. No caso de ato inexistente, não há a necessidade de se decretar a nulidade, pois não
se declara nulo o que não existe. Exemplo: sentença dada por não juiz.

Curiosidade: Há quem diga que é desnecessário um pronunciamento declarando a sua inexistência, contudo,
imagine-se que a sentença condenatória tenha sido assinada pelo estagiário e que a prisão tenha sido efetuada. Ora,
para soltar o sujeito terá que se demonstrar que aquele ato que gerou a prisão (ou seja, gerou efeito!) não existe!
Necessariamente verifica-se que haverá a necessidade de se declarar a inexistência do ato processual.

- Ato Irregular: São aquelas situações em que o desacordo com o modelo legal é mínimo, não chegando a
descaracterizar o ato que continua sendo considerado válido e eficaz. Na verdade, é ato que, mesmo praticado em
afronta à lei, atinge o fim colimado pela norma, não gerando prejuízo para as partes, bem como não gerando
influência em verdade substancial ou na decisão da causa. Exemplo: A apresentação do laudo após o prazo legal é
ato válido.

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-Ato nulo: A falta de adequação ao modelo típico pode levar ao reconhecimento de sua inaptidão para produzir
efeitos típicos no mundo jurídico. Não houve adequação entre o ato praticado e o que estava previsto na lei. Por
conta disso, esse ato pode levar ao reconhecimento de sua inaptidão para produzir efeitos. Por que foi usada a
expressão “pode”?

A nulidade no direito processual é diferente da nulidade no direito civil. Lá a nulidade a é automática. Aqui no
processo não é. Guardem essa informação: “Nulidades no processo não são automáticas. Ou seja, dependem de
pronunciamento judicial”.

Curiosidade: a declaração de nulidade diz respeito à inaptidão do ato para produzir “certos defeitos” podendo até
subsistir alguns defeitos como, por exemplo, a sentença nula fixar o patamar máximo da pena que poderá ser
aplicada ao réu que recorre de maneira exclusiva.

2. NATUREZA JURÍDICA DA NULIDADE: para Paulo Rangel, a natureza jurídica da nulidade é de “uma sanção
declarada pelo órgão jurisdicional diante da imperfeição da prática do ato”. Já para Aury Lopes Jr nulidade não é
sanção. Segundo o autor, sanção é uma reação ao comportamento vedado pelo ordenamento; portanto, é um
efeito. Já a nulidade conduz à “falta de efeito”, ou seja, à ineficácia do ato. Pensar nulidades como uma sanção seria
dizer que ser um efeito a falta de efeito.

2.1 NULIDADE ABSOLUTA E NULIDADE RELATIVA – DISTINÇÃO:

2.1.1. Entende-se que a nulidade ABSOLUTA é: Insanável, viola preceitos constitucionais, pode ser reconhecida de
ofício, não preclui, podendo ser arguida a qualquer tempo, ofende interesse público;

Nulidade absoluta: trata de normas de ordem pública, que são aquelas que tutelam garantias ou matérias tratadas
pela Constituição. Parte da doutrina afirma ser seu prejuízo presumido em razão da gravidade da irregularidade.
Pode ser decretada de ofício, independente de manifestação das partes. Não convalesce. Pode ser invocada em
qualquer tempo e grau de jurisdição. Se houver sentença condenatória, não é acobertada pela coisa julgada, pois
pode ser objeto de revisão criminal ou de habeas corpus. Entretanto se houver sentença absolutória e não for
alegada em grau de recurso, ficará acobertada pela coisa julgada, pois não há revisão pro societate.
Hipóteses de nulidade absoluta no processo:

1ª Hipótese: As nulidades absolutas são todas aquelas do art. 564 não mencionadas no art. 572.
2ª Hipótese: Quando ocorre a violação de norma protetiva de interesse público prevista na Constituição Federal e
também na Convenção Americana de Direitos Humanos.

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Ada Pellegrini diz o seguinte: a atipicidade constitucional já gera um prejuízo presumido. Assim, sempre que uma
norma constitucional for violada, dessa violação derivará uma nulidade absoluta, pois um dispositivo da Constituição
foi violado. Exemplo: A defesa arrolou suas testemunhas e na hora da audiência o juiz implicou com a defesa e
indeferiu todas as perguntas que ela quis fazer. É óbvio que o juiz não está observando o art. 212, que assegura às
partes o direito de fazer perguntas, mas a partir do momento em que o juiz não permite que a defesa faça
perguntas, ele está violando algo maior, que é exatamente o direito de defesa e o devido processo legal.

2.1.2 Já a RELATIVA é: Sanável, viola preceitos infraconstitucionais, não pode ser reconhecida de ofício, preclui (ver
artigo 571, CPP), ofende interesse privado;

Nela o prejuízo sempre deve ser comprovado. O professor Aury Lopes Jr. ressalta que o prejuízo é algo muito
abstrato e que dificilmente será possível fazer essa comprovação, acabando com a nulidade não sendo declarada. A
nulidade relativa deve ser arguida no momento oportuno, sob pena de preclusão. O momento oportuno para
arguição da nulidade relativa está previsto no art. 571, do CPP.

2.2 MOMENTOS E MEIOS PARA AS ALEGAÇÕES DE NULIDADES

Há um momento adequado? A nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer momento. Mas em se tratando de
nulidade relativa, você deve ficar atento aos prazos do art. 571.

Há instrumento processual adequado? Se for através de uma petição ou recurso ela será abordada em sede de
preliminar. Também se pode buscar uma nulidade através de revisão criminal. Até pela via de habeas corpus é
possível.

2.3 NULIDADES NA PRIMEIRA INSTÂNCIA E NA SEGUNDA INSTÂNCIA

Nulidades na primeira instância: A nulidade deve ser reconhecida de ofício pelo juiz na primeira instância. Previsão
legal: art. 251:

Art. 251 - Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso
dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.

Nulidades na segunda instância: O Tribunal pode conhecer uma nulidade contra o réu? Se houver impugnação dessa
nulidade por parte da acusação, o Tribunal pode conhecer de nulidade prejudicial ao acusado. E em favor do
acusado pode o Tribunal reconhecer, sem que tenha havido impugnação em razão do princípio da reformatio in
mellius.

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STF Súmula nº 160 - 13/12/1963 - É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no
recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.

3. SISTEMAS: O sistema adotado aqui é o da Instrumentalidade das Formas. Por ele as formas estabelecidas para se
atingir a prática de determinados atos são instrumentais e não um fim em si mesmas. Ou seja, a existência das
formas tem a função de proteger algum interesse que deva ser perquirido antes de ser invalidado o ato.

Art. 570 - A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde
que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para
o único fim de argui-las. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato,
quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.

4. PRINCÍPIOS RELACIONADOS AO TEMA NULIDADES

4.1. Princípio da Convalidação: não faria sentido declarar nulo o processo, se a parte que tem interesse na alegação
de nulidade não o fez, ou ainda, se o ato, mesmo atípico, atingiu o seu fim ou, por último, se a parte aceitou os
efeitos do ato praticado em desconformidade com a lei. É o que prevê o artigo 572 e incisos, CPP.

E quais são as formas de convalidação do ato processual defeituoso?

1ª Forma: Preclusão Temporal – É a perda da faculdade processual de se arguir nulidade relativa pela não
impugnação no momento oportuno.

2ª Forma: Ratificação – Significa confirmar. Exemplo: defeito da procuração ou de ilegitimidade processual. Imagine
que um menor de 18 anos ofereça uma queixa-crime. Ainda que o defeito seja grave, ele pode ser ratificado pelo
representante legal que comparece em juízo e ratifica o ato processual (art. 568, CPP). CUIDADO: atenção aos prazos
decadenciais!
Art. 568 - A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo
sanada, mediante ratificação dos atos processuais.

3ª Forma: Suprimento – Significa completar, suprir deficiências. Exemplo: aditamento da peça acusatória (art. 569,
CPP). CUIDADO: havendo atribuição de novos fatos ao réu, indispensável será a realização de nova citação!
Art. 569 - As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das
contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas
a todo o tempo, antes da sentença final.

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4ª Forma: Prolação da Sentença – A prolação da sentença também constitui causa de convalidação; é o que resulta
do artigo 249, §2º do CPC, aplicável por analogia no processo penal. A decisão de mérito em favor do acusado afasta
a conveniência de reconhecer nulidade relativa em seu benefício.
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§ 1o O ato não se repetirá nem se Ihe suprirá a falta quando não prejudicar a parte.
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte.
§ 2o Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta.

5ª Forma: Coisa Julgada ou Preclusão Máxima ou Sanatória Geral – No processo penal a coisa julgada só sana os
vícios que poderiam ser reconhecidos em favor da acusação, ou seja, a coisa julgada é uma sanatória geral somente
se a sentença for absolutória. Se for absolutória imprópria ou condenatória o ordenamento prevê remédios para o
reconhecimento das nulidades mesmo após a coisa julgada: art. 626, caput, parte final e 648, VI, do CPP.

Atenção: “cuidado com a sessão de julgamento do plenário do júri.” Isto porque se houver uma nulidade em um
único quesito, não terá como refazer somente a quesitação, aproveitando todo o resto. A sessão de julgamento pelo
júri é indivisível. Então, havendo nulidade no tribunal do júri, nada poderá ser aproveitado.

4.2. Princípio do Prejuízo (Não há nulidade sem prejuízo - pas de nullité sans grief): Segundo o professor Paulo
Rangel: não há que se declarar a nulidade de um ato se, de sua imperfeição, ou defeito, enfim, de sua atipicidade,
não resultar prejuízo à acusação ou à defesa. Quando se decreta uma nulidade, não se deve querer se apegar
somente a forma, mas sim se deve verificar se houve prejuízo. Esse princípio está previsto no próprio código em dois
artigos: arts. 563 e 566:
Art. 563 - Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa.
Art. 566 - Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na
apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.

Esse princípio aplica-se às duas nulidades: absoluta e relativa. Diz-se que na nulidade absoluta, o prejuízo é
presumido e na nulidade relativa o prejuízo sempre deve ser comprovado.

Exemplo interessante: inversão da ordem da oitiva de testemunhas. Se vocês forem perguntados: posso inverter a
ordem da oitiva? Não. Mas se for invertida, é nulidade absoluta? Não. Depende da análise do caso concreto. Se a
testemunha sabe alguma coisa, tem que ser ouvida por último. Se for apenas testemunha considerada abonatória
não haverá motivo para anular a instrução processual.

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4.3. Princípio da Causalidade (consequencialidade, contaminação ou contagiosidade): Uma vez declarada a
nulidade do ato processual, os atos processuais que dele dependam, ou dele sejam consequência, também deverão
ser anulados. Se um ato que integra a cadeia de atos processuais é praticado em desconformidade com o que diz a
lei, deve-se indagar se toda a cadeia ou apenas parte dela estará, também, contaminada.
Art. 573 - Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores,
serão renovados ou retificados.
§ 1º - A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente
dependam ou sejam consequência.
§ 2º - O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.

Questão: explique o que é nulidade originária e nulidade derivada?


A primeira é a do ato em si e a segunda é dos atos subsequentes e que dependem do anterior.

4.4. Princípio do Interesse: Este princípio está subordinado ao princípio geral do direito de que a ninguém é lícito se
beneficiar da própria torpeza, ou seja, se o defeito foi gerado por comportamento da própria parte que alega o vício,
não que declarar nulo o ato.
Art. 565 – Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que tenha dado causa, ou para
que tenha concorrido, ou referente à formalidade cuja observância só à parte contrária
interesse.

5. OBSERVAÇÕES SOBRE O ARTIGO 564 DO CPP

I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;


A nulidade pela incompetência evidencia a preocupação com o princípio constitucional do juiz natural, art. 5º, LIII,
CRFB/88. As normas relativas à repartição da competência em razão da pessoa (prerrogativa de foro) e da matéria
tutelam, precipuamente, interesse público, o que impede que se cogite de alteração: cuida-se de casos de
competência absoluta. Já os critérios de repartição da competência ratione loci (competência territorial) dizem
respeito, de modo prevalente, ao interesse das partes, daí se falar em competência relativa (ver súmula 706 do STF).
A absoluta gera a nulidade dos atos praticados e pode ser reconhecida a todo tempo, enquanto a relativa deve ser
arguida pelas partes em momento oportuno (no prazo da resposta, por via de exceção), sob pena de convalidação e
consequente prorrogação da competência.
II - por ilegitimidade de parte;
A ilegitimidade de parte ad causam passiva ou ativa é geradora de nulidade absoluta. Exemplo: MP oferece denúncia
em crime de ação privada. Ofendido que ajuíza ação relativa a crime de ação pública. Não se aplica aqui o artigo 568,
CPP. A ilegitimidade ad processum (ofendido menor de 18 anos que ajuíza ação sem estar representado, por
exemplo) e a falta de capacidade postulatória, no entanto, constituem nulidade relativa, que podem ser sanadas,
mediante ratificação antes de esgotado o prazo decadencial (art. 568, CPP). Para Norberto Avena mesmo a
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ilegitimidade ad processum deve ser entendida como causa ensejadora de nulidade absoluta. Isso é bom porque
pode ser arguida a qualquer tempo.

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de


prisão em flagrante;
Permanece vigente apenas a primeira parte do dispositivo: falta de denúncia, queixa ou representação.

b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;
A lei prevê que quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado (art. 158, CPP).

c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 (vinte e
um) anos;
Decorre do art. 5º, LV, da CRFB/88, que prevê a ampla defesa.

d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte
ofendida, quando se tratar de crime de ação pública;
Na hipótese de realizar-se o ato sem que tenha havido regular intimação do MP, é possível a decretação de sua
nulidade que, no entanto, conforme prevê a lei, é de natureza relativa, art. 572, CPP. Obs: Avena entende que seria
absoluta na hipótese das ações por ele intentadas, já que é o titular destas.

e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à
acusação e à defesa;
O conhecimento da acusação é essencial para que o acusado possa se defender assim a falta ou a invalidade da
citação causa a nulidade absoluta, no entanto, o comparecimento do acusado a juízo, ainda que com o propósito de
arguir a nulidade da citação, substitui o ato citatório (art. 570, CPP).

f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos
perante o Tribunal do Júri;
A existência da decisão interlocutória de pronúncia é condição para o desenvolvimento válido da segunda etapa do
rito do júri, por isso sua inexistência é causa de nulidade absoluta.

g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à
revelia;

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Hoje pode haver júri sem a presença do acusado, contudo a falta de sua intimação sempre ensejará nulidade
absoluta, pois isso fere o exercício da ampla defesa.

h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei;
Embora tais peças tenham sido substituídas por peças inominadas para arrolar as testemunhas (art. 420, CPP), o
dispositivo continua aplicável.

i) a presença pelo menos de 15 (quinze) jurados para a constituição do júri;


Se não houver o quorum (mínimo de quinze dos vinte e cinco) haverá nulidade absoluta caso haja início dos
trabalhos. A exigência do número mínimo não pode ser dispensada pelas partes, tampouco pode ser pleiteado
empréstimo de jurado e outro plenário. Deverá haver o adiamento do júri (art. 463, CPP).

j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade;


Ver artigo 467, CPP. O jurado até pode se comunicar, contanto que sobre assuntos não relacionados ao caso. No que
tange à incomunicabilidade entende-se que se trata de nulidade relativa onde o prejuízo deve ser demonstrado.

k) os quesitos e as respectivas respostas;


O julgamento do júri é feito por meio de respostas a perguntas formuladas pelo juiz, a supressão do questionário
gera a nulidade absoluta.

l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;


Ora, a atuação da acusação e da defesa é imprescindível à formação do convencimento válido dos jurados.

m) a sentença;
Aqui a hipótese é de falta de sentença. Exemplo: o juiz ao invés de sentenciar, por engano, ordena o arquivamento
do processo.

n) o recurso de ofício, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;


Nessas hipóteses de reexame necessário, em não havendo a remessa à superior instância impedirá o trânsito em
julgado da decisão (ver súmula 423, STF). Os casos de reexame necessário são: decisão concessiva de habeas corpus,
art. 574, I, do CPP, quando o constrangimento for causado por coator sujeito à autoridade do juiz que proferiu a
decisão (exemplo: delegado); absolvição ao término da primeira fase do rito do júri, art. 574, II, CPP; decisão
concessiva de reabilitação, art. 746, CPP; decisão absolutória e homologatória de arquivamento de inquérito em
crimes contra economia popular e saúde pública (art. 7º da Lei nº: 1521/1951).

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o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso;
A ausência dessa intimação importará em nulidade da certidão de trânsito em julgado e reabertura do prazo para
que o prejudicado, agora intimado, possa insurgir-se contra a respectiva decisão. Trata-se de nulidade absoluta.

p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o julgamento;
É absoluta a nulidade do julgamento realizado por órgão colegiado cuja composição não atenda ao número mínimo
de juízes, desembargadores ou ministros, de acordo com a previsão constitucional, legal ou regimental.

IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.


Qualquer que seja o ato, a supressão de formalidade essencial ao alcance da finalidade da norma processual enseja
sua nulidade, que, no entanto, conforme previsão legal ficará sanada quando não houver oportuna arguição (art.
572, I, CPP). Porém, há casos onde se verifica atos considerados absolutamente nulos e até atos considerados
inexistentes.

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