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tl;dr*: as redes socias são uma exposição pública das minhas inaptidões socias.
Não obstante ao fato de que um produto nunca é verdadeiramente gratuito, as relações cada
vez mais parassociais na internet são usadas para que o produto a ser consumido subverta seu
papel e passe a fazer do consumidor quem realmente está a venda. Mesmo que
aparentemente as ferramentas do mundo moderno estabeleçam uma pantomima – um teatro
– de uma suposta facilitação o real papel da publicidade é a manipulação.
Amiúde, o marketing nas redes socias vem velado de um produto para que se possa usar da
Angústia e suas três fases segundo Kierkegaard como um meio de direcionar a publicidade ao
seu público alvo; “a busca de significado circula pelas sensações – estética –, pelos valores que
normatizam e dão sentido ao cotidiano – ética – e pelos anseios espirituais que transcendem
este cotidiano – religião –, por isto, mesmo que não diretamente ligado as estes três eixos,
muitas das linhas de produtos de significado estarão, de uma forma ou de outra, relacionadas
às estes eixos”, sumariza Pondé.
Visto o que fora supracitado, é considerável a abstinência do uso de um produto que não tem
como finalidade servir ao seu consumidor e sim usar de suas idiossincrasias para torná-lo
maleável à publicidade de quem quer que pague mais.
Como um fazendeiro que muda o vegetal a ser plantado para que os nutrientes desse solo não
sejam esvaídos, da mesma forma a mudança de atitude de Um venha a ajudar a afastar o
Tédio. A incansável variação entre tópicos e estilos refletem uma busca constante de uma
estimulação nova. A busca da Estética não tanto é relacionada a entender regras e a obedecê-
las como, na verdade, tem como ideia a necessidade da transformação de Um em algo que
suas escolhas coincidam com o seu dever. A visão Ética de Kierkegaard vê na Estética como
uma mentira para si mesmo, pois para um ser um verdadeiro modelo para a humanidade ele
primeiro precisa conscientemente escolher isto.
No Mito de Sísifo, Camus conclui que a busca da essência em um mundo desconexo não é um
fardo que deve ser eterno; “Só vemos todo o esforço de um corpo tenso ao erguer a pedra
enorme, empurrá-la e ajudá-la a subir uma ladeira cem vezes recomeçada; vemos o rosto
crispado, a bochecha colada contra a pedra, o socorro de um ombro que recebe a massa
coberta de argila, um pé que a retém, a tensão dos braços, a segurança totalmente humana de
duas mãos cheias de terra”, a consciência do fardo é o primeiro passo para a revolta necessária
que culminará em sua libertação.
Com isto, pode-se concluir que a mensagem de que a busca pela “parte que falta” é uma busca
incessável e virtualmente, se não, impossível, desapontante, é uma ponderação hedonista.
Não necessariamente o semicírculo precisa se transforma em um círculo para que consiga
verdadeiramente ser completo, como tão pouco precisa de uma busca incessável para que
possa apreciar o prazer Estético da contemplação das coisas que apenas são notadas no locus
amoenus arcadista.