UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – CAMPUS ARAPIRACA

UNIDADE EDUCACIONAL PENEDO

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

JOSÉ VITOR DE ABREU SILVA

MATHEUS DE MELO SURICA

Análise Sobre Ética e Sua Relação com Filmes

Penedo
2021
 JOSÉ VITOR DE ABREU SILVA
MATHEUS DE MELO SURICA

Análise Sobre Ética e Sua Relação com Filmes

Trabalho solicitado pelo professor

Sandro para a disciplina de
Metodologia da pesquisa como
forma avaliativa para compor a nota
da AB1.

Penedo
2021
1. Contextualização
O progresso da ciência e tecnologia é algo incontestável na sociedade, pois
beneficiaram de forma significativa o prolongamento da vida, dos hábitos e cultura do ser
humano. Com isso, surgiram necessidades de participações efetivas de seres humanos em
pesquisas científicas, tal como formas de proteger e respeitar a dignidade destes. O
Código de Nuremberg foi um marco na história da humanidade, pois, pela primeira vez
estabeleceu-se recomendação internacional sobre os aspectos éticos envolvidos na
pesquisa em seres humanos.
Esse código possui dez princípios básicos e determina as normas do
consentimento informado e da ilegalidade da imposição, regulamenta a experimentação
científica e defende a beneficência como um dos fatores justificáveis sobre os
participantes dos experimentos. A tabela 1 ilustra essas normas.
Além disso, algumas normas regulamentadoras foram impostas no Conselho
Nacional de Saúde, reforçando o desenvolvimento de vários avanços para as pesquisas
no Brasil, trazendo os princípios da bioética, sob a ótica do indivíduo e das coletividades,
assegurando os direitos e deveres dos participantes da pesquisa.
1 O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial.

2 O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para a sociedade,
que não possam ser buscados por outros métodos de estudo, mas não podem ser
feitos de maneira casuística ou desnecessariamente.
3 O experimento deve ser baseado em resultados de experimentação em animais e
no conhecimento da evolução da doença ou outros problemas em estudo; dessa
maneira, os resultados já conhecidos justificam a condição do experimento.
4 O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo sofrimento e danos
desnecessários, quer físicos, quer materiais.
5 Não deve ser conduzido qualquer experimento quando existirem razões para
acreditar que pode ocorrer morte ou invalidez permanente; exceto, talvez,
quando o próprio médico pesquisador se submeter ao experimento.
6 O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância do problema que o
pesquisador se propõe a resolver.
7 Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do
experimento de qualquer possibilidade de dano, invalidez ou morte, mesmo que
remota.
8 O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas cientificamente
qualificadas.
9 O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no decorrer do
experimento.
10 O pesquisador deve estar preparado para suspender os procedimentos
experimentais em qualquer estágio, se ele tiver motivos razoáveis para acreditar
que a continuação do experimento provavelmente causará danos, invalidez ou
morte para os participantes.
Tabela 1. Código de Nuremberg

2. Filmes e Aspectos Éticos Violados

 Quando falado em princípios éticos, pode-se levar em consideração quatro áreas
principais, as quais buscam evitar danos aos participantes, garantir seu consentimento
informado, respeitar a sua privacidade e evitar uso de engano. O princípio do
consentimento informado significa dizer que os voluntários da pesquisa recebem
informação suficiente e acessível, podendo tomar uma decisão informada sobre seu
envolvimento ou não no experimento. Além disso, será considerada danosa se a pesquisa
fizer o voluntário se sentir constrangido, ridicularizado, depreciado ou submetido a
desconforto mental de forma geral.
Um dos filmes passados para análise foi sobre o experimento de Milgram, o qual
observou o processo de obediência à autoridade. O pesquisador acreditava estar
demonstrando até onde as pessoas iriam quando era pedido que realizasse uma tarefa, não
importando o quão desagradável era essa tarefa. O experimento foi além disso, pois os
danos psicológicos causados aos participantes, o uso de engano e a forma como foi
ignorada a necessidade do consentimento informado foi surreal, não respeitando os
principais princípios de ética da pesquisa científica.
Assim como no estudo de Milgram, O experimento de aprisionamento de
Stanford, fica claro o processo de extrapolação negativa da conduta ética do grupo
formado pelos guardas, que passam a agir com violência e
autoritarismo contra os prisioneiros, impondo regras questionáveis e punindo
aqueles que a desobedeciam jogando-os em uma sala minúscula que simulava uma
solitária de presídios convencionais. Também é possível perceber que a maioria dos
atos mais autoritários e violentos dos guardas partem de um voluntário em específico, e
apesar de os outros chegaram muitas vezes a hesitar, acabam cedendo e se deixando
contagiar pela violência do companheiro de grupo.
Já o filme “Cobaias”, foco da análise deste trabalho, relata uma pesquisa
financiada por entidades governamentais, objetivando inferiorizar os negros aos brancos
socialmente, biologicamente e culturalmente. Durante o processo, os pesquisadores não
garantiram a informação, tal como o consentimento dos voluntários necessário para
desenvolver o experimento.
A pesquisa cientifica retratada no filme buscava entender se a sífilis se
desenvolvia da mesma forma nos negros como tinha sido verificado em estudos anteriores
com pessoas brancas. Assim, os voluntários não teriam custo individual, e seria tudo
custeado pelo serviço de saúde nacional americano. De início, houve uma resistência por
parte dessa população, já que havia discriminação e muita negligência, mas a enfermeira
responsável passava muita credibilidade e insistia em afirmar que os médicos sabiam o
que estavam fazendo.
Os voluntários do estudo não sabiam que eles tinham sífilis, nem tinham
conhecimento dos efeitos da doença, pois não foram mostrados o real diagnóstico deles.
A partir desse momento, pode-se notar que os médicos já estavam infringindo o princípio
ético da autonomia que assegura o direito do paciente ter ciência de sua condição de
saúde. Além disso, o tratamento para a doença foi ocultado e negado a essa população,
pois todos os participantes da pesquisa tinham seus nomes listados em instituições de
saúde para que eles não recebessem o tratamento adequado, o que fere outro princípio da
saúde. Por causa dessa negligência, cerca de 300 indivíduos participantes da pesquisa
morreram.
Por fim, ao analisar o contexto geral do filme, pode-se destacar que não houve
respeito pelas pessoas, menosprezando a capacidade intelectual deles de compreenderem
o diagnóstico da doença, além de não aplicar uso de termo de consentimento livre e
esclarecido, não dando a oportunidade da pessoa saber sobre o que se tratava o estudo em
questão. Por outro lado, também pode-se observar que não seguiram o princípio ético da
justiça, pois os pacientes negros não tiveram acesso igualitário ao tratamento que os
brancos tiveram, como também não puderam tomar ciência do diagnóstico processo da
pesquisa e seus resultados. Mesmo o estudo sendo aberto a nível de conhecimento de toda
a população, inclusive o governo, não houve nenhuma restrição para que esse estudo não
fosse feito, se tornando algo desumano e extremamente antiético.
Com base nessa análise, é notório que uma pesquisa eticamente justificável
precisa respeitar o participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, tendo o
reconhecimento da sua vulnerabilidade e fazendo com que o voluntário tenha vontade de
permanecer e contribuir com a pesquisa, não ultrapassando as condutas éticas citadas
anteriormente, para que não ocorram erros tão graves quanto nos filmes. Além disso, é
fundamental reconhecer a importância da liberdade e dos benefícios que a pesquisa trará,
dando ênfase à dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades individuais.