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Administração Pública,

Governo e Terceiro Setor


Enangrad Júnior

THIAGO MADEIRA CONDE

GABRIEL SILVA SANTOS SILVA

BEATRIZ LOISE ANDRADE SILVA

MICHELE AMARAL DOS SANTOS SILVA ABREU

JULIO MIRANDA CERQUEIRA NETO


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, GOVERNO E TERCEIRO SETOR

A ECONOMIA SOLIDÁRIA PODE SER UMA ALTERNATIVA PARA CONTORNAR


O DESEMPREGO? ANÁLISE DO USO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA POR
ARTESÃOS DE RIO DAS OSTRAS - RJ
RESUMO
Em tempos de altos índices de desemprego, verifica-se que as medidas para
a redução ao desemprego restringem-se, em sua maioria, na questão da
qualificação profissional, no entanto tais medidas não são a solução para o
desemprego, é necessário oferecer à massa dos socialmente excluídos uma
oportunidade real de se reinserir na economia por sua própria iniciativa, neste
sentido a economia solidária surge como alternativa capaz de atender tal demanda.
Este artigo tem por objetivo avaliar a economia solidária como alternativa à crise do
desemprego, tendo como objeto de estudo a Associação do Espaço Solidário do
Artesão, localizado no município de Rio das Ostras- RJ. Classifica-se por uma
pesquisa qualitativa de caráter exploratório e descritivo, isto porque seu objetivo
principal é explorar o conceito de economia solidária e descrever como esta pode
colaborar para o fomento da geração de emprego e renda. Conclui-se que existem
diversas medidas e iniciativas que promovem a economia solidária, porém não há
uma continuidade por parte da gestão pública na aplicação desses incentivos,
tornando-se mais difícil disseminar a prática econômica solidária entre a sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Economia solidária, empregabilidade, renda

ABSTRACT
In times of high unemployment, the measures to reduce unemployment are mostly
restricted to the issue of professional qualification, however such measures are not
the solution to unemployment, it is necessary to offer the mass of the socially
excluded a real opportunity to re-enter the economy on its own initiative, in this sense
the solidarity economy emerges as an alternative capable of meeting such demand.
This article aims to evaluate the solidarity economy as an alternative to the
unemployment crisis, having as object of study the Solidarity Space Association of
the Artisan, located in the municipality of Rio das Ostras - RJ. It is classified by a
qualitative research of exploratory and descriptive character, this because its main
objective is to explore the concept of solidarity economy and to describe how it can
collaborate to foment the generation of employment and income. It is concluded that
there are several measures and initiatives that promote the solidarity economy, but
there is a continuity on the part of the public management in the application of these
incentives, making it more difficult to disseminate the economic practice of solidarity
between society.
KEY WORDS: Solidary economy, employability, income
1 INTRODUÇÃO
Analisando o cenário econômico brasileiro, nota-se que o Brasil vem a alguns
anos passando por uma grande de crise, esta impulsionada, em grande parte pelos
acontecimentos relacionados gestão pública, mais especificamente aos escândalos
de corrupção revelados pela operação Lava-Jato em 2014.
As descobertas da operação Lava-Jato impactaram direta e indiretamente os
mais diversos setores da economia, isto porque os fatos revelados geraram certa
descredibilidade do país junto a instituições nacionais e internacionais ocasionando
instabilidade econômica e consequentemente a elevação das taxas de desemprego.
Vale ressaltar que situações como uma crise econômica e instabilidade
política impactam diretamente na elevação dos índices de desemprego, no entanto,
há outros fatores que geram o desemprego, como por exemplo, a evolução da
tecnologia e suas inovações, a falta de qualificação profissional entre outros
(SINGER, 2012).
Em tempos de altos índices de desemprego, verifica-se que as medidas para
a redução ao desemprego restringem-se, em sua maioria, na questão da
qualificação profissional, no entanto tais medidas não são a solução para o
desemprego, é necessário oferecer à massa dos socialmente excluídos uma
oportunidade real de se reinserir na economia por sua própria iniciativa, neste
sentido a economia solidária surge como alternativa capaz de atender tal demanda,
isto porque que através de uma gestão autogestionária e associativa, a mesma é
capaz e oferecer aos participantes autonomia e uma alternativa de obtenção de
renda (SINGER, 2012).
Isto posto, este artigo tem por objetivo avaliar a economia solidária como
alternativa à crise do desemprego, tendo como objeto de estudo a Associação do
Espaço Solidário do Artesão, localizado no município de Rio das Ostras- RJ.
O atual cenário econômico do Brasil apresenta agravantes que necessitam
ser trabalhados para que se possa identificar medidas e/ou alternativas
solucionadoras ou ao menos minimizadoras dos efeitos da crise, neste sentido o
presente estudo pauta sua justificativa em ser a economia solidária uma estratégia a
ser adotada como forma a minimizar tais efeitos.
2 METODOLOGIA
De acordo com Gil (2008) o objetivo de uma pesquisa exploratória é
familiarizar-se com um assunto ainda pouco conhecido, pouco explorado, enquanto
que as pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrição das características
de uma população, fenômeno ou de uma experiência.
Tomando como base a classificação apresentada por Gil, o presente estudo
classifica-se por uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório e descritivo, isto
porque seu objetivo principal é explorar o conceito de economia solidária e descrever
como esta pode colaborar para o fomento da geração de emprego e renda.
Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica que permitiu construir um
embasamento teórico acerca do tema abordado. Em seguida foram realizadas
entrevistas, de caráter qualitativo, com 20 dos 26 artesãos que atuam no Espaço
Solidário do Artesão do município de Rio das Ostras - RJ, incluindo Margareth
Azevedo, uma das ativistas do movimento no município.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Economia
Segundo Vasconcellos e Garcia (2012), o pensamento econômico pode ser
visto desde a antiguidade, porém não se existia um estudo sistemático das relações
econômicas. Existe razoável consenso de que a teoria econômica sistematizada
surgiu nas escolas fisiocratas na França.
Um precursor da teoria econômica foi Adam Smith, onde ele desenvolveu o
princípio do liberalismo. Sendo sucedido por Alfred Marshall, um grande destaque da
corrente neoclássica, porém foi John Maynard Keynes quem influenciou a política
econômica de países capitalistas com sua obra impactante, haja vista que sua
ascensão se deu em meio à crise de 30, Keynes abordava questões como
desemprego e a intervenção do Estado por meio de políticas de gastos públicos.
Após a era keynesiana muitos pensamentos contemporâneos surgiram, todos
com estudos voltados a renda, ao emprego e a moeda e entre eles pode-se destacar
a interação entre a microeconomia, a qual estuda os comportamentos básicos dos
componentes econômicos individuais e a macroeconomia, a qual estuda os
comportamentos globais.
“Etimologicamente, a palavra economia deriva do grego oikonomia (de oikos,
casa; nomos, lei). No sentido original seria a “administração da casa”, que
posteriormente foi associada à “administração da coisa pública” (VASCONCELLOS
M. e GARCIA M., 2012, p. 2).
Segundo Vasconcellos e Garcia (2012), a economia pode ser definida como a
ciência social que estuda a forma como a sociedade decide empregar os recursos
escassos para a produção de bens e serviços, de modo que haja a distribuição entre
os indivíduos da sociedade, a fim de satisfazer suas necessidades.
Quando se estuda economia é importante ressaltar duas divisões da mesma,
sendo elas a economia positiva e a economia normativa. A primeira, segundo
Michels, Oliveira e Whollenhaupt apud Vasconcellos 2006, estuda os fatos sociais de
forma sistemática, para com isso formular os princípios gerais, as teorias e as leis da
economia e os modelos econômicos. Já a segunda é responsável por criar as
políticas econômicas.
“As políticas econômicas sempre buscaram alcançar um objetivo social
específico, que é debelar a inflação, distribuir melhor a renda, desenvolver uma
região ou todo o país” (MICHELS, OLIVEIRA e WHOLLENHAUPT, 2013, p. 16).
Resumindo às políticas econômicas devem pautar seus objetivos promover a
distribuição de renda de forma sustentável.
3.1.1 Sistemas Econômicos
Segundo Vasconcellos e Garcia (2012), pode-se definir um sistema
econômico pela forma política, social e econômica que uma sociedade está
organizada, sendo ele um sistema de organização da produção, da distribuição e do
consumo de bens e serviços que a sociedade utiliza buscando melhorar seu padrão
de vida e bem-estar.
Eles são classificados em sistema capitalista ou economia de mercado e
sistema socialista. Atualmente o sistema predominante no mundo é o capitalista, de
acordo com Singer (2013), pode-se dizer que o sistema capitalista enquanto modo
de produção, surgiu no século XVIII como resultado da revolução industrial na Grã-
Bretanha, pois o avanço tecnológico e a invenção de máquinas permitiu aos
empresários vantagens na produção e distribuição de mercadorias e são estes
mesmo empresários os que unicamente, quando em fase liberal a economia,
possuíam direitos, isto é, os jovens, o proletariado e as mulheres não podiam votar.
Conquanto ainda segundo Singer (2013), com as guerras e a crise de 30 o
capitalismo passou por mudanças, uma delas foi o surgimento da democracia a qual
teve avanço significativo no século XX e foi ela quem possibilitou direitos iguais a
todos, inclusive aos menos favorecidos nesse sistema que é a classe trabalhadora,
haja vista que essa classe é a que mais sai prejudicada em uma economia de
mercado e essa tendência se revela, sobretudo, nos períodos de crise, quando
muitas empresas pequenas entram em decadência e o aumento do desemprego
lançam na pobreza parcelas significativas das classes que dependem apenas do seu
trabalho para sobreviver.
No entanto tendo ciência desses direitos políticos, essa classe dominante
aproveitou para colocar no poder parlamentos e governos dispostos a ir a favor dos
economicamente mais fracos e vulneráveis. Resultando daí o “Estado de bem-estar
social”, o qual acarretou um aumento significativo da participação do Estado na
economia, pois as atividades que antes eram facilmente monopolizadas, como
serviço de transporte público, distribuição de energia elétrica e etc., passaram a ser
transferidas para o setor público o que ocasionou um regulamento do
comportamento do setor privado mediante essa expansão do Estado.
3.2 Desenvolvimento Econômico X Crescimento Econômico
Segundo Michels, Oliveira e Wollenhaupt (2013), o desenvolvimento
econômico pode ser entendido como a mudança estrutural a longo prazo em um
sistema econômico, tendo ele participação social no resultado do crescimento. No
entanto não se deve confundir desenvolvimento econômico com crescimento
econômico, de forma breve o crescimento se mostra um fator quantitativo e o
desenvolvimento qualitativo.
O desenvolvimento econômico possui fatores influenciadores como a
qualidade e a quantidade de recursos produtivos disponíveis, as condições políticas
e sociais e o dinamismo dos agentes econômicos que proporcionam eficiência
organizacional. Bem como traz consigo consequências, tais como alterações no
processo produtivo, que estimulam os investimentos no capital produtivo e na
formação de capital, alterações no padrão de consumo da sociedade como, por
exemplo, na pirâmide desenvolvida por Abraham Maslow, crescente
interdependência dos setores na economia devido a consolidação das atividades em
todos os níveis do processo produtivo e os reflexos no setor externo, onde com o
desenvolvimento terá maior competitividade no mercado globalizado.
Os principais Indicadores econômicos são a Renda per capita, um dos
principais indicadores de desenvolvimento, porém não confiável, pois a renda de um
país pode estar aumentando desproporcionalmente ao seu crescimento demográfico
e isto significa crescimento econômico e não desenvolvimento; a Estrutura de
importações e exportações, quanto mais desenvolvido o país, mais desenvolvido é o
produto e sendo assim também quando ao contrário; a Estrutura da produção e do
emprego, isto é, quanto mais desenvolvido, mais estruturado será a produção e
exigirá mais qualificação da mão de obra.
Já os Indicadores sociais são a taxa de analfabetismo; a participação da
mulher na sociedade; a inclusão social; o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH);
o a cesso à educação; a Longevidade e a distribuição de renda.
3.3 Economia Solidária
Segundo Singer (2002), a economia solidária teve seu surgimento como uma
reação ao capitalismo industrial, que por sua vez provocou um enfraquecimento dos
artesãos, que tiveram suas funções substituídas pelas máquinas, assim gerou o
desemprego dos mesmos. Nota-se que a economia solidária surgiu com o papel de
contrapor ao capitalismo, haja vista que o mesmo não conseguia abranger todos, no
que se refere ao emprego.
No entanto Singer (2002), expõe uma outra alternativa à economia solidária,
onde a mesma não será apenas algo complementar que preencha as lacunas do
capitalismo, mas algo que seja superior ao capitalismo, não se referindo a aspectos
financeiros, mas ao aspecto humano, dando uma qualidade de vida melhor a seus
praticantes.
A economia solidária em todo contexto foi “perdendo força” à medida que os
trabalhadores passaram a ter seus diretos garantidos por lei, melhorias nas
condições de trabalho, entre outras coisas. Porém a economia solidária voltou a
crescer em 1970 com o desemprego em massa. Com isso nota-se que a economia
solidária tinha sua ascensão em momentos de crise, onde o desemprego era
evidente (SINGER, 2002).
De acordo com o Conselho Nacional de Economia Solidária (CNES), a
economia solidária é definida como “o conjunto de atividades econômicas –
produção de bens e serviços, distribuição, consumo e finança – organizados e
realizados solidariamente por trabalhadores e trabalhadoras na forma coletiva e
autogestionária” (Brasil, 2015, p.41 apud MARTINS, 2017, p.138).
Martins (2017), apresenta as características centrais da economia solidária
estabelecidas pelo CNES, as mesmas são a Autogestão uma caraterística
fundamental da economia solidária que permite aos integrantes autonomia na gestão
da atividade exercida por eles.
A Cooperação que através de cooperativas e associações os praticantes
conseguem conciliar seus interesses, visando um objetivo comum, assim unindo
suas capacidades para alcançar o objetivo de maneira que todos possam desfrutar
dos resultados obtidos.
A Dimensão econômica que se refere à integração de esforços e recursos
que envolvam aspectos culturais, ambientais e sociais, visando à eficiência e
efetividade dos resultados.
A Solidariedade que envolve uma divisão justa de todos os resultados
obtidos, a contribuição para com o meio ambiente, melhorias na qualidade de vida,
valorização do consumidor, preocupando-se com o bem-estar do mesmo.
No Brasil a economia solidária passou a ter uma notoriedade e uma
relevância no âmbito nacional a partir da criação da Secretaria Nacional de
Economia Solidária (SENAES) e do Conselho Nacional de Economia Solidária
(CNES), os mesmos foram criados em 2003 e fazem parte do Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE).
No decreto nº 5811 de 21 de junho de 2006 é apresentado às funções do
Conselho, dentre elas destacam-se:
Art. 2º Ao CNES compete:
I - Estimular a participação da sociedade civil e do Governo no
âmbito da política de economia solidária;
III - Propor medidas para aperfeiçoamento da legislação, com
vista ao fortalecimento da economia solidária;
VIII – Colaborar com os demais conselhos envolvidos com as
políticas públicas de desenvolvimento, combate ao
desemprego e à pobreza.
O terceiro artigo deste decreto apresenta a composição do Conselho que
envolve não apenas ao governo federal, mas também às secretarias estaduais e
órgãos de apoio à economia solidária de governos estaduais e municipais. Assim
percebe-se que, através desses, é garantido o apoio do poder público no que se
refere à economia solidária.
3.4 Gestão Pública x Economia Solidária
Segundo Fernandes (2009), o Estado é o principal responsável pelo
planejamento, desenvolvimento e crescimento econômico de uma cidade, pode-se
afirmar que esse trabalho é definido como gestão pública. A gestão pública nada
mais é do que a arte de administrar e desenvolver a infraestrutura do município,
fazendo um trabalho eficiente e eficaz.
O Estado através de arrecadação de impostos é o responsável pela
administração desse bem público. Os recursos devem ser empregados em diversos
setores e serviços públicos, como por exemplo: saúde, educação, segurança e
desenvolvimento econômico, mas atualmente na sociedade a gestão pública
apresenta graves falhas e os serviços estão cada vez mais precários ou até mesmo
escassos. O governo falha constantemente para atender as demandas da
sociedade, fazendo de forma ineficiente os serviços, cujo os quais são de sua total
responsabilidade e obrigação, gerando assim um alto índice de desigualdade.
A proposta de uma gestão pública, segundo Lima (2006), se baseia na
excelência de valores e de resultados. O ganho social é de extrema importância e
alcança o topo em uma pirâmide de prioridade, pois “cria valor público para o
cidadão” (LIMA, 2006 p. 8). A melhoria da qualidade ofertada pelos serviços públicos
também é de responsabilidade da gestão pública que deve sempre estar elencada
para uma devida contribuição à competitividade do país.
De acordo ainda com Fernandes (2009), na administração pública o principal
foco deve ser a população, visando atender a todos os níveis de classes. Além
disso, o bem-estar social dever ser prioridade da gestão e isso na teoria deveria
funcionar de modo que todas as camadas da população fossem alcançadas, por isso
atualmente muitos são os debates e conflitos sobre como a sociedade tem sido
administrada.
A partir desse pensamento de que a gestão pública tem importante influência
no desenvolvimento econômico e na distribuição de renda e bem-estar social, que
surgiram movimentos que enxergaram a importância da participação da mesma na
expansão de pensamentos voltados para, segundo o Fórum Social Mundial (2001),
uma globalização solidária e que respeite os direitos humanos universais, pois
segundo o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES, 2018), a mesma estaria
apta a propor ferramentas adequadas dentro do Estado brasileiro para o incentivo ao
desenvolvimento da economia solidária, fortalecendo a participação deste segmento
nas decisões sobre as políticas públicas. Contudo pode-se notar como resultado
dessa participação, segundo Alves (2015), a criação do 1º Plano Nacional de
Economia Solidária no ano de 2015 junto ao Ministério do Trabalho e Renda e ainda,
segundo o Governo do Estado do Rio de Janeiro (2017), a criação do Plano
Estadual de Economia Solidária do Estado do Rio de Janeiro (PEES-RJ) em 2017
junto a Secretaria de Estado de Trabalho e Renda (SETRAB), tendo o PEES-RJ o
objetivo geral de “Propor diretrizes orientadoras da implementação de políticas
públicas de apoio e fomento para Economia Solidária, no Estado do Rio de Janeiro”
(Plano Estadual de Economia Solidária, 2017, p16).
3.5 Desemprego
Segundo Souza (2009), pode-se compreender o desemprego através da
análise de acordo com três fatores básicos de produção: trabalho, terra e capital.
Logo, o desemprego ocorre quando o fator trabalho está em falta. Assim pode-se
entender desemprego quando o indivíduo não tem uma ocupação. Segundo Mochón
e Troster (2002), tecnicamente o IBGE define como desempregado aquele com mais
de 16 anos que esteja à procura de trabalho na semana em que é feita a pesquisa.
Compreende-se que hoje o Brasil vive um cenário voltado ao desemprego
cíclico, pois os elevados índices de desemprego advêm do momento crítico
econômico.
Ao abordar dados efetivos depara-se com números recordes de desemprego
nos últimos anos. O Brasil tem sofrido bastante por causa de sua ineficiente gestão
pública. O país enfrenta um dos maiores índices de desemprego da história,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016 a taxa de
desemprego chegou à marca de 11,5%, no ano seguinte 2017 a mesma aumentou
para 12,7% e obteve um pico de 13,7% no primeiro trimestre. O índice de
desemprego no ano de 2014 estava em um menor patamar de 6,8%, se comparado
a 2017, são quase 6,5 milhões de desempregados a mais, um aumento de 96,2%.
Atualmente o país tem aproximadamente 13,2 milhões de pessoas sem emprego.
No âmbito estadual, segundo o IBGE, o estado do Rio de Janeiro é o segundo
estado com maior número de desocupados, tendo um crescimento de 157% de 2014
até 2017. Em 2017 foram registradas 1,2 milhões de pessoas desocupadas no
estado.
No âmbito municipal, não há dados precisos sobre desemprego, mas sabe-se
que a crise do petróleo refletiu em Rio das Ostras, sendo um fator influenciador do
aumento do desemprego.
Apesar da crise econômica do atual cenário brasileiro ser um grande
influenciador do desemprego, “uma crise geral não é, porém, o único motivo do
desemprego” (SOUZA, 2009, P.74). Há outros fatores que influenciam o
desemprego.
Mochón e Troster (2002) apresentam o desemprego dividido de acordo com a
tipologia, sendo o mesmo dividido da seguinte maneira: Desemprego sazonal que
acontece quando há variações no mercado, por exemplo, num período
comemorativo ofertas de empregos crescem, mas quando passa esse período essa
demanda de emprego decresce, demitindo muitos trabalhadores, ou seja, esses
trabalhos temporários ocasionam oscilações nos índices de desemprego;
Desemprego cíclico que acontece devido aos ritmos das atividades econômicas, que
por sua vez, ocorre devido a flutuações econômicas, ou seja, o momento que um
país passa por uma crise econômica, a taxa de desemprego aumenta. Assim
acontece um ciclo, pois da mesma maneira que o desemprego aumenta quando a
economia está em baixa, ocorre o inverso quando a economia se reestrutura e se
fortalece, a taxa desemprego diminui, acontecendo esse ciclo que é regido de
acordo com as flutuações.
Tem ainda o Desemprego friccional que pode ser entendido como normal,
pois acontece quando a troca de empregos se dá devido aos trabalhadores
buscarem empregos melhores ou uma mudança de cidade, assim esse processo faz
com que esses trabalhadores estejam desempregados durante esse período de
transição e por fim o Desemprego estrutural que se refere ao desemprego
ocasionado pela falta de qualificação do empregado de acordo com que o trabalho
exige, isso está ligado a inovações tecnológicas e automação, fazendo com que
sejam acrescidos novos requisitos para ocupar determinada função e tais requisitos
não são atendidos pelos trabalhadores. Também pode estar relacionado a uma
mudança geográfica de uma empresa que faz com que os empregados que
trabalhavam na antiga localização percam seus empregos.
4 ESTUDO DE CASO
4.1 ESPAÇO SOLIDÁRIO DO ARTESÃO
Quando se fala em economia solidária no município de Rio das Ostras, faz-se
necessário falar sobre a percussora do movimento na cidade, Margareth Azevedo,
artesã do município que muito contribuiu para o desenvolvimento da economia
solidária na Região.
Segundo entrevista realizada com Margareth em maio de 2018, em 2003 a
artesã foi delegada na 3ª Plenária do Fórum Brasileiro de Economia Solidária
(FBES) representando o Rio de Janeiro artesão, onde ela pôde conhecer a
Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) e um dos destaques acerca
da economia solidária, o secretário nacional de economia solidária professor Paul
Singer. Desde então ela vinha realizando trabalhos e pesquisas que pudessem dar
suporte para que ela pudesse mostrar a secretaria de bem-estar social municipal,
despertando o interesse em trazer a economia solidária para Rio das Ostras, foi
então em 2010 que houve a criação do Fórum de Economia Solidária em Rio das
Ostras, porém este fórum inicialmente só ajudava os artesãos, devido à falta de
apoio por parte da gestão pública. Um fato importante é que Margareth participou de
todos os mapeamentos de empreendimentos econômicos solidários no estado do
Rio de Janeiro, onde em 2006 e 2007 ela coordenou 21 municípios.
Há algum tempo atrás a economia solidária em Rio das Ostras recebe apoio
do governo municipal através da Secretaria de Bem-Estar Social, havendo um
desenvolvimento expressivo da economia solidária naquela época, onde a mesma
recebia incentivos financeiros da prefeitura, como, por exemplo, verba para
transporte para feiras de artesanato, eventos como a Mega Artesanal1 e a Feira de
Artes Manuais do Rio.
Atualmente quem tem apoiado o movimento é a Secretaria de
Desenvolvimento Econômico e Turismo. Sendo possível notar algumas inciativas por
parte da prefeitura municipal de Rio das Ostras quanto à participação no
desenvolvimento da economia solidária, como, por exemplo, a participação do
município no lançamento do Plano Estadual de Economia Solidária.
No entanto, ainda não houve uma contínua progressão desse
desenvolvimento, pois para que isso fosse possível seria necessário o apoio da
gestão pública quanto ao desenvolvimento de políticas públicas que visem o
desenvolvimento social. O município já recebeu investimentos em cursos de
capacitação e profissionalização, porém devido a atual crise no país houve uma
cessação na oferta desses cursos.
Pode-se dizer que esse cenário se faz devido à ausência de políticas públicas
municipais e a escassez de informações a respeito da economia solidária por parte
da população Riostrense.
No município de Rio das Ostras existe uma associação que adotou o
movimento de economia solidária, a mesma atua na área do artesanato e seu início
se deu em outubro de 2007, quando o prefeito de Rio das Ostras que ocupava o
cargo em vigência naquele ano, cedeu um quiosque na orla da praia da tartaruga
para Margareth Azevedo, que na época atuava como representante do grupo de
artesãs da cidade, para que ela pudesse dar continuidade aos seus trabalhos no
artesanato, porém a mesma decidiu designar o espaço cedido como um espaço para
usufruto de todos os artesãos, denominando-o assim como Espaço Solidário do
Artesão, o qual em 2017 se mudou para a orla da praia do Costa Azul e atualmente
aderiu a Rede de Comercialização Solidária (Rede ComSol) que é um projeto do
Programa de Economia Solidária do Instituto Marista de Solidariedade, em conjunto
com o Ministério do Trabalho e Renda (MTE) e em parceria com o Fórum Brasileiro
de Economia Solidária (FBES).

1
A Mega artesanal se consagrou como a maior e mais importante feira da América latina especializa no setor de
produtos e técnicas para arte e artesanato. (WR SÃO PAULO, 2018).
É importante ressaltar que Margareth Azevedo já foi coordenadora do
Espaço Solidário do Artesão e foi à mesma quem deu início ao movimento de
economia solidária no município e desde então tem lutado para dar continuidade a
esse movimento.
Hoje o Espaço Solidário do Artesão conta com 26 artesãos, onde eles
possuem um método de produção individual, porém realizam a comercialização de
seus produtos de forma coletiva atuando de forma associativa e autogestonária,
onde possuem divisões de cargos como: coordenador, tesoureiro, avaliadora de
qualidade e os associados. No entanto as decisões são tomadas de forma coletiva e
democrática. O espaço hoje tem como visão “ser um espaço diferenciado e
referência de artesanato no município de Rio das Ostras” e objetivos “implementar
mudanças para ser um espaço diferenciado; melhorar a qualidade dos produtos;
proporcionar produto temático local; melhorar a comunicação e divulgação do
espaço.”, onde sua missão é “Ser modelo de geração de renda em economia
solidária”, portanto pode-se dizer que essa é uma alternativa para geração de renda,
tendo ainda a possibilidade desses artesãos atuarem de forma regulamentada e
formalizada, através da lei nº 13.180/2015 que regulamenta a profissão artesão,
havendo ainda segundo a Secretaria Especial de Micro e Pequena Empresa
(SEMPE, 2018), o Programa de Artesanato Brasileiro (PAB) que “foi instituído com a
finalidade de coordenar e desenvolver atividades que visam valorizar o artesão
brasileiro, elevando o seu nível cultural, profissional, social e econômico, bem como,
desenvolver e promover o artesanato e a empresa artesanal” (SECRETARIA
ESPECIAL DE MICRO E PEQUENA EMPRESA, 2018)
Segundo a Portaria SCS/MDIC nº 29 de 05/10/2010, o PAB em 2010 definiu
uma base conceitual para que fosse possível subsidiar o Sistema de Informações
Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB) onde as informações geradas pela
SICAB poderão contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas e fomento ao
desenvolvimento do artesanato. O SICAB é responsável pelo cadastro desses
artesãos, sendo os governos estaduais responsáveis pela emissão da Carteira
Nacional Do Artesão, a qual permite aos artesãos o acesso a cursos de capacitação,
feiras e eventos apoiados pelo PAB, onde esses mesmos eventos promovem
estrategicamente geração de renda e uma perduração do artesanato no mercado.
Portanto conclui-se que é de suma importância o desenvolvimento e o fomento das
práticas econômicas solidárias, haja vista que a mesma é capaz de promover
geração de renda, capacitação profissional, logo, gerando empregos e ainda
influenciar no desenvolvimento econômico do município.
4.1.1.1 Uma Análise Crítica Através Da Matriz SWOT
Segundo Caetano e Sampaio (2016), a matriz SWOT é um modelo adotado
pelas organizações para compreender o ambiente interno e externo, onde se faz
possível identificar as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças. Assim,
devido a sua flexibilidade, a matriz SWOT é comumente utilizada tanto por empresas
quanto por órgãos públicos como mecanismo de tomada estratégica de decisão,
haja vista que a mesma fornece uma visão sistêmica da realidade da organização.
Com isso, aborda-se os conteúdos em destaque do Plano Nacional de Economia
Solidária e o Plano Estadual de Economia solidária, afim de evidenciar a
apresentação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da economia solidária
em âmbito nacional, estadual e municipal. Em entrevista realizada com Margareth
Azevedo, a mesma ressalta a importância da gestão pública no auxílio ao
desenvolvimento da economia solidária, sabendo-se disso, destaca-se tais planos
como ferramentas importantes para o desenvolvimento econômico solidário.
Portanto, foi feita uma análise desses itens, identificando os mais relevantes para o
desenvolvimento da economia solidária, haja vista que sua estruturação e evolução
são de suma importância para que a mesma possa ser uma alternativa ao
desemprego.
Ameaças: A ausência do conhecimento sobre e economia solidária e seus
princípios tanto por partes dos gestores públicos quanto a sociedade é uma ameaça
unanime para os dois planos sendo até mesmo citado na entrevista com Margareth.
Esse desconhecimento faz com que não sejam dados a devida atenção e valor ao
tema, inibindo as criações de políticas públicas e limitando a procura por atividades
econômicas solidárias por parte da sociedade. Pode-se compreender como um fator
influenciador a essa ameaça a pouca visibilidade da economia solidária que é
abordado no Plano Estadual, isso deve-se a ausência de divulgação através de
canais de comunicação que possam atingir um grande público. Outro fator
ameaçador à economia solidária, abordado no Plano Estadual e citado por
Margareth, é a descontinuidade de políticas públicas voltadas ao tema, pois além de
existirem poucas, as que são criadas não se mantêm. Portanto, essa situação
dificulta o desenvolvimento e o crescimento da economia solidária, bem como sua
estruturação.
Fraquezas: Observa-se como fraqueza mais evidente da economia solidária a
insuficiência da política voltada a economia solidária, bem como a ausência de
suporte eficiente da mesma para que os resultados sobre o desenvolvimento sejam
cada vez mais satisfatórios. Essa fraqueza pode ramificar outras fragilidades
influenciadas pela mesma, podendo destacar a dificuldade quanto à formalização de
empreendimentos solidários, pouco investimento e uma estruturação ineficiente, por
exemplo, baixo número de pontos de comercialização de produtos advindos de
atividades econômicas solidárias. Outra fraqueza relevante que é abordada pelo
Plano Nacional é a pouca participação dos jovens em atividades econômicas
solidárias, isso foi percebido no estudo de caso no Espaço Solidário do Artesão,
onde os 26 artesãos já possuem uma idade avançada, sendo inexistente a
participação de jovens na associação.
Oportunidades: Uma oportunidade abordada no Plano Estadual e que tem
direta ligação com o tema deste projeto refere-se à própria crise do desemprego,
haja vista que a economia solidária pode ser apresentada com uma alternativa que
busca sanar esse problema, ou seja, uma nova forma de geração de renda, assim
fazendo com que a mesma seja trabalhada e desenvolvida melhor, tanto no cenário
nacional, estadual quanto o municipal; o fortalecimento às organizações que apoiem
a economia solidária, por exemplo, os fóruns, haja vista que os mesmo tem um
importante papel no crescimento econômico solidário; a interligação do tema com a
sustentabilidade, tendo em vista que a economia solidária tem a mesma em seus
princípios, assim qualifica, ainda mais, a economia solidária, pois evidencia que a
mesma traz benefícios no âmbito econômico, social e também ambiental.
Forças: Uma força apresentada por ambos os planos foi a existência de redes
e cadeias de produção, comercialização e consumo, podendo citar a que o Espaço
Solidário do Artesão participa, Rede ComSol (Rede Brasileira de Comercialização
Solidária), haja vista que as mesmas são essenciais na contribuição e suporte a
lojas, feiras, quiosques de economia solidária; o aumento do consumo devido a
ferramentas que fazem essa ligação entre o produto e os clientes, por exemplo,
Sistema Cirandas, pertencente ao Fórum Brasileiro de Economia Solidária, o qual o
Espaço Solidário do Artesão tem sua página nesse sistema; a existência da
SENAES e CNES que buscam fomentar atividades econômicas solidárias, bem
como a existência de conselhos, plenárias e conferências voltadas à economia
solidária, fazendo com que a mesma se fortaleça; a criação do CADSOL, o mesmo
certifica e reconhece os empreendimentos econômicos solidários, permitindo o
acesso às políticas públicas.

4.2 PESQUISA DE CAMPO


A economia solidária se mostra uma alternativa plausível para contornar o
desemprego, pois ela pode ser um meio de geração de renda e emprego, no entanto
nota-se a carência de seu desenvolvimento na cidade e a insuficiência de
participação do poder público no incentivo a essas práticas.
Com o objetivo de analisar as práticas econômicas solidárias presentes em Rio
das Ostras e sua relação com o desemprego, foram realizadas visitas ao local
escolhido como objeto de estudo, o Espaço Solidário do Artesão, utilizando-se um
questionário como método de avaliação, no qual os participantes responderiam
questões sobre sua renda, motivo pela escolha da prática econômica solidária,
importância da atividade exercida, a importância do poder público junto à economia
solidária e a adoção de práticas econômicas solidárias como alternativa ao
desemprego. Participaram 20 dos 26 artesãos da associação.
Através do mesmo obteve-se o seguinte resultado:

Gráfico 1Renda x Motivos da Escolha

Fonte: Elaboração própria

Com os dados obtidos foi possível notar a relação entre a renda e a escolha
do participante aquela atividade, onde quanto menor é a renda do artesão mais
necessária é a prática da atividade, isto é, a renda obtida através do artesanato
mostra-se importante e acaba que a prática econômica solidária se torna uma
alternativa à escassez de emprego no município. Isto torna-se evidente no gráfico a
seguir, onde todos os participantes acreditam que as práticas econômicas solidárias
podem ser uma alternativa ao desemprego, porém metade deles acreditam que isso
só poderia ocorrer caso houvesse mais desenvolvimento da mesma, onde o apoio
do governo se mostra algo de suma importância para que isto ocorra.
Gráfico 2 : Apoio do poder público x Economia solidária

Fonte: Elaboração própria


Através da visita realizada ao espaço solidário do artesão pode-se notar que
os artesãos possuíam mais de 40 anos. Portanto conclui-se que a falta de incentivo
e divulgação das práticas econômicas solidárias, faz com que jovens não tenham
conhecimento da mesma, onde muitos dos quais desempregados poderiam
aproveitar tal prática como oportunidade de emprego.
Outro ponto importante a destacar é a ligação da produção artesanal com a
reciclagem, isto é, com a sustentabilidade. Os praticantes da economia solidária
enxergam uma oportunidade de ajudar a preservar o meio ambiente. Podem-se
notar os trabalhos com reaproveitamento de madeira, por exemplo, as dos decks da
orla da praia do Costa Azul, onde os artesãos reutilizavam-nos para a produção de
móveis de madeira para o próprio Espaço Solidário do Artesão ou mesmo para
comercialização.
4.3 Análise dos Dados
Ao analisar o movimento de economia solidária no município de Rio das
Ostras, pode-se notar que há pouca presença do mesmo e que mesmo com alguns
incentivos do poder público, não houve um desenvolvimento contínuo do movimento
e ainda não há políticas públicas que fomentem o desenvolvimento e a
disseminação do mesmo.
Devido a essa carência, houveram dificuldades ao decorrer do
desenvolvimento do presente projeto, pois poucos eram os dados encontrados.
Onde fez-se necessário realizar uma entrevista com a antiga coordenadora do único
espaço presente no município que adota práticas econômicas solidárias.
Na análise geral dos dados, pode-se notar os benefícios que a economia
solidária trás para a sociedade, onde através da adoção de tais práticas haveria um
aumento na geração de emprego e muitas pessoas passariam a desenvolver um
trabalho autônomo. Haveria ainda a disseminação de boas práticas, que visam um
desenvolvimento sustentável e associativo. Porém, para que isto ocorra é necessário
que a sociedade busque conhecer o movimento e queira adota-lo.
Quanto ao município, pode-se dizer que com o aumento de empregos,
haveria mais pessoas economicamente ativas, logo, haveria uma maior circulação
de dinheiro, fazendo com que o município tivesse um crescimento econômico. No
entanto isso só se tornaria possível caso o poder público incentivasse o
desenvolvimento da economia solidária através da criação de políticas públicas, haja
vista que o mesmo tem papel importante em fóruns que visam a criação dessas
políticas. Além disso, a iniciativa dos artesãos de utilizarem materiais recicláveis que
são descartados ou mesmo que estão sendo inutilizados, faz com que haja a
preservação do meio ambiente tornando a cidade um local mais limpo e agradável.
5 CONCLUSÃO
Este estudo teve como objetivo identificar como ocorre a prática da economia
solidária em Rio das Ostras e relacioná-la como alternativa ao desemprego,
utilizando como objeto de pesquisa o Espaço Solidário do Artesão em Rio das
Ostras. Através do mesmo pode-se observar que ainda não há estruturação e que a
gestão pública se mostra ineficiente quanto ao desenvolvimento da economia
solidária no município, logo percebe-se que ainda não é possível admitir que
atualmente a mesma seja uma alternativa a crise do desemprego no município, haja
vista que pouco se tem feito para incentivar o movimento.
Contudo, teoricamente constatou-se que a economia solidária pode sim ser uma
alternativa eficiente ao desemprego quando há um interesse comum por parte da
sociedade e do gestor público de investir em sua expansão, pois além do movimento
ser um meio de geração de renda e emprego, ele ainda proporciona
profissionalização para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de inserção
no mercado de trabalho, principalmente para jovens que são minoria nas práticas
econômicas solidárias.
Com base nos estudos realizados conclui-se que existem diversas medidas e
iniciativas que promovem a economia solidária e apoiam o movimento através de
fóruns, plenárias, conferências, planos e leis, onde os mesmos têm o intuito de
propor e estabelecer políticas públicas voltadas para a economia solidária que
incentivam o desenvolvimento da mesma, sendo vista ainda como uma oportunidade
para reduzir o atual quadro de desemprego no país, porém não há uma continuidade
por parte da gestão pública na aplicação desses incentivos, tornando-se mais difícil
disseminar a prática econômica solidária entre a sociedade.
No entanto é possível que este cenário seja revertido, pois já houve a criação de
uma secretaria para a economia solidária e ainda a criação de grupos que
incentivam a mesma, isto é, uma solução para tal situação seria o fortalecimento das
entidades apoiadoras do movimento, onde a gestão pública junto com as mesmas
criaria políticas públicas de fomento a economia solidária e daria continuidade a
elas, dando apoio e estruturação também as redes de comercialização. Uma
alternativa seria a criação de um mercado municipal, destinado aos praticantes da
economia solidária, por exemplo, artesãos, agricultores e pescadores. Assim haveria
o escoamento eficaz dos produtos, gerando um crescimento das vendas e
maximizando o desenvolvimento econômico solidário. Além disso, é importante que
as pessoas conheçam a economia solidária para que assim elas incentivem cada
vez mais o crescimento do movimento, isso poderia se dar através da educação,
onde redes educacionais poderiam promover seminários que falassem a respeito da
economia solidária e ainda que houvesse uma divulgação desses seminários através
dos meios de comunicação com grande acesso do público.
Em suma, nota-se a importância em abordar a economia solidária, pois contribui
para que haja o desenvolvimento da mesma e uma maior disseminação do assunto,
podendo dessa forma incentivar a prática e ainda obter melhores resultados no que
diz respeito ao assunto num âmbito social, econômico e até mesmo ambiental tanto
para o país, quanto para o próprio município.

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