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Aula 07 – Astronáutica

Prelúdio:

Sendo a velocidade de escape da superfície da Terra dada por:

mT
ve = G = 11.186 m / s
RT

O desafio é atingir esta velocidade, de modo a colocar algum objeto em


órbita.

Histórico1:

A idéia de como os corpos se “fixavam” em suas órbitas em torno da Terra


veio da lei da gravitação universal de Newton, segundo a qual, bastaria atira-
los com uma velocidade maior que a de escape e os mesmos ficariam em
órbita. Tal princípio permeou os textos de ficção da segunda parte do Século
XIX, principalmente os de Júlio Verne (1828-1905), os quais inspiraram todos
os pioneiros da Astronáutica.

Principais pioneiros:

• Konstantin E. Tsiolkovski (1857-1935). Russo. Autodidata que


publicou diversos livros versando sobre termodinâmica, satélites e
órbitas, resistência do ar (aerodinâmica) e sobre foguetes de múltiplos
estágios.(obs: Ele também foi professor de Física)
• Robert Esnault-Pelterie (1881-1957). Francês. Fez inicialmente grandes
contribuições à Aeronáutica. Posteriormente, já consagrado, estudou a
possibilidade de missões interplanetárias, utilizando foguetes de
múltiplos estágios, visando principalmente atingir a Lua.
• Robert H. Goddard (1882-1945). Norte-americano. Tinha o planeta
Marte como objetivo, mas ao contrário dos outros, dedicou-se a
conseguir obter o vôo espacial. Patenteou suas descobertas referentes às
câmaras de combustão, às tubeiras e aos sistemas de alimentação. Seus
primeiros foguetes chegavam a 1200 metros, levando uma carga de

1
Leia mais em: Mourão, Ronaldo Rogério – Astronáutica, do sonho à realidade, Bertrand, 1999.
3,5kg. Em 1926 lançou o primeiro foguete de propelente líquido da
história. Já em 1935 alcançou 2.300 metros com um foguete de 34kg.
• Hermann J. Oberth (1894-1989). Alemão. Grande teórico, foi
responsável por mais de 90 invenções e soluções técnicas, além de 200
relações matemáticas, físicas ou químicas utilizadas pela ciência
espacial. Teve papel crucial na construção do V2, primeiro foguete
operacional da Alemanha Nazista durante a 2a. guerra mundial.
• Valentin Petrovitch-Glushko (1908-1989). Russo. Durante a década de
30 desenvolveu motores que geravam empuxos de até 300
decaNewtons. Neste período também previu a importância de se
desenvolver propulsores elétricos (a plasma), sem no entanto obter
sucesso em suas tentativas de desenvolvê-los. Trabalhou nas equipes
que colocaram o Sputnik I no espaço, assim como as que
desenvolveram o foguete Vostok, responsável por levar Gagarin ao
espaço. Desenvolveu também o maior foguete do mundo, o Energia.
• Wernher Von Braun (1912-1977). Alemão. Desenvolveu motores que
geravam 1500 decaNewton de empuxo. Posteriormente atingiu a marca
dos 35000 decaNewton, com o A4 que se transformaria no V2. Em
1955, já nos EUA, participou da construção do Júpiter, foguete que
alcançou 970Km de altura. E em 1958 lançou com sucesso o primeiro
satélite norte-americano, o Explorer-1.

O início da era espacial é marcado pelo lançamento do Sputnik I, no dia 4 de


outubro de 1957.
O vôo de Yuri A. Gagarin, em abril de 1961 a bordo do Vostok-1:
EQUAÇÃO DO FOGUETE
(2a Lei de Newton para um sistema de massa variável)

dP
Usando a segunda Lei de Newton: F =
dt
Substituindo a definição de momento:

P = mv
d
⇒F= (mv ) = v dm + m dv = u dm + ma
dt dt dt dt
Onde u é a velocidade de exaustão do propelente e a a aceleração.

Se desconsiderarmos as forças externas, ou seja, usando a conservação do


momento, podemos obter a primeira equação do foguete:
dm
−u = ma
dt
Onde o termo da esquerda é chamado de empuxo.

Já a segunda equação vem de quando integramos esta equação, obtendo uma


equação para a velocidade do foguete:

dm dv dm
−u = m ⇒ dv = −u
dt dt m
m
v f − vi = u ln i
mf
Estrutura e Estratégia de Lançamento de Foguetes: o Veículo
Lançador de Satélites – VLS-1

Motores:

Usualmente são utilizados alguns destes tipos:


• Propelente Líquido (monopropelente ou bipropelente);
• Propelente sólido;
• Propelente Híbrido;
• Propelente sólido/estato-jato;
• Propulsão avançada: Nuclear, Iônica ou Solar.

Primeiro esquerda: Monopropelente; acima direita: bipropelente, esquerda


abaixo: sólido e abaixo a esquerda: Híbrido.
Veja o gráfico de empuxo em função do tempo para um motor de propelente
sólido, usado no 1o estágio do VLS:

Em comparação com os outros meios de transporte, note que o lançador de


satélites distribui 90% da sua massa entre motor e propelente:
A sua geometria tende a dar o máximo de estabilidade nos momentos iniciais
do lançamento. Note pela figura abaixo que o centro de pressão (CP) se
encontra abaixo do centro de massa (CG), isto dá dirigibilidade ao VLS. O
controle da direção é feita por um sistema de tubeiras móveis, que operam
enquanto queimam o primeiro e o segundo estágio.

Tubeira móvel

A dirigibilidade é importante não só para manter o foguete alinhado, mas


também para manter numa região de segurança, longe de áreas povoadas,
prevenindo assim acidentes. Esta região, no caso do Centro de Lançamento de
Alcântara é mostrada abaixo:
Veja abaixo o esquema completo do VLS, e no detalhe o quarto estágio, que
abriga o satélite, e um esquema mostrando o nível de ruído durante o
lançamento::
Veja a estratégia de lançamento do VLS-1:

Note que:
- A ignição do segundo
estágio ocorre antes da
separação do 1o, de
modo a preservar o
controle sobre o veículo.
- O comando de separação
do 1o estágio ocorre por
contagem de tempo.
- A separação da coifa é
possível quando o
escoamento
aerodinâmico é baixo. O
comando é dado 3s após
a ignição do 3o estágio.
- Após a separação do
terceiro estágio, é feito o
basculamento, visando
eliminar velocidades
angulares do conjunto, e
fazer o apontamento.
- Após o basculamento é
feita a indução de
rotação do conjunto, o
que estabiliza a direção a
ser seguida, devido ao
efeito giroscópio. A
rotação é da ordem de
150 rpm.
- Por fim é feita a
separação do quarto
estágio do satélite,
utilizando-se um sistema
de molas.
Sistemas de propulsão avançada: Propulsão à Plasma.

• Necessitam de vácuo para operar, assim só podem operar no espaço;


• Apesar do alto rendimento, produzem baixo empuxo, variando entre
0,1mN e 10N;
• Possuem um elevado impulso específico, isto é, podem manter uma
aceleração por um tempo prolongado, com baixo consumo de
propelente. Um propulsor químico opera continuamente por segundos,
um propulsor á plasma opera continuamente por meses;
• São de grande precisão, podendo ser usados em experimentos refinados,
que exigem muito controle de apontamento.

Exemplos:
Propulsor à plasma por efeito Hall (PHALL ou SPT), em desenvolvimento no
Laboratório de Plasmas da UnB:

Foguete de impulso específico variável (VASIMIR), desenvolvido no


ASPL/NASA:

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