Você está na página 1de 6

Bike Safety Lightning System e a implementação de uma sinalização vestível ao

cotidiano dos ciclistas

Brennon, GPA, glauberbrennon@gmail.com1


Graça, JN, joão.g.n91@gmail.com1
Mendes, FJJ, fabricio.mendes@hotmail.com¹
Franco, GV, guilhermevieira@hotmail.com1

Ribeiro, MPN, murilo.ribeiro@pro.unifacs.br2

1 Universidade Salvador, Edf. Civil Empresarial, R. Doutor José Peroba, nº 251, 41770-230, Stiep, Salvador – BA
2 Professor orientador nesta mesma instituição de ensino

Resumo: As estatísticas de trânsito mostram o crescente envolvimento da bicicleta como meio de locomoção. Mostra
também um consequente acréscimo da participação em acidentes de trânsito, muitas vezes com vítimas fatais. Assim
como é utilizado nos veículos automotores, a sinalização luminosa é extremamente importante para identificar e
mostrar a posição de veículos, bem como indicar previamente ações deslocamento, como, por exemplo, na mudança
de faixa ou conversões. Este sistema de segurança, que contribui perceptivelmente para a prevenção de acidentes, é
pouco adotado para bicicletas, que se limitam à equipamentos disponíveis no mercado de sinalização passiva (ou
reflexiva) e sinalizadores luminosos que exclusivamente indicam a posição deste veículo, mas não permite a
informação prévia de direcionamento a ser tomado. Este artigo tem como objetivo apresentar a comunidade científica
o Bike Safety Lightning System (BSLS), um equipamento que pode ser vestido pelo ciclista e que permite através de
sensores, acionar um conjunto de LEDs, possibilitando o ciclista, como faz as setas do veículo automotor, indicar a
direção que o condutor tomará com seu veículo. O sistema enquanto não indicando a direção de conversão sinaliza a
posição do ciclista e sua bicicleta no trânsito.

Palavras-chave: BSLS, Sensor de Flexão, Iluminação com LED, Conduta de Trânsito, Ciclismo.

1. INTRODUÇÃO

Desde os tempos mais antigos o homem vem tentando desenvolver meios de locomoção que sejam de fácil e rápido
uso e, entre diversas pesquisas de desenvolvimento, surgiu a Bicicleta. Há indícios históricos de que em 1490 Leonardo
da Vinci tinha feito o esboço de bicicletas semelhantes as que nós temos hoje.
Hoje, no ano de 2012, os veículos mais utilizados são os movidos à combustível e as bicicletas são em muitos
países deixadas de lado como meio de transporte. Apesar das bicicletas não terem todo aparato de um carro ou uma
moto e nem terem todo conforto, elas são um veículo muito mais sustentável e de fácil aquisição. Além disso, a
bicicleta é um meio de transporte prático e de fácil uso, pois, é só montar e pedalar. É notório que, se boa parte da
população utilizasse as bicicletas, principalmente para pequenos deslocamentos, os engarrafamentos seriam reduzidos, o
tempo seria otimizado e haveria grande contribuição para a melhora da saúde populacional e bem estar, como
consequência já comprovada, das benesses do exercício físico regular. Em contrapartida seguindo um consentimento
geral, não é seguro transitar entre veículos de porte como carros e motos.
O índice de acidentes de trânsito envolvendo ciclistas no Brasil é algo preocupante, pois, apesar de se ter uma baixa
quantidade de pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte, a estatística diz que por ano o número de
acidentes varia entre 800 e 1000. No ano de 2010 foram registrados 854 casos que envolviam ciclista, sendo que em 35
deles houve caso de morte. Todos esses dados estatísticos podem ser obtidos ao acessar a página “Por Vias Seguras”,
que é a portal da Associação brasileira de prevenção dos acidentes de trânsito. Desde a sua criação, as bicicletas sempre
estiveram enfrentando o problema de disputar espaço com meios de transporte maiores e mais robustos, o que coloca o
ciclista em situação de risco. Os motoristas de automóveis utilizam um sistema de iluminação no chassi do veículo para
se comunicar uns com os outros e assim manter uma harmonia e evitar acidentes. “Os ciclistas devem sinalizar sempre a
intenção de realizar alguma manobra (ROBERTA, 2012)”, portanto, o ciclista também é submetido a regras de conduta
e deve sinalizar.
Devido ao fato da bicicleta não possuir muita estrutura mecânica, desfavorecendo a fixação de sinalizadores, essa
comunicação acaba sendo gestual. Pensando nesta necessidade, a Automatronic Wearable Devices se empenhou em
adaptar essa conduta de sinalização gestual a um sistema de iluminação para o ciclista que fosse embarcado, facilmente
vestível e que tivesse em si todo esquema eletrônico de um sistema capaz de prover tal sinalização. Esse conjunto foi
nomeado de BSLS (Bike Safety Lightning System).
O BSLS é um colete microcontrolado com sensores e diodos emissores de luz (LEDs), que, arranjados de forma
estratégica, estabelecem uma comunicação entre o ciclista e o condutor de um automotivo. Seu acionamento é realizado
pela mesma conduta gestual já empregada pelos ciclistas, contribuindo para a comunicação prévia de manobras de
mudanças de faixa e conversão a esquerda ou direita. É importante ressaltar que, independente do sistema dar ao ciclista
uma sinalização luminosa através de um esquema eletrônico, o sistema não deve ser embarcado em roupas de cor preta,
pois, o ciclista precisa estar sempre alertando aos outros condutores de que está dividindo a pista com os mesmos. Se
roupas de cor pretas forem utilizadas, no escuro o ciclista acaba se camuflando, e o ciclista não estará informando aos
condutores de automotivos sobre o tamanho de seu veículo.

2. DESCRIÇÃO DO SISTEMA

Observando a forma de como as indicações de troca de faixa são feitas pelos automotivos, é possível concluir que
há um sistema realizando toda a sinalização a partir de um estímulo. No BSLS usamos o estímulo motor da sinalização
com o braço. Como podemos ver na figura 1, no momento em que o ciclista remove seu braço do guidão para sinalizar
a manobra, inicia-se uma sequência de comandos no microcontrolador. Este recebe as informações do sensor fixado a
roupa e então atua nos LEDs que devem ser ligados. No momento em que os LEDs de sinalização são ligados, uma
sinalização sonora é ativada possibilitando que o ciclista se certifique que o sistema foi ativado. Os veículos próximos a
bicicleta agora estarão notificados de que haverá uma manobra a ser feita, pois, na camisa do ciclista, organizado em
forma de seta, os LEDs estarão piscando indicando a movimentação.

Figura 1. Fluxograma básico do sistema.

Além da sinalização de manobras, o sistema possui LEDs na cor vermelha que piscam enquanto o ciclista não
ativar a sinalização de manobra, indicando sua posição. Essa iluminação vermelha é importante para o sistema, pois,
mesmo que o ciclista esteja andando em linha reta, ele precisa ter algo para chamar a atenção de que ele está ali. Para
não ter perigo de os outros condutores ficarem confusos quanto à interpretação, no momento em que o ciclista ativa a
sinalização de manobra, o LED vermelho se apaga.

2.1. Sensor FlexSensor

O FlexSensor é um sensor motor, que, pode ser considerado um componente que fornece uma resistência variável,
pois, de acordo com o grau de flexão nele aplicado, uma resistência diferente será exercida. “The more you bend it, the
more it changes resistance”, (MARVIN, 2012) . Observando a figura 2, pode-se evidenciar que o sensor se parece com
uma tira de plástico que tem cerca de onze centímetros e tem sua trilha impressa em um dos lados somente.
O sistema basicamente lê informações dos sensores e atua nos LEDs através de uma Central de Controle
Computacional.

Figura 2. FlexSensor
2.2. Central de Controle Computacional

Para que o sistema possa interpretar as informações dos sensores e atuar diferentemente nos LEDs, um
microcontrolador foi utilizado. O Arduino, plataforma microcontrolada escolhida, é um projeto open-source que tem
tido muito destaque pelas suas variações e utiliza o ATmega para fazer todo o processamento de dados. O ATmega,
chip microcontrolador, é desenvolvido pela empresa ATmel. No BSLS, é utilizada a variação Lilypad do Arduino para
fazer o controle do projeto. Este, possui um microcontrolador ATmega328 embarcado, com 32 Kbytes para
armazenamento de código. A plataforma Lilypad possui quatorze saídas digitais e seis saídas analógicas. Para
aplicações comerciais, um circuito dedicado pode ser desenvolvido com o objetivo de baratear a produção. Este circuito
não será abordado nesta etapa do projeto, que empregará uma versão Arduino chamada Lilypad (Fig. 3) que está
disponível no mercado e foi desenvolvida para o desenvolvimento de aplicações fixadas às roupas. Segundo LUISA,
2012, um dispositivo vestível deve estar incorporado ao espaço pessoal de forma que não limite nenhum tipo de
movimento do usuário, portanto, componentes como a plataforma em questão são extremamente importante para a
construção do conceito de um dispositivo vestível.. A série de produtos Lilypad utiliza linha condutora que pode ser
costurada no tecido realizando conexão entre os componentes eletrônicos.

Figura 3. Lilypad Arduino

2.3. Linha Condutora

A linha condutora indicada pela Lilypad é um componente é de suma importância para o desenvolvimento e
montagem de dispositivos vestíveis, pois, se trata de uma linha de costura que substitui fios e cabos. Banhada em
material condutor, ela é capaz de alimentar todo o sistema atrás de costuras simples. A linha é costurada e é feito um nó
no local de recebimento da carga.
Os dispositivos da linha Lilypad foram desenvolvidos para aplicação próprias desta linha, pois, eles já tem as
indicações referentes . Além da linha, podem ser utilizados velcros e botões para fazer essa condução de energia.
Futuramente o BSLS irá utilizar botões e velcros condutores para fazer a alimentação do sistema em conjunto com a
linha e facilitar a portabilidade do mesmo.
Como pode ser observado na Figura 4, este componente é comprado em rolos e é muito semelhante a uma linha de
costura comum, portanto, possibilita conexões nas roupas de forma discreta e simplificada.

Figura 4. Rolo de Linha Condutora.


2.4. Programação do Sistema

A Central de Controle Computacional necessita de uma programação em código para ter total autonomia sobre o
sistema. A programação é toda estruturada em uma linguagem muito próxima do C, o que facilita o embarque da
programação no sistema, pois, o código não fica muito pesado. O código foi desenvolvido seguindo uma linha de
raciocínio orientada a aplicação, pois, todo o código só pôde ser pensado após o brainstorming do funcionamento de
todo o sistema. Após a modelagem do sistema, foi feito um fluxograma (Fig. 5) para melhor ser pensado o algoritmo do
sistema.

Figura 5. Fluxograma da programação.

Com este código simples, porém completo, a Automatronic Wearable Devices oferece ao cliente um nível de
segurança elevado, pois, além da sinalização luminosa o sistema sempre irá certificar o ciclista quanto a ativação dos
sensores. Portanto, após uma leitura rápida do fluxograma, é possível concluir que este sistema possui autonomia total
sobre seus processos e tem condições de dar ao ciclista segurança e estabilidade na hora de fazer conversões e
mudanças de faixa.

2.5. Sistema de Ativação dos LEDs

Para monitorar o movimento do braço do ciclista, são utilizados sensores que fazem a leitura do movimento do
braço. A todo momento valores estão sendo enviados para o Arduino, vindos do sensor. Como a leitura é feita pelo
movimento, enquanto o ciclista estiver com a mão no guidão, ou seja, com o braço formando cerca de 90º com o corpo,
o microcontrolador sabe que os valores que estão sendo recebidos são referentes ao LED vermelho. Esta sinalização
será feita até o momento em que o ciclista abrir o braço, formando cerca de 180º com o corpo. No momento em que o
ciclista abre o braço, os valores condizem com a informação de que a sinalização de manobra deve ser ativada, portanto,
agora é a vez dos LEDs amarelos piscarem. Para o acionamento dos LEDs, um circuito de potência foi utilizado já que
os memos trabalham com 12V e a placa Lilypad com 5V

2.6. Placa de Potência

A alimentação do sistema inicialmente deveria ser baseada na tensão de 5V, pois, todos equipamentos Lilypad são
alimentados com 5V, porém, as fitas de LEDs utilizadas precisam de 12V para funcionar com 100% de desempenho,
portanto, alimentá-las com 5V não surtiria o efeito de alertar e sinalizar.
A solução de alimentação para os LEDs utilizados no BSLS foi confeccionar uma placa de potência (Fig. 6) que
pudesse suprir a necessidade de alimentar 12V.
A Placa de Potência é alimentada por uma pilha de 12V e utiliza componentes como um CI ULN 2003, Diodo
Zener 12V e Borne para encaixe dos fios. Para a próxima versão do sistema, estes LEDs serão substituídos por LEDs de
5V com o objetivo de reduzir e simplificar o circuito.
Figura 6. Placa de Potência.

3. PORTABILIDADE DO SISTEMA

Desenvolvido para ciclistas, o BSLS visa a praticidade e leveza. Alguns questionamentos podem ser feitos quanto a
portabilidade do mesmo como o peso, forma de guardar e se pode ser lavado. O sistema tem muitas partes em tecido,
portanto, pode ser lavado a mão e pode ser dobrado para guardar. É necessário retirar a bateria do mesmo para não
comprometer o sistema e o usuário, portanto, ele também não pode ser molhado enquanto ligado.
Em sua versões futuras, o sistema poderá ser molhado enquanto ligado, pois, ele terá um revestimento impermeável
isolando todos os fios e componentes. O sistema pesa cerca de 100 g e foi desenvolvido para interferir o mínimo
possível nos movimentos do ciclista, pois, ele é acoplado a roupa do mesmo, não modificando muito a sensação dada
pela roupa de ciclismo.

4. MATERIAIS UTILIZADOS E PREÇO DE CUSTO

Todos os materiais utilizados no sistema são de fácil manejo e possuem a propriedade de serem laváveis quando
removida a alimentação. Podendo ser dobrados e guardados, o sistema garante alto nível de segurança e praticidade. Por
questões de organização e documentação, foi feita uma tabela (Fig. 7) com os materiais e os preços de compra dos
mesmos. Abaixo, tabela foi feita com os itens utilizados no desenvolvimento do sistema.

TABELA DE MATERIAIS REFERENTE A UMA UNIDADE TABELA REFERENTE A 100+ UNIDADES


Material: UND de Medida: Quantidade: Preço Unit: Preço Total: Preço Unit: Preço Total:
Sensores UND 2 $12.95 $25.90 $10.36 $1,036.00
Fita de LED UND 3 R$ 14.90 R$ 44.70 R$ 7.00 R$ 700.00
Linha Condutiva M 137 $39.95 $39.95 $31.96 $3,196.00
Arduino UND 1 $21.95 $21.95 $17.56 $1,756.00
Mód Alimentação Arduino UND 1 $14.95 $14.95 $11.96 $1,196.00
Placa de Potência UND 1 R$ 20.00 R$ 20.00 R$ 9.40 R$ 939.60
Buzzer Lilypad UND $1.00 $7.95 $7.95 $6.36 $636.00

Figura 7. Tabela de Materiais

Ao ler a tabela de materiais utilizados, é válido frisar que o Mód. Alimentação Arduino citado na tabela não faz
parte da Placa de Potência. Esse módulo de alimentação (Fig. 8) é um produto da linha Lilypad que possui um encaixe
para bateria AAA e possui a capacidade de alimentar sistemas com 5V. Ele funciona da mesma forma que todos os
outros componentes. Ele pode ser lavado, só é necessário retirar a bateria de alimentação ao lavar e deve-se lavar a mão.
Figura 8. Mód. Alimentação Arduino

Nas próximas versões a Placa de Potência e todos os outros componentes poderão ser desassociados a sua forma
original, pois, será confeccionada uma caixa para juntar todo o esquema eletrônico. O circuito será armazenado nessa
caixa que irá ficar na parte inferior da camisa. Dentro desse compartimento estarão os componentes eletrônicos que
formam a placa de potência, o microcontrolador e os módulos de alimentação.

5. CONCLUSÃO

Neste artigo foi apresentado o andamento atual de um protótipo em desenvolvimento que tem como objetivo
utilizar as condutas de trânsito para aplicar um sistema de sinalização vestível, contribuindo para uma maior segurança
para os ciclistas. Nos últimos anos os índices de acidente envolvendo ciclistas têm mostrado valores impactantes e, é
perceptível que os acidentes fatais estão aparecendo com cada vez mais frequência nos noticiários e estatísticas. Para o
bem estar de toda comunidade ciclista o BSLS deverá ser adotado e disseminado com o passar dos anos.
Em sua fase final a introdução do BSLS será feita através da ativação de órgãos de utilidade pública e empresas
relacionadas à segurança no trânsito. O uso do BSLS será de suma importância para a segurança do ciclista, podendo
até ser aplicado como material de uso obrigatório, assim como a sinalização passiva (ou reflexiva) é nos dias de hoje.

6. AGRADECIMENTOS

A Automatronic Wearable Devices gostaria de agradecer a todos familiares, colegas e professores que de alguma
forma deram apoio, seja contribuindo com ideias ou somente valorizando o esforço dessa equipe. Um agradecimento
especial ao professor, orientador e também membro da equipe, Murilo Plínio, que desde o início do projeto sempre
esteve próximo à equipe dando conselhos, dicas e indicando os melhores caminhos a seguir. Ao Técnico do Laboratório
de Circuitos Elétricos e Eletrônicos da UNIFACS, Adauto, um agradecimento especial, pois, o espaço que o mesmo
cedeu para desenvolvimento, testes e discussões sobre o projeto foi de suma importância para a evolução e
amadurecimento do projeto e equipe.

7. REFERÊNCIAS

Luisa Paraguai Donati. “Computador Vestível: Experiment(AÇÃO) Tecnológica Mediada”, Disponível em: <
http://www.gutorequena.com.br/artigos_amigos/_luisa.htm > Acessado em 10 de Maio de 2012.
Marvin Green. “Playing with Bend Sensors”, Disponível em: < http://robotmag.com/robotics/h-bend-sensors.html >
Acessado em 15 de Abril de 2012.
Roberta Soares. “Ciclistas também têm regras no trânsito. Conheça as principais”, Disponível em: <
http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/deolhonotransito/2012/03/12/ciclistas-tambem-tem-regras-no-transito-
conheca-as-principais/ > Acessado em 16 de Abril de 2012

8. DIREITOS AUTORAIS

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho.

Você também pode gostar