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3 TENDÊNCIAS ATUAIS
A despeito da contribuição de Kelsen para o debate, a tese da
nulidade ipso iure continuou hegemônica na doutrina brasileira.
Mas houve algumas vozes discordantes.
Pontes de Miranda defendeu a tese da anulabilidade com efeitos
retroativos, tendo a decisão caráter constitutivo, e não declaratório:
Enquanto não se lhe decreta a nulidade por inconstitucionalidade, a
regra jurídica é eficaz: há lei, e os juízes e tribunais podem e devem
aplicá-la; para que possam e devam não na aplicar, é preciso que
preceda desconstituição in casu, de modo que, decidida a quæstio
iuris præiudicialis da inconstitucionalidade da regra jurídica, a
questão principal tenha de atender a esse julgamento prévio. A
eficácia da decisão na questão de direito, prejudicial, é ex tunc.
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Segundo Lúcio Bittencourt, a lei inconstitucional não seria nula
nem anulável, mas inexistente como lei no caso de inconstitucionalidade formal e
ineficaz ab initio no caso de inconstitucionalidade
material. Na hipótese de inconstitucionalidade superveniente, afirma
que a consequência jurídica desta é a revogação da lei. Quanto à
inconstitucionalidade formal, o autor não distingue entre vícios
mais ou menos graves no processo legislativo, atribuindo-lhes
invariavelmente a mesma consequência (inexistência).22
No que respeita à inconstitucionalidade material, o autor explicita que a
ineficácia ab initio dela derivante consiste na recusa
dos tribunais em aplicar a lei inconstitucional aos casos concretos
que lhe são submetidos, ou seja, traduz-se na sua inaplicabilidade:
“a lei, assim declarada inconstitucional, não fica revogada ou nula,
continua a figurar nos registros e no corpo das leis, mas os tribunais