na Constituição estadunidense: “a teoria da nulidade ab initio é
— como apontamos acima — incompatível com o art. I, seção 9ª,
parágrafo 3º, da Constituição.”12 Em um estudo anterior, publicado em 1928, já havia afirmado: O ideal da segurança jurídica requer que, geralmente, só se atribua efeito à anulação de uma norma geral irregular pro futuro, isto é, a partir da anulação. Deve-se considerar inclusive a possibilidade de não se deixar a anulação entrar em vigor antes de expirar certo prazo. Do mesmo modo que pode haver razões válidas para fazer a entrada em vigor de uma norma geral ser precedida por uma vacatio legis, também poderia haver motivos para que uma norma só deixasse de vigorar expirado certo prazo a partir da sentença de anulação. No entanto, certas circunstâncias podem tornar necessária uma anulação retroativa. [...] Deve-se considerar antes de mais nada um efeito retroativo excepcional, limitado a certos casos específicos ou a uma certa categoria de casos.13 Essa anulabilidade com efeitos ex nunc ou pro futuro, mas admitindo uma retroatividade limitada em hipóteses excepcionais, foi acolhida na Constituição da Áustria, por influxo do próprio Kelsen.14 Uma importante exceção à irretroatividade dos efeitos da anulação concerne ao próprio caso gerador do incidente de inconstitucionalidade, e se justificava porque se os efeitos da anulação não se aplicassem ao caso sub judice, o órgão judicial não teria interesse em suscitar a questão de inconstitucionalidade perante o Tribunal Constitucional (salvo se se tratasse de relação de trato 12. KELSEN, Hans. Jurisdição constitucional. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 319. O referido dispositivo está assim vazado: “No Bill of Attainder or ex post facto Law shall be passed”. 13. KELSEN, Hans. Jurisdição constitucional. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 145-146. 14. A regra da anulabilidade com efeitos ex nunc ou pro futuro está contemplada no art. 140, nº 5, da Constituição austríaca em vigor: “Art. 140. (5) L’arrêt par lequel la Cour constitutionnelle annule une loi pour inconstitutionnalité oblige le Chancelier fédéral ou le Landeshauptmann compétent à publier sans délai l’annulation. Ceci vaut aussi mutatis mutandis dans le cas d’un arrêt au sens de l’alinéa 4 ci-dessus. L’annulation prend effet le jour de sa publication, à moins que la Cour constitutionnelle n’ait fixé un délai pour son entrée en vigueur; ce délai n’excédera pas 18 mois.” (Grifou-se.)